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O ódio insano a Lula, uma neurose a ser catalogada pela psicanálise

12 de março de 2014

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Cynara Menezes em seu Socialista Morena

Em viagem de trabalho ao Rio na semana passada, peguei um taxista muito simpático, que durante o trajeto expunha reclamações pertinentes sobre a falta de educação no trânsito de alguns motoristas, como por exemplo usar excessivamente a buzina. Também fazia comentários bacanas sobre a futura Copa do Mundo na cidade, uma raridade diante do pessimismo geral. “Será um sucesso, não tenho dúvida. Se houver algum problema os turistas vão estar tão felizes de estarem aqui que nem vão dar importância”, disse.

Enfim, era alguém que parecia de bem com a vida. Até que… O assunto recaiu sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tal qual doutor Jekyll ao tomar a poção, o taxista se transformou de homem cordial em uma pessoa absolutamente enfurecida, à beira de um ataque de nervos. “Ele é o cara mais rico do Brasil hoje, é um milionário, um ladrão!”, vociferava. “Eu leio a revista Veja, eu vejo a Globo! Eu sei das coisas!” De nada adiantou nós lhe comunicarmos que integramos a imensa parcela da população que gosta de Lula. O homem não se acalmava, praticamente espumava pela boca.

No dia seguinte, já em Brasília, encontrei uma senhora muito fofa que também mostrou sua face menos afável ao falar de Lula. “Sabe, eu sou católica praticante. E quando vou me confessar, digo para o padre: “Padre, eu odeio o Lula! Eu odeio o Lula! Não posso nem vê-lo na televisão que começo a passar mal, padre! O que eu devo fazer? Posso comungar mesmo assim?” E o padre sempre tenta me acalmar, responde que isso não é bom, que não é cristão, e me passa não sei quantas ave-marias e pais-nossos como penitência. Mas o que posso fazer? Eu odeio o Lula!!!” Confesso que achei hilário, meio bizarro.

Nas redes sociais, então, perdi a conta de quantas vezes tive minha página invadida por antilulistas fanáticos que não estão nem aí para as regras de boas maneiras na internet ou de respeito ao pensamento alheio. E não vou nem mencionar aqueles que desejaram a morte de Lula quando seu câncer foi revelado ao país. Insanidade a toda prova.

Entendo que o ex-presidente Lula, homem carismático que é, desperte amores e ódios. Entendo perfeitamente que muitas pessoas não gostem dele. Mas esse sentimento que vejo em alguns anti-Lula não me parece normal, mesmo porque a recíproca não é verdadeira. Nunca vi alguém ficar tão alterado ao falar do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Bufando pelas ventas e gritando como se estivesse louco, perdendo completamente a noção do que pode ser dito sobre uma figura pública, cruzando todos os limites do desrespeito. Nunca vi, nunca. E olha que conheço bem mais gente que não gosta de FHC do que quem gosta.

Fiquei pensando: será natural o ódio a Lula? Ou será que isto acontece porque o ódio a Lula é estimulado pela mídia e o ódio a FHC, não? Pelo contrário, a mídia tenta, com todo empenho e ao arrepio dos fatos e da memória coletiva, convencer os brasileiros de que o governo Lula foi péssimo, e o de FHC, ótimo. Obviamente não podemos esperar que as pessoas bufem ao falar do tucano. Mas com Lula a neurose é alimentada, até porque existem odiadores insanos do petista dentro das próprias redações, sobretudo nas esferas mais altas. Um ódio patológico que, diferentemente do que ocorre com outras enfermidades mentais, é transmissível –via jornais e revistas e pela televisão. Curioso que seja Lula quem é acusado de “disseminar o ódio”, embora nove entre dez colunistas dediquem a vida a falar mal dele.

Às vezes me dá vontade de, como nos filmes, sacudir uma pessoa dessas e falar para que se controle. É ofensivo com quem admira o presidente Lula (e somos maioria) que exista gente disposta a agredi-lo desta maneira ensandecida, típica de quem está com síndrome de abstinência de medicamentos para controle do humor. O que há com Lula para causar tal reação? Ou seria mais correto perguntar: o que há com estas pessoas para reagir dessa forma a um político? Seria só oposição ao ex-presidente ou é algo mais profundo, talvez inconfessável? Não sei dizer, esta neura só um psicanalista ou psiquiatra é capaz de resolver.

