Posts Tagged ‘Suplente’

Um Poder Legislativo onde tudo está à venda

12 de julho de 2013

Dinheiro03

Ao rejeitar fim do senador suplente, Congresso reafirma compromisso com práticas como “venda” de mandatos e boca de aluguel. Para faxina, Constituinte pode ser saída.

Maria Inês Nassif, no GGN

A votação de terça-feira, dia 9, no Senado, que derrubou projeto que eliminaria a figura do segundo suplente de senador e proibiria a escolha de parentes do candidato titular para a primeira suplência, e a articulação rápida dos partidos aliados na Câmara para derrubar o plebiscito sobre a reforma política, mostram que não era absurda a proposta da presidente Dilma Rousseff, de convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva para fazer a reforma política. O erro foi tático – ter anunciado a proposta sem articulá-la antes com as forças que a apoiam e depois retirá-la quase que imediatamente. Mas foi uma boa visão estratégica. Os parlamentares que lidam com as questões relativas a mudanças nas regras atuais para as eleições de deputados e senadores sabem que as propostas encontram obstáculos intransponíveis num Congresso eleito por elas.

Um referendo que não seja antecedido de um plebiscito sobre os temas a serem abordados pela reforma é a melhor garantia para os atuais parlamentares de que nada vai ser mudado. Se, como no caso dos suplentes dos senadores, o Congresso se recusar a derrubar as coligações partidárias para as eleições proporcionais e manter inalterado o financiamento de campanha, nada poderá ser submetido a referendo porque nada foi mudado. Será a melhor forma de tudo permanecer exatamente como está.

No caso da suplência dos senadores, o projeto do Senado não caiu simplesmente porque chovem suplentes no plenário do Senado. A suplência é a forma mais eficiente de garantia de financiamento da campanha do senador titular. A primeira e a segunda suplência podem ser incluídas nos acordos com financiadores de campanha mais abonados para incluir representantes mais diretos de seus interesses, ou os próprios financiadores, sem que a eles seja pedido nenhum voto – basta que fiquem escondidos atrás da campanha do titular financiado pelo seu dinheiro.

Na Câmara, uma matéria de interesse direto para depurar o plenário dos políticos de negócios deve ter o mesmo destino. A bancada de deputados federais formada por um partido define quanto dinheiro ele vai dispor do Fundo Partidário e o tempo a que terá direito no horário eleitoral gratuito. Essa é a base da ambição dos chamados partidos de aluguel, aqueles que conseguem um registro definitivo e aparecem apenas na hora de negociar novamente o seu horário eleitoral com um candidato majoritário forte.

O pequeno partido “aluga” a sua parcela no horário eleitoral gratuito para um grande partido obrigando a legenda que terá o candidato na eleição majoritária (para presidente ou governador) a se coligar com ele nas eleições proporcionais; ou ainda “vendendo” (muitas vezes literalmente) seu horário para falar bem do candidato com quem negociou, ou mal do adversário do candidato. É o que se chama, na gíria política, de “boca de aluguel”: aquele que fala do adversário aquilo que o candidato não pode falar, sob pena de perder votos. No caso simplesmente de coligação para obter mais tempo de rádio e televisão, um segundo pode não fazer diferença para um candidato, mas a soma de minutos e segundos de vários partidecos podem dar a ele uma vantagem sobre o adversário principal que, em regra, nenhum deles despreza em sã consciência. É a origem daquela lista interminável de partidos que os candidatos devem declinar no horário eleitoral e que, para economizar tempo, o locutor fala muito depressa.

Quando aluga (às vezes também literalmente) o seu horário e faz a coligação proporcional, o pequeno partido passa a figurar na mesma lista partidária que os demais coligados. Com isso, escapa da única regra existente para limitar a existência de partidos que não tenham representação mínima na sociedade (uma cláusula de barreira, segundo a terminologia legal), que é o quociente partidário. Por lei, se um partido não obtém o quociente partidário, produto de uma complexa equação entre voto e eleitorado, ele não elege nenhum representante. Numa coligação proporcional, o quórum é definido pela soma dos votos dados a todos os partidos aliados. O quórum real do partido nanico simplesmente some no meio de uma imensidão de votos que não são seus.

Se o partido nanico sobreviveu graças a esse expediente, se perpetuará no quadro partidário, ganhando Fundo Partidário e horário eleitoral para vendê-los ou alugá-los na eleição seguinte, graças a outro benefício que têm com a coligação proporcional. Quando se coligam, passam a integrar uma mesma lista partidária para eleger seus deputados e senadores. Todos os votos de todos os partidos coligados vão para a mesma conta – e passam a fazer jus a uma porcentagem das cadeiras de deputados federais (ou estaduais, ou vereadores) a que a coligação tem direito. Se a coligação tiver direito a 30 deputados, eles serão eleitos pela ordem de votação – um deputado que tenha um milhão de votos até o trigésimo da lista, que pode ter apenas algumas centenas de eleitores. Nas últimas semanas, no horário partidário, um pequeno partido chamava para a legenda pessoas interessadas em se candidatar – e como vantagem apontava o fato de o partido ter elegido parlamentares com o menor número de votos do Brasil.

