Posts Tagged ‘Selic’

OsReaçaPira: Mercado reduz estimativa de inflação e eleva projeção do PIB

16 de outubro de 2013

Grafico_Subindo04Daniel Lima, via Agência Brasil

O mercado financeiro reduziu a projeção de inflação e elevou a estimativa de crescimento da produção industrial e do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas do País. As informações fazem parte do boletim Focus – pesquisa semanal do Banco Central feita com os agentes do mercado financeiro.

Pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a expectativa é que a inflação fique em 5,81% este ano e não mais em 5,82%, estimados anteriormente pelos investidores e analistas. Para o PIB, o mercado prevê crescimento de 2,48% em 2013. Anteriormente, a estimativa era 2,47%. A produção industrial também vai melhorar, avalia o mercado que, agora, projeta alta de 1,80% e não mais de 1,70%.

A taxa básica de juros (Selic) foi mantida em 9,75%, no final do ano, atualmente está em 9,5%. O dólar, na mesma comparação, foi reduzido para R$2,29 ante os R$2,30 da estimativa anterior. A projeção para o déficit em conta corrente, um dos principais indicadores das contas externas, foi mantido em US$79 bilhões, com o saldo da balança comercial em US$1,99 bilhão e os investimentos estrangeiros diretos em US$60 bilhões.

Os plantadores de notícia e suas contradições

3 de junho de 2013

Midia_Revistas01Fernando Brito, via Tijolaço

Lê-se na Folha de S.Paulo de domingo, dia 2, a “queda em popularidade por causa de inflação faz Dilma apoiar o BC na elevação brutal da taxa de juros públicos.

Os jornalistas apuraram junto a assessores palacianos que “sondagens feitas em abril registraram queda de até dez pontos na popularidade de Dilma num momento em que o avanço dos preços caiu na boca da população, com a inflação elevada sendo simbolizada pelo tomate mais caro nos supermercados”.

Bem, os repórteres fizeram seu trabalho, mantiveram o anonimato das fontes, mas não é preciso muita adivinhação para saber quem são os assessores que vazam para a imprensa pesquisas encomendadas pela área de comunicação da Presidência “only for your eyes” de Dilma.

Nem que a iniciativa de vazar essa versão – sejam ou não fatos os números alegados – é uma ação destinada a tirar o peso da decisão das costas de Alexandre Tombini, presidente do Banco Central e atirá-lo no colo da presidenta.

Ou, na visão torta do “alto comando midiático” do Planalto, dar-lhe os méritos, diante da mídia conservadora, de ser a “elevadora dos juros”. Seja como for, a matéria (ou melhor, os informantes) tem uma contradição insanável.

Dizem os tais assessores que “uma nova rodada de pesquisas, levada ao Planalto nas últimas semanas, teria mostrado uma recuperação da popularidade da petista nesse tema, em alguns casos de até oito pontos percentuais” e atribui isto à elevação, há um mês e meio, de 0,25% nos juros, agora duplicada pelo BC.

Estes gênios da economia poderiam ir ali na primeira faculdade de economia e perguntar quanto tempo leva para uma leve alta de juros se refletir nos preços ao consumidor. Se achar algo menor do que três meses, ganha um quilo de tomates que, aliás, comprei a R$2,50 ontem.

Mas a partir daí, preocupados em terem passado do ponto e irritar a presidenta, começam a gaguejar: um diz que o BC foi “muito severo”, outro que nem precisava ter subido os juros e um terceiro, mais gaiato e realista, afirma que quem deve ter gostado disso foi o inglês Financial Times.

Não precisam ir comprar jornal tão longe assim, não. Eles próprios sentiram que o BC “pegou pesado” demais, nas conversas diárias que tem com a alta cúpula dos jornais e vão apresentar a matéria da Folha à chefa dizendo que colocaram ela ao lado dos “mocinhos” anti-inflação, sem comprometê-la com os radicais do “jurismo”.

E assim seguem brincando de amansar os falcões da mídia, na doce ilusão de que vão virar pombinhos.

Quem quiser saber o que são, pergunte ao Franklin Martins.

2014: Onde o bicho pega

25 de abril de 2013

Nicholas_Shaxson01A

Via Carta Maior

Entre 2009 e 2011, o patrimônio líquido de 7% das famílias mais ricas dos EUA cresceu 28%; o dos restantes 93% encolheu em 4%. Em plena desordem neoliberal, as 8 milhões de famílias mais ricas dos EUA viram sua riqueza média saltar de US$2,5 milhões para US$3,5 milhões. As restantes 111 milhões tiveram queda de patrimônio: de US$140 mil para US$134 mil.

