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Policarpo Jr., ex-empregado de Cachoeira, diz que Joaquim Barbosa “agrediu fisicamente” sua ex-esposa

7 de janeiro de 2014
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Caneta, o ex-funcionário de Carlinhos Cachoeira, e
sua matéria de 2003.

Amadeu Leite Furtado

O que a Veja diz, não se pode confiar, mas a matéria Enfim, um negro lá, publicada na edição de 14 de maio de 2003, assinada por Policarpo Jr., faz com que a gente fique espantado com a agressividade de Joaquim Barbosa.

Policarpo Jr., conhecido no submundo do crime como Caneta e ex-empregado do bandido Carlinhos Cachoeira, escreve sobre a escolha de Lula por Joaquim Benedito Barbosa Gomes para o Supremo Tribunal Federal. Barbosa Gomes, como Quinzim era chamado na época, foi o primeiro ministro negro a assumir uma cadeira no STF.

Policarpo, após dizer que com a nomeação “Lula manda mensagem emblemática à sociedade”, afirma com todas as letras que Joaquim Barbosa agrediu fisicamente Marileuza, sua ex-esposa, depois de uma discussão sobre a guarda do único filho do casal, o Felipe, aquele que trabalha na Globo. Leia o trecho a seguir que, dentre outras coisas, mostra a repercussão do fato dentro do STF:

A indicação de Barbosa Gomes, que parecia ser a menos complexa, acabou sendo a mais trabalhosa. Ele foi um dos primeiros escolhidos, pois sua biografia contemplava à perfeição os aspectos que Lula queria prestigiar: negro, de origem humilde e com boa formação acadêmica. No meio do caminho, porém, o ministro Márcio Thomaz Bastos, a quem coube ouvir os candidatos e apresentar os nomes ao presidente, foi informado de um episódio constrangedor da biografia de Barbosa Gomes. Muitos anos atrás, quando ainda morava em Brasília, ele estava se separando de sua então mulher, Marileuza, e o casal disputava a guarda do único filho – Felipe, hoje com 18 anos. Na ocasião, Barbosa Gomes descontrolou-se e agrediu fisicamente Marileuza, que chegou a registrar queixa na delegacia mais próxima. O governo ficou com receio de que Barbosa Gomes se transformasse num caso como o de Clarence Thomas, o juiz negro da Suprema Corte norte-americana que, ao ser nomeado para o cargo, foi acusado de assédio sexual, gerando um desgastante escândalo.

Enquanto o governo decidia o que fazer, os comentários pipocaram no próprio Supremo. A ministra Ellen Gracie, a única mulher da corte, no intervalo entre uma sessão e outra, mostrou-se preocupada. “Vai vir para cá um espancador de mulher?”, perguntou ao colega Carlos Velloso. “Foi uma separação traumática”, conciliou Velloso. “Mas existe alguma separação que não é traumática?”, interveio o ministro Gilmar Mendes. Para desanuviar o ambiente, o ministro Nelson Jobim saiu-se com uma brincadeira machista, a pretexto de justificar a agressão: “A mulher era dele”.

No final, a matéria diz que Marileuza perdoou Barbosa por ele ter batido nela. Mas a pergunta que não quer calar é a seguinte: Marileuza sofreu pressão para contemporizar a surra que tomou? Isso, talvez, ninguém fique sabendo, além de Quinzim e de sua ex.

Leia também: Bater em mulher é covardia: Quando Joaquim Barbosa não era herói da mídia

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Folha de S.Paulo: Jornalismo à moda de Al Capone

29 de dezembro de 2012

PrintLeandro Fortes, no Facebook e lido em O Esquerdopata

O que é mais incrível não é a Folha de S.Paulo mandar uma repórter “enviada especial” a Goiânia para cobrir o casamento de um mafioso com uma mulher indiciada por chantagear um juiz federal para tirá-lo da prisão, e sequer citar esse fato.

Carlinhos Cachoeira, vocês sabem, tem trânsito livre na imprensa brasileira.

Dava ordens na redação da Veja, em Brasília, e sua turma de arapongas abastecia boa parte das demais coirmãs da mídia na capital federal.

Andressa, a noiva, foi indiciada por corrupção ativa pela Polícia Federal por ter tentado chantagear o juiz Alderico Rocha Santos.

