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O declínio do Jornal Nacional é irreversível

15 de abril de 2014
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Velhos tempos, com audiências de 70%.

Paulo Nogueira, via DCM

Nos anos 1980, quando eu era um jovem repórter da Veja, a redação, no 7º andar do prédio da Abril na Marginal do Tietê, se alvoroçava quando eram 8 da noite.

Uma televisão, no fundo da redação, começava a passar o Jornal Nacional. A redação parava, mesmo em dias de fechamento, e só voltava a funcionar quando o JN terminava.

Não era só a Veja que parava. Era o Brasil. O JN tinha então 70% de audiência, em média. Às vezes mais. Ditava a agenda política e econômica do país. Roberto Marinho – que na busca de favores da ditadura dizia que a Globo era “o maior aliado” dos generais na mídia, conforme mostram documentos de Geisel reunidos em livro – teria dito que notícia era o que o JN dava.

Para mim, o JN acabaria com minha saída da Veja rumo à Exame, em 1989. Perdi o hábito de vê-lo e jamais senti falta. Não voltei a ver sequer quando trabalhei na Globo, em meados dos anos 2000. Nas reuniões do Conselho Editorial da Globo, às terças de manhã, eu chegava sem ter a mínima ideia do que o JN dera ou deixara de dar, e tinha uma certa dificuldade em me engajar em algumas conversas.

Muita gente fez o que fiz, por variados motivos. (O meu foi o incômodo em ver tanto foco em desgraças depois de ter visto o JN, na ditadura, mostrar um país paradisíaco aos brasileiros. Também o conteúdo influía bem menos na Exame do que na Veja.)

Todas essas reminiscências me ocorrem ao ler que esta semana o Jornal Nacional bateu seu recorde negativo de audiência ao chegar a 18%. É uma derrocada notável – e irremediável. Em alguns anos, os 18% parecerão muito diante da audiência que sobrará para o principal telejornal do Brasil.

O que ocorreu?

A tentação é dizer que é a ruindade técnica do JN que afastou o público. Mas, mesmo pobre o jornalismo do JN, não é esta a razão primeira do declínio.

Isto quer dizer que não adiantaria nada – pelo menos no Ibope – trocar o diretor de telejornalismo da Globo, Ali Kamel, por alguém mais criativo e talentoso. Ou tirar Bonner, que já deve ter mais seguidores no Twitter que espectadores no telejornal que apresenta.

A real causa se chama internet.

A internet é uma mídia que os analistas classificam como “disruptora”: ela não se integra às demais, como sempre aconteceu na história do jornalismo. Ela mata. As demais mídias – tevê aberta incluída – são progressivamente engolidas pela internet.

A situação do JN é análoga à que enfrenta a Veja. A revista definha em circulação, publicidade, influência, importância – em tudo, enfim. Não adianta nada trocar o diretor de redação. Mesmo que a Veja voltasse a ter a qualidade notável da década de 1980, sob o comando dos diretores JR Guzzo e Elio Gaspari, nem assim os leitores retornariam, porque o produto se tornou obsoleto.

O milagre da Globo, hoje, é conseguir faturar como nunca, com audiências em colapso em todas as frentes, dos telejornais às novelas. Proporcionalmente, a Globo ganha em publicidade mais do que ganhava quando alcançava três ou quatro vezes mais pessoas.

Isso se deve a uma coisa chamada BV, Bônus por Volume, uma espécie de propina que é paga às agências de publicidade para que anunciem na Globo.

Foi uma invenção de Roberto Marinho, depois seguida pelas outras grandes empresas de mídia do país, mas com resultados insignificantes se comparados aos da Globo. Hoje, muitas agências dependem do BV para sobreviver.

Graças a isso, com cerca de 20% do mercado de mídia, a Globo tem 60% do bolo publicitário, uma bizarrice. Isso vai mudar quando os anunciantes – que afinal pagam a conta – se recusarem a pagar tabelas cada vez maiores por produtos que alcançam cada vez menos pessoas.

Quanto ao Jornal Nacional, vive em boa parte das audiências passadas. Políticos que fizeram carreira vendo-o influir tanto, sobretudo nos anos 70 e 80, parecem guardar dele a imagem poderosa de antes.

É a geração que está hoje no poder. “O pessoal morre de medo de 30 segundos do Jornal Nacional”, me disse recentemente um desses políticos.

Ele estava falando da dificuldade em fazer o Congresso discutir a regulação da mídia. Por isso, mesmo com uma audiência raquítica, o JN continua a ser um fator de obstrução de avanços sociais.

Novas gerações de políticos vão ver o JN não pelo que foi, mas pelo que é: um programa cada vez visto por menos gente e, por isso, menos influente a cada dia.

Que venham as novas gerações, até por isso.