No Brasil, na última década, a renda dos 10% mais pobres cresceu 91%. A dos 10% mais ricos aumentou 16%. Acúmulo de patrimônio não é o mesmo que fluxo de renda, mas um interfere no outro. Uma das pontes é a taxa de juro real. O juro real no País hoje, mesmo com o recente aumento da Selic, é de 2,3%. Ainda um dos maiores do mundo. Mas está precisamente dez vezes abaixo dos 23% que atingiu em meados de 2002.

É aí que o bicho pega.

Daí deriva o jogral dos vigilantes do tomate. E o coral dos que prometem “fazer mais”, com menos intervencionismo. O Brasil tem um dos jornalismos de economia mais prolíficos do mundo. Ao mesmo tempo, um dos menos dotados de discernimento histórico em relação a seu objeto.

Aqui os desafios do desenvolvimento são tratados como crimes contra o mercado. Aliás, o Brasil, em si, é um crime contra o mercado.

Ampliar o poder de compra da população, gerar empregos, expandir o investimento público alinham-se entre os “ingredientes da crise”, segundo a pauta dominante. Solução é subir juro. Os exemplos se sucedem como folhas de um manual suicida. A cantilena diuturna contra o investimento público e o descrédito na agenda de obras públicas enquadra-se nesse adestramento da sociedade contra ela mesma.

Alta da Selic × oportunismo

18 de abril de 2013

A causa principal da moderada inflação brasileira de hoje não é de origem monetária, ou seja, não é do tipo que se pode combater eficazmente com o único instrumento da elevação da taxa de juro.

J. Carlos de Assis, via Carta Maior

Tome cuidado com quem, diante de um problema complexo, alega que só tem um jeito de acabar com ele. Em geral, é o jeito errado. Em sua obra monumental, The great wave (A Grande Onda), que trata da evolução dos preços no mundo ocidental desde a Idade Média aos nossos dias, o historiador econômico David Fischer identifica sete tipos de inflação segundo a suas causas, aos quais, na lista abaixo, acrescento dois tipos especificamente brasileiros. São eles:

1. Expansão exagerada da oferta monetária.

2. Aumentos excepcionais de demanda agregada.

3. Contração da oferta/quebras de safras.

4. Inflação de custos/espiral salários-preços.

5. Aumentos de preços administrados.

6. Bolhas especulativas.

7. Expectativas.

A essas eu acrescento:

8. Inflação inercial.

9. Inflação de origem cambial.

É evidente que, num processo inflacionário aberto, muitas dessas causas atuam em conjunto. Numa situação de inflação moderada, porém, é perfeitamente possível identificar suas causas principais. E a causa principal da inflação brasileira hoje, moderada como é – alguns centésimos de ponto percentual eventualmente acima da margem superior da meta – não é de origem monetária, ou seja, não é do tipo que se pode combater eficazmente com o único instrumento da elevação da taxa de juros para criar desemprego e conter a demanda.

A razão é que, para empresas e para os ricos, não temos uma moeda simples, mas uma moeda remunerada. Mais de um terço da dívida mobiliária pública são constituídos por títulos públicos que rendem juros diariamente no open à brasileira, e funcionam como caixa de seus titulares. Num mercado financeiro padrão, uma elevação da taxa básica de juros leva ao retraimento do crédito. Aqui a maioria das empresas aumenta sua liquidez monetária quando os juros sobem.

Essa é a principal razão pela qual não existe um conflito de interesses em torno de juros entre empresas do setor produtivo e empresas financeiras. Quando se trata de elevar juros, todas saem ganhando. Por certo que empresas que não têm dinheiro aplicado no open e dependem de algum crédito bancário saem perdendo. Mas essas são minoria. Além disso, a relação “normal” taxa básica de juros e taxas de juros de empréstimo é tão baixa que uma elevação de alguns pontos percentuais da primeira praticamente não afeta a segunda. Por isso que Alexandre Shwarztman, antes do BC e hoje do mercado, quer logo um aumento de quatro pontos na taxa básica.

