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Por que a militarização da polícia favorece os abusos e tem de ser banida

27 de setembro de 2013

Latuff_PM01Mauro Donato, via Diário do Centro do Mundo

O grito que anda presente nas ruas assusta leigos, que costumam reagir com a pergunta: “E na hora em que for assaltado, vou chamar quem?”, como se desmilitarizar significasse a extinção de policiamento ou da própria polícia. Não significa. Trata-se apenas de transferir esse “serviço” para uma polícia sem arquitetura militar.

Regida pelo artigo 144 da constituição federal, a segurança pública destina à polícia civil apenas o poder de investigação e apuração de infrações penais (e levar os casos ao poder judiciário), ficando a cargo da polícia militar o policiamento ostensivo e “preservação da ordem pública”. Isso por si só já é problemático pois, evidentemente, uma polícia lava as mãos tão logo passa o bastão adiante.

Mas o ponto em questão é a cultura e a hierarquia às quais os militares são submetidos em seu treinamento, nos moldes das Forças Armadas. Militares são treinados e preparados para defender o país contra inimigos. É uma postura radicalmente diferente de quem vai lidar com o próprio povo. Nós não estamos em guerra. Sobretudo contra nós mesmos. E uma polícia “contra” o povo só faz sentido em ditaduras. Nós também não estamos em uma, estamos?

“A polícia não pode ser concebida para aniquilar o inimigo. O cidadão que está andando na rua, que está se manifestando, ou mesmo o cidadão que eventualmente está cometendo um crime, não é um inimigo. É um cidadão que tem direitos e esses direitos tem de ser respeitados”, disse Túlio Vianna, professor de Direito Penal na UFMG durante uma aula pública realizada em julho, no vão do Masp. O professor condena ainda a existência do código penal próprio da PM, aplicado para policiais que cometem delitos: “É muito cômodo você ter uma justiça que te julga pelos próprios pares”.

O tema é espinhudo até entre PMs. Um coronel da PM do Rio Grande do Norte entrou com uma representação contra um tenente que se posicionou à favor da desmilitarização, num post em seu perfil no Facebook. Sinal dos tempos, a Associação dos Cabos e Soldados da PM/RN saiu em defesa do tenente: “O Tenente Silva Neto teve o privilégio de em sua carreira militar ter sido soldado e, por isso, tem uma visão ampla dessa questão do militarismo e de suas implicações, hierarquizada na nossa corporação, […] Por tudo aduzido acima, a Associação dos Cabos e Soldados expressa a sua mais sincera admiração pelo tenente Silva Neto, além de disponibilizar o núcleo jurídico da nossa entidade a fim de ofertar defesa frente à representação apresentada pelo Coronel PM Walterler”.

A hierarquia militar é propícia a abusos. Carlos Alberto Da Silva Mello é cabo da polícia em Minas Gerais e favorável à desmilitarização e postou no portal EBC (Empresa Brasil de Comunicação): “Bom dia, sou PM e vejo na desmilitarização o avanço da segurança pública no nosso país. Os coronéis são contra porque eles perderiam o poder ditatorial, acabaria os abusos de autoridade contra os praças, acabaria o corporativismo que existe nas PMs […] Fim do militarismo, não o fim das polícias e sim (o fim) de um regime autoritário, desumano, arrogante, […] A sociedade não toma conhecimento do que se passa dentro da PM. Todo cabo, soldado e sargentos são a favor da desmilitarização das PMs. O militarismo é o retrocesso […] os abusos são constantes dentro dos cursos de formação de soldados.”

O ranço bélico que existe na PM está em superexposição desde junho. A falta de critérios para utilização de armas “não letais”, a gratuidade da violência, a truculência figadal, as táticas de emboscada. A atitude de colocar a tropa de choque, bombas de gás e balas de borracha ao lado de manifestantes já incita a tensão por seu caráter repressor. Em todas as ocasiões em que o exibicionismo da força militar esteve ausente, não houve bagunça, baderna, vandalismo, chamem como quiserem. Não é coincidência. Somado a atitudes autoritárias (e ilegais) como a detenção “para averiguação” que vem ocorrendo sistematicamente, temos um quadro que exige a revisão desse artigo 144 urgentemente.

O que se deseja nem é o desarmamento. Embora Londres possa sempre ser lembrada como exemplo de polícia desarmada, não fechemos os olhos em busca de utopia (mas há dados interessantes a se saber com relação a isso e que podem alimentar sonhos: uma pesquisa interna feita com os policiais britânicos, 82% deles disseram que não queriam passar a portar arma de fogo em serviço, mesmo quando cerca de 50% dos mesmos policiais disseram ter passado por situações que consideraram de “sério risco” nos 3 anos anteriores à pesquisa).

O que se deseja são uma ouvidoria e uma corregedoria minimamente eficientes e atuantes, de modo a pelo menos inibir declarações surreais como o já famoso “Fiz porque quis” proferida por um BOPE em Brasília, ou um alucinado policial sem identificação insultando diversos advogados no meio da rua, ou o sargento Alberto do Choque do RJ que ontem respondeu com um “Não te interessa” ao questionamento da falta de identificação, todos convictos da inconsequência de seus atos (se você não é do Rio de Janeiro, aconselho que acompanhe de perto o que tem se passado lá todas as noites).

É evidente que isso veio à tona desde que os filhos da classe média passaram a ser as vítimas. Na periferia é ancestral e sempre foi ignorado ou menosprezado. Portanto que se aproveite o momento. Os benefícios de uma polícia não militarizada refletiria em toda a sociedade.

Um dos caminhos seria a unificação das policias civil e militar, algo possível apenas através de uma emenda à constituição. Isso não se consegue da noite para o dia, portanto, quanto antes se começar a mexer nesse vespeiro, mais cedo teremos algum avanço. O que não é possível é ficar assistindo reintegrações de posse se tornarem espetáculos de carnificina com requintes de crueldade como vemos hoje. Já deu.

Folha financiava a ditadura e Frias, amigo pessoal de Fleury, visitava o Dops, diz ex-delegado

25 de abril de 2013
Claudio_Guerra02_Delegado

Cláudio Guerra assumiu ser autor de atentado no jornal O Estado de S. Paulo na década de 1980.

O ex-delegado da Polícia Civil Cláudio Guerra fez uma série de revelações em depoimento à Comissão Municipal da Verdade de São Paulo, sobre episódios da ditadura militar. Detalhou o caso conhecido como “Chacina da Lapa” e tratou da participação do dono da Folha de S.Paulo e de outros empresários no apoio financeiro à repressão.

Via Portal Terra e lido no Viomundo

O ex-delegado da Polícia Civil Cláudio Guerra afirmou na terça-feira, dia 23, à Comissão Municipal da Verdade de São Paulo, que foi o autor da explosão de uma bomba no jornal O Estado de S.Paulo, na década de 1980, e afirmou que a ditadura, a partir de 1980, decidiu desencadear em todo o Brasil atentados com o objetivo de desmoralizar a esquerda no País.

“Depois de 1980 ficou decidido que seria desencadeada em todo o País uma série de atentados para jogar a culpa na esquerda e não permitir a abertura política”, disse o ex-delegado em entrevista ao vereador Gilberto Natalini (PV), que foi ao Espírito Santo conversar com Guerra.

No depoimento, Guerra afirmou que “ficava clandestinamente à disposição do escritório do Sistema Nacional de Informações (SNI)” e realizava execuções a pedido do órgão. Entre suas atividades na cidade de São Paulo, Guerra afirmou ter feito pelo menos três execuções a pedido do SNI. “Só vim saber o nome de pessoas que morreram quando fomos ver datas e locais que fiz a execução”, afirmou o ex-delegado, dizendo que, mesmo para ele, as ações eram secretas.

