Posts Tagged ‘Programas do governo federal’

O PAC que o PIG esconde

12 de junho de 2013

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PAC já concluiu mais da metade das obras previstas para o final de 2014.

Via NBR Notícias

Até abril deste ano, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) investiu mais de R$557 bilhões em obras de infraestrutura no País. O valor corresponde a cerca de 56% do previsto até 2014. O balanço foi divulgado na segunda-feira, dia 10, em Brasília.

Das obras programadas para 2013, 55% já estão prontas. No setor de transportes foram investidos quase R$33 bilhões em 555 quilômetros de ferrovias, 19 aeroportos, 15 portos e 1.900 quilômetros de rodovias, obras já concluídas. No setor energético, foram investidos mais de R$126 bilhões.

O PAC 2 aumentou a capacidade do parque gerador brasileiro em 8.500 megawatts. Além disso, o PAC proporcionou a conquista da casa própria para mais de 1,2 milhão de brasileiros, até abril de 2013. O programa também investiu em áreas de risco, saneamento básico e em mobilidade urbana. Em todo o País, esses investimentos somaram quase um R$1,5 bilhão.

Inspirado em Lula, México lança seu Fome Zero

22 de abril de 2013

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Via Brasil 247

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou na sexta-feira, dia 19, do lançamento do programa Cruzada Nacional Contra a Fome, do governo mexicano. Lula discursou no evento de lançamento ao lado do presidente Enrique Peña Nieto, com quem também visitou moradias e equipamentos agrícolas em Chiapas, onde conheceu artesãs locais.

A presença de Lula causou incômodo aos oposicionistas do governo local. Segundo o cientista político e marqueteiro Luís Costa Bonino publicou em seu perfil no Twitter que Lula “vende no México o programa Fome Zero como franquia”, dizendo que Lula cobra US$300 mil por apresentação.

O Instituto Lula, por meio de sua assessoria de imprensa, rechaçou com veemência essa acusação. A afirmação oficial é que o ex-presidente não recebeu e nunca recebeu cachês para participar de eventos políticos. Lembram os auxiliares de Lula que a luta contra a fome é uma preocupação de primeira hora do ex-presidente. Os únicos casos em que ele cobra para fazer palestras, assim como faz, por exemplo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ocorrem em eventos patrocinados por empresas privadas.

No evento de lançamento, Lula disse que “sim, é possível erradicar a fome no mundo”. “Os ricos não precisam dos governos, quem precisa são os pobres do mundo. No Brasil, em dez anos, pudemos tirar da pobreza 33 milhões de pessoas. Geramos 19 milhões de empregos formais”, discursou, reafirmando: “Sim, é possível erradicar a fome no mundo, mas precisamos de governos comprometidos com os pobres.”

O ex-presidente destacou que o Brasil aumentou o crédito de 25% para 50% do PIB, destacando que “os pobres não têm bens materiais para oferecer como garantia. O único patrimônio que têm em seu nome é sua honra. Mas os pobres pagam, porque não gostam de dever. Enquanto isso, muitos ricos não têm problema em fazer dívidas”, disse.

“Falta de vergonha”

Segundo Lula, “a fome existe por falta de vergonha dos governantes mundiais, que não se preocupam com os pobres”. Destacando que seus programas sociais geraram críticas da oposição a seu governo no Brasil, Lula fez um pedido a Peña Nieto: “Os pobres confiam em você, não lhes falte.”

Em sua vez de falar, Peña Nieto agradeceu o “respaldo” de Lula à Cruzada Contra a Fome, que, segundo ele, também tem servido de munição para a oposição local. Segundo ele, as críticas vieram daqueles que “se preocupam com política e eleições. A nós, pelo contrário, nos preocupa acabar com a fome. Queremos que os 7,5 milhões de mexicanos que sofrem com a fome possam reverter esse cenário, e queremos lhes garantir dignidade social”, completou.

“Meu governo começou uma cruzada nacional para acabar com a fome”, destacou o presidente mexicano, dizendo que Lula obteve sucesso no Brasil, tirando 33 milhões da situação de fome. “Da Silva, não vou levá-lo para um passeio turístico, quero que você conheça uma realidade onde ainda há atraso social e fome”, disse o presidente mexicano, anunciando a viagem que os dois fariam a Chiapas.