Diga-se de passagem que essa distorção estrutural do nosso sistema financeiro não é culpa só do PT. Vem de longe. Num livro de 1985, “O Grande Salto para o Caos”, a professora Maria da Conceição Tavares e eu a denunciamos extensivamente. O curioso é que os chamados economistas ortodoxos não conseguem percebê-la e insistem em mecanismos de controle de inflação via indução da queda da demanda ou do aumento de desemprego com o aumento da taxa de juros que, dada a nossa institucionalidade, tem um custo muitas vezes superior ao de um país normal.

Contudo, o fetiche de que só existe um meio de combater a inflação tem um apelo fantástico entre acadêmicos, oportunistas e vigaristas, cada um com sua razão. Acadêmicos porque as equações do modelo são muito elegantes do ponto de vista matemático (“uma regra de três metida a besta”, como diz meu amigo e coautor, o matemático Francisco Antônio Dória); oportunistas e vigaristas, simplesmente porque ganham com a “moeda financeira” do open à brasileira.

Estamos às vésperas de uma reunião do Copom. Criou-se todo um clima para o aumento da taxa básica de juros. O único efeito relevante disso, se acontecer, é que haverá um aumento concomitante da dívida pública, do déficit nominal e, portanto, da necessidade de remunerar de forma crescente a dívida pública indexada à Selic. É a correção monetária da moeda, a pior forma de inflação, na medida em que acentua um processo inercial já presente nos preços dos serviços públicos. Seria este, realmente, o único jeito de combater a inflação, sabendo que a inflação já está cedendo?

Na I Guerra Mundial – conta a historiadora Bárbara Tuchman, em “A Marcha da Insensatez” – quando exércitos alemães e franceses se defrontavam, em 1917, no impasse da guerra de trincheiras sem possibilidade de vitória para nenhum dos lados, o Estado-maior alemão concluiu que teria uma derrota certa com a eventual entrada dos EUA na guerra. Mas os EUA relutavam. Sabia-se, porém, que estavam firmemente comprometidos a defender a liberdade dos mares. Acontece que os alemães estavam produzindo submarinos numa escala de mil por ano. O que fazer com eles? Parecia que a única coisa a fazer era deflagrar a guerra submarina. E deflagraram!

J. Carlos de Assis é economista, escritor e professor de economia internacional da UEPB.

Luis Nassif: Mesmo com economia patinando, o lobby por juros altos continua

17 de abril de 2013

Selic02_IlustraLuis Nassif

Os últimos indicadores econômicos mostraram o seguinte:

● Na sexta-feira, dia 12, foi divulgado o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR). Trata-se de um indicador que tenta antecipar os resultados do PIB (Produto Interno Bruto). O de fevereiro registrou queda de 3,13%. Em 12 meses, uma alta de apenas 0,87%.

● Um dia antes, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou queda de 0,4% nas vendas de varejo, pior desempenho desde fevereiro de 2003. No acumulado do ano e em 12 meses, os indicadores são razoáveis. A explicação para a queda no varejo é que o aumento da inflação provocou retração no consumo.

● No caso dos supermercados, houve queda de 2,1% nas vendas de alimentos e bebidas, também em decorrência da alta de preços.

Tem-se, portanto, um quadro definido.

Em relação ao comportamento geral da economia, índices claudicantes de recuperação. Em relação ao varejo, queda de consumo decorrente do aumento de preços. Ou seja, a própria inflação criando seu anticorpo, seja por meio da redução da renda, seja por meio das manobras defensivas dos consumidores. Vários itens de pressão nos preços começam a ceder.

Entre os que acreditam nos poderes mágicos da Selic, há a crença de uma defasagem de oito meses entre uma eventual elevação da taxa e seus efeitos.

Suponha que a Selic tenha eficácia e que exista essa defasagem sobre seus efeitos. Ela incidiria sobre uma economia desaquecida, em que até os indicadores de varejo começam a claudicar. Ou seja, exerceria um papel pró-cíclico (de acentuar a tendência dominante). Tem-se uma inflação que superou de leve o limite de alta da meta inflacionária.

Ao mesmo tempo, um conjunto de sinais mostrando uma economia a meia trava e outro conjunto de sinais mostrando distensão nos fatores principais de pressão sobre os preços.

Aliás, o melhor sinal veio da própria queda de vendas dos supermercados, comprovando que as grandes fabricantes de produtos de varejo, que reajustaram seus preços nos últimos meses, sofreram queda de vendas. Mesmo assim, o coro prossegue, por motivos que nada têm a ver com preocupações inflacionárias.