Guerra falou também do coronel Brilhante Ustra e do delegado Sérgio Paranhos Fleury, a quem acusou de tortura e assassinatos. Segundo ele, Fleury “cresceu e não obedecia mais ninguém”. “Fleury pegava dinheiro que era para a irmandade [grupo de apoiadores da ditadura, segundo ele]”, acusou.

Folha_Apoiou_Ditadura03O ex-delegado disse também que Fleury torturava pessoalmente os presos políticos e metralhou os líderes comunistas no episódio que ficou conhecido como “Chacina da Lapa”, em 1976.

“Eu estava na cobertura, fiz os primeiros disparos para intimidar. Entrou o Fleury com sua equipe. Não teve resistência, o Fleury metralhou. As armas que disseram que estavam lá foram “plantadas”, afirmo com toda a segurança”, contou.

Guerra disse que recebia da irmandade “por determinadas operações bônus em dinheiro”. O ex-delegado afirmou que os recursos vinham de bancos, como o Banco Mercantil do Estado de São Paulo, e empresas, como a Ultragás e o jornal Folha de S.Paulo. “Frias [Otávio, então dono do jornal] visitava o Dops [Departamento de Ordem Política e Social], era amigo pessoal de Fleury”, afirmou.

Segundo ele, a irmandade teria garantido que antigos membros até hoje tivessem uma boa situação financeira.

“Enterrar estava dando problema”

Segundo Guerra, os mortos pelo regime passaram a ser cremados, e não mais enterrados, a partir de 1973, para evitar “problemas”. “Enterrar estava dando problema e a partir de 1973 ou 1974 começaram a cremar. Buscava os corpos da Casa de Morte, em Petrópolis, e levava para a Usina de Campos”, relatou.

A inversão de valores da “grande mídia”

25 de novembro de 2012

Marcos Carneiro, ex-diretor da Polícia Civil de São Paulo, suspeita que homicídios em São Paulo sejam praticados por policiais.

Miguel do Rosário em seu blog O Cafezinho

A maior fomentadora de corrupção, a maior violentadora dos princípios éticos mais básicos, no Brasil, é ossa mídia. Reacionária, corrupta, aética, manipuladora. Nossa mídia não só apoiou o golpe militar, como também foi sua principal articuladora. Reuniões entre golpistas aconteciam em escritórios do Estadão; Folha e Globo emprestavam suas páginas para todo tipo de diatribe pró-golpista, como foram as manifestações “populares” contra o governo João Goulart, que foram financiadas com dinheiro público, pelos governadores de São Paulo, Minas e Rio, aliados dos jornalões. E foi a ditadura que destruiu a estrutura mínima de combate à corrupção que vinha sendo construída no Brasil desde que Getulio Vargas instituiu concursos públicos, dentre outras medidas saneadoras.

Tribunais de contas, judiciário independente, auditorias internas, polícia orientada pra combater crimes de colarinho branco, todo o sistema de contrapesos, toda a máquina de investigação, foi desmontada pela mesma ditadura que era sustentada pela grande mídia.

E durante o período democrático, mais uma vez, vimos a mídia sustentando grandes máquinas de corrupção, como foi a privataria, onde vimos a transferência irresponsável de patrimônio público para mãos de aventureiros como Daniel Dantas, estatais europeias corruptas e especuladores.

A malandragem continua. Enquanto a mídia faz terrorismo financeiro, em conluio com grandes bancos privados, pra derrubar as ações da Eletrobras, os mesmos bancos lideram as compras de papéis da estatal.

O pior, no entanto, é outra coisa. É a cumplicidade da mídia com a política de extermínio do governo de São Paulo.

Aí que entra a inversão de valores.

O chefe da Polícia Civil de São Paulo, Marcos Carneiro de Lima, levanta suspeitas, com base em indícios concretos (não ilações, como virou moda no STF) de que as dezenas de chacinas realizadas nos últimos meses em São Paulo vem sendo cometidas por servidores públicos do governo Alckmin.

Estamos falando de centenas de mortes, em número superior ao que acabamos de ver nos bombardeios de Israel à Faixa de Gaza. Onde estão os paladinos da ética?

A cara de pau não tem limites. Sílvio Pereira ganha um Land Rover. Está errado, e merece ser punido. Mas um funcionário da Prefeitura de São Paulo, responsável pelo licenciamento de imóveis na cidade, compra (compra, não ganha de presente) uns 60 apartamentos, e ninguém fica escandalizado.

No mesmo dia em que o chefe da polícia civil do estado de São Paulo desnuda a existência de uma milícia fascista e homicida, que faz “justiça” com as próprias mãos, incrustada dentro do estado, Dora Kramer, principal colunista do Estadão, faz um editorial criticando … Lula!

Não é apenas cara de pau, é safadeza. É falta de vergonha na cara. Falta de ética. Bandidagem midiática.

Não estamos falando aqui de teorias esquizóides, baseadas numa interpretação tropicalista do “domínio de fato”, e sim na morte de centenas de pessoas, e a criação de um ambiente de extrema insegurança na região mais populosa do Brasil. Deixemos bem claro uma coisa: São Paulo, antes de pertencer a São Paulo, pertence ao Brasil. Na hierarquia dos valores republicanos, a pátria vem em primeiro lugar. Se há montagem de uma estrutura fascista em São Paulo, isso é um crime que merece atenção de todo país.

O mais alto patrimônio de um ser humano é a sua vida. E o mais alto patrimônio de um país é a vida de seus cidadãos. Se há uma onda descontrolada de homicídios em São Paulo, e se a responsabilidade por isso é do governo de São Paulo, este deve ser responsabilizado sem compaixão. Não é função da imprensa fiscalizar e criticar governos?

A corrupção é um crime hediondo. Deve ser combatido impiedosamente. Mas o crime capital sempre será o homicídio, porque só ele rouba uma coisa que não é possível recuperar jamais: a vida. Se temos o governo de São Paulo, por meio de sua corporação policial, envolvido em ações de extermínio e chacinas, muitas das quais têm características inclusive sociopatas, com fuzilamento aleatório de vítimas, isso é razão para criação de CPIs e impeachment.

Nem venham falar que não podemos falar em politização da tragédia. A falta de politização do problema é justamente o que tem bloqueado o surgimento de respostas consistentes. O problema da segurança pública tem de ser resolvido com inteligência, o que é um ativo que somente o bom e saudável debate político pode fornecer. As condições carcerárias em São Paulo têm de ser melhoradas. É preciso ampliar dramaticamente os programas sociais nas áreas violentas. Estabelecer parcerias verdadeiras e republicanas com todas as esferas de poder. Oferecer melhores condições de trabalho para a polícia militar e para a polícia civil.

Quando a Folha, covardemente, deixa de criticar duramente o governo de São Paulo, o PSDB, José Serra, e o coronel Telhada, que ameaçou um jornalista da própria empresa, então ela é conivente com a matança, com a corrupção, com a injustiça. Seus editoriais sobre ética escorrem para o bueiro de sua hipocrisia.

O governador Geraldo Alckmin, por sua vez, apenas intervêm no debate para confirmar sua responsabilidade. Ele diz somente platitudes idiotas, tipo “matar policial é grave, muito grave”, as quais, todavia, apenas ajudam a incitar a violência, porque mencionadas sem uma necessária contextualização sobre um planejamento estratégico. Vendo que o governo não faz nada para interromper a matança de policiais, os mesmos, desequilibrados pelo terrorismo do PCC, organizam esquadrões da morte. Alckmin parece apoiar tacitamente essa estratégia, que além de criminosa é burra, porque gera insegurança generalizada, revolta popular por causa das vítimas inocentes, e espírito de vendeta entre a bandidagem, que tem muito menos a perder que policiais ou cidadãos comuns.