Com isso, os partidos nanicos, mesmo que não tenham representação, ao se coligarem a partidos fortes, acabam com grandes chances de eleger deputados federais. Garantindo uma bancada federal, continuam a ter direito a Fundo Partidário e ao horário eleitoral gratuito. E assim, mesmo sem ter nenhuma representatividade, acabam dando suas cartas nas eleições e depois no Legislativo – graças ao Supremo Tribunal Federal, eles têm garantido direito a liderança e participação nas comissões do Congresso e negociam seus votos dentro do Legislativo com o governo (normalmente são governistas) como qualquer outro da base aliada. De mordida em mordida, mantêm um sistema distorcido em sua representação.

Essa distorção foi tolerada durante algum tempo porque esses partidos são mais maleáveis a negociações rápidas, pois elas não dependem de definições doutrinárias. E também como um gesto de reconhecimento aos partidos que eram exceção à regra, como os comunistas e socialistas, que não tinham número de votos suficientes para sobreviver sozinhos, mas tinham uma representação ideológica na sociedade que a democracia não deveria desprezar.

Esses partidos pequenos, porém ideológicos, conseguiram vida própria nesses 28 anos de democracia, mas ainda assim essa é uma questão que, por interesses vários, inclusive dos pequenos, não anda. Se prevalecer a ideia de um referendo, sem que seja antecedido por um plebiscito, e a lei continuar a mesma, vale para as regras de coligações proporcionais a mesma coisa do que para a suplência do Senado: o que o eleitor vai referendar? Uma mudança que não aconteceu?

***

Senadores que votaram contra o fim dos suplente

Alfredo Nascimento (PR/AM)

Antônio Carlos Rodrigues (PR/SP) – Suplente

Ataídes Oliveira (PSDB/TO) – Suplente

Blairo Maggi (PR/MT)

Clésio Andrade (PMDB/MG) – Suplente

Eduardo Lopes (PRB/RJ) – Suplente

Epitácio Cafeteira (PTB/MA)

Gim Argello (PTB/DF) – Suplente

Ivo Cassol (PP/RO)

Jader Barbalho (PMDB/PA)

Jayme Campos (DEM/MT)

João Vicente Claudino (PTB/PI)

Roberto Requião (PMDB/PR)

Ruben Figueró (PSDB/MS) – Suplente

Sérgio Petecão (PSD/AC)

Wilder Morais (DEM/GO) – Suplente

Zezé Perrella (PDT/MG) – Suplente

Sérgio Souza (PMDB/PR) – Abstenção – Suplente

Paulo Frateschi pode assumir vaga de Marta no Senado

13 de setembro de 2012

Paulo Frateschi, secretário nacional de Organização do PT.

Via Portal iG

O senador Magno Malta (PR/ES) é amigo pessoal do vereador, Antônio Carlos Rodrigues (PR/SP), primeiro suplente na cadeira de Marta Suplicy (PT) no Senado.

Malta informa ao Poder Online que conversou na quinta-feira, dia 13, com Antônio Carlos e que o vereador lhe antecipou que não irá assumir a vaga no Senado.

“Ele está no exercício do mandato e não quer que seus eleitores pensem que abandonou os compromissos que havia assumido quando se candidatou à Câmara Municipal apenas por ambição pessoal de se tornar senador”, afirmou Malta.

Nesse caso, deve assumir o segundo suplente, Paulo Frateschi, secretário nacional de Organização do PT e um dos dirigentes mais influentes do partido.

DEM quer explicação “convincente” de Wilder, o suplente de Demóstenes

14 de julho de 2012

Diálogo entre contraventor Carlinhos Cachoeira e o agora mais novo senador da República constrange o DEM. Agripino Maia cobra explicações e Wilder Morais já faz consultas para migrar para o PSD.

Via Brasil 247

O diálogo entre o agora mais novo senador da República, Wilder Morais (DEM/GO), e o bicheiro Carlinhos Cachoeira, captado pelos grampos da Operação Monte Carlo é marcante:

Cachoeira: Fui eu que te pus na suplência, essa secretaria, fui eu. Você sabe muito bem disso.

Wilder: Carlinhos, deixa eu te falar um negócio procê. Pensa um cara que nunca teria, enfim, encontrado um governo, que nunca teria sido b…. nenhuma, cara. Você tá falando com esse cara.

Em razão de tanta ênfase, que o próprio Wilder, agora, tenta suavizar, ele terá de dar “esclarecimentos convincentes” a seu partido, o Democratas, segundo palavra do presidente da legenda, José Agripino Maia. Caso contrário, poderá receber o mesmo tratamento dado pelo partido a Demóstenes Torres, que foi sumariamente expulso da agremiação logo nos momentos seguintes à descoberta de suas ligações com Cachoeira.