Além dos especuladores habituais da Selic, há um conjunto de atores engrossando o coro. Existem gestores de fundos de pensão que não conseguiram fazer a transição para o mercado de renda variável e necessitam de juros altos para fechar suas contas.

Os bancos de investimento atuam em várias frentes e uma redução de juros beneficiaria os segmentos que trabalham com empresas. Mas o sistema de bônus faz com que cada área lute ferozmente para preservar seus ganhos. E os maiores ganhos dos economistas – a parte do mercado com maiores vínculos com a mídia – se dão justamente nos resultados da renda fixa, no comportamento da Selic.

Com apoio dos bancos públicos, Banco Central e Fazenda coordenaram com maestria os movimentos do mercado em direção à redução dos juros e ao aumento do crédito. Desde que se percebeu consistência nas medidas para reduzir os juros, os bancos comerciais se prepararam para atuar em um cenário de competição.

Toda essa construção irá por água abaixo, será uma autêntica abertura da porteira, se o Copom ceder à pressão e aumentar a Selic.

Juros: Quem quer a alta e o por quê

14 de abril de 2013
Itau_Unibanco01

Roberto Setúbal e Pedro Moreira Salles, cabeças das famílias que controlam o Itaú, esperam sorrir de novo: em 2012, lucros de “apenas” R$13,6 bilhões.

Para conter a inflação, há outros remédios. Mas a oligarquia financeira pressiona, porque quer voltar a ganhar os mesmos rios de dinheiro de antes.

Antonio Martins, via Outras Palavras

Um assunto único dominou, na quarta-feira, dia 11, as manchetes dos jornais brasileiros mais vendidos. Folha, Globo e Estado destacam, em frases quase idênticas que a inflação anualizada subiu (para 6,59%) e “estourou a meta” fixada pelo Banco Central (BC). Em consequência, não restaria, ao próprio banco, outra alternativa exceto iniciar uma nova rodada de elevação da taxa básica de juro (Selic), já na próxima semana. A presidente Dilma Rousseff, que se manifestou contra a alta, há poucos dias, teria sido vencida. A Folha chega até a prever o montante e o ritmo do ascenso: a Selic, hoje em 7,5% ao ano, passaria a 8,5%, após “quatro aumentos de 0,25%, até dezembro”.

Noam Chomsky cunhou certa vez o termo “fabricação de consensos”, provavelmente sem cogitar que alguém tentasse praticá-la de modo tão caricatural quanto a mídia brasileira. Há três abusos claros nas manchetes dos jornais de quarta-feira, dia 11:

a. a inflação não está mais em alta, nem deve ser reduzida a qualquer custo;

b. elevar os juros não é receita eficaz para fazê-lo;

c. por trás do suposto “remédio” esconde-se a luta da oligarquia financeira para capturar uma parcela ainda maior da riqueza coletiva. Os jornais, é claro, escondem esta tentativa.

IPCA_Tabela_Mensal

Observe, ponto por ponto, como se manipulam os fatos.

1. Para constatar que a inflação não está subindo, mas em queda, há dois meses, basta mirar a tabela, publicada sem destaque pelo Estado. A taxa, medida por um dos índices do IBGE (o IPCA), foi de 0,47% em março, ante 0,6% em fevereiro e 0,86% em janeiro. O índice anualizado só aumentou porque o 0,47% de agora substitui, no cômputo de 12 meses, uma taxa excepcionalmente baixa, registrada em março de 2012 (0,21%). Tudo indica que, já em abril, a inflação anual recuará, sem necessidade de qualquer intervenção, para os patamares previstos pela “meta” do BC.

2. A mídia brasileira omite, mas há uma crítica internacional crescente à crença segundo deve-se perseguir a queda da inflação a qualquer custo. Pelo menos dois economistas premiados com o Nobel – Paul Krugman e Joseph Stiglitz – têm sugerido o contrário. Propõem que os estados mantenham, nas próximas décadas, índices de inflação ligeiramente superiores aos atuais – como ocorreu, aliás, nos “anos gloriosos” do pós 2ª Guerra. Explicam que tal ambiente permitirá desvalorizar a riqueza financeira dos mais ricos, reduzir a dívida pública e, em consequência, promover políticas redistributivas. Estas, explica Stiglitz, estimulam a economia e a geração de empregos – porque a classe média e os pobres consomem uma parte expressiva de seus rendimentos, enquanto os super-ricos entesouram quase tudo.