Essa é a gestão competente de que a mídia tanto fala? Buracos de metrô, pontes caindo, matança generalizada, espancamento de professores e alunos? A blindagem dos problemas no Bandeirantes pela imprensa paulista dá nisso: problemas se acumulam, autoridades não se mobilizam para resolvê-los, gerando uma explosão de sangue e violência na maior e mais rica cidade brasileira.

No afã de defender o PSDB e atacar o PT, a mídia paulista está conseguindo o contrário, numa dialética bizarra, quase divertida, que apenas um ambiente democrático poderia produzir. Mesmo no poder, o PT continua exercitando diariamente a luta política, como se ainda estivesse na oposição. E o PSDB, mesmo na oposição, engorda e perde agilidade no conforto da blindagem que a mídia lhe oferece.

Tremei Civita: Polícia abre inquérito sobre episódio Zé Dirceu–Veja–Hotel Naoum

16 de julho de 2012

Gustavo Ribeiro, repórter da Veja que tentou invadir o quarto de José Dirceu.

Revelação está na CartaCapital desta semana. A investigação vai apurar como se deu o roubo, no Hotel Naoum, de imagens que estamparam capa da revista Veja, em agosto do ano passado, sobre a influência de José Dirceu no governo federal. Cachoeira trata Policarpo Jr. como “Caneta”.

Via Brasil 247

Um novo inquérito, aberto pela Polícia Civil do Distrito Federal na quarta-feira, dia 11, deverá lançar luzes sobre a parceria editorial entre a revista Veja e o contraventor Carlos Cachoeira. A investigação visa apurar como se deu o roubo de imagens das câmeras internas do Hotel Naoum, em Brasília, que estamparam a reportagem “O Poderoso Chefão”, sobre a influência de José Dirceu no governo federal, publicada em agosto do ano passado.

A reportagem, que revelava apenas que Dirceu mantinha contatos com quadros do PT, como José Sérgio Gabrielli e Fernando Pimentel, se transformou em escândalo menos pelo seu conteúdo – e mais pela forma de atuação de Veja. O repórter da revista Gustavo Ribeiro tentou invadir o quarto do ex-ministro da Casa Civil, mas foi impedido pela camareira do hotel. Dirceu pediu uma investigação sobre invasão de domicílio, mas ela foi arquivada diante do fato de que Ribeiro não teve êxito em sua tentativa.

Agora, um novo grampo da Operação Monte Carlo, obtido por CartaCapital, mostra uma conversa entre o araponga Jairo Martins, fonte habitual de Policarpo Jr., e o bicheiro Carlos Cachoeira. Na conversa, ambos tratam da obtenção das imagens do circuito interno do Hotel Naoum. Jairo vinha tratando disso com funcionários do hotel, mas Cachoeira pedia que o crédito fosse dado a ele. “É, mas pro ‘Caneta’ você tem de falar que fui eu, viu?” Caneta era o apelido de Policarpo Jr.

Em outras conversas captadas pela PF, já havia ficado claro que Cachoeira esteve por trás da denúncia. Com Demóstenes Torres, ele falou sobre o assunto dias antes, como se a capa de Veja fosse capaz de incendiar a República. No fim, acabou sendo um tiro no pé, que agora poderá ser esclarecido pela Polícia do Distrito Federal.

Leia, abaixo, post no blog de José Dirceu sobre o caso:

A importância de se investigar os fatos do Hotel Naoum

Não pode haver ninguém, nem nenhuma atividade que se desenvolva em nosso país, que esteja acima da lei. Este preceito simples e básico da democracia corria o risco de ser deixado de lado no caso da invasão da minha privacidade por um repórter da revista Veja, quando eu mantinha meu escritório político no Hotel Naoum, em Brasília.

Vocês devem se lembrar, já tratei da questão inúmeras vezes aqui no blog. Segundo noticia corretamente a Carta Capital que está hoje nas bancas, em reportagem de Leandro Fortes, na quarta-feira desta semana (11) foi instaurado um inquérito policial na 5ª Delegacia de Polícia Civil do Distrito Federal para investigar o roubo de imagens feitas por câmeras de segurança de parlamentares e autoridades nos corredores do Hotel Naoum.

Coisas estranhas e inexplicáveis aconteceram com o processo por invasão de privacidade que corria em Brasília contra o repórter da Veja. O delegado Edson Medina de Oliveira, que presidiu o inquérito e indiciou o repórter Gustavo Ribeiro, recomendando ainda ao Ministério Público Distrital que seguisse com o processo na Justiça, foi intempestivamente e sem qualquer explicação afastado da 5ª DP. Em 19 de dezembro do ano passado, o promotor Bruno Osmar Freitas pediu o arquivamento do caso “com base em um argumento confuso”, escreve Fortes.

Pouco mais de um mês depois, em 24 de janeiro de 2012, o juiz Raimundo Silvino da Costa Neto acatou o pedido do promoter e o caso foi encerrado. Assim, não teria havido o crime de invasão de privacidade porque o repórter, denunciado por uma camareira do hotel, acabou fugindo pela escada do hotel, antes de ser pego pelos seguranças, colocados em seu encalço pelo gerente Rogério Tonatto. Estranho argumento.

Roubo das imagens

Agora, o novo inquérito trata de outra coisa: o roubo das imagens das pessoas entrando e saindo do meu escritório no Hotel Naoum. Segundo áudios da Operação Monte Carlo citados por Leandro Fortes, houve negociações entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira, arapongas que prestavam serviço a ele e o diretor da Veja em Brasília, Policarpo Jr., para que as imagens captadas pelas câmaras do sistema de segurança do Hotel pudessem ser utilizadas pela reportagem que a revista publicou sobre minhas atividades na semana seguinte à tentativa de invasão do meu escritório.

Há vários lances na história que merecem ser conhecidos e para isso recomendo a leitura da reportagem “A tramoia do Naoum”, na CartaCapital desta semana. O que é importante ressaltar é a dificuldade para se levar ao devido termo um processo contra a revista em questão e um de seus repórteres, mesmo que o inquérito tenha sido feito e que os fatos tenham sido devidamente documentados, ficando evidente a tentativa da realização do crime, com autoria conhecida e tudo. Espero que este novo inquérito vá até o fim, revelando outro aspecto das atividades criminosas da revista e resultando na punição dos envolvidos, pois é evidente que houve o crime pois as imagens efetivamente foram publicadas pela revista.

E que o inquérito lance luz sobre o funcionamento da “teia de relações entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e a revista Veja”, como escreve Leandro no início da reportagem.

Para Polícia Civil gaúcha, mulher é estuprada porque está distraída

16 de julho de 2012

Essa moça não sabe o risco que está correndo.

Maíra Kubík Mano em seu blog

Segundo uma matéria veiculada pela RBS, a principal rede de tevê do sul do País, os casos de estupro aumentaram 7% na região em relação ao ano passado. Se fosse apenas pelo índice, a notícia já seria bastante chocante. Porém, o que mais chama atenção na reportagem não é a triste estatística e sim a declaração de uma representante da Polícia Civil.

Entrevistada, a delegada Marina Goltz recomendou que as mulheres devem “evitar andar na rua falando no celular ou ouvindo música no MP3 player, porque os estupradores normalmente abordam mulheres desatentas”.

Ou seja, se você estiver, por exemplo, sozinha em uma avenida, à noite, esperando o ônibus depois de um dia cheio de trabalho, resolver amarrar o cadarço do tênis e acabar estuprada, a culpa é sua. Quem mandou abaixar para dar um nó?

E se a sua mãe ligar para saber se você já está chegando para o jantar e – bingo! – você é estuprada? Culpa sua, prestou atenção no celular tocando sem parar!

E que ideia de jerico foi essa de comprar um rádio para esfriar a cabeça naqueles 40 minutos que você vai sacolejar no coletivo? Não pode! Senão você vai ser estuprada e tudo porque você resolveu ouvir música!

Que lógica é essa, minha gente?