Ela ameaçou o juiz, responsável pela condução da Operação Monte Carlo, com a publicação de um dossiê contra ele. O autor do dossiê, segundo a própria? Policarpo Jr., diretor da Veja em Brasília.

Mas nada disso foi sequer perguntado aos pombinhos. Para que incomodar o casal com essas firulas, depois de um ano tão estressante?

O destaque da notícia foi o mafioso se postar de quatro e beijar os pés da noiva, duas vezes, a pedido dos fotógrafos.

No final, contudo, descobre-se a razão de tanto interesse da mídia neste sinistro matrimônio no seio do crime organizado nacional.

Assim, nos informa a Folha:

“Durante o casamento, o noivo recusou-se a falar sobre munição que afirma ter contra o PT: ‘Nada de política. Hoje, só falo de casamento. De política, só com orientação de meus advogados’.”

É um gentleman, esse Cachoeira.

O bicheiro Cachoeira, chefe de Policarpo Jr. da Veja, é preso novamente

8 de dezembro de 2012

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Daniela Novais, via Brasília em Pauta

O bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira foi preso novamente na tarde de sexta-feira, dia 7, em Goiânia. A Polícia Federal foi até a casa de Cachoeira para cumprir mandado de prisão expedido pelo juiz da 11ª Vara Federal, Alderico Rocha Santos, que divulgou a sentença de condenação do contraventor, que foi condenado a 39 anos e 8 meses de prisão pelos crimes de peculato, corrupção, violação de sigilo e formação de quadrilha.

Após nove meses preso, Cachoeira havia sido solto dia 20 de novembro em razão de uma decisão da 5ª Vara Criminal em Brasília. A juíza Ana Cláudia Costa Barreto condenou o bicheiro a cinco anos de prisão em regime semiaberto. Em função disso, na mesma sentença, a juíza havia expedido um alvará de soltura para o bicheiro, que estava preso preventivamente.

Alderico é responsável pelo processo da Operação Monte Carlo, que culminou na prisão do contraventor em fevereiro deste ano e afirmou que reavaliou a necessidade da prisão preventiva do contraventor. O pedido de prisão faz parte da sentença de quase 500 páginas referente ao processo principal da operação Monte Carlo, que saiu na sexta-feira, dia 7.

A sentença teve origem nas acusações elaboradas pelos policiais federais que participaram da Operação Monte Carlo. Até então, Cachoeira encontrava-se em liberdade provisória, esperando a sentença, pois um habeas corpus havia revogado a prisão preventiva que o manteve atrás das grades por 266 dias entre fevereiro e novembro deste ano. Ele é apontado como cabeça de um esquema baseado no jogo ilegal que, mais tarde, se expandiu para desvio de recursos públicos e ligações obscuras com setores da imprensa e da política nacional, a revista Veja e o ex-senador do DEM Demóstenes Torres, que acabou sendo cassado.

O processo em curso na 11ª Vara Federal é o principal dentre as acusações contra o bicheiro e apura as acusações de formação de quadrilha armada, corrupção ativa e passiva, peculato e violação de sigilo, crimes apontados pela PF e pelo Ministério Público Federal (MPF) em decorrência da Operação Monte Carlo. Ainda na 11ª vara, o bicheiro responde a outro processo por contrabando e descaminho de peças para máquinas caça-níquel.

Leia também:

Indiciada, Andressa diz que Policarpo Jr. era “empregado” de Cachoeira

Indiciada, Andressa diz que Policarpo Jr. era “empregado” de Cachoeira

27 de novembro de 2012

Andressa foi indiciada por corrupção ativa.

Via Correio do Brasil

O relatório do deputado Odair Cunha (PT/MG), que propõe o indiciamento do jornalista Policarpo Jr., diretor de Veja em Brasília, por formação de quadrilha, vem sendo bombardeado todos os dias pelos grandes meios de comunicação.

Além disso, parlamentares da oposição argumentam que tanto a Polícia Federal como o Ministério Público já avaliaram os grampos das operações Vegas e Monte Carlo e concluíram que a parceria entre Policarpo e o bicheiro Carlos Cachoeira traduz uma relação normal entre fonte e jornalista.

No entanto, um fato novo, surgido na sexta-feira, dia 23, muda o quadro. Andressa Mendonça, mulher de Cachoeira, foi indiciada por corrupção ativa pela Polícia Federal por tentar chantagear o juiz Alderico Rocha Santos, responsável pela condução do caso. A notícia foi publicada no Globo e no portal G1, também da Globo, que protegeram tanto Veja, como Policarpo, assim como a Folha já havia feito no sábado, dia 24. “Segundo relato de Rocha Santos na época, Andressa esteve em sua sala e disse que havia um dossiê contra ele, envolvendo as pessoas cujos nomes foram escritos no pedaço de papel que ela entregou ao magistrado. De acordo com ofício enviado pelo juiz ao MPF, a tentativa de constrangimento tinha como objetivo ‘obter decisão revogando a prisão preventiva e absolvição’ de Carlinhos Cachoeira. Em troca, o suposto dossiê não seria divulgado pela imprensa”, diz a reportagem.

Ao sugerir a publicação do dossiê, Andressa não falou de forma genérica na imprensa. Ela foi específica. Disse com todas as letras que o jornalista Policarpo Jr. era “empregado de Cachoeira” e que as denúncias contra o juiz seriam publicadas na revista Veja – e não em outro veículo. Portanto, se Andressa está indiciada, não há razões para que Policarpo não o seja. Até para que possa se explicar.

Clique aqui para ler mais sobre o assunto.

Luis Nassif: A CPMI de Cachoeira e o papel da mídia

22 de novembro de 2012

Luis Nassif em seu Advivo

O papel moderno da imprensa, no mundo, tem dois divisores de água. O primeiro, legítimo, o episódio Watergate, no qual um jornal (The Washington Post), com um jornalismo rigoroso e corajoso, logrou derrubar o presidente da República da maior Nação democrática do planeta. O segundo, tenebroso, o processo ao qual foi submetido o magnata da mídia, Rupert Murdoch, depois de revelados os métodos criminosos do seu tabloide, The Sun, para obter reportagens sensacionalistas.

O crime do The Sun foi ter se envolvido com baixos e médios escalões da polícia para atentar contra o direito à privacidade de cidadãos ingleses.

O relatório da CPMI de Cachoeira traz dados muito mais graves do que os crimes do The Sun. Mostra ligações diretas entre jornalistas e o crime organizado.

A acusação maior é contra a revista Veja e seu diretor em Brasília, Policarpo Jr. O relatório mostra, com abundância de detalhes, como Policarpo era acionado para derrubar autoridades e servidores públicos que incomodassem Carlinhos Cachoeira, atacar concorrentes do marginal e como encomendava dossiês a ele, muitos obtidos por métodos criminosos.

Já em 2008, a série “O caso de Veja” – que publiquei na internet – mostrava os resultados dessa parceria.

Um esquema aliado de Cachoeira havia sido afastado dos Correios pelo esquema Roberto Jefferson. Jairo (o araponga de Cachoeira) armou um grampo em cima de um diretor, Maurício Marinho, recebendo propina de R$3 mil. A gravação foi entregue a Policarpo, que a considerou insuficiente. Providenciou-se outra gravação, aprovada por Policarpo.

Divulgado o grampo, caiu toda a estrutura montada por Jefferson e entrou a de Cachoeira. Veja compactuou com o novo grupo, mesmo sendo Policarpo conhecedor íntimo do esquema criminoso por trás dele.

Dois anos depois, a Polícia Federal implodiu o novo esquema. E a revista manteve-se em silêncio, preservando Cachoeira.

Nos estudos sobre as chamadas OrgCrim (organizações criminosas), em nível global, identificam-se braços nos três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – e também na mídia. O relatório descreve bem as funções da organização de Cachoeira no país.

Cachoeira ajudou a eleger o ex-senador Demóstenes Torres. Veja transformou-o em uma figura política poderosa, com sucessivas matérias apontando-o como o paladino da luta contra a corrupção. Com o poder que se viu revestido por Veja, Demóstenes transitava em repartições, junto a Ministros do Supremo, aumentando o poder de lobby da quadrilha de Cachoeira.

Veja é um ponto fora da curva no jornalismo brasileiro. Mas não ficou sozinha nessa parceria com o crime.

Um levantamento sobre as premiações do jornalismo investigativo nas últimas décadas vai revelar como fontes, em muitos casos, lobistas e criminosos da pior espécie.

Não apenas isso. Poderiam ser utilizados como fonte e suas informações servirem de ponto de partida para investigações mais aprofundadas. Mas eram utilizadas a seco, sem passar sequer pelo teste da verossimilhança, sem nenhum filtro, fuzilando reputações e, principalmente, atentando contra o próprio exercício do jornalismo.

O pacto mafioso em defesa da Veja

22 de novembro de 2012

Altamiro Borges em seu blog

O relatório da CPI do Cachoeira corre o risco de não ser votado ou de ser totalmente desfigurado. A gritaria contra o relator, deputado Odair Cunha (PT/MG), é espantosa. Ele já foi rotulado de “louco”, “vingativo”, “charlatão” e de outros adjetivos. A fúria parte de vários cantos. Dos “viúvos de Demóstenes”, travestidos de arautos da ética. Da oposição demotucana, abatida com o pedido de indiciamento do governo Marconi Perillo. E, principalmente, da mídia privada, que não aceita a inclusão do editor da Veja no relatório da CPI.

Neste caso, os barões da mídia deixaram de lado a concorrência de mercado e parecem ter firmado um pacto mafioso em defesa de Policarpo Jr., o serviçal da famiglia Civita que manteve relações comprovadas com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira. Os jornalões de hoje publicaram editoriais raivosos contra o resultado da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito. Os seus “calunistas” de plantão também foram acionados. O discurso da máfia midiática é sempre o mesmo. O relatório “atenta contra a liberdade de expressão”.

“História invejável de serviços prestados”

A direção da revista Veja emitiu uma nota lacônica e patética. “Ao pedir o indiciamento do jornalista de Veja Policarpo Jr., o relator Odair Cunha, do PT de Minas, não conseguiu esconder sua submissão às pressões da ala radical de seu partido que, desde a concepção da CPI, objetivava atingir a credibilidade da imprensa livre por seus profissionais terem tido um papel crucial na revelação do escândalo do “mensalão” – o maior e mais ousado arranjo de corrupção da história oficial brasileira”.

Ainda segundo a nota, o relator da CPI tentou “desqualificar o exemplar e meritório trabalho jornalístico de Policarpo Jr., diretor da sucursal de Brasília e um dos redatores-chefes da revista Veja, dono de uma história invejável de serviços prestados aos brasileiros”. Quais serviços? A fabricação de “reporcagens” com base em grampos ilegais da quadrilha criminosa? As matérias para beneficiar os “negócios” do mafioso? Afinal, por que o “Caneta”, íntimo de Cachoeira, não pode ser indiciado? O que a famiglia Civita tanto teme?

Folha e Estadão defendem o concorrente

A reação da revista Veja já era esperada. Acuada, ela se torna mais agressiva. O que chama a atenção é a reação do restante da mídia privada. Ela parece ter culpa no cartório. A Folha de hoje [22/11], em editorial, bateu duro na “CPI da insensatez”. Ela jura que Policarpo Jr. manteve apenas uma relação do “jornalista com sua fonte”. Afirma que ele nem foi ouvido pela CPI, omitido de quem foi a culpa pela sua não convocação. E conclui que o relator tentou servir à ala do ex-presidente Lula, “ávida por fustigar opositores e imprensa”.

No mesma toada, o Estadão também ataca Lula, que impôs a CPI para se “vingar” dos inimigos – o tucano Perillo, o procurador Gurgel e, lógico, a mídia. “A existência do número do telefone de Policarpo na memória do celular do bicheiro bastou para que o jornalista, autor de várias reportagens que desagradaram ao PT, Lula e à cúpula do governo Dilma, passasse a ser réu em potencial… O relatório prova que Cachoeira foi só pretexto. O título correto seria CPI do talião: olho por olho, dente por dente”, conclui o cínico editorial.

Medo da regulação da mídia

Além dos editoriais, vários “calunistas” amestrados já tentam desqualificar o relatório. Eliane Cantanhêde, a da “massa cheirosa” do PSDB, afirma que a CPI virou um “triste pastelão”. Já Ricardo Noblat, o blogueiro preferido da famiglia Marinho, saiu em defesa da famiglia concorrente. “Lula não perdoa a Veja por ter batido forte nos seus dos governos”. Ou seja: o pacto foi firmado para defender a revista Veja e para salvar a máfia midiática de futuras investigações ou de propostas de regulação deste setor estratégico.


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