3. Ainda que a meta seja reduzir a inflação, elevar os juros é uma péssima forma de fazê-lo. Num post extremamente didático, publicado hoje, o jornalista Luis Nassif demonstra que o BC dispõe de instrumentos muito mais eficazes para segurar os preços. Tem total autonomia, por exemplo, para determinar uma redução dos prazos de financiamento ao consumidor. A mudança torna mais difícil adquirir bens, reduz o consumo e as pressões inflacionárias. Tome, por exemplo, uma geladeira de R$1.000,00, financiada em 24 meses, a uma taxa de 4% ao mês. Hoje, as prestações são de R$65,58. Com a redução do prazo para 18 meses, elas saltam para R$79,00. Já a alta da Selic eleva-as para… R$65,86. “Alguém deixaria de tomar financiamento por conta de um aumento de 28 centavos?”, pergunta Nassif.

4. Por fim, a questão central. Se a alta da taxa Selic é tão ineficaz, qual o motivo de tanta batalha em torno dela? É que os juros, embora não reduzam a inflação, são, por excelência, o meio pelo qual a oligarquia financeira extrai riqueza do conjunto da sociedade. Em 2012, o Estado brasileiro desviou, do total de impostos arrecadados, R$128 bilhões (ou 4,81% do PIB) para pagar juros – equivale a aproximadamente seis vezes o montante aplicado no Bolsa Família. Mas, em vez de beneficiar 13 milhões de famílias, os juros fluem, segundo cálculos do Ipea, para apenas 0,5% da população – a ínfima minoria que tem recursos para comprar títulos públicos ou seus derivados.

Ocorre que este setor havia-se acostumado a ganhar muito mais, nos anos anteriores. Em 2011, foram R$151 bilhões; e no período FHC, a despesa com juros chegou a 9% do PIB. A redução da sangria foi alcançada precisamente graças à queda dos juros. A partir de julho de 2011, a presidente Dilma orientou o BC a retomar a trajetória de redução iniciada no governo Lula. As taxas, que são fixadas em reuniões do Conselho de Política Monetária (Copom) do banco, caíram de 12,5% ao ano para os 7,5% de hoje. Sucederam-se fatos extraordinários. Em 2012, por exemplo, os lucros de bancos como o Itaú e o Santander recuaram, ainda que muito levemente, depois de anos de recordes sucessivamente quebrados.

A oligarquia financeira jamais se conformou com a queda de juros. Não pode, evidentemente, expor suas razões. Mas tem muito poder, dinheiro e capacidade de “convencer” aliados importantes. Prepare seus olhos e ouvidos. Até a próxima reunião do Copom, você estará exposto a doses cavalares de propaganda ideológica – disfarçada na forma de “notícias” e previsões alarmantes dos “especialistas de mercado”. O governo e o Banco Central cederão? Esta é a pergunta que importa.

***

Texto publicado por Alexandre Ceará, no Facebook

As maiores taxas de inflação do Brasil pós-real e que você não soube porque as revistas, jornais, Ana Maria Braga etc. não precisavam torcer contra o povo:

1994 – 916,43% (ainda não vale)

1995 – 22,41% (preços ainda se ajustando à nova moeda, aproveitando e fazendo aquele primeiro arrocho salarial básico)

1996 – 9,56% (mão grande aqui, arrocho ali e o trabalhador trocava a picanha pelo frango)

1999 – 8,94% (Reeleição comprada e ganha, desvaloriza a moeda pra mais um arrochinho)

Enquanto isso, a carga tributária saia do patamar de 20 e poucos para os atuais 32%. E a dívida/PIB saltava de 28% para 52%, mesmo vendendo estatais a preço de banana para os amigos. E crescimento pífio: “Um governo que não usou um saco de cimento sequer.”

2001 – 7,67% (o presida Boca de Suvaco admite fracasso e implora US$30 bi ao Clinton pra fechar as contas)

2002 – 12,53% (a vaca foi pro brejo, mas essa batata quente vai pro Lula, FHC sorri)

2003 – 9,30% (Palocci começando a limpeza)

2004 – 7,60%

2005 – 5,69%

2006 – 3,14%

2007 – 4,45%

2008 – 5,90%

2009 – 4,31%

2010 – 5,90%

2011 – 6,50%

2012 – 5,83%

2013 – 6,40% (projeção)


%d blogueiros gostam disto: