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Lula: “A história do ‘mensalão’ será recontada.”

9 de abril de 2014
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Foto de Ricardo Stuckert/Instituto Lula.

Via Correio do Brasil

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista a um grupo de jornalistas e blogueiros, na terça-feira, dia 8, alertou para a campanha de mídia que levou uma ação iniciada “com uma fraude de R$3 mil nos Correios” a terminar no processo que a mídia conservadora chamou de “mensalão”. Segundo o líder petista, “há muita controvérsia sobre a história do dinheiro público, que não apareceu ainda”.

Lula, na conversa com os blogueiros, em tom coloquial, falou ainda sobre a situação difícil em que se encontra o ex-ministro José Dirceu, preso em regime fechado no Complexo Penitenciário da Papuda, quando teria direito a trabalhar fora da prisão:

“O que está acontecendo com o Zé Dirceu é um abuso. De qualquer forma, todos nós já passamos por muita coisa. É preciso ter paciência, porque as coisas mudam. A história do ‘mensalão’ será recontada nesse país.”

Eleições

Na entrevista, Lula deixou claro que integrará a campanha da presidenta Dilma Rousseff e descartou a hipótese de voltar como candidato à Presidência da República, este ano.

“Eu tenho um lado e seu do lado que estou. O que incomoda [a oposição] é saber que eu tô vivo e com muita vontade de brigar. Vou começar a viajar o Brasil com a Dilma. Olha, cumpri com minha obrigação de deixar a Dilma governar o Brasil, mas agora é hora de começar a falar”, avisou.

Em meio à queda na aprovação do governo da presidente Dilma Rousseff e perda de terreno na disputa eleitoral, segundo as últimas pesquisas, o nome de Lula voltou a ser cotado.

“Não sou candidato. Gostaria que vocês contribuíssem para acabar com essa boataria. A Dilma é a minha candidata”, afirmou Lula ainda antes de serem feitas as primeiras perguntas, na coletiva transmitida ao vivo pela Internet.

Petrobras

Um dos temas sensíveis nestas eleições, a campanha midiática contra a Petrobras também está na lista de preocupações do ex-presidente. Sobre a Petrobras, Lula mencionou interesses políticos de quem quer criar a CPI no Congresso – gente que “nunca quis criar CPI, para nada” – e afirma que “não adianta comparar” o valor que a empresa tem hoje e durante o governo FHC.

“Se ela vale R$98 bilhões hoje, ela valia R$15 bilhões durante o governo FHC. E muitos desses queriam privatizar a Petrobras há pouco tempo”, lembrou Lula.

Lula conclamou o PT e setores do governo em defesa da atual gestão.

“Tem de levantar a cabeça e enfrentar para valer o debate político. Por exemplo, cadê o blog da Petrobras, que foi tão importante em 2009?”, questionou Lula, referindo-se ao período em que a estatal reproduzia em sua página na internet pedidos de entrevistas de jornalistas. Era a forma, na ocasião, de furar bolhas de especulação feitas por meio da mídia.

Quanto às eleições, no Estado do Rio, onde a aliança entre o PT e o PMDB está em risco, Lula afirmou, sobre a candidatura do senador Lindbergh Farias (PT):

“Eu acho que é para valer.”

O ex-presidente, que ressaltou ter uma “profunda relação” com o candidato do PMDB, Luiz Fernando Pezão, acrescentou que Lindbergh “não tem nada a perder, só tem a ganhar”.

“Ele acha que é o momento dele, e eu acho que ele é um candidato bom, pode tomar cuidado que ele vai crescer e pode até ganhar as eleições”, concluiu.

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Em 13 pontos, a entrevista de Lula aos blogueiros

Via Revista Fórum

1. Se a oposição tinha alguma dúvida acerca da saúde e da disposição de Lula para enfrentar como candidato ou como cabo eleitoral a disputa deste ano, todas as dúvidas foram sanadas nesta entrevista de 3h30 aos blogueiros. Ele falou como um Fidel Castro. Fez análises como há muito tempo não fazia sobre todos os temas. Provocou a oposição, cobrou o PT, defendeu seu governo e o de Dilma, fez piadas e não teve medo de enfrentar temas polêmicos como a regulação da mídia. Lula foi Lula em sua melhor forma.

2. Ao sentar na mesa fui avisado pela assessor de imprensa do Instituto, José Crisphiniano, que faria a primeira pergunta. Imaginei começar quente perguntando se havia alguma chance de ele ser candidato à presidência em 2014. E emendar perguntando sua opinião sobre a lei antiterrorismo. Quando peguei o microfone, Lula me deu um drible da vaca. Pediu a palavra antes e disse que não era candidato e que sua candidata a presidente é Dilma. Falou uns cinco minutos sobre o tema, sinalizando que aquela entrevista não tinha por objetivo a ampliação do “volta Lula”.

