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Jornalismo: Deformação na formação

7 de janeiro de 2014

Jornalismo_Deformacao01

Cadu Amaral em seu blog

Jornalistas já saem “deformados” das faculdades. Foi isso que identificou uma pesquisa realizada pela Universidade São Paulo (USP) com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Foram entrevistados 538 profissionais e os dados podem ser encontrados no e-book Asmudanças no mundo do trabalho do jornalista (Editora Salta).

A pesquisa foi dirigida por Roseli Fígaro, coordenadora do Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).

São Paulo abriga cerca de 30% dos profissionais em atividade no jornalismo. E o que se pode constatar é que as faculdades, principalmente as privadas, prevalece na formação do estudante a lógica do mercado. A maioria dos entrevistados se formou em faculdades particulares e veem o jornalismo como um negócio qualquer. Como vender balas ou bebidas em bares.

Ainda segundo a pesquisa, apenas 5% dos entrevistados não concluíram o ensino superior e 65% possuem pós-graduação (especialização). Também se constatou que o jornalista começa a trabalhar ainda antes de terminar a faculdade e, segundo a pesquisadora, os estudantes possuem certo desprezo pela faculdade. Vale o que se “aprende” no dia a dia e só.

É comum, pelo menos em Alagoas, vermos redações repletas de estagiários que atuam como se fossem profissionais formados e, como ainda não são jornalistas por formação, recebem entre R$200,00 e R$400,00 para trabalhar mais horas do que o acordo da categoria no Estado estipula que são cinco horas diárias.

Ainda segundo a pesquisa, parte dos profissionais possui uma capacidade ruim de contextualizar fatos e dados historicamente, social e política. Algo previsível, pois o que orienta os donos dos meios de comunicação em geral é a mesma visão empresarial de um negócio qualquer: lucro.

A pesquisa também constatou que apenas os jornalistas sindicalizados e os freelancers consideram os meios de comunicação como instrumento de cultura e informação. E apenas os primeiros enxergam a informação como um direito. Os demais, entre eles os freelancers, como um produto.

Jornalismo não pode ser tratado como um negócio qualquer. Ele tem toda uma responsabilidade social que o diferencia de outros ramos empresariais. O principal é o fortalecimento da democracia. Não como querem os barões da mídia, quando o tema da democratização dos meios vem à tona, que apenas querem ter liberdade de empresa, sem nenhum compromisso com o jornalismo.

Não se trata de defender a possibilidade da imparcialidade. Isso é um mito e serve apenas para vender cartilha a calouros nos cursos de Jornalismo e que, contraditoriamente, logo são deixados de lado, quando se inicia a busca desenfreada por estágios. Se não se abrir o olho, logo os cursos de Jornalismo se tornarão escolas de redação, fotografia e de noções de informática.

A maioria dos jornalistas não entende nada de política e não tem postura crítica, aponta estudo

18 de julho de 2013
Jornalista_Pesquisa_Livro

Estudo será lançado na Livraria Martins Fontes em 15 de agosto.

Via Comunique-se

Nos últimos anos, muitas coisas mudaram na profissão do jornalista. Dentre elas, a formação política e a postura crítica, que foram prejudicadas. A afirmação é resultado do estudo feito pela professora e coordenadora do Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho (CPCT), Roseli Fígaro, junto com os doutorandos Rafael Grohmann e Cláudia Nonato. Segundo Roseli, os profissionais de imprensa são majoritariamente não sindicalizados, de formação política débil e com pouca capacidade de análise.

A pesquisa completa, que começou a ser feita em 2010, será lançada no próximo mês. Matéria da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) revela que as conclusões qualitativas foram as que mais espantaram os pesquisadores. Em resumo, apontam para formação humanística fraca e foco muito claro na técnica por parte dos profissionais. De acordo com o pesquisador Grohmann, o que mais chocou foi o depoimento de uma das entrevistadas ao dizer que o curso de jornalismo não poderia ensinar nada mais do que a empresa já tinha feito.

Além disso, há baixa presença do debate do jornalista enquanto profissional nas universidades. “O jornalista poucas vezes se pensa enquanto trabalhador, ele é o super-herói, o salvador da pátria. Acho que o maior crédito do nosso livro é provocar essa discussão. A classe dos jornalistas está trabalhando muito e não está olhando direito para essas questões tão fundamentais”, afirma Grohmann.

Por outro lado, a pesquisa mostra que existe precarização das condições de trabalho e pouco engajamento. “Acredito que isso se dê pela atual situação de empregabilidade e pela precarização desses laços, que tornam a questão da sindicalização e da organização muito frágeis”, explica Roseli.

O estudo ouviu 538 jornalistas no estado de São Paulo por meio de quatro tipos de amostra: profissionais abordados por redes sociais (principalmente via e-mail), profissionais do Sindicato dos Jornalistas, colaboradores contratados por grande empresa editorial e freelancers.


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