***

Jornal Nacional marca pior média de audiência de sua história na prévia

O Jornal Nacional bateu seu recorde negativo na sexta-feira, dia 11, segundo a prévia do Ibope. O principal telejornal da emissora registrou 18,3 pontos –cada ponto equivale a 65 mil domicílios na Grande São Paulo.

Até então, a mais baixa audiência do jornalístico havia sido em 31 de dezembro de 2013, quando registrou 19 pontos na média consolidada.

No horário do Jornal Nacional de sexta-feira, dia 11, o SBT foi você líder, com 10,6 pontos na prévia. A Record marcou 7,3, e a RedeTV!, 1,9.

O relatório de audiência consolidada saiu na segunda-feira, dia 14. A média tão baixa é alarmante, já que a atração contava com 58% de participação no número de aparelhos de tevês ligados e a data de hoje não é feriado, muito menos véspera de Ano Novo.

***

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14 de abril de 2014
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Quem tem, tem medo: Jornalista da Globo se esconde em agência bancária e, depois, entrevista apenas Paulinho da Força.

Rodrigo Vianna em seu blog

A informação apareceu primeiro no Facebook de Marize Muniz, assessora de imprensa da CUT. Ela contou o que aconteceu na quarta-feira, dia 9, quando uma repórter da Globo, destacada para cobrir a manifestação das centrais sindicais no centro de São Paulo, teve um infeliz ataque de sinceridade. Observem:

Por Marize Muniz, via Facebook

Deu dó. Sempre tenho pena de pessoas inocentes.

Foquinha da TV Globo gravou sonora com os caras da Força Sindical (do Aécio Neves), na Praça da Sé, durante manifestação de seis centrais sindicais.

Aí, um militante cutista foi lá e perguntou: e a CUT, você não vai ouvir ninguém da maior central da América Latina?

A pobrezinha respondeu: Tenho ordens da redação para só ouvir os caras da Força.

Foi um quiproquó danado e a bichinha teve de ir embora do local.

Resolvi checar a informação com outros manifestantes. E aí vieram mais detalhes. A jovem repórter da Globo – movida por ingenuidade, como sugere Marize (ou, quem sabe, por arrogância) – teria dito, com todas as letras, que estava ali só para entrevistar o “Paulinho da Força”. Essa teria sido a instrução recebida, ao sair da redação.

Como se sabe, Paulinho é o presidente de central sindical mais crítica ao governo Dilma. Rompeu com o governo, e declarou que vai apoiar Aécio (PSDB) a presidente.

Não há problema nenhum em entrevistar o Paulinho. Afinal ele é o presidente legítimo de uma central sindical importante. O problema é a repórter de uma tevê que é concessão pública revelar que tinha instruções claras para entrevistar apenas Paulinho da Força.

Um militante da CUT teria insistido, apresentando: “Olha, essa aqui é nossa vice-presidenta, a Carmen, você não quer ouvir a CUT?”

A jovem repórter teria respondido: “Não, a orientação é ouvir só o Paulinho da Força”. A jornalista foi então vaiada e hostilizada pelos manifestantes, que passaram a gritar o tradicional “o povo não é bobo, fora a Rede Globo”.

“Ela não fez a entrevista. Ficou com medo e correu para uma agência do Bradesco do outro lado da rua”, contou-me um manifestante com quem conversei há pouco.

Os manifestantes registraram a cena da jornalista escondida na agência, como mostram as fotos que o Escrevinhador publica com exclusividade. Poucos minutos depois, Paulinho chegou e foi dar a entrevista, dentro da agência bancária. Manifestantes ligados à CUT seguiram vaiando e fotografando. Um segurança (da Globo? da Força Sindical?) teria se aproximado de uma manifestante que fazia as fotos, e tentado tomar o celular das mãos dela. Não conseguiu. Aparentemente, a jornalista também não conseguiu gravar com Paulinho da Força…

O caso revela algumas coisas:

● a Globo (sob comando de Ali Kamel – aquele que adora processar blogueiros) segue pretendendo controlar a realidade; se é inevitável cobrir a manifestação, que se dê voz só aos amigos da casa e aos inimigos do governo petista;

● os jornalistas da Globo já foram mais espertos; por que a jovem repórter teve aquele ataque de sinceridade? Podia ter feito a entrevista com a dirigente da CUT, e a redação depois se encarregaria de cortar.

Mas jornalistas criados no ar-condicionado, sem vivência de rua, talvez acreditem que ao carregar o microfone da Globo podem qualquer coisa; vão-se distanciando do mundo real, e acabam surpreendidos quando enfrentam uma situação dessa.

A Marize (que foi chefe da pauta da Globo, tem experiência de sobra) ficou com pena da moça. Eu também fiquei.

Por outro lado, fiquei feliz porque agora uma história dessa não passa em branco. A Globo mente sem parar no JN, JG etc. Mas, pelo menos nesse caso, as fotos e o relato completo estão na internet. A mídia velhaca já não fala sozinha…

Em tempo: o ato das centrais foi um sucesso em São Paulo; reuniu 10 mil pessoas segundo a PM, ou 40 mil segundo os manifestantes.

Entre as reivindicações, estão: redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário, manutenção da política de valorização do salário mínimo, fim do fator previdenciário, redução da taxa básica de juros e correção e progressividade da tabela do Imposto de Renda.

***

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Os 10 mitos sobre a ditadura no Brasil ou por que você não deve querer que ela volte

11 de abril de 2014

Rôney Rodrigues em seu blog

Em 1964, um golpe de estado derrubou o presidente João Goulart e instaurou uma ditadura no Brasil. O regime autoritário militar durou até 1985. Censura, exílio, repressão policial, tortura, mortes e “desaparecimentos” eram expedientes comuns nesses “anos de chumbo”. Porém, apesar de toda documentação e testemunhos que provam os crimes cometidos durante o Estado de exceção, tem gente que acha que naquela época “o Brasil era melhor”. Mas pesquisas da época – algumas divulgados só agora, graças à Comissão Nacional da Verdade – revelam que o período não trouxe tantas vantagens para o país.

Em uma época em que não é incomum ver gente clamando pela volta do regime e a pôr uma nova intervenção militar no país, decidimos falar dos mitos sobre a ditadura em que muita gente acredita.

1. “A ditadura no Brasil foi branda”

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Foto de Auremar de Castro.

Pois bem, vamos lá. Há quem diga que a ditadura brasileira teria sido “mais branda” e “menos violenta” que outros regimes latino-americanos. Países como Argentina e Chile, por exemplo, teriam sofrido muito mais em “mãos militares”. De fato, a ditadura nesses países também foi sanguinária. Mas repare bem: também foi. Afinal, direitos fundamentais do ser humano eram constantemente violados por aqui: torturas e assassinatos de presos políticos – e até mesmo de crianças – eram comuns nos “porões do regime”. Esses crimes contra a humanidade, hoje, já são admitidos até mesmo pelos militares (veja aqui e aqui). Para quem, mesmo assim, acha que foi “suave” a repressão, um estudo do governo federal analisou relatórios e propõe triplicar a lista oficial de mortos e desaparecidos políticos vítimas da ditadura militar. Ou seja: de 357 mortos e desaparecidos com relação direta ou indireta com a repressão da ditadura (segundo a lista da Secretaria de Direitos Humanos), o número pode saltar para 957 mortos.

2. “Tínhamos educação de qualidade”

Naquele época, o “livre-pensar” não era, digamos, uma prioridade para o regime. Havia um intenso controle sobre informações e ideologia – o que engessava o currículo – e as disciplinas de filosofia e sociologia foram substituídas por Educação, Moral e Cívica e por OSPB (Organização Social e Política Brasileira, uma matéria obrigatória em todas as escolas do país, destinada à transmissão da ideologia do regime autoritário). Segundo o estudo “Mapa do Analfabetismo no Brasil”, do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), do Ministério da Educação, o Mobral (Movimento Brasileiro para Alfabetização) fracassou. O Mobral era uma resposta do regime militar ao método do educador Paulo Freire – considerado subversivo –, empregado, já naquela época, com sucesso no mundo todo. Mas os problemas não paravam por aí: com o baixo índice de investimento na escola pública, as unidades privadas prosperaram. E faturaram também. Esse “sucateamento” também chegou às universidades: foram afastadas dos centros urbanos – para evitar “baderna” – e sofreram a imposição do criticado sistema de crédito.

3. “A saúde não era o caos de hoje”

Se hoje todo mundo reclama da “qualidade do atendimento” e das “filas intermináveis” nos hospitais e postos de saúde, imagina naquela época. Para começar, o acesso à saúde era restrito: o Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social) era responsável pelo atendimento público, mas era exclusivo aos trabalhadores formais. Ou seja, só era atendido quem tinha carteira de trabalho assinada. O resultado era esperado: cresceu a prestação de serviço pago, com hospitais e clínicas privadas. Essas instituições abrangeram, em 1976, a quase 98% das internações. Planos de saúde ainda não existiam e o saneamento básico chegava a poucas localidades, o que aumentava o número de doenças. Além disso, o modelo hospitalar adotado relegava a assistência primária a segundo plano, ou seja, para os militares era melhor remediar que prevenir. O tão criticado SUS (Sistema Único de Saúde) – que hoje atende cerca de 80% da população – só foi criado em 1988, três anos após o fim da ditadura.

4. “Não havia corrupção no Brasil”

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Arquivo Dedoc Abril.