3. Lula foi muito menos governista que muitos militantes ao tratar das manifestações de junho. Disse que é bom que a sociedade se manifeste e que aprendemos a fazer política fazendo manifestações. “Precisamos aprender a lidar com isso e tirar lições. Não vi nenhuma reivindicação absurda, mas pedindo para o estado cumprir sua condição de Estado”, disse. Acrescentando: “Quantas as vezes a Dilma deve ter carregado faixa com frases como mais saúde, mais educação?”

4. O presidente foi enfático ao tratar da Lei Antiterrorismo. “Não acho que o Brasil precise de uma lei antiterrorismo, porque não temos terrorismo no Brasil. A própria sociedade aprendeu a depurar que tipo de pessoa vai em prol de uma causa e quem vai fazer baderna.”

5. Ao ser provocado por Altamiro Borges sobre a CPI da Petrobras, Lula não passou a mão na cabeça do vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT/PR). Ao contrário, foi incisivo ao comentar o fato do possível envolvimento dele com o doleiro Alberto Youssef. “Espero que ele consiga provar que não tem nada além da viagem de avião porque no final quem paga o pato é o PT. E a viagem em si já foi um erro…”

6. O presidente fez um ziguezague para dar uma cutucada em Eduardo Campos, mas isso pode ser uma demonstração de que na campanha sua língua pode ficar mais afiada em relação ao ex-governador. “Tenho uma belíssima relação com o Eduardo Campos, tinha uma bela relação com o Miguel Arraes, avô dele, sou agradecido a ele pelo que contribuiu com o meu governo e ele deve ser agradecido a mim pelo que fiz pelo desenvolvimento de Pernambuco. Mas não entendo por que ele resolveu antecipar um processo que poderia ser natural no desenvolvimento da aliança com o PT. A Marina entendo, sei de uma parte das divergências entre as duas, ela e Dilma, quando estavam no governo, mas o Eduardo eu não compreendo.”

Além disso, Lula afirmou que Eduardo sai da base do governo para fazer um discurso mais à direita. Ou seja, Marina pode ter um motivo ideológico para seu rompimento com o governo. No caso de Eduardo, Lula entende que o buraco é mais embaixo. E isso pode sinalizar que o neto de Arraes vai ter de se preparar para enfrentar não só Dilma. Mas também o ex-presidente.

7. Lula não usou indiretas para jogar pra cima do PT o resultado da investigação do mensalão. “Espero que o PT tenha aprendido a lição do que significou a CPI do Mensalão, que deixou marcas profundas nas entranhas do PT. Se o PT tivesse feito o debate político no momento certo e não esperasse uma solução jurídica, talvez a história fosse outra. A imprensa construiu o resultado desse julgamento.” E chamou a atenção para o fato de que isso teve relação com as disputas internas, dando a entender de que no caso da CPI da Petrobras isso poderia acontecer de novo.

8. Sobre a Petrobras, o presidente se mostrou empolgado em fazer o debate com a oposição. “Bolsa é assim mesmo. Não se pode medir a Petrobras só pela bolsa, mas pelo conhecimento tecnológico que tem, pela quantidade de petróleo que existe no pré-sal.” E disse que não se pode comparar o resultado do valor da Petrobras na bolsa do final do governo dele com o de Dilma. Que o certo é comparar o do final do governo Dilma com o do de Fernando Henrique Cardoso.

9. O presidente trouxe o tema da regulação dos meios de comunicação para a entrevista. Falou mais sobre ele do que foi perguntado. E soltou entre uma pergunta e outra primeiro essa frase: “Perdemos um tempo precioso em não fazer a discussão do marco regulatório desse país, espero que retomemos essa discussão.” E em outro momento disse que seria necessário voltar a esse debate “não sei se ainda na eleição ou se no próximo governo”.

10. Lula disse que considera a reforma política a mais importante reforma a ser feita no país. E acrescentou: “estou convencido que esse Congresso não fará a reforma política. Sou favorável à Constituinte exclusiva para fazer a reforma política. Não tem outro jeito.” É um sinal de que isso pode ser um dos temas desta eleição presidencial.

11. Em alguns momentos o presidente voltou a dizer que “a história do mensalão vai ser recontada nesse país. E se puder, vou ajudar a contá-la.” Na entrevista com os blogueiros, em 2010, no Palácio do Planalto, já havia dito algo semelhante. Essa parece ser uma de suas obsessões. Mas ao mesmo tempo parece também achar que precisa tomar muito cuidado para tratar do tema.

12. Lula deu de presente para a comunicação do governo o discurso que deveria adotar para tratar da Copa do Mundo. “A Copa do Mundo no Brasil é o encontro de civilizações causado pelo esporte. É mais do que dinheiro…” Ou seja, vamos falar mais sobre o que o evento significa para o Brasil do ponto de vista da sua formação cultural e menos em legado.

13. Lula criticou a mídia tradicional por algumas vezes durante a entrevista, mas fez questão de ser específico numa delas. Disse que Pedro Bial foi muito mal educado ao entrevistá-lo no Planalto. Exatamente Pedro Bial, um dos principais rostos globais. O que isso significa? Pode não significar nada, mas pode significar muita coisa. O ex-presidente parece estar absolutamente tranquilo para enfrentar a Globo. E talvez por isso tenha sinalizado tantas vezes que foi importante ter conquistado a neutralidade na rede, com o Marco Civil. E que agora é hora de discutir a regulação dos meios de comunicação.

O gigante nunca dorme: Lula estará na linha de frente das manifestações em todo o País

27 de junho de 2013

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Via Correio do Brasil

O ex-presidente da República e um dos principais atores políticos da esquerda brasileira Luiz Inácio Lula da Silva assume, definitivamente, seu papel de liderança nos movimentos sociais que tomaram as ruas do País, em uma série de manifestações que chega a sua segunda semana. De sua base, na sede do Instituto Lula, nesta em São Paulo, o principal aliado da presidenta Dilma Rousseff na elaboração de uma agenda política para a realização de um plebiscito, provavelmente em agosto, intensifica os encontros com os movimentos sociais mais próximos do Partido dos Trabalhadores (PT).

No mais recente encontro, na véspera, com jovens de grupos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a União da Juventude Socialista (UJS), o Levante Popular da Juventude e o Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), Lula ofereceu o diapasão para afinar o discurso dos movimentos sociais. Em lugar da esperada mensagem de conciliação e o pedido de calma aos manifestantes, o momento é de “ir para a rua”, afirmou o ex-presidente. A reunião, no bairro do Ipiranga, em São Paulo não contou com a presença do Movimento Passe Livre (MPL), nem do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

“O presidente queria entender essa onda de protestos e avaliou muito positivamente o que está acontecendo nas ruas”, disse a jornalistas André Pereira Toranski, dirigente da UJS, que conta majoritariamente com militantes do PCdoB.

Outro participante do encontro, que preferiu o anonimato, afirma que Lula “colocou que é hora de o trabalhador e juventude irem para a rua para aprofundar as mudanças. Enfrentar a direita e empurrar o governo para a esquerda. Ele agiu muito mais como um líder de massa do que como governo. Não usou essas palavras, mas disse algo com ‘se a direita quer luta de massas, vamos fazer lutas de massas’”.

Em nota publicada em seu perfil na rede social Facebook, na quinta-feira, dia 20, Lula já se mostrava favorável às manifestações ocorridas desde o último dia 13 em várias cidades do Brasil: “Ninguém em sã consciência pode ser contra manifestações da sociedade civil, porque a democracia não é um pacto de silêncio, mas sim a sociedade em movimentação em busca de novas conquistas”, declarou.

Em São Paulo, Lula apoiou a negociação entre o governo e os manifestantes, que reclamavam do aumento no preço da passagem de ônibus. Na ocasião, o ex-presidente demonstrou confiança no trabalho do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, ministro da Educação durante seu governo.

“Estou seguro, se bem conheço o prefeito Fernando Haddad, que ele é um homem de negociação. Tenho certeza que dentre os manifestantes, a maioria tem disposição de ajudar a construir uma solução para o transporte urbano”,  afirmou. Apenas alguns dias depois, Haddad revogou o aumento de R$0,20 no preço da passagem.

Plebiscito

De sua parte, a presidenta Dilma também seguiu os conselhos do amigo e antecessor no cargo e vem promovendo, desde o início desta semana, uma série de encontros com os movimentos sociais. Na véspera, Dilma recebeu os representantes de oito centrais sindicais e dedicou 40 minutos da reunião para explicar aos dirigentes como serão norteadas as ações para os cinco pactos anunciados pelo governo – com vistas à melhoria dos serviços públicos – e destacou a importância de ser convocado um plebiscito no país para discussão da reforma política. Embora a presidenta não tenha sido explícita no apelo às centrais, a sua fala na abertura do encontro foi vista pela maior parte dos presentes como uma forma de pedir o apoio das entidades para as medidas divulgadas nos últimos dias.

A presidenta admitiu que é preciso aprimorar a interlocução com as centrais e disse concordar com as críticas das ruas sobre a qualidade dos serviços públicos. Afirmou, ainda, que a pressão das mobilizações está correta e ajuda na transformação do país. Participaram do encontro representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e Força Sindical, bem como Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), CSP-Conlutas e Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), além de técnicos do Dieese.