Para mim, parece algo muito semelhante ao comentário de um policial canadense que deu origem à Marcha das Vadias: “Não use saias curtas para não provocar os estupradores”. Ou seja, a responsabilidade maior do estupro não é do homem que decide violentar uma mulher, mas sim dela, a vítima, que “deu brechas” para sofrer tal abuso.

É inadmissível que a polícia se pronuncie dessa maneira. Está mais do que na hora de as autoridades superarem seu pensamento machista e compreenderem que quem deve ser punido e sofrer restrições de circulação em sociedade é o estuprador. As mulheres precisam ter assegurado seu direito de ir e vir, em qualquer horário, em qualquer lugar, distraídas ou atentas.

Utilidade pública: Na quinta-feira, dia 5 de julho, o PCC pode agir em São Paulo

4 de julho de 2012

O Limpinho recebeu o e-mail abaixo que está circulando entre os delegados de São Paulo. Há uma denúncia anônima que o PCC está pretendendo agir em São Paulo, na quinta-feira, dia 5 de julho. A população deve ficar atenta, assim como as autoridades. O texto não foi revisado por motivos óbvios.

Data: 3 de julho de 2012 17:25

Assunto: [DELEGADOS] do grupo AGENTEPOL ALERTA

Para: DELPOL – PC <delpol—pc@googlegroups.com>

AVISO AOS COLEGAS, SE HOUVER ATAQUE, ATIREM PRIMEIRAMENTE NOS PNEUS DOS CARROS BLINDADOS, DE PREFERÊNCIA COM A 12 MUNIÇÃO BALOTE.

SE LIGA GALERA,, SAIU UM BIZU NO PRESIDIO, SEGUNDO INFORMAÇÕES DE UMA AMIGO QUE TRABALHA, LA QUE ESTÃO BOLANDO UMA OPERAÇÃO ARMAGEDOM, ISSO PODERA ACONTECER NO DIA 05, NÃO SEI O PORQUE DO DIA, MAS PARA QUEM TA DE PLANTÃO SE LIGA, DOIS ULTIMOS, DIAS, VERIFIQUEI NO RDO, QUE VARIOS CARROS BLINDADOS FORAM ROUBADOS, E ATE AGORA NENHUM, FOI LOCALIZADO,OU O PCC VAI FAZER UM RESGATE DAQUELES, OU VÃO TOCAR O PUTEIRO NAS DELEGACIAS, E BASES MILITARES, OUTRO ROUBO FOI EM MOGO, 13 OU 15 CARROS FORAM ROUBADOS DA EMPRESA VIVO, TUDO DE UMA VEZ, A AQUELES QUE VIREM NAS RUAS OS CARROS BRANCOS COM O LOGOTIPO DA VIVO SE APROXIMANDO CAUTELA, A MAIORIA NÃO TEM INSUFILME, ENTÃO DA PRA VER QUANTOS ESTÃO DENTRO DO VEICULO, CUIDADO GALERA.

PS. QUANTO OS CARROS BLINDADOS, VI A MARCA DE ALGUNS, TEM UM RANGE ROVER PRETO, DOIS RENULT SENIC, UMA BMW BRANCA, E NÃO ME LEMBRO SE E UM VECTRA PRETO DO MODELOS NOVOS. E O CARRO QUE ATIROU NO PESSOAL DO DAS FOI UM SIENA PRATA. TA AI, TURMA SE LIGA NOS CARROS QUANDO ESTIVEREM PERTO DAS BARCAS OU NOS DPs. VAMOS CUIDAR DE NOS PORQUE SE DEPENDER DOS ADMINISTRADORES, NEM NO VELORIO ELES VÃO.

ATÉ ACHO QUE O COMENTÁRIO DO (SEM OBA OBA) PODE SER VERDADE, PORQUE AQUI NA MINHA CIDADE, ONTEM ROUBARAM UM HYUNDAI AZERA E ERA BLINDADO, TEMOS QUE FICAR ATENTOS…

GRUPO AGENTEPOL


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