Uma características básica da democracia é a participação da sociedade civil organizada no controle dos gastos, denunciando a corrupção. E em um regime de exceção, bem, as coisas não funcionavam exatamente assim. Não havia conselhos fiscalizatórios e, depois da dissolução do Congresso Nacional, as contas públicas não eram sequer analisadas, quanto mais discutidas. Além disso, os militares investiam bilhões e bilhões em obras faraônicas – como Itaipu, Transamazônica e Ferrovia do Aço –, sem nenhum controle de gastos. Esse clima tenso de “gastos estratosféricos” até levou o ministro Armando Falcão, pilar da ditadura, a declarar que “o problema mais grave no Brasil não é a subversão. É a corrupção, muito mais difícil de caracterizar, punir e erradicar”. Muito pouco se falava em corrupção. Mas não significa que ela não estava lá. Experimente jogar no Google termos como “Caso Halles”, “Caso BUC” e “Caso UEB/Rio-Sul” e você nunca mais vai usar esse argumento.

5. “Os militares evitaram a ditadura comunista”

É fato: o governo do presidente João Goulart era constitucional. Seguia todo à risca o protocolo. Ele chegou ao poder depois da renúncia de Jânio Quadros, de quem era vice. Em 1955, foi eleito vice-presidente com 500 mil votos a mais que Juscelino Kubitschek. Porém, quando Jango assumiu a Presidência, a imprensa bateu na tecla de que em seu governo havia um “caos administrativo” e que havia a necessidade de reestabelecer a “ordem e o progresso” através de uma intervenção militar. Foi criada, então, a ideia da iminência de um “golpe comunista” e de um alinhamento à URSS, o que virou motivo para a intervenção. Goulart não era o que se poderia chamar de marxista. Antes de ser presidente, ele fora ministro de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek e estava mais próximo do populismo. Em entrevista inédita recentemente divulgada, o presidente deposto afirmou que havia uma confusão entre “justiça social” – o que ele pretendia com as Reformas de Base – e comunismo, ideia que ele não compartilhava: “justiça social não é algo marxista ou comunista”, disse. Há também outro fator: pesquisas feitas pelo Ibope às vésperas do golpe, em 31 de março, mostram que Jango tinha um amplo apoio popular, chegando a 70% de aprovação na cidade de São Paulo. Esta pesquisa, claro, não foi revelada à época, mas foi catalogada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

6. “O Brasil cresceu economicamente”

Um grande legado econômico do regime militar é indiscutível: o aumento da dívida externa, que permaneceu impagável por toda a primeira década de redemocratização. Em 1984, o Brasil devia a governos e bancos estrangeiros o equivalente a 53,8% de seu Produto Interno Bruto (PIB). Sim, mais da metade do que arrecadava. Se transpuséssemos essa dívida para os dias de hoje, seria como se o Brasil devesse US$1,2 trilhão, ou seja, o quádruplo da atual dívida externa. Além disso, o suposto “milagre econômico brasileiro” – quando o Brasil cresceu acima de 10% ao ano – mostrou que o bolo crescia sim, mas poucos podiam comê-lo. A distribuição de renda se polarizou: os 10% dos mais ricos que tinham 38% da renda em 1960 e chegaram a 51% da renda em 1980. Já os mais pobres, que tinham 17% da renda nacional em 1960, decaíram para 12% duas décadas depois. Quer dizer, quem era rico ficou ainda mais rico e o pobre, mais pobre que antes. Outra coisa que piorava ainda mais a situação do população de baixa renda: em pleno milagre, o salário mínimo representava a metade do poder de compra que tinha em 1960.

7. “As igrejas apoiaram”

Sim, as igrejas tiveram um papel destacado no apoio ao golpe. Porém, em todo o Brasil, houve religiosos que criaram grupos de resistência, deixaram de aceitar imposições do governo, denunciaram torturas, foram torturados e mortos e até ajudaram a retirar pessoas perseguidas pela ditadura no país. Inclusive, ainda durante o regime militar, uma das maiores ações em defesa dos direitos humanos – o relatório “Brasil: Nunca Mais” – originou-se de uma ação ecumênica, desenvolvida por dom Paulo Evaristo Arns, pelo rabino Henry Sobel e pelo pastor presbiteriano Jaime Wright. Realizado clandestinamente entre 1979 e 1985, gerou uma importante documentação sobre nossa história, revelando a extensão da repressão política no Brasil.

8. “Durante a ditadura, só morreram vagabundos e terroristas”

Esse é um argumento bem fácil de encontrar em caixas de comentário da internet. Dizem que quem não pegou em armas nunca foi preso, torturado ou morto pelas mãos de militares. Provavelmente, quem acredita nisso não coloca na conta o genocídio de povos indígenas na Amazônia durante a construção da Transamazônica. Segundo a estimativa apresentada na Comissão da Verdade, 8 mil índios morreram entre 1971 e 1985. Isso sem contar as outras vítimas da ditadura que não faziam parte da guerrilha. É o caso de Rubens Paiva. O ex-deputado, cassado depois do golpe, em 1964, foi torturado porque os militares suspeitavam que, através dele, conseguiriam chegar a Carlos Lamarca, um dos líderes da oposição armada. Não deu certo: Rubens Paiva morreu durante a tortura. A verdade sobre a morte do político só veio à tona em 2014. Antes disso, uma outra versão (bem mal contada) dizia que ele tinha “desaparecido”. Para entrar na mira dos militares durante a ditadura, lutar pela democracia – mesmo sem armas na mão – já era motivo o suficiente.

9. “Todos os militares apoiaram o regime”

Ser militar na época não era sinônimo de golpista, claro. Havia uma corrente de militares que apoiava Goulart e via nas reformas de base um importante caminho para o Brasil. Houve focos de resistência em São Paulo, no Rio de Janeiro e também no Rio Grande do Sul, apesar do contragolpe nunca ter acontecido. Durante o regime, muitos militares sofreram e estima-se que cerca 7,5 mil membros das Forças Armadas e bombeiros foram perseguidos, presos, torturados ou expulsos das corporações por se oporem à ditadura. No auge do endurecimento do regime, os serviços secretos buscavam informações sobre focos da resistência militar, assim como a influência do comunismo nos sindicatos, no Exército, na Força Pública e na Guarda Civil.

10. “Naquele tempo, havia civismo e não tinha tanta baderna como greves e passeatas”

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Estudantes que participavam de uma reunião da UNE são presos no interior de São Paulo. Foto de Cristiano Mascaro.

Quando os militares assumiram o poder, uma das primeiras medidas que tomaram foi assumir a possibilidade de suspensão dos diretos políticos de qualquer cidadão. Com isso, as representações sindicais foram duramente afetadas e passaram a ser controladas com pulso forte pelo Ministério do Trabalho, o que gerou o enfraquecimento dos sindicatos, especialmente na primeira metade do período de repressão. Afinal, para que as leis trabalhistas vigorem, é necessário que se judicializem e que os patrões as respeitem. Com essa supressão, os sindicatos passaram a ser compostos mais por agentes do governo que trabalhadores. E os direitos dos trabalhadores foram reduzidos à vontade dos patrões. Passeatas eram duramente repreendidas. Quando o estudante Edson Luísa de Lima Souto foi morto em uma ação policial no Rio de Janeiro, multidões foram às ruas no que ficou conhecido com o a Passeata dos Cem Mil. Nos meses seguintes, a repressão ao movimento estudantil só aumentou. As ações militares contra manifestações do tipo culminaram no AI-5. O que aconteceu daí para a frente você já sabe.

Leia também:
Coletânea de textos: O que você precisa saber para não ter saudade da ditadura civil-militar

Magoado, Joaquim Barbosa adere à regulação da mídia

11 de abril de 2014

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Fernando Brito, via Tijolaço

Apoio a gente não recusa, diz um velho mandamento político. Portanto, mesmo sendo evidentemente provocada pela frustração de que sempre foi paparicado pelos grandes jornais e tevês, e agora que já não serve mais a seus propósitos políticos é largado ao abandono, seja bem-vinda a adesão do ministro Joaquim Barbosa à ideia de que é necessária uma regulamentação da mídia no Brasil, noticiada pela Folha.

Aliás, o que se passou no processo que deu a Joaquim Barbosa a imagem de “vingador da corrupção” o que foi senão um episódio onde a mídia, com todos seus abusos, pretendeu conduzir o Judiciário com seu poder?

É impagável a ironia com que pode ser lida a declaração de Barbosa ao jornal:

“Precisamos de visões mais plurais e ver isso com mais naturalidade. Vocês não acham que a informação no Brasil não é repetitiva, obsessiva, cansativa às vezes? Todo mundo diz a mesma coisa”.

Nem parece que foi isso o que aconteceu em todo o julgamento do chamado “mensalão”, não é? Desmentido na Época, processo no Noblat, regulação da mídia…

Parece que o outono está mexendo com o espírito do Dr. Joaquim.

***

Leia mais sobre Joaquim Barbosa, o ex-menino pobre que mudou (pra pior) o Brasil:

Imperdível: Vídeo sobre o jornalismo da Globo e o golpe militar

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Paulo Moreira Leite: Entre a justiça e a farsa

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As operações matemáticas do ministro Joaquim Barbosa

Advogados reagem ao “foi para isso mesmo” de Joaquim Barbosa

Ricardo Melo: Ação Penal 470 e o começar de novo

Joaquim Barbosa, a marionete do golpe, morreu pela boca

Janio de Freitas coloca Joaquim Barbosa onde ele merece: Fora do Direito e da Justiça

Paulo Moreira Leite: A guerra contra Delúbio

STF tem um presidente sem compostura

Breno Altman: Cai o castelo de cartas do ministro Joaquim Barbosa

AP 470: A julgar pela cobertura do Jornal Nacional, a candidatura de Joaquim Barbosa foi pro beleléu

Joaquim Barbosa precisa sair para que o STF restaure a dignidade

Joaquim Barbosa e o exemplo do Tea Party

Já vai tarde: Joaquim Barbosa disse a Dilma que só deixará STF em junho

Mídia e Barbosa são derrotados no final do julgamento da AP470

Joaquim Barbosa planejou friamente a sentença e a pena para fechar José Dirceu na cadeia

Gilson Caroni Filho: As virtudes de Joaquim Barbosa no STF

A verdade vem à tona: Após grande derrota na AP470, Joaquim Barbosa ofende ministro do STF

Paulo Moreira Leite: O STF e a parábola sobre a quadrilha

Secretário-fantasma, indicado por Joaquim Barbosa, vive nos EUA à custa do CNJ

Em 10 dias, vaquinha para José Dirceu arrecada o dinheiro necessário para pagar multa

O jeito é Jânio: Operação Barbosa tem a Veja como porta-voz

Joaquim Barbosa: O menino pobre, que se tornou um velho rico, irá morar em Miami?

Paulo Moreira Leite: Barbosa ocultou documentos que inocentavam Pizzolato

Lula bate duro em Joaquim Barbosa: “Mostre a cara.”

Constrangimento: Palestra de Joaquim Barbosa em Londres faz reitor cochilar

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Imperdível: Vídeo sobre o jornalismo da Globo e o golpe militar

11 de abril de 2014

Pedro Ekman, via YouTube

Sempre que se ouvir a mídia dizendo que regulamentar a comunicação é atacar a liberdade de expressão, vale lembrar do comportamento destes veículos ao longo da história para se entender melhor com quais interesses eles estão realmente preocupados.

Conheça o projeto de lei que vai democratizar a comunicação no Brasil em www.paraexpressaraliberdade.org.br.

Leia também o texto abaixo.

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Globo admite erro sobre ditadura. E o resto?

Pressionado, grupo reconhece erro no apoio ao golpe militar, mas continua atuando contra democracia na mídia.

Pedro Ekman, via CartaCapital em 2/9/2013

No sábado, dia 31 [de agosto de 2013], por meio de editorial, o jornal O Globo reconheceu ter errado ao apoiar o golpe e a ditadura militar, que, ao longo de duas décadas, enterraram a democracia em nosso país, com consequências que perduram até os dias de hoje. Admitir um erro é um grande avanço, mas é preciso refletir sobre como a Globo o fez e qual o alcance dessas “desculpas”.

Os historiadores podem analisar muito melhor do que nós os fatos elencados pelo jornal para, logo após, reafirmar seu “apego pelos valores democráticos”, justificar a opção feita na época por Roberto Marinho, insistentemente relembrado como alguém que “sempre esteve ao lado da legalidade”. Em cinco linhas o periódico admite o erro. Em 50, ele explica por que o praticou. Nem os colegas de imprensa – Folha, Estadão, Jornal do Brasil e Correio da Manhã – também defensores do golpe, escaparam dos argumentos de O Globo para dizer “eu errei, mas ‘todo mundo’ errou também”.

A realidade é que, por mais que O Globo tente nos fazer crer que sua tardia autocrítica “não é de hoje, vem de discussões internas de anos”, foi o grito das ruas que forçou sua confissão. Nos protestos de junho, a grande mídia – ao lado das demais instituições em crise de representatividade – também se tornou alvo. Parcela significativa da população brasileira deu visibilidade àquilo que o movimento de luta pela democratização das comunicações diz há muito tempo: chega de monopólio! Queremos mais diversidade e mais pluralidade! O povo tem direito e quer exercer sua liberdade de expressão!

Felizmente, essa crítica não arrefeceu de junho para cá. Na última sexta-feira [30/8/2013], em São Paulo, assim como em outros estados do país, o 2º Grande Ato contra o Monopólio da Mídia teve novamente a sede da Rede Globo como cenário. Uma enorme bandeira denunciava a relação entre a Globo e o senador Fernando Collor e pedia que o Supremo Tribunal Federal julgue procedente a ADPF 246, que questiona a outorga e a renovação de concessões de radiodifusão a quem possui mandato eletivo, seja como sócio ou associado das empresas concessionárias de rádio e tevê.

