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Carlos Motta: Pobre São Paulo

20 de janeiro de 2013

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Crônicas do Motta

“Quando 170 mil crianças estão sem creche na cidade mais rica do País, a gente percebe que algo está errado. Quando a diferença dos indicadores entre as regiões mais ricas e mais pobres chega a dezenas, centenas e milhares de vezes, a gente percebe que algo está errado. Quando apenas 1% do lixo da cidade é reciclado, quando haveria oportunidade de trabalho para a população na reciclagem, a gente percebe que algo está errado. Quando temos dois grandes rios passando pela cidade de São Paulo que hoje são esgotos a céu aberto, algo está errado. Quando 91% da população se sente insegura, algo deve estar errado. Quando nos postos de saúde as pessoas esperam dois meses para serem atendidas por um médico, e tantos morrem no meio do caminho, algo está errado. A cidade quer mudança.”

Quem disse isso foi o coordenador-geral da ONG Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew, ao apresentar, na quinta-feira, dia 17, os resultados da quarta pesquisa sobre o nível de satisfação dos paulistanos com a cidade, que revelou que os paulistanos atribuem nota média de 4,7 para a qualidade de vida na metrópole – numa escala de 1 a 10 e onde o ponto médio da escala é 5,5. “É o menor indicador que tivemos desde o início da avaliação”, afirmou Márcia Cavallari, CEO do Ibope, durante a apresentação da pesquisa.

A situação da cidade é tão ruim que apenas 4 dos 26 itens/áreas em que se dividiu o levantamento foram aprovados pela população: relações humanas (média 6,5), religião e espiritualidade (6,0), tecnologia da informação (5,8) e trabalho (5,8). Na rabeira estão a transparência e participação política (3,5), acessibilidade para pessoas com deficiência (3,8), desigualdade social (3,8), transporte/trânsito (4,0), segurança (4,0) e cultura (4,0).

Segundo Márcia Cavallari, a grande maioria dos indicadores piorou na comparação com os anos anteriores. “Dos 169 itens pesquisados, temos hoje 82% avaliados com média inferior a 5,5”, disse. “Acima [de 5,5], ficaram 17% dos itens”. No ano passado, os itens que receberam nota acima da média representavam 22%.

A pesquisa revela algo que qualquer morador da cidade percebe no dia a dia: a deterioração contínua da infraestrutura, dos serviços públicos e das relações pessoais em São Paulo.

São anos e anos de desgovernos, de descaso e incompetência.

Tudo somado, o resultado é esta tragédia que é morar numa cidade onde tudo é caro, onde tudo funciona precariamente, onde uma chuva mais forte provoca o caos, onde a violência dita as normas de conduta cotidiana, onde grande parte das pessoas obedece com extraordinária dedicação a Lei de Gerson, aquela que diz que o importante é levar vantagem em tudo.

Pobre São Paulo.

Pobre de nós.

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Chora tucanada: Aumento do salário e programas de distribuição de renda fazem pobreza cair 36% no Brasil

20 de julho de 2012

Via UOL

Estudo divulgado na quinta-feira, dia 19, pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) com diversos indicadores socioeconômicos compilados mostra que, entre 2003 e 2009, a pobreza no Brasil caiu 36,5%, o que significa que 27,9 milhões de pessoas saíram da condição nesse período. Segundo a OIT, são consideradas pobres aquelas pessoas cuja renda fica abaixo de meio salário mínimo mensal per capita

“A redução da pobreza entre os trabalhadores e trabalhadoras esteve diretamente associada ao aumento real dos rendimentos do trabalho, sobretudo do salário mínimo, à ampliação da cobertura dos programas de transferência de renda e de previdência e assistência social – que contribuíram para o aumento do rendimento domiciliar – e também pelo incremento da ocupação, principalmente do emprego formal”, diz o documento da OIT.

A OIT dedica especial atenção ao programa Bolsa Família, do governo federal. Segundo o organismo internacional, entre 2004 e 2011, a cobertura do Bolsa Família dobrou: passou de 6,5 milhões de famílias beneficiadas para 13,3 milhões, com o investimento de R$16,7 bilhões em recursos só em 2011.

De acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), o Bolsa Família é o maior programa de transferência de renda condicionada da América Latina (Cepal ) em número de beneficiários – cerca de 52 milhões de pessoas, o correspondente a quase a metade das 113 milhões de pessoas beneficiadas na região.

Extrema pobreza

Apesar da redução geral da pobreza, o Brasil ainda tem 8,5% de sua população vivendo em condições de extrema pobreza, ou seja, com renda mensal per capita entre R$1,00 e R$70,00. O total de brasileiros nessa condição é de 16,27 milhões de pessoas, segundo estimativa elaborada pelo IBGE com base nos resultados preliminares do Censo 2010.

O documento mostra ainda que o Nordeste tem 9,61 milhões de pessoas extremamente pobres, ou seja, 59,1% do total nacional.

A incidência da extrema pobreza na região era de 18,1%, mais do que o dobro daquela correspondente ao conjunto do país (8,5%). A segunda região com maior incidência de extrema pobreza é a região Norte (16,8%). Por outro lado, a incidência da extrema pobreza era menor nas regiões Sul (2,6% da população), Sudeste (3,4%) e Centro-Oeste (4%).


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