Tenho certeza que algum dia um profissional da área irá catalogar, ao lado do transtorno obsessivo compulsivo, do transtorno bipolar e demais neuroses do mundo moderno, o “ódio insano a Lula”. Sinceramente, se eu sentisse um só destes sintomas em relação ao ex-presidente –ou a qualquer outro personagem da política–, procuraria ajuda médica imediatamente. É doentio.

Folha mente sobre protesto do MST

16 de fevereiro de 2014

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Altamiro Borges em seu blog

O jornal Folha de S.Paulo – o mesmo que apoiou o golpe militar de 1964 para derrotar a “república sindicalista” de João Goulart e que cedeu suas peruas aos órgãos de repressão da ditadura – nunca gostou do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. O jornal já publicou vários editoriais e “reporcagens” contra o MST e acionou seus “calunistas” para atacá-lo – inclusive usando recursos públicos durante o reinado de FHC.

Na sexta-feira, dia 14, a Folha obrou mais uma calúnia contra os sem-terra. Afirmou que seus líderes incitaram a violência durante uma marcha em Brasília. As cenas exibidas na tevê, porém, mostram o inverso. A polícia provocou os manifestantes e ainda foi salva por um cordão de isolamento.

O objetivo do editorial da Folha é evidente. Visa satanizar o MST e inviabilizar a reforma agrária. Para o jornal, o movimento é uma “criança de 30 anos” que, “cada vez menos relevante, encontra nos tumultos um meio de chamar a atenção de uma sociedade voltada para outras causas”.

Na visão da decrépita famiglia Frias, o MST possui ideias “arcaicas”, “caráter arbitrário e pendor para o confronto”. Para o jornal, porta-voz do velho latifúndio e do “moderno” agronegócio, não há mais espaço para a reforma agrária no país. “O setor é um dos que mais se moderniza no Brasil, ostentando seguidos saltos de produtividade… O MST, a despeito disso, insiste numa reforma agrária utópica”.

“Talvez por causa desse sinal de irrelevância o MST considerou importante chamar a atenção por outros meios. Anteontem, em Brasília, alguns de seus integrantes ameaçaram invadir o STF e provocaram tumulto na praça dos Três Poderes. O grupo ganhou o noticiário, como decerto desejava, mas não por suas ideias ou sua pujança. A organização já não mobiliza como na década de 1990, e sua direção é cada vez mais refém do próprio movimento, vendo neste um fim em si mesmo, e não apenas um meio. Está na hora de o MST crescer, mas de nada ajuda que, um dia depois da confusão, a presidente Dilma Rousseff tenha se reunido com líderes da entidade”, conclui o rancoroso editorial.

O jornal da famiglia Frias sabe que mente sobre o “tumulto”. Até o insuspeito Jornal Nacional da TV Globo mostrou que a polícia provocou e agiu de forma desequilibrada e que os líderes do MST evitaram consequências mais graves no incidente. O ódio estampado no editorial, porém, tem outro propósito. A revolta é exatamente contra a demonstração de força do movimento, que levou mais de 15 mil camponeses a Brasília, reuniu lideranças políticas de vários partidos em seu sexto congresso nacional, promoveu uma bela exposição dos produtos da reforma agrária e definiu os próximos desafios do MST. Para coroar de êxito a iniciativa, seus líderes ainda foram recebidos em audiência pela presidenta Dilma Rousseff.

O episódio irrita a Folha, que não tem nada de “criança” – é uma velhaca reacionária, cada vez mais “irrelevante”!

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Por que eu odeio o PT?

3 de janeiro de 2014

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Muitas pessoas perguntam por que eu tenho tanto ódio do PT. Odeio mesmo, muito, essa corja do PT.

Eis os motivos pelos quais eu odeio o PT:

Eu odeio o PT porque em dez anos de governo o desemprego atingiu o menor taxa histórica, ficando em 4,6%. Quando o PT entrou no poder, o desemprego era de 13%. Em dez anos houve um aumento de 65% do emprego no Brasil, segundo o IBGE. Trata-se de uma das menores taxas de desemprego do mundo. Odeio pobre tendo emprego.

Eu odeio o PT porque em dez anos de governo o salário mínimo atingiu seu maior poder de compra desde 1979. O salário mínimo que antes valia 70 dólares, hoje em dia vale mais de 300 dólares. O poder de compra do salário mínimo aumenta a cada ano. É um absurdo essa gentalha ter mais dinheiro. Eu gosto da Dona Florinda.

Eu odeio o PT porque em dez anos de governo eles construíram 18 novas universidades federais, como a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) em Mossoró (RN), Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) Cruz das Almas (BA) e a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) Petrolina (PE), todas essas no nordeste. Isso implica em pobres terem mais acesso ao ensino superior gratuito de qualidade. Um absurdo!

Eu odeio o PT porque em dez anos de governo eles criaram o Prouni que já ofereceu 1,2 milhão de bolsas para estudantes pobres em universidades privadas, sendo 69% dessas bolsas são integrais e os alunos não pagam nada para cursar o ensino superior. Agora eu tenho que ficar dividindo a minha faculdade privada com esse pessoal de baixa renda. Imagine que o filho da minha ex-empregada estuda comigo lá. Vê se pode isso!

Eu odeio o PT porque em dez anos de governo eles criaram 214 escolas técnicas, enquanto em toda a história do Brasil foram criadas 140 escolas técnicas. Bom mesmo era no governo anterior que não criou nenhuma escola técnica e ainda foi votada uma lei que impedia o surgimento de novas escolas técnicas. E esses petistas malditos ainda triplicaram os investimentos em educação nesses dez anos, e tiveram a ousadia de aprovar 75% do fundo social do pré-sal para a educação. Tem que trucidar esses petistas!

Eu odeio o PT porque em dez anos de governo eles baixaram a conta de luz de todos os brasileiros, em 18% para residências e em até 32% para indústrias. Graças a esse absurdo, hoje o Brasil possui a quarta menor tarifa de energia elétrica do mundo. Ai que ódio!

Eu odeio o PT porque em dez anos de governo eles criaram uma maldição chamada Bolsa Família. Esse programa atende quase 15 milhões de famílias e hoje são mais de 50 milhões de pessoas beneficiadas com a transferência de valores entre R$70,00 e R$300,00 mensais. Esse programa diminuiu a mortalidade infantil, ampliou a alimentação do povo e ajudou a colocar os filhos dos pobres na escola. Fiquei ainda mais bravo em saber que 75% dos beneficiários do programa trabalham e que cada 1 real transferido ao Bolsa Família acrescenta R$1,78 à economia do país, segundo pesquisa. Além disso, mais de 1,7 milhão de pessoas (12% do total) já deixaram o benefício voluntariamente por terem uma melhora em sua renda e desejarem que outras famílias tenham direito ao programa. Eita povinho chato esse brasileiro! E para completar, o Bolsa Família reduziu a miséria em 28% só em 2012. Que ódio desse PT!

Eu odeio o PT porque em dez anos de governo eles criaram o Programa Mais Médicos, que já trouxe mais de 6 mil médicos estrangeiros para atenderem a população pobre do Brasil que antes não tinha acesso a atendimento médico. Até abril de 2014 serão 13 mil médicos estrangeiros no Brasil, o que dará um cobertura médica a 46 milhões de pessoas pobres que moram nos rincões mais distantes do país. Agora a Dilma fala que pode trazer ainda mais médicos além dos 13 mil que estão chegando. E esse desgraçado desse PT ainda aumenta a verba da saúde de R$33 bilhões para R$100 bilhões, além de dobrar o número de vagas para médicos em universidades públicas. Estão certos os médicos brasileiros! Esse negócio de sair do conforto das grandes cidades para ir aos lugares pobres do país é coisa de médico cubano!

Eu odeio o PT porque em dez anos de governo eles diminuíram a pobreza do Brasil. Somente no governo Lula a pobreza diminuiu em 50,6% de junho de 2003 a dezembro de 2010, segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas). Agora o pobre aumentou seu poder de compra, pode andar de carro e de avião, e eu tenho que ficar dividindo o assento do meu voo com o zé povinho farofeiro.

Eu odeio o PT porque em dez anos de governo a desigualdade caiu ao menor nível de toda a história documentada, segundo o IPEA. O índice de Gini, que mede a desigualdade, foi de 0,527, o menor desde 1960. Por isso que tem tanto pobre passando a consumir mais e com uma vida melhor, que saco! Mal dá para andar no shopping em paz!

Eu odeio o PT porque em dez anos de governo eles criaram o Luz para Todos. Um programa nacional que investiu pesado em estruturas elétricas para populações de baixa renda, levando eletricidade para mais de 15 milhões de pessoas. Hoje em dia quase não existem mais brasileiros sem acesso à energia. Esse programa ajudou as populações que moram nos locais mais distantes e pobres do país a usar a energia elétrica para eletrodomésticos, para aumentar a produção do seu trabalho e outras utilidades. E o que me interessa se pobre lá longe tem luz? O lampião não funcionava direitinho?

Eu odeio o PT porque em dez anos de governo eles criaram o Pronatec, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, que ampliou a oferta de cursos profissionalizantes no país para pessoas pobres. Até hoje o Pronatec está levando cursos profissionalizantes gratuitos a cerca de 700 mil pessoas de baixa renda, e são estimadas 1 milhão de vagas preenchidas em cursos até dezembro de 2014. É de deixar qualquer burguês com raiva!

Eu odeio o PT porque em dez anos de governo eles criaram o Minha Casa, Minha Vida, um programa social que já contratou mais de 3 milhões de casas para pessoas de baixa renda poderem morar. Dessas 3 milhões, mais de 1,4 milhão de moradias já foram entregues para os pobres. Não satisfeito, o PT criou o Minha Casa Melhor, que permite os pobres beneficiários do Minha Casa Minha Vida comprarem móveis e eletrodomésticos para sua nova casa com um cartão dado pelo governo, com juros mínimos e prazos longos. Não é uma sacanagem isso?

Eu odeio o PT porque em dez anos de governo eles criaram o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O PAC já investiu o montante de R$665 bilhões em obras de infraestrutura no Brasil, fazendo do Brasil um dos países que mais possuem obras em andamento do mundo. O PAC gerou um grande número de empregos no país, e esse foi um dos fatores da diminuição do desemprego. O volume de investimentos do PAC também provocou efeitos positivos na economia, ajudando no crescimento e desenvolvimento do país, além de permitir a construção de obras importantíssimas em várias áreas diferentes. Não é de se ranger os dentes?

Eu odeio o PT porque em dez anos de governo eles conseguiram controlar a inflação mais do que o governo anterior. A inflação média nos 8 anos de governo FHC foi de 9,1%, enquanto a inflação média dos 8 anos de governo Lula foram de 5,7%. A Dilma ainda completou esse quadro com a desoneração total dos produtos da cesta básica. Não quero nem falar mais disso!

Eu odeio o PT porque em dez anos de governo eles conseguiram acumular um montante de US$378 bilhões de reservas internacionais. No governo anterior o Brasil tinha apenas US$37,8 bilhões de reservas, o que tornava o país mais vulnerável a crises internacionais. Ou seja, em dez anos o PT aumentou em dez vezes as reservas internacionais do Brasil. Isso melhora a visão de investidores externos e aumenta a confiança no país. Eu preferia quando o FMI ditava nossa política econômica!

Eu odeio o PT porque em dez anos de governo eles criaram o projeto Farmácia Popular, em 2004, que vende mais de 100 medicamentos a preço de custo para populações de baixa renda. Existem quase 600 unidades de Farmácias Populares no Brasil onde os medicamentos são vendidos a até 10% do valor do medicamento nas farmácias normais. Por exemplo, se um medicamento custa R$100,00 ele pode ser vendido a até R$10,00 numa farmácia popular. Medicamentos mais baratos para os pobres me deixa bem irritado!

Vinda de médicos cubanos reforça ódio ideológico ao PT

24 de agosto de 2013

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Na rede, os médicos são tratados como “escravos de jaleco”. Parlamentares da oposição, como Ronaldo Caiado (DEM/GO) e Eduardo Azeredo (PSDB/MG), também alimentam a gritaria e acusam o governo de querer mandar dinheiro para Fidel Castro. O ministro Padilha diz que cubanos que virão ao Brasil têm mais de 15 anos de experiência e muitos falam português por terem participado de missões em países lusófonos. Na prática, eles irão para cidades sem médicos, que não receberam inscrições de brasileiros.

Via Brasil 247

O anúncio oficial, pelo Ministério da Saúde, da vinda de 4 mil médicos cubanos para trabalhar no Brasil tem reforçado o ódio ideológico ao PT. Além de qualificar a ação do governo como “eleitoreira”, o presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo Ferreira, foi um dos primeiros, depois do anúncio da contratação, a colocar em dúvida a qualidade desses profissionais. Segundo ele, a atuação dos médicos cubanos em outros países “é muito próxima de brigada militar, ao invés de um profissional de saúde”.

Nas redes sociais, as críticas de parlamentares da oposição também foram duras. “Nossos companheiros na importação de médicos cubanos: Bolívia, Equador, Venezuela e Haiti. Mas o Lula não disse q o SUS era perfeito?”, provocou o deputado Eduardo Azeredo (PSDB/MG), um dos réus do chamado mensalão tucano. “A máscara caiu!!! Padilha assina convênio internacional para contratar 4 mil médicos cubanos”, escreveu o deputado Ronaldo Caiado (DEM/GO), que é médico.

Caiado reforçou a tese de que os profissionais cubanos são escravos de jaleco “que não verão a cor do dinheiro” e ainda “serão cabos eleitorais”. Ele ainda acusou o governo de usar a Organização Pan-americana de Saúde (Opas), com quem o Brasil assinou convênio, de “laranja” para importar cubanos. “Vão pagar R$500 milhões para serem repassados a Fidel Castro”, ataca. “Já estamos avaliando os termos desse acordo e não vamos admitir qualquer ação com base no trabalho médico escravo”, ameaçou, pelo Twitter.

O colunista da revista Veja Reinaldo Azevedo seguiu a mesma linha de que a contratação dos médicos cubanos é uma forma de o governo brasileiro enviar dinheiro a Cuba. “Da forma como será, o Brasil será conivente com a escravidão de médicos cubanos e ainda mandará dinheiro para Cuba”, escreveu na rede social. Até o escritor e novelista Aguinaldo Silva fez sua provocação: “Enquanto examinam seus pacientes os médicos cubanos vão conversar com eles sobre o quê? Os males do capitalismo?”.

As mensagens levam a uma simples conclusão: as críticas são principalmente ideológicas, se referindo até mesmo a Fidel Castro, uma forma de mostrar que o sistema de governo da ilha é o principal problema para a contratação. Do time de críticos, ninguém sugere, no entanto, uma solução para resolver o déficit de médicos nas 701 cidades brasileiras que não foram escolhidas por nenhum profissional inscrito até agora no Mais Médicos. De acordo com o convênio com a Opas, os cubanos trabalharão nesses municípios.

Em maio desse ano, quando o País cogitou a contratação de médicos cubanos, mas acabou anunciando o programa Mais Médicos, que aceita a inscrição de profissionais de qualquer país, a revista Veja escancarou esse preconceito: declarou que a vinda dos cubanos irá inundar o Brasil de espiões comunistas (relembre aqui). “Deixar o Partido dos Trabalhadores comandar a política externa dá nisso”, diz o texto da jornalista Nathalia Watkins, usando uma linguagem do tempo da Guerra Fria.

Contra os ataques, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esclarece, por exemplo, que 84% dos médicos cubanos que vão atuar nesses municípios têm mais de 16 anos de experiência. E que muitos falam português por terem participado de missões em países lusófonos. Todos já cumpriram missões em outros países e todos têm experiência em medicina familiar e comunitária, uma grande carência em cidades pobres e distantes das capitais no País. Confira o gráfico abaixo.

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Por que os Estados Unidos são tão detestados

3 de junho de 2013

EUA_Morte01Esta é uma questão sobre a qual os norte-americanos deveriam se deter com profundidade e coragem.

Paulo Nogueira em seu Diário do Centro do Mundo

Por que os Estados Unidos são tão detestados no Oriente Médio? Na chamada “Guerra ao Terror”, esta é uma questão sobre a qual os norte-americanos deveriam se deter com profundidade e coragem.

Nada alimenta tanto o terrorismo quando o ódio movido aos Estados Unidos. Bin Laden não teria abandonado os confortos de uma vida de milionário se não detestasse tanto os Estados Unidos.

O jornalista norte-americano Steve Coll, em seu aclamado Os Bin Ladens, um livro que conta a história da família empreendedora de Osama, cita um fato que faz pensar.

Segundo ele, mesmo em círculos moderados no Oriente Médio — estamos falando de gente que não apoia o extremismo – não houve condenação ao atentado de 11 de Setembro. Havia um sentimento, diz Coll, de que os Estados Unidos “tinham merecido” aquele castigo.

Tanto assim que Bin Laden virou um herói na região. Os índices de aprovação a ele eram enormes nos países do Oriente Médio. No Paquistão, onde afinal ele morreria, dois terços da população o apoiavam.

Por quê?

Porque ele simbolizou o ódio aos Estados Unidos, tão arraigado por lá.

Sua própria família, longe de ter sido estigmatizada, viu crescerem os negócios depois do atentado que tornou mundialmente conhecido Bin Laden.

Sem um exame de consciência para tentar entender o horror que provoca entre os árabes, os Estados Unidos podem matar quem for – que o mundo não vai ficar mais seguro.

Acabo de ler um livro chamado Meu diário de Guantânamo, de uma advogada norte-americana de origem afegã chamada Mahvish Rukhsana Khan. Espero que seja lançado no Brasil. É um livro que ajuda a entender melhor o mundo contemporâneo.

Mahvish, uma norte-americana que chega a chorar quando ouve o hino de seu país, frequentou como advogada Guantânamo. O que viu lá virou um livro. Mahvish, por causa dele, tem feito palestras para contar suas histórias de Guantânamo. Abaixo deste texto, você pode ver um vídeo dela.

Vou transcrever trechos do depoimento de um detento a ela:

Os norte-americanos disseram que foram ao Afeganistão combater violações de direitos humanos do Talibã. Mas os Estados Unidos mostraram ao mundo que não respeitam os direitos humanos. Eles agrediram leis internacionais. Bombardearam casamentos. Bombardearam funerais e mataram gente que chorava seus mortos queridos. Bombardearam casas e mataram meninos e meninas. Que crimes estas pessoas cometeram?

O problema com o governo norte-americano é que suas decisões são enviesadas. São governadas pela ganância. Os norte-americanos querem o petróleo e tudo que lhes seja favorável. Quando eles chegaram ao Afeganistão, gostamos. Considerávamos os Estados Unidos nossos amigos nos tempos em que fomos ocupados pela Rússia. Mas depois as bombas começaram a cair do céu. Os norte-americanos destruíram o que restava de nós, e começaram a nos prender sem julgamento e sem evidências.

Os Estados Unidos não estão em condições de falar em democracia. Eles têm de mexer muito neles mesmos antes de falar pelos outros. Não estou dizendo que todos os norte-americanos sejam ruins. Há bons e há maus. Mas há dois nomes nesta questão do terrorismo que merecem sua má reputação: o Talibã e os Estados Unidos.”

É tão difícil entender a origem do ódio aos norte-americanos?

Lula no NYT desperta onda de inveja e preconceito

29 de abril de 2013

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Rancor, ressentimento e o velho ódio de classes contra o retirante que se tornou operário, líder sindical, presidente e um dos estadistas mais reconhecidos no mundo voltaram a aflorar desde que Luiz Inácio Lula da Silva foi convidado a publicar uma coluna mensal no The New York Times. Augusto Nunes, em Veja, já havia dito que Lula não sabe redigir um “tanquiú”. Guilherme Fiúza, em Época, agora afirma que os Estados Unidos decidiram “levar a sério o projeto de decadência do império”. Reconhecido pelo mundo inteiro e candidato seriíssimo ao Nobel da Paz, Lula deveria dizer apenas “sorry, periferia”.

Via Brasil 247

A trajetória de Luiz Inácio Lula da Silva é conhecida. Ex-retirante, tornou-se operário, líder sindical, presidente e, depois disso, aprovado pela grande maioria de seu povo, passou a ser também reconhecido internacionalmente. À esquerda, pelo historiador Eric Hobsbawn, que afirmou que Lula “ajudou a mudar o equilíbrio do mundo, ao trazer os países em desenvolvimento para o centro das coisas”. No mercado financeiro, por Jim O’Neill, da Goldman Sachs, que criou a palavra Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) e o definiu como o maior estadista do mundo nas últimas décadas.

Lula, portanto, é um ativo valioso, que interessa a qualquer publicação no mundo. Além disso, com sua agenda internacional focada, sobretudo, na África, ele é hoje seriíssimo candidato ao Prêmio Nobel da Paz. Por isso mesmo, recebeu um convite para publicar uma coluna mensal no The New York Times, maior jornal do mundo, onde poderá defender suas causas e bandeiras. A história de superação de Lula, desprezada por analistas rancorosos e invejosos no Brasil, mas reconhecida até por seus adversários políticos, hoje inspira líderes do mundo inteiro.

Isso não significa, no entanto, que Lula está obrigado a redigir de próprio punho seus artigos. Como colunista, Lula, naturalmente, delegará a tarefa de produzir textos a algum escriba. É assim, sempre foi e sempre será no mundo inteiro. Políticos são homens de ação. Quando transplantam suas ideias para o papel, em geral, contam com auxílio profissional. Afinal, é para isso que existem jornalistas e ghost-writers. Tancredo Neves, por exemplo, que pronunciou alguns dos mais memoráveis discursos da história brasileira, delegava a tarefa ao jornalista Mauro Santayana. Bill Clinton e Barack Obama também têm ghost-writers.

No entanto, de Lula, cobra-se o que jamais foi cobrado de qualquer outro político brasileiro. Em Veja.com, Augusto Nunes classifica o ex-presidente como uma espécie de analfabeto, incapaz de pronunciar um “tanquiú”. Escriba de luxo de seus patrões, Nunes já se prestou a todo tipo de tarefa – entre elas, a de exaltar o “caçador de marajás” Fernando Collor, como está bem detalhado no livro Notícias do Planalto, de Mário Sérgio Conti, ex-diretor de Veja.

Estávamos, no 247, decididos a não comentar o texto de Nunes, uma das peças mais insignificantes já publicadas por algum de veículo de comunicação no Brasil. Mas não se trata, infelizmente, de um movimento isolado. No domingo, dia 28, em Época, Guilherme Fiúza, que se notabilizou por biografias de personagens como Bussunda e Reynaldo Giannechini, além do livro Meu nome não é Johnny, consegue descer ainda mais baixo do que seu concorrente em Veja.

Segundo ele, a coluna concedida a Lula é a prova de que “os norte-americanos estão levando a sério o projeto de decadência do império norte-americano”. Diz ele ainda que Lula se tornou para o New York Times “um suvenir da pobreza, desses que a esquerda norte-americana ama”. Fiúza sugere que Lula escreva Rose’s story e diz que ele poderá “narrar as peripécias de Waldomiro, Valdebran, Gedimar, Vedoin, Bargas, Valério, Delúbio, Silvinho, Erenice, Rosemary e grande elenco”. Por último, pede a Dilma que proíba a Polícia Federal de ler sua coluna.

O que dizer de personagens como Augusto Nunes e Guilherme Fiúza? Nada, a não ser “sorry, periferia”.


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