Sem acesso e representação nos meios de comunicação de massa, os manifestantes mais uma vez ocuparam a mídia pelas frestas. Com feixes de luz, invadiram pela segunda vez o estúdio do SPTV, jornal paulista da TV Globo, pintando de verde a apresentadora Monalisa Perroni, que falava ao vivo para milhões de telespectadores. Nas pareces da emissora, foram projetadas as palavras invisíveis na programação da tevê: “Globo Sonega”, “Globo Mente”, “Globo Collor” e “Ocupe a Mídia”.

O editorial do Globo também ignora que, diante das ações que marcaram – e continuam marcando –, a história da Rede Globo, é preciso ir além. Primeiro, falta reconhecer que a Rede Globo teve inúmeros benefícios em troca do apoio à ditadura militar, como o acordo inconstitucional com a empresa Time-Life, que permitiu que a Globo tenha se tornado um dos maiores conglomerados de comunicação do mundo. Falta reconhecer que o grupo escondeu durantes anos a campanha pelas Diretas Já! Que também errou, em 1989, ao favorecer o então candidato à Presidência da República, Fernando Collor de Mello, com uma edição manipuladora do último debate eleitoral. Falta admitir que esse mesmo ex-Presidente deposto pela pressão popular hoje controla a retransmissora da Globo em Alagoas.

Mais do que nunca, falta admitir que, atualmente, o grande ataque à democracia brasileira reside no fato de possuirmos um dos sistemas de comunicação social mais concentrados do mundo. Tal situação é sustentada pela emissora e defendida em sua movimentação constante nos corredores de Brasília. Ao continuar se negando a levar ao debate público a necessidade de um novo marco regulatório para o setor no país, a Globo impede que a democracia chegue também aos meios de comunicação de massa.

O clamor das ruas, no entanto, revela que esta pauta não pode mais ser adiada. Ao contrário do que prega a grande mídia, os manifestantes sabem muito bem o que estão fazendo e o que querem. Seja com raios lasers em estúdios; projeções nas paredes ou bandeiras e cartazes nas ruas, a mensagem é clara: é preciso democratizar a mídia. Se, antes, poucos apostariam ser possível ver as ruas repletas de pessoas dispostas a questionar o poder inabalável da máquina de sedução do monopólio midiático, hoje estamos vendo demonstrações cada vez mais fortes de que esse é um debate imprescindível para o Brasil.

Mas, assim como apoiadores da ditadura não vêm a público por livre e espontânea vontade admitir seus erros, não será da boca de quem detém o monopólio da fala que sairá a defesa de leis que permitam maior diversidade e pluralidade na comunicação. Por uma lei da mídia democrática, o povo saiu às ruas e nelas se manterá, até que a democracia possa vencer novamente.

Pedro Ekman é integrante da Coordenação Executiva do Intervozes.

***

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7 de abril de 2014

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Setores neoconservadores ressuscitam discurso anticomunista e tomam o golpe de 1964 não como episódio de vergonha para o país, mas como exemplo a ser seguido.

Maria Inês Nassif, via Carta Maior

Há pouco mais de uma década, seria impensável a qualquer representante de parcela do pensamento político brasileiro usar o golpe de 1964 como propaganda política. A ditadura militar foi capaz de envergonhar uma parcela enorme da população brasileira, inclusive a esmagadora maioria que se arrependera de apoiá-la – e muita gente a apoiou por atos, pensamentos ou omissões. Após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas, em 2002, e a inauguração de um período dominado eleitoralmente pelo PT, a referência política do golpe retorna intensamente, por meio de forças neoconservadoras, não como vergonha, mas como exemplo a ser seguido.

A articulação do golpe foi, na história da República brasileira, o momento em que mais estiveram coesas as forças conservadoras do Brasil; em que a reação civil ao voto popular precedeu e incentivou a ação militar; e em que uma incipiente coesão progressista da América Latina foi transformada, pela força e com a ajuda econômica e ideológica dos Estados Unidos, num cisto reacionário incrustrado num pedaço do mundo onde a influência do maior país capitalista tornou-se plenamente hegemônica.

No decorrer dos governos dos presidentes Lula e Dilma Rousseff, e depois da frustrada tentativa de forçar a renúncia de Lula em 2005, após o escândalo do mensalão, e convencê-lo a desistir da reeleição, ocorrem reiteradas tentativas de repetir as condições objetivas existentes há 50 anos para a interrupção de um regime democrático.