Para se garantir, o novo senador já realiza consultas sobre suas possibilidades de trocar de partido e ir para o PSD, legenda do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, se a sua situação no DEM se agravar.

Abaixo, reportagem publicada no portal G1 sobre o posicionamento do presidente do DEM:

O presidente nacional do DEM, senador José Agripino (RN), afirmou na sexta-feira, dia 13, que espera que o novo senador da legenda Wilder Morais (GO) tenha “esclarecimentos convincentes” sobre sua suposta ligação com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Wilder Morais tomou posse em uma rápida cerimônia na manhã de sexta-feira, dia 13, no Senado. O empresário é primeiro suplente de Demóstenes Torres, que teve o mandato cassado pelo plenário na quarta-feira, dia 11, por quebra de decoro parlamentar.

Demóstenes é suspeito de ter usado o mandato parlamentar para beneficiar os negócios do contraventor, preso em fevereiro pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo. Demóstenes era do DEM, mas pediu a desfiliação do partido assim que as denúncias de ligação com Cachoeira vieram à tona.

“Eu fui comunicado por ele [Wilder] que ele vai responder a todos os fatos. Não me disse como, nem onde, mas como senador ele tem mecanismos para isto. O que o partido espera, e acredita, é que os esclarecimentos sejam convincentes”, disse o presidente do DEM ao G1.

Agripino, que está no Rio Grande do Norte, disse que não sabia que Wilder Morais iria tomar posse na manhã de sexta-feira. O senador disse que ficou sabendo da posse por meio de um telefonema que recebeu do próprio Wilder.

“Ele me ligou meia hora depois para me dizer que tinha tomado posse e que iria responder todas as denúncias. Ele disse que tem argumentos suficientes para responder a todos os fatos. E o partido confia que sim”, reforçou o presidente do DEM.

Wilder Morais chega ao Senado alvo de um requerimento do PSOL, que pede que ele preste explicações à CPI Mista que investiga as relações do contraventor com políticos e empresários. Ele usou sua página no microblog twitter para explicar o áudio gravado pela Polícia Federal que mostra suposto elo com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

“Ao contrário do que vem sendo divulgado, meu real propósito não foi mostrar gratidão, mas pôr fim a uma conversa bem constrangedora”, publicou o atual secretário de Infraestrutura de Goiás, na noite de quinta-feira, dia 12.

Tudo em casa: Ex-marido de mulher de Cachoeira deve assumir vaga de Demóstenes

11 de julho de 2012

Wilder Pedro de Morais, secretário de Infraestrutura de Goiás.

Mirelle Irene, via Portal Terra

Com a cassação do senador Demóstenes Torres (sem partido/GO), quem deve assumir a vaga no Senado é o empresário da construção civil Wilder Pedro de Morais (DEM), o primeiro-suplente. Engenheiro de 44 anos, Morais ocupa pela primeira vez um cargo público: desde 2011, é secretário de Infraestrutura do Estado de Goiás, função para o qual foi convidado pessoalmente pelo governador Marconi Perillo (PSDB). Morais é ex-marido da atual mulher do bicheiro Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça.

Natural de Taquaral de Goiás, na região central do Estado, Wilder nasceu em uma família humilde de agricultores. Sua trajetória profissional, no entanto, o transformou em um empresário milionário. Seu patrimônio declarado à Justiça Eleitoral, quando concorreu nas eleições de 2010, era de R$14,4 milhões.

Após iniciar carreira na empresa Construsan, de Goiânia, onde ficou por 11 anos e chegou a diretor-presidente, Morais fundou em 1997, com dois amigos de faculdade, a primeira empresa do Grupo Orca Construtora, que atua hoje no Brasil e no exterior. A companhia constrói e aluga, por exemplo, lojas para hipermercados de redes como o Carrefour. Os negócios de Morais ainda abarcam diversificados empreendimentos, como mineração, incorporação de construtoras, participação na construção de shoppings, entre outros.

Respeitado e influente no meio empresarial, Wilder Morais foi convidado em 2009, por Demóstenes Torres, para ser seu suplente na campanha do ano seguinte. Aceitando o convite pela admiração que sentia pelo senador, o empresário começou a participar do processo eleitoral, de forma ativa: pediu votos, distribuiu folhetos e teria sido ta

mbém um dos principais doadores da campanha.

De temperamento discreto, Morais teve sua vida pessoal divulgada recentemente por causa da prisão de Cachoeira. Conversas gravadas pela investigação da Polícia Federal mostram que sua então mulher começou o relacionamento com o contraventor enquanto ainda era casada. Andressa e Morais tiveram dois filhos.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o PSOL representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Leia também:

Senador do esquema Cachoeira-Veja é cassado

Demóstenes é cassado. Falta a Veja!


%d blogueiros gostam disto: