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Quem cala, consente: Mídia golpista silencia sobre a violência de direita na Venezuela

17 de abril de 2013

Venezuela_Eleicoes_Disturbios09Alexandre Haubrich em seu Jornalismo B

Durante a terça-feira, dia 15, a cobertura dos acontecimentos políticos na Venezuela na mídia dominante brasileira foi, em grande parte, de omissão. Enquanto os grandes jornais dedicavam páginas inteiras às bombas que explodiram em Boston, nos Estados Unidos, os sete mortos venezuelanos e o desrespeito da direita ao resultado eleitoral estavam nos rodapés. No Jornal Nacional, cobertura especial nos Estados Unidos, e apenas uma nota coberta – lida por um âncora com imagens ao fundo – sobre a Venezuela.

Nos Estados Unidos, foram três mortos e não se sabe quem colocou as bombas que explodiram durante a maratona de Boston. Na Venezuela, os protestos violentos contra a eleição de Nicolas Maduro são um fato consolidado, sua liderança em Henrique Capriles, candidato derrotado, está dada, e já foram sete mortes, além de dezenas de venezuelanos feridos e de diversos locais incendiados e destruídos.

É justamente o fato de haver um culpado claro para as mortes e a destruição na Venezuela – a direita e seu líder local, Capriles, aliados ao governo dos Estados Unidos, que insiste em não reconhecer o resultado da eleição – que fez com que a cobertura minguasse nos jornais e telejornais desta terça. Dar destaque a algo tão negativo e que vem de um aliado desse setor da mídia brasileira não é bom negócio.

Ao mesmo tempo, não vemos esse setor da mídia falar em atentados, em terrorismo ou sequer em baderna. Também não usa os termos assassinato e destruição. Não diz que dirigentes do PSUV estão sendo atacados em suas casas, nem que foram incendiadas sedes do PSUV e de Centros de Saúde Comunitários. Não diz que até mesmo o governo da Espanha já reconheceu a vitória de Maduro, e apenas os Estados Unidos insistem na negativa. Também não relaciona o que está acontecendo ao golpe de 2002, coordenado de forma semelhante pelos mesmos grupos políticos. Nos veículos de comunicação da elite brasileira não há cobertura real do que acontece na Venezuela nesse momento.

***

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16 de abril de 2013

Venezuela_Nicolas_Maduro16

Alexandre Haubrich, no Jornalismo B e lido no Escrevinhador

Na segunda-feira, dia 15, o Jornal Nacional, da Globo, abriu mão de noticiar o fato político mais importante do domingo para fazer coro com a direita golpista venezuelana e com o Departamento de Estado dos EUA. A vitória de Nicolas Maduro na disputa pela presidência da Venezuela foi deixada em segundo plano para o principal telejornal da Rede Globo noticiar o desrespeito da oposição venezuelana e do governo estadunidense aos resultados eleitorais e dar espaço e legitimidade a esse discurso.

A relevância da primeira vitória da Revolução Bolivariana na Venezuela sem Chavez não foi levada em conta pelos critérios da Rede Globo. A partir de quais critérios, já que os jornalísticos foram abandonados, foi feita a opção por destacar a posição dos derrotados?

A divisão temporal da matéria de Delis Ortiz, enviada a Caracas, demonstra o olhar escolhido, o olhar do grupo político antichavista coordenado por Henrique Capriles. O texto já começa deixando claro de que a matéria vai falar: “A praça onde a oposição costuma se reunir amanheceu tranquila”. Então a repórter fala sobre a pequena diferença percentual e segue reproduzindo o discurso derrotado pelo povo e pelas urnas: “a oposição denunciou fraude em várias seções eleitorais e exigiu uma nova apuração dos votos. Henrique Capriles disse que a Venezuela tinha um presidente ilegítimo”. Em seguida mostra instantes da referida fala de Capriles. O tempo total dessa primeira parte da matéria, toda ela falando sobre a oposição, é de 40 segundos.

Finalmente, depois de todo esse tempo de matéria, a repórter fala algo sobre o lado vitorioso: “enquanto a oposição reclamava a recontagem dos votos, o porta-voz do governo, o ministro das Comunicações Ernesto Villegas, convocava a militância chavista para o ato de proclamação de Nicolas Maduro como presidente eleito da Venezuela. E a concentração foi aqui, em frente ao Conselho Nacional Eleitoral”. Essa fala dura 19 segundos. Apenas um minuto e dez segundos depois de iniciada a matéria o nome de Maduro é citado pela primeira vez.

O momento seguinte da reportagem fala sobre as “reações internacionais”, o que para o Jornal Nacional quer dizer o Brasil, obviamente, e os Estados Unidos. Sendo que estes últimos, segundo a própria matéria, “disseram que a auditoria das eleições presidenciais venezuelanas seria importante e necessária”. O total desse trecho é de 25 segundos. Nada sobre o que falaram Evo Morales, Rafael Correa, Cristina Kirchner…

Depois de um minuto e 47 segundos, a repórter resolve enfim noticiar o fato: “E Maduro foi proclamado presidente eleito da Venezuela”. Segue uma frase do presidente. Esse trecho dura 13 segundos.

Por fim, “Apesar do anúncio do Conselho Eleitoral, manifestantes fizeram protestos contra o resultado, e houve confrontos com a polícia”. São dez segundos nesse trecho de encerramento.

Desconstruindo, então, a reportagem:

● 40 segundos para o que a oposição, derrotada, disse sobre o resultado;

● 19 segundos noticiando a convocação para a proclamação do presidente eleito;

● 25 segundos para o posicionamento de Estados Unidos e Brasil a respeito do processo eleitoral;

● 13 segundos para a proclamação e o que disse Maduro;

● 10 segundos para o protesto “contra o resultado”.

Além disso:

● apenas depois de um minuto e dez segundos de matéria o nome do vencedor é citado pela primeira vez;

● apenas depois de um minuto e 47 segundos de matéria a proclamação de Maduro como presidente eleito foi noticiada.

A notícia passada pelo Jornal Nacional não foi, portanto, sobre a eleição na Venezuela, seu resultado e as motivações e implicações deste. A matéria foi sobre o que disse a oposição – nacional e internacional – ao não reconhecer o resultado das urnas. A inversão da notícia é clara, o abandono do grande fato é flagrante, e a tomada do discurso da oposição como olhar principal é flagrante.

JN esquece do jornalismo e presta enorme serviço à igreja católica

17 de março de 2013
JN_Patricia_Odilo

Dom Odilo fala em deus e Patrícia responde emocionada: “Que assim seja.”

Lino Bocchini em seu blog Desculpe a nossa falha

A exemplo de quarta-feira, dia 13, quando foi eleito o novo papa, o Jornal Nacional de quinta-feira, dia 14, também foi quase todo dedicado ao assunto. Com a íntegra em mãos, planejava contar quantas vezes, em 33 minutos de noticiário, determinadas palavras apareceriam. Desisti após o primeiro bloco, quando já se somavam 23 “papas”, sete “Jesus Cristo”, seis “missa” e uma pilha de “cardeais”, “igreja”, “basílica”, “deus”, “cúria”, “senhor” etc. Montei então o roteiro de frases abaixo, todas ditas pelos apresentadores William Bonner (nos estúdios da Globo no Rio) e Patrícia Poeta (no Vaticano) e pelos repórteres da Globo que fizeram a cobertura por lá, na Argentina e em Jerusalém. Lembro que todo material abaixo vinha acompanhado da entonação certa, trilha “emocionante”, edição cuidadosa, sorrisos etc. As frases estão colocadas em ordem de aparição:

“O primeiro dia do novo papa, a primeira missa”

“Como o papa se tornou conhecido pela simplicidade”

“Um papa matutino”

“Começou impondo um estilo novo ao papado e recusou o carro oficial”

“‘Também sou um peregrino’, disse”

“Comportou-se como um padre, quase um pai de família. Nem usou o trono para a homília”

“Tem a simplicidade evangélica de João 23 e o sorriso paterno de João Paulo 1º”

“O papa Francisco começa a conquistar um certo fascínio que já existia entre os cardeais”

“O colégio, num grande e inteligente gesto, em poucas horas mudou o rosto da igreja”

Aí entra ao vivo dom Odilo Scherer, que respondeu a quatro perguntas rápidas. Terminou a última, sobre a “torcida brasileira” a seu favor, dizendo que “os cardeais deveriam escolher aquele que deus indicasse”. Ao que Patrícia Poeta emenda, emocionada: “Que assim seja.”

Vem então uma reportagem sobre beatificação de João Paulo 2º:

“O papa peregrino, João Paulo 2º, pregou com gestos a humildade … tinha sorriso sereno e cativante … enorme carisma de se comunicar com as multidões… apenas seis anos depois de sua morte, a igreja concluiu a beatificação, último passo, antes de torná-lo santo … O clamor começou logo após sua morte, em abril de 2005. Depois, veio a descoberta do primeiro milagre. A cura de uma freira francesa, que sofria de mal de Parkinson”. [O milagre entrou dessa forma, como uma notícia banal, sem a palavra “suposto” ou “segundo a igreja”]. E termina assim a matéria de João Paulo 2º: “A imagem de um dos papas mais adorados da história recente é o reflexo também do que a igreja busca com a escolha de agora: a força de um líder carismático e amado”.

Continuam as frases do JN:

“O moderado e humilde Jorge Bergoglio”

“Antes mesmo de se tornar papa, Jorge Bergoglio já era conhecido por cultivar hábitos simples”

“Nos primeiros gestos, nas primeiras palavras, já um jeito próximo, natural. ‘Irmãos, irmãs, boa noite’. Ali estava não mais o Jorge, mas o Francisco”

“O nome já era um recado, mas era necessário mais. E para esse papa, o mais era o menos. Despojado, sem joias, apenas a batina branca”

“Repare no crucifixo, é de aço, nem mesmo é de prata”

“[Deixou que] vários cardeais se apertassem no elevador com ele”

“O papa preferiu ir de ônibus com os cardeais, deixando o carro especial do pontífice seguir vazio”

“De onde vem essa inspiração, esse sentimento de humildade? Até agora, o próprio papa não falou nada sobre isso”

“Francisco parece já ter definido como prioridade do seu papado a solidariedade para os que mais precisam”

“Ontem ao se despedir do público, dizendo ‘boa noite, bom repouso’, parecia um pai que vela pelos filhos. Sua santidade. Santa simplicidade”

Começa um bloco sobre a vida de Jorge Bergoglio na Argentina. O JN lembrou rapidamente das críticas mais fortes que pesam sobre o novo papa, seu suposto apoio à ditadura no país vizinho:

“Durante a década de 1970, na ditadura argentina, Bergoglio era a principal autoridade eclesiástica do país. Um jornalista o acusou num livro de ter dado informações que levaram à prisão de 2 padres jesuítas, que supostamente teriam ligações com grupos de esquerda. Em sua defesa, Bergoglio disse que há um documento que prova o contrário, ele pediu a renovação dos vistos de permanência no país de um deles. Já um biógrafo do papa diz que ele agiu secretamente para ajudar a retirar perseguidos políticos da Argentina”.

Esse pedaço “crítico” do noticiário, que durou pouco mais de um minuto, termina assim:

“Papa Francisco tem posição semelhante à de Bento 16: é contra o uso de preservativos”.

Voltam as frases:

“Na terra santa, as pessoas rezaram e se disseram contentes com a escolha de um papa humilde, de nome Francisco”

“Por todo oriente médio foi assim: atenções voltadas para o homem de fala suave e olhar sereno”

“Já que estamos falando de carisma, o que chamou a atenção hoje aqui nas ruas do Vaticano foi o número de fiéis tirando fotos, entrando nas lojas e perguntando se tinha um santinho, um terço, uma lembrança do novo papa. Isso horas depois de ele ter sido eleito. E quem procurou muito, acabou encontrando. Eu achei, nós procuramos bastante e achamos, tá aqui: ‘Habemus Papam Franciscum’ [e mostra um santinho com a cara do argentino]. Tá aqui Bonner, tô mostrando pra vocês”

No bloco final, a ameaça de um pouco de jornalismo:

“Apesar de tanto segredo, a imprensa daqui começa a publicar alguns detalhes do conclave que elegeu o novo papa. De acordo com o que um respeitado vaticanista declarou a um jornal italiano, a primeira votação apresentou o italiano Ângelo Scola, o canadense Mark Ouellet e Jorge Bergoglio com mais votos”.

Patrícia Poeta, contudo, desconversa:

“Mas isso não importa mais”.

E volta ao normal:

“Em mais uma demonstração do bom humor que estamos começando a conhecer, o papa brindou com os cardeais que o escolheram”

Por fim, recebe os cumprimentos do parceiro de mesa e editor do JN, William Bonner, que encerra assim o jornal:

“Missão cumprida, Patrícia. Para você e para toda nossa equipe que fizeram esse trabalho belíssimo aí no Vaticano, parabéns”.

JN_Patricia_Bonner

“Missão cumprida, Patrícia. Parabéns.”

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Pra variar o Jornal Nacional mentiu: Petrobras responde à Globo sobre a Comperj

9 de janeiro de 2013

Petrobras04_LogoVia Fatos e Dados da Petrobras

Comperj: Resposta ao Jornal Nacional

Observe a reportagem Planejamento no setor elétrico tem falhas, dizem especialistas, que foi ao ar na segunda-feira, dia 7, no Jornal Nacional, da Rede Globo, e leia as respostas enviadas pela Petrobras.

Perguntas:

1) Por que os equipamentos da Comperj estão há um ano e meio parados no porto do Rio e não foram levados ainda para o complexo petroquímico que está sendo construído?

2) Quanto custa o transporte e quando ele será feito?

3) Quanto a Petrobras já gastou com o aluguel do espaço que os equipamentos estão ocupando no Porto do Rio?

4) O TCU vê suspeita de superfaturamento no contrato de implantação de uma Tubovia? Há sobrepreço? Sim ou não e por quê.

5) E quanto ao atraso das obras da Refinaria Abreu e Lima, qual a razão da obra estar atrasada e de ter o seu orçamento ampliado em mais de oito vezes, já que agora vai custar mais de 41 bilhões de reais?

Resposta: A Petrobras reitera que não há irregularidades na construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A reportagem exibida no Fantástico compara, indevidamente, os valores do projeto básico da refinaria, elaborado sete anos atrás, com o que está sendo construído. O projeto inicial sofreu diversas modificações, em função de mudanças no cenário. A companhia reafirma, ainda, que não existem irregularidades nas obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro. A Petrobras tem esclarecido todos os questionamentos feitos pelo Tribunal de Contas da União, e reafirma que não houve até o momento qualquer julgamento definitivo que tenha constatado alguma irregularidade.

Em relação aos equipamentos do Comperj, a Petrobras reafirma que estão armazenados de forma adequada, em área reservada para este fim, sem risco de deterioração. A Petrobras obteve em fins de dezembro a liberação da licença ambiental para a construção do porto. A licença ambiental para a construção da estrada de acesso até o Comperj também foi concedida.

A casa tá caindo: Globo fecha 2012 com a pior audiência da história

2 de janeiro de 2013

Globo_Destruida01Vitor Moreno, via F5

A Globo teve muito pouco o que comemorar no ano que se encerrou há dois dias. Mesmo com sucessos como Avenida Brasil, que caiu na boca do povo, a emissora fechou 2012 com a pior audiência de sua história. Foram 14,7 pontos (cada ponto corresponde a 60 mil domicílios na Grande São Paulo) das 7 horas à meia-noite.

A Record manteve a vice-liderança, com 6,2 pontos, seguida pelo SBT, que marcou 5,6 pontos. A emissora de Sílvio Santos diminuiu a distância da concorrente (em 2011 a diferença era de 7,2 contra 5,7), mas permaneceu na terceira colocação. A Band ficou com 2,5 pontos, enquanto a RedeTV! teve apenas 0,9 ponto.

Todas as emissoras tiveram queda com relação ao ano anterior. A mais acentuada foi a da RedeTV!, que perdeu 37% de sua audiência com a saída do Pânico, entre outros. A Record caiu 13%, enquanto a Globo perdeu 10%, o SBT 2% e a Band 1%.

Desempenho da Globo nos últimos dez anos

2002 – 20,3

2003 – 21

2004 – 21,7

2005 – 21

2006 – 21,4

2007 – 18,7

2008 – 17,4

2009 – 17,4

2010 – 16,5

2011 – 16,3

2012 – 14,7

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24 de dezembro de 2012

Globo_Derrete02Via TV Foco

A situação do Jornal Nacional não está muito confortável dentro da Globo. O jornal de maior audiência do País vem passando por uma fase de baixos índices. O telejornal comandado por Patrícia Poeta e Willian Bonner, marcou em 2012, a sua pior média de ibope dos últimos 12 anos, foram 28,1 pontos (até o dia 18 de dezembro). A pior audiência do JN havia sido em 2010 (29,8 pontos). A melhor foi registrada em 2006, quando a atração obteve 36,4 pontos.

E como já era de se esperar com os baixos índices da novela das 9 “Salve Jorge” e das 7 “Guerra dos Sexos”, os menores índices do ano do JN foram registrados nos meses de novembro (23,8) e dezembro (22,1).

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