O exemplo Ipes-Ibad talvez seja o maior. Desses institutos, jorrou dinheiro de pesquisa para intelectuais cujos trabalhos dariam suporte ideológico à campanha anticomunista contra o governo de João Goulart, pretexto para que o setor produtivo privado brasileiro – que teoricamente seria beneficiado no embate entre as correntes nacionalistas e as nem tanto do governo petebista – pular do barco, e muitos dólares (de inconfessada origem, mas comprovadamente investimento dos órgãos de segurança na desestabilização da democracia brasileira) para financiar, nas eleições parlamentares de 1962, políticos comprometidos ideologicamente com a reação. Na última década, foram criados institutos com o objetivo explícito de dar unidade ao pensamento conservador. Se aparentemente estes aparelhos ideológicos não movimentam tanto dinheiro, conseguiram mapear extensivamente quem está do mesmo lado e mantê-los sob a sua proteção, quer se tornando avalistas de sua lealdade ao pensamento conservador para um possível empregador, quer indicando para simpatizantes de que fonte beber para ser parte dessa máquina de propaganda.

A confiança conquistada por esses intelectuais orgânicos, por estarem protegidos nos lugares onde produzem ideologia para consumo de um público (jornais, tevês, universidades, simpósios bem pagos no mundo da iniciativa privada etc.), fez proliferar um tipo de pensamento raso, mais para consumo das classes médias menos intelectualizadas, e um discurso propagandístico que a modernidade jurava ter colocado em desuso.

O discurso anticomunista, que as forças progressistas puseram na lista de anacronismos depois da queda do Muro de Berlim e o desmonte do bloco socialista mundial, em 1989, foi surpreendentemente desenterrado na formulação do discurso conservador. É como se os neoliberais, ao tentarem fazer ressurgir a grande coesão conservadora do golpe de 1964, não encontrassem outro pretexto para unir o seu espectro ideológico no ano de 2014. Isso porque o discurso ideológico dessas forças no período democrático perdeu força, brilho e credibilidade nos anos 90, após os governos conservadores do PSDB.

Esse discurso anticomunista, ao tomar como exemplo um fato histórico ocorrido há meio século, acha que é obrigação de seus intelectuais, nessa guerra ideológica tardia, investir contra a imagem do presidente deposto em 1964, João Goulart. Parece que investir contra o presidente deposto ataca também, por similaridade, o governo atual. O argumento mais usado era de que o estancieiro Jango era um fraco e foi deposto porque cedeu à pressão do PCB, abriu espaço para os comunistas no seu governo e, por influência deles, levaria o país ao comunismo.

As esquerdas dominavam o país antes do golpe porque faziam um trabalho intenso de propaganda junto às classes menos favorecidas, dizem outros, que não se perguntam que propaganda pode ser mais efetiva para a parcela dos mais pobres do que uma política de distribuição de renda, hoje ou há cinco décadas.

O discurso é raso e pobre, mas foi usado o suficiente para que o termo “perigo comunista” voltasse a sair da boca do cidadão comum, mais sensível a esse tipo de propaganda, e se tentassem fracassadas (ainda bem!) marchas da família com Deus, a exemplo do que ocorreu no pré-golpe.

***

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Como era a propaganda da ditadura militar na Rede Globo

Mauricio Dias: Os fantasmas da ditadura

Segundo pesquisa, os milicanalhas da ditadura torturavam desde os primeiros dias no poder

Vídeo: Em depoimento emocionante, Dilma Rousseff fala sobre a ditadura militar e a tortura

Prefeitura de São Paulo, “que participou da ditadura”, terá comissão da verdade

Ditadura militar: “Imprensa aceitou a censura”, diz historiadora

Os filhos de 1964: Memórias e exumações

Em 1964, os militares golpistas venderam a democracia

Vídeo: 1964 – Um golpe contra o Brasil

Gilson Caroni Filho: 1964, a atualização grotesca de nossos liberais

Filme revela como EUA deram o golpe de 1964

Documentário quer explicar aos jovens as origens do golpe de 1964

Luis Nassif: Um estudo clássico sobre 1964

Saudades de 1964

Hildegard Angel: “É meu dever dizer aos jovens o que é um golpe de estado.”

Hildegard Angel: É meu dever dizer aos jovens o que é um golpe de estado

Hildegard Angel: A sombra do golpe de 64 paira sobre nossas cabeças

A Igreja Católica e o golpe militar no Brasil

O golpe militar no Brasil está marcado para 31 de março de 2014

Além de Aécio, Folha também costumava chamar golpe de revolução

“Igrejas legitimaram golpe militar”, afirma pesquisador

O cordão da ditabranda cada vez aumenta mais

Folha: Da ditabranda às Diretas Já

Ditadura militar: Coronel do Exército confirma farsa montada no desaparecimento de Rubens Paiva

Documentos do Exército revela os dedos-duros do meio artístico na ditadura militar

Leandro Fortes: As almas penadas da ditadura

Saiba quem são os nazifascistas do grupo Revoltados On-line

Revoltados On-line: Agora, Hélio Bicudo se junta à extrema-direita


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