Peña Nieto diria, para finalizar, que “acabar com a fome é e seguirá sendo a prioridade permanente do governo”, convocando o “esforço de todos os mexicanos para ajudar aqueles que precisam”.

José Gomes Temporão: SUS, entre a hegemonia e a americanização

9 de abril de 2013

Saude07José Gomes Temporão, via CartaCapital

A política de saúde persiste em sua trajetória hipercomplexa e contraditória. Apesar do gigantesco esforço dos governos, gestores e entidades comprometidas com o Sistema Único de Saúde (SUS), o intenso processo de mercantilização da assistência médico-hospitalar cria um vetor que tenciona permanentemente com o ideário reformista.

O denominado processo de “americanização” do sistema de saúde brasileiro confirma na prática um projeto contra hegemônico ao SUS. Esse processo envolve múltiplas dimensões e determinações: políticas, econômicas, tecnológicas e ideológicas. Passemos a uma análise mais acurada dessa complexa rede de determinantes em seu atual momento dentro do modelo de desenvolvimento brasileiro.

Em foco, a reconquista de hegemonia para o SUS. E para isso, torna-se fundamental considerarmos um novo conceito de sustentabilidade: aquele que incorpora aos componentes econômico, tecnológico, institucional e político, o cuidado com a saúde e a qualidade de vida no planeta.

Moacir Scliar em várias oportunidades destacava a qualidade da saúde pública brasileira no enfrentamento das doenças imunopreveníveis, nos resultados obtidos na redução da mortalidade infantil, do aumento da expectativa de vida, na redução da mortalidade por doenças cardiovasculares. Mas os novos desafios colocados pela tríplice carga de doenças (infectocontagiosas, crônicas e causas externas), pela dramática transição demográfica (em 2030 teremos mais brasileiros acima de 60 anos do que entre zero e 14 anos), pela transição do padrão alimentar e cultural (obesidade, diabetes, hipertensão), e pelas dificuldades estruturais de avançar na linha da determinação social da saúde, colocam novos e complexos desafios adicionais, em especial, recolocar a questão: como se produz saúde?

A “estratégia de reorientação setorial”, com o Programa de Saúde da Família, avança em termos de cobertura e complexidade (Nasf, Caps etc.), mas não consegue se estruturar como única ou principal porta de entrada do sistema.

Percebe-se uma orientação que privilegia de certa forma a ação dos agentes comunitários, mas chamo a atenção da importância de uma forte base de clínica ampliada (médicos, enfermeiros e outros profissionais) que dê qualidade e resolutividade ao modelo respeitando e contando com a ativa participação e colaboração dos pacientes e seus familiares.

As iniciativas dos ministérios da Educação e Saúde para o fortalecimento da formação de clínicos e especialistas em saúde da família, não parecem suficientes para reverter o vetor da hiperespecialização e da fragmentação na formação médica. A questão do trabalho médico se mantém como um dos mais complexos desafios. A possibilidade garantida pela constituição de múltiplos vínculos públicos e privados para o médico, onde a renda auferida em cada um desses espaços difere de modo importante, impede o estabelecimento de vínculos institucionais mais sólidos, carreiras de horizonte mais longo, dedicação integral a determinado serviço.

Para enfrentar esse novo cenário será necessário, por exemplo, construir uma nova institucionalidade para a administração pública. Os aspectos relacionados aos modelos de gestão continuam sendo motivo de polêmica e confronto entre gestores de diversos níveis governamentais e órgãos de controle.

O fato é que não conseguimos dar seguimento à construção de um novo modelo de macrogovernança principalmente para grandes redes assistenciais. Algumas iniciativas inovadoras como a da Bahia com a criação de uma fundação estadual para gerir o PSF devem ser mais bem avaliadas. Há aqui, de fato, um “mal-estar” que com frequência coloca em choque a visão de quem está na linha de frente com visões das distintas corporações (exemplo: a decisão do governo federal de criar uma empresa pública para gerir os hospitais de ensino do MEC).

O mercado de planos e seguros cresce de modo sustentado fortemente alimentado pelo espetacular resultado das macropolíticas das gestões Lula, ao ampliar fortemente a base do trabalho assalariado enquanto a capacidade de regulação da Agência Nacional de Saúde (ANS) esbarra nas limitações do marco legal e nas fragilidades do modelo das agências reguladoras.

As iniciativas referentes ao denominado Complexo Econômico Industrial da Saúde são merecedoras de aplausos incluindo as referentes a introdução de políticas de gestão de incorporação de tecnologias em saúde.

Aspectos relacionados ao desenvolvimento da Reforma Psiquiátrica voltam à tona com a discussão das questões colocadas pelo consumo de drogas (principalmente o crack) e a polêmica opção pelas comunidades terapêuticas considerando que a rede de CAPS ainda está aquém do necessário.

Uma novidade ainda pouco percebida, mas considerada pela presidenta Dilma Rousseff, é a priorização da atenção integral à primeira infância, integrando iniciativas dos programas Brasil Carinhoso, Rede Cegonha e Estratégia Brasileirinhos Saudáveis (EBBS).

A primeira infância (da gestação aos seis anos) é considerada um período decisivo para o desenvolvimento do ser humano saudável, sob todos os pontos de vista: físico, mental e emocional. Entretanto, quando do lançamento da EBBS, em 2009, ao contrário de muitos países que já possuíam programas nacionais voltados a estas crianças – como Cuba e Chile –, o Brasil ainda não contava com uma política semelhante no nível federal.

Trata-se de uma abordagem inovadora que integra saúde pública, educação e desenvolvimento social, considerando contribuições de campos diversos como neurociências e psicanálise. Este tipo de iniciativa visa antecipar questões de produção e promoção da saúde, de maneira a buscar caminhos inovadores de cuidado.

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A política de assistência farmacêutica avançou com o Farmácia Popular e a estratégia de uso da rede de farmácias como parceiras do governo no fornecimento de medicamentos subsidiados ou gratuitos. Porém, o elenco de produtos oferecidos ainda é limitado. Creio que essa é uma estratégia importante e que esbarra para sua plena consolidação na insuficiência de recursos financeiros.

Iniciativas importantes foram tomadas no aperfeiçoamento da gestão com a contratualização entre entes públicos e o início do processo de uma macroavaliação do desempenho da saúde. Houve críticas fundamentadas em relação à metodologia adotada para o estabelecimento de um ranking de desempenho para estados e municípios, mas a iniciativa deve ser aperfeiçoada.

No campo das relações entre publicidade e saúde pública, área de extrema relevância, pouco pôde ser feito principalmente pela postura omissa do legislativo em relação à publicidade de medicamentos, de bebidas alcoólicas e alimentos infantis.

Nos direitos sexuais e reprodutivos pouco se avançou, principalmente, sobre o aborto. Exceto pela histórica decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à questão da anencefalia.

Desafios

O macro financiamento setorial continua como um dos principais desafios. Apesar do avanço em alguns aspectos da regulamentação da Emenda Constitucional 29, o subfinanciamento que perdura há mais de duas décadas, persiste como o principal fator que impede a qualificação e avanço do SUS.

Aqui, destacam-se as questões referentes à renúncia fiscal, subsídios variados ao mercado, copagamento de planos privados a funcionários dos três poderes, regulação por parte da Receita Federal do que pode ou não ser abatido do imposto de renda devido pelas famílias etc.

Mas, desafio mesmo, é pensar saúde como vida intensa e criativa, qualificada pelo desabrochar de plena potência das capacidades humanas. Fundamental, portanto, reunir esforços e construir alternativas à mentalidade conservadora e empobrecida que vê a saúde como ausência de doença e política de saúde limitada apenas à dimensão da assistência médica.

Nesta perspectiva, corremos céleres rumo a um processo de americanização nos afastando do incrível ganho constitucional que foi a saúde como direito de todos.

José Gomes Temporão é ex-ministro da Saúde (2007-2010) e integrante da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

FHC só lançou programas sociais a quatro meses da eleição de 2002

28 de fevereiro de 2013

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Eduardo Guimarães em seu Blog da Cidadania

Na quarta-feira, dia 27, a presidente Dilma Rousseff rebateu afirmação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no sentido de que ela e seu antecessor e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva, teriam “herdado” e “usurpado” seus projetos e que, por isso, ela seria “ingrata” consigo.

Dilma afirmou que o cadastro único dos programas sociais do governo tucano “não existia” quando Lula chegou ao poder, em 2003. Prontamente, grandes jornais de São Paulo e do Rio de Janeiro (Folha de S.Paulo, Estadão e O Globo) e algumas redes de televisão e sites tomaram partido de FHC corroborando sua afirmação de que o tal cadastro teria sido feito no governo do tucano.

Por falha de sua estratégia de comunicação social, a presidente não explicou bem a questão. E a mídia, muito menos. Assim sendo, este blog apresenta, a seguir, mais um capítulo da verdadeira história daquele período triste da história do Brasil (1995-2002).

De fato, FHC deixou simulacros de cadastro da pobreza e do programa social Bolsa Família. Contudo, os programas começaram a ganhar alguma materialidade a quatro meses da eleição presidencial de 2002, conforme matéria da Folha de S.Paulo naquele ano eleitoral. Abaixo, a matéria.

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Folha de S.Paulo – 26 de maio de 2002

Marketing tucano: Governo lança na próxima semana o “Cartão Cidadão”, que unifica os programas de transferência de renda

FHC amplia ação social a 4 meses da eleição.

Raymundo Costa, da sucursal de Brasília

A pouco mais de quatro meses da eleição, o presidente Fernando Henrique Cardoso entrega na próxima semana o primeiro “Cartão Cidadão”, por meio do qual serão efetuados os pagamentos dos programas de transferência de renda direta para a população mais pobre.

A longo prazo, a intenção do governo é que todos os usuários de programas de renda mínima carreguem um “Cartão Cidadão” no bolso, algo em torno de 31,7 milhões de pessoas, porque o Planalto quer dar o cartão também para os 6,7 milhões de beneficiários de aposentadorias e pensões rurais.

O “Cartão Cidadão” representa uma espécie de roupa nova para programas em curso. Trata-se de um cartão magnético, com a logomarca do governo federal, do tipo fornecido pelos bancos. A longo prazo, vão substituir cartões já distribuídos à população, junto com o cadastramento das famílias beneficiadas.

Em período pré-eleitoral, seu lançamento tem um beneficiário: o presidenciável tucano José Serra. Será uma cerimônia deliberadamente simples para não ser confundida com uma ação de campanha.

“Potência social”

Coincidentemente, na última semana Serra disse que o país é uma “potência econômica” e precisa se transformar agora numa “potência social”. Ou seja, o novo mote de campanha do tucano faz eco ao lançamento do novo programa de FHC.

De imediato, o “Cartão Cidadão” será entregue aos usuários de cinco dos 12 programas de transferência direta de renda do governo federal. São eles o Bolsa-Alimentação, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), o Bolsa-Escola, o Brasil Jovem e o Vale-Gás, por meio dos quais pretende atender 12,6 milhões de pessoas carentes em 2002. Ano passado – excluído o Vale-Gás, criado neste ano –, o governo gastou R$1,8 bilhão com esses programas. Para o atual exercício prevê R$3,7 bilhões – ou seja, duas vezes mais.

Sem considerar o Vale-Gás, cujos primeiros depósitos começaram a ser feitos em fevereiro, o aumento da verba programada foi de 50% – de R$1,8 bilhão em 2001 para R$2,7 bilhões em 2002. “Isso parece mais uma rede de proteção eleitoral do que de proteção social”, ironizou o deputado Agnelo Queiroz (PCdoB/DF).

A meta estabelecida ainda está longe de ser atingida. Do total programado para a Bolsa-Alimentação, por exemplo, até agora só 2,23% foram efetivamente pagos. Dos R$411,3 milhões previstos para a erradicação do trabalho infantil, apenas R$108,4 milhões (26,35%) foram para o bolso das pessoas carentes. O Bolsa-Escola, de longe o programa mais difundido, só liberou 25,84% dos gastos previstos.

Os atuais cartões serão substituídos progressivamente. Na largada, cerca de 4.000. Além do “Cartão Cidadão”, o governo prepara um Cadastro Único dos Programas Sociais. Já foram cadastradas 1,3 milhão de famílias. A meta é cadastrar 9,3 milhões até o final de agosto.

Em meados de julho, a menos de três meses da eleição, será feito um mutirão para dar nome e sobrenome legal a brasileiros que não têm acesso aos programas sociais por falta de documentos.

Essa é uma situação comum em regiões muito pobres, como o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, e no Norte e no Nordeste do país. “O pobre do pobre, o que mais necessita. A documentação vai propiciar a inclusão dos excluídos”, diz a secretária de Assistência Social, Wanda Engel.

Além da estabilização da economia, o que dá mais prazer a FHC é falar sobre a transferência de renda aos mais pobres feita em seu governo. Ele e o pré-candidato Serra dizem que o governo gastará, este ano, o equivalente à parcela da União na arrecadação do Imposto de Renda de pessoas físicas e jurídicas, estimada em algo em torno de R$28,7 bilhões.

Ambos – FHC e Serra – incluem nessa conta os R$15,5 bilhões programados para o pagamento de aposentadorias e pensões rurais. Alegam que houve ganho dos aposentados em razão do aumento real do mínimo. Sem os benefícios rurais, mas somando-se o recente Vale-Gás, os R$29,4 bilhões caem para R$15,1 bilhões.

Além dos cinco programas a serem inicialmente atendidos pelo “Cartão Cidadão” e das aposentadorias, esses R$15,1 bi incluem o abono salarial pago a desempregados, bolsas de qualificação, o Seguro-Safra pagos a famílias em situação de risco em áreas de seca e benefícios a idosos e deficientes.

No fundo, o que FHC faz é substituir políticas sociais de caráter temporário por outras de caráter permanente. E as associou diretamente ao governo federal, presente nas agências da Caixa Econômica, que paga os benefícios, e no próprio “Cartão Cidadão” no bolso do eleitor. Fórmula esta que Serra já incorporou à campanha.

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O fato é que 2002 terminou sem sequer arranhar as metas estabelecidas. Enquanto hoje (final de 2012) o Bolsa Família paga benefícios no valor de R$20 bilhões, em 2002 o governo nem chegou a atingir a meta estimada em R$3,7 bilhões. Além disso, o cadastro único tampouco foi feito por FHC após oito anos no poder. Havia apenas intenção, que igualmente não se materializou.

Os programas sociais de transferência de renda do governo Fernando Henrique Cardoso só começaram a funcionar precariamente e com orçamento irrisório no fim de 2001, penúltimo ano de seu mandato. De janeiro de 1995 até agosto de 2001, o “grande” programa social do governo do PSDB era distribuir algumas cestas básicas a um pequeno contingente de famílias.

Àquela época, este blogueiro acompanhava de perto o que era, então, um problema gigantesco e crônico no País: fome e miséria. Compareci a inúmeros seminários sobre o tema, inclusive no auditório da Folha de S.Paulo. A demanda pelos programas de transferência de renda era feita reiteradamente pelo Ipea.

Um dos pesquisadores do Ipea que mais se notabilizou àquela época foi Ricardo Paes de Barros, o PB, que durante o governo FHC deu declaração que causou polêmica quando, reclamando do programa de cestas básicas que vigeu até o final de 2001, afirmou que um programa social de verdade no Brasil seria jogar dinheiro de helicóptero em áreas carentes.

Durante quase sete de seus oito anos no poder, FHC ignorou solenemente as cobranças dos pesquisadores do Ipea para que adotasse o programa do ex-governador petista de Brasília Cristovam Buarque, o Bolsa Escola. O tucano só foi ceder praticamente no último ano de seu governo de oito anos e, ainda assim, de forma precária.

Abaixo, matéria da Folha de S.Paulo de dezembro de 2001 que comprova as afirmações acima.

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Folha de S.Paulo – 9 de dezembro de 2001

Governo: O Bolsa-Renda Alimentação substitui cestas básicas que eram distribuídas a 1,7 milhão de famílias de cidade pobres

Programa social exclui 960 mil famílias.

Ranier Bragon, da Agência Folha, em Belo Horizonte

O governo federal deixou 960 mil famílias carentes de fora do programa criado, em caráter provisório, para substituir a distribuição de cestas básicas, que era feita a 1,7 milhão de famílias de municípios pobres do país e que acabou em agosto.

O programa provisório que substituiu as cestas básicas foi denominado Bolsa-Renda Alimentação, com previsão de funcionamento somente em novembro e dezembro deste ano. Em vez da cesta básica, o novo programa dá à família R$15,00, que podem ser sacados por meio de um cartão magnético. Para esse programa, apenas 740 mil famílias das 1,7 milhão que estavam cadastradas no extinto Prodea (Programa de Distribuição de Alimentos) foram inscritas.

Os excluídos do novo programa e a situação precária pela qual o Prodea passou nos últimos meses de existência contrariam declarações feitas no final de 2000 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e por membros do governo, segundo as quais nenhuma das famílias deixaria de receber as cestas até que um programa substituto fosse implantado.

O próprio governo federal admite que 960 mil famílias carentes não foram inscritas no Bolsa Renda-Alimentação. Para o governo, parte destas famílias pode estar recebendo algum outro benefício.

“Se os municípios forem ágeis, até o final de dezembro todas as famílias vão ser enquadradas em algum tipo de programa e, assim, poderemos consertar os desvios”, disse Wanda Engel, coordenadora do Projeto Alvorada, que envolve ações de nove ministérios.

A distribuição de alimentos parou em agosto e, durante o período de três meses entre a extinção do Prodea e o início da Bolsa-Renda Alimentação, o 1,7 milhão de famílias também ficou sem receber nem um nem outro benefício. O fim da distribuição das cestas foi definido pelo governo no ano passado por ele considerá-la assistencial. Neste ano, porém, resolveu-se pela criação do Bolsa-Renda Alimentação até que todo o 1,7 milhão de famílias fosse incluído, de acordo com o perfil de cada uma, nos outros programas sociais do Projeto Alvorada.

O problema é que as 960 mil famílias excluídas do programa substituto à distribuição de cestas básicas não têm garantia alguma de que vão se inserir em algum novo programa federal, já que a ideia do governo é promover um recadastramento geral das famílias carentes. As exigências para fazer parte de outro programa também são diferentes das exigências do Prodea. Outro problema: existem famílias que, mesmo inseridas no Bolsa-Renda Alimentação, até hoje não receberam os R$15,00.

“A gente come o que tem. Dá primeiro para as crianças e o que sobrar divide para os grandes”, disse Noêmia Maria da Silva Santos, 39, de Bezerros, no agreste de Pernambuco, que no dia 15 de agosto recebeu sua última cesta básica do governo.

Ela está inscrita para receber as duas parcelas de R$15,00 referentes a novembro e dezembro. Mas o dinheiro de novembro, que já deveria ter vindo, ainda não foi entregue. Na prática, a transição do Prodea para outro benefício vem se mostrando confusa: em Minas Gerais, por exemplo, dos 225 municípios que recebiam as cestas básicas, apenas 165 foram cadastrados no Bolsa-Renda Alimentação (queda de 26,7%). Das 224.974 famílias cadastradas no Prodea, sobraram 149.400 (queda de 36,6%). “Tem prefeito que nem sabe que esse projeto [Prodea] foi extinto”, disse o major Itamar Pacheco, coordenador em Minas do programa.

Segundo ele, a orientação do Ministério da Integração Nacional, que é responsável pelo projeto, foi de corte linear de 25% no número de famílias beneficiadas, durante a transição Prodea-Bolsa, sob o argumento de “falta de recursos orçamentários”.

A Agência Folha ligou aleatoriamente para prefeituras de dez municípios de Minas Gerais que tinham famílias cadastradas no Prodea, mas que foram excluídas do programa substituto: Cantagalo, Paulistas, Coluna, Água Boa, Peçanha, Ervália, Descoberto, Pedra do Anta, Pedra Dourada e Serra Azul de Minas.

Quando o Prodea existia, famílias carentes dessas cidades recebiam do governo federal um total de 11.107 benefícios mensais, entre cestas básicas e Renda Mínima (antecessor do Bolsa-Escola) – 8.108 famílias estavam cadastradas no Prodea e 2.998 no Renda Mínima. Hoje, apenas 4.112 famílias recebem benefícios, todos da Bolsa-Escola.

Cinco dos dez municípios ouvidos afirmaram que receberam nos últimos dias – mais de três meses depois do fim total da distribuição de cestas – ofícios do governo informando que o Prodea foi extinto e que as prefeituras deveriam fazer recadastramentos.

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Essa parcela da imprensa ligada ao PSDB que adotou a versão de FHC sobre os fatos, tal como o ex-presidente parece ter esquecido o que escreveu. A mesma Folha de S.Paulo concordava com a afirmação da presidente Dilma de que o cadastro único e o programa de transferência de renda do governo tucano simplesmente não existiam.

Em matéria de junho de 2002, a três meses da eleição presidencial em que Lula derrotou José Serra, a Folha disse que “Até o final do mandato de FHC, o cartão representará pouco mais do que uma promessa de política social”. Confira, abaixo, a íntegra da matéria em que o jornal reconheceu o que hoje renega.

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Folha de S.Paulo – 8 de junho de 2002

Cartão embalará projeto de tucano em campanha

Da sucursal de Brasília

O Cartão-Cidadão lançado ontem pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, com a logomarca do governo, embalará um dos principais projetos de campanha do presidenciável tucano José Serra. Até o final do mandato de FHC, o cartão representará pouco mais do que uma promessa de política social.

Eis a ideia: o cartão magnético será entregue a todos os 9,3 milhões de famílias carentes que o governo pretende cadastrar até o fim do ano. Até agora, foram cadastrados 2,5 milhões de famílias. Assim que o cadastro único ficar pronto, o governo terá reunidas num banco de dados informações sobre renda, saúde, educação, trabalho e condição de moradia dos 54 milhões de pobres brasileiros. É ponto de partida dar foco e avaliar as políticas sociais.

Pobres

Serão considerados pobres aqueles com renda familiar per capita abaixo de meio salário mínimo por mês. Por ora, o número de pobres é só uma estimativa a ser confirmada. A renda é um critério maleável, pois boa parte dos pobres não tem renda para ser comprovada.

Para que boa parte dos pobres ainda à margem dessas políticas sociais não fique de mão abanando, o governo criou recentemente o Vale-Gás, benefício de R$15,00 a ser concedido a cada dois meses a todas as famílias cadastradas. Os primeiros pagamentos foram feitos em fevereiro.

Essa será a única política generalizada no combate à pobreza. Os demais programas de transferência direta de renda à população variam de acordo com o perfil da família.

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Fica provado, portanto, que esses setores da imprensa que hoje endossam a versão mentirosa de FHC sabem muito bem que seu governo só foi lançar um programa mambembe e eleitoreiro a poucos meses de uma eleição que perderia, entre outros fatores, por ter ignorado o problema social durante os oito anos de seu governo.

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Brasil Sem Miséria retira 22 milhões da pobreza extrema

20 de fevereiro de 2013

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Via Carta Maior

A presidenta Dilma Rousseff anunciou na terça-feira, dia 19, a extensão da complementação de renda do Bolsa Família para alcançar os últimos 2,5 milhões de beneficiários do programa que ainda permaneciam em situação de extrema pobreza. Com essa medida, o governo federal alcança a retirada de 22 milhões de brasileiros da extrema pobreza nos últimos dois anos.

Com a ampliação do Programa Brasil sem Miséria, cerca de 2,5 milhões de pessoas cadastradas no Bolsa Família vão receber complemento para ultrapassar a renda de R$70,00 por pessoa, considerado o patamar que supera a linha da extrema pobreza. A partir de março, quando passarão a receber o benefício, nenhuma família cadastrada estará abaixo dessa linha. A complementação de renda para esses 2,5 milhões de beneficiários do Bolsa Família terá investimento de R$773 milhões em 2013.

Segundo a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, o benefício complementar é um primeiro passo para a superação da miséria. “É só um começo, não vamos nos limitar à miséria monetária. Está em curso a verdadeira reforma: colocar o Estado a serviço de quem mais precisa”, destacou Tereza Campello.

A presidenta Dilma Rousseff destacou que “o marco que comemoramos hoje não se deu por mágica, mas por 10 anos de muito trabalho. Nesse período, construímos a tecnologia social mais avançada do mundo, o Cadastro Único e o Bolsa Família”.

Aliado à garantia de renda, o plano também promove ações de inclusão produtiva – como qualificação profissional, assistência técnica e extensão rural e fomento à produção – e de acesso a bens e serviços públicos, em especial nas áreas de saúde, educação, habitação, acesso à água e à energia elétrica.

Apesar de eliminar a pobreza extrema das famílias cadastradas, o MDS estima que aproximadamente 700 mil famílias estejam nessa condição e precisem ser localizadas. Dilma reforçou, nos discursos que fez este ano, a importância da colaboração dos prefeitos para encontrar essas famílias e cadastrá-las no Bolsa Família para que também deixem a situação de miséria até 2014.

Por meio do Cadastro Único, o poder público conhece quem são os brasileiros mais pobres, onde vivem, quais as características de seus domicílios, sua idade, escolaridade etc. Assim, pode incluir essas famílias em programas de transferência de renda e também matricular seus integrantes em cursos profissionalizantes, oferecer-lhes serviços de assistência técnica e extensão rural, dar-lhes acesso a água ou a tarifas reduzidas de energia elétrica, por exemplo. A Tarifa Social de Energia Elétrica, o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Verde são alguns exemplos de ações que utilizam o Cadastro Único como referência para a seleção de beneficiários.

Em 2011 havia 36 milhões de pessoas no Cadastro Único que estariam na miséria caso sobrevivessem apenas com sua renda familiar. Graças ao Bolsa Família, 14 milhões escapavam dessa condição. Mas ainda restavam 22 milhões de brasileiros que, mesmo recebendo os benefícios do programa, continuavam na extrema pobreza. Medidas tomadas no âmbito do Plano Brasil Sem Miséria diminuíram esse total para 19 milhões.

Em 2012, com o Brasil Carinhoso, mais 16,4 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza. Permaneceram os 2,5 milhões de pessoas que agora superam a miséria, 40% delas na faixa dos 16 aos 25 anos. Assim, totalizamos 22 milhões de beneficiários do Bolsa Família que saíram da extrema pobreza desde o começo do Brasil Sem Miséria.

Com informações do MDS e da Agência Brasil

Chora tucanalha: Programa Bolsa Família será apresentado na Alemanha

15 de setembro de 2012

Superação da pobreza no Brasil ganha destaque em Congresso da Rede Mundial de Renda Básica.

Via Portal do PT

O programa de transferência de renda brasileiro, o Bolsa Família, terá destaque no 14º Congresso da Rede Mundial de Renda Básica, que ocorre de 14 a 16 de setembro, em Munique, na Alemanha.

O secretário nacional de Renda de Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Luís Henrique da Silva Paiva, participa do encontro, que ainda terá acadêmicos, gestores de políticas sociais e ativistas políticos de todo o mundo.

Os resultados do país na superação da extrema pobreza nos últimos anos é um dos destaques da palestra que Paiva irá apresentar no encontro. Ele também vai falar do benefício complementar criado este ano com a ação Brasil Carinhoso, dentro do Brasil Sem Miséria, que focaliza famílias com crianças de até seis anos. E destacará a importância das contrapartidas da frequência escolar e do acompanhamento da saúde para ampliar a inclusão social.

O secretário ainda participará de painel sobre as perspectivas para a implantação da renda de cidadania no Brasil, com os representantes do Instituto para Revitalização da Cidadania (Recivitas) e da FIAN Alemanha (Combatendo a Fome com Direitos Humanos).

O Congresso da Rede Mundial de Renda Básica ocorre a cada dois anos. Nesta edição, o evento tem como tema “Caminhos para a renda básica”. No primeiro dia de debates serão analisados programas de diversos países e o balanço das situações locais. No segundo e terceiros dias serão discutidas estratégias, possibilidades e perspectivas de implantação de programas de renda básica. Baseada na Bélgica, a Rede Mundial de Renda Básica (BIEN, na sigla em inglês) foi fundada em 1986, na época como uma instituição europeia, que se expandiu mundialmente a partir de 2004.


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