Os sindicalistas apresentaram os principais itens definidos na pauta traçada nos últimos dias com solicitações ao governo, tais como melhorias na qualidade do transporte público e redução das tarifas, mais investimentos na educação e na saúde, retirada de tramitação, no Congresso, do Projeto de Lei 4.330 – referente à regulamentação das atividades de terceirização, fim do fator previdenciário e aumento dos valores das aposentadorias, reforma agrária e redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais. Dilma deixou claro que essa pauta será negociada como um todo e que o governo apresentará uma resposta até agosto.

Mesmo lembrando que alguns desses temas precisam ser discutidos e negociados no Congresso e ressaltando a importância de as centrais participarem dessas negociações, a presidenta assegurou, no que se refere ao PL 4.330, que embora não possa vir a vetar o projeto inteiro, não deixará que sejam retirados direitos dos trabalhadores. Além disso, ela enfatizou que não aprovará qualquer projeto sem que exista acordo entre trabalhadores, empregadores e governo e que atenderá à reivindicação das centrais de estabelecer um canal de diálogo permanente, conforme relatou, ao final do encontro, o presidente da CUT, Vagner Freitas.

“A reunião não teve o objetivo de discutir a pauta dos trabalhadores e sim o atual momento político do Brasil. Colocamos para a presidenta que é preciso levar em consideração, nesse debate, os interesses dos trabalhadores organizados. Foi um espaço para que discutíssemos o que está acontecendo e como devemos fazer para que o movimento crie propostas progressistas”, afirmou Freitas.

Durante sua fala à presidenta no encontro, o dirigente da CUT ponderou que as melhorias nos serviços pleiteados pela população só existirão com o investimento na rede pública.

“O governo tem de se debruçar sobre a saúde, transporte, educação e segurança pública de qualidade. Não adianta querer melhorar privatizando. Apontamos que a resposta tem de vir do Estado e ela (a presidenta) concordou”,  disse, ao sair do Palácio do Planalto.

No próximo dia 11, as centrais prometem ir às ruas em todo o País pela aprovação de sua pauta de reivindicações.

Das ruas às urnas

Para Luiz Carlos Antero, jornalista e escritor, colunista e membro da Equipe de Pautas Especiais do sítio Vermelho.org, o plebiscito pela reforma política é uma das propostas que “podem surtir um maior impacto”. Em um debate mais amplo, segundo o analista, “pode contribuir para uma maior participação popular e para aprofundar a democracia no Brasil, destacando-se em especial aspectos como o do financiamento público de campanhas”.

“Entretanto, ainda mais que compreender o que se passa no Brasil no atual momento, é indispensável e urgente o esforço da apresentação de um afirmativo e unitário programa popular e democrático enquanto fio condutor das lutas de rua — para as quais qualquer pauta institucional e toda pausa na movimentação terá um sentido provisório e cumulativo, distante do improvável êxito do pensamento ou desejo de uma nova acomodação” afirma.

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O plebiscito será em agosto e Lula comandará a luta

Fernando Brito, via Tijolaço

É certo que na semana que vem – provavelmente já na segunda-feira, dia 1º/7, a presidenta Dilma Rousseff mandará ao Congresso proposta convocando, ainda para o mês de agosto, o plebiscito que vai permitir que, diretamente, o povo decida sobre:

1. financiamento público de campanhas eleitorais, com a vedação de contribuições de empresas e limite (baixo) de doação para pessoa física;

2. voto por lista partidária possivelmente em dois turnos, o primeiro na legenda e o segundo em lista partidária;

3. redução do número de parlamentares (proposta ainda em exame);

4. fim das coligações proporcionais.

Ainda não está fechado que serão apenas estes pontos – nestas horas, ninguém conta tudo –, mas a tendência é que o número de perguntas não seja extenso.

A decisão de fazer a reforma por plebiscito foi tomada não pelo recuo em se fazer uma constituinte restrita, mas para evitar que o processo se protelasse além de 4 de outubro, um ano antes das eleições de 2014, quando a nova lei eleitoral deverá estar promulgada.

Para que isso não acontecesse, teria de ser revogado também o artigo 16 da Constituição, que define a anterioridade de leis eleitorais, detonando uma questão jurídica em torno da eficácia temporal de revogação de dispositivo constitucional,

O grande temor foi que se repetisse o ocorrido em março de 2006, quando a verticalização das eleições majoritárias – estabelecida por resolução do TSE – foi revogada por uma Emenda Constitucional aprovada pouco antes. O Supremo anulou a vigência da emenda, com fundamento naquele artigo. Foram 9 votos a 2 pela derrubada e estavam lá muitos que ainda são atuais ministros do STF.

Vai ser extremamente difícil que o Congresso não retalhe em postas a proposta da Presidenta.

Essa luta tem de ser travada já, enquanto os parlamentares estão sofrendo a pressão das ruas e se tornaram, subitamente “eficientes”, como provaram a votação dos royalties, da PEC 37 e, hoje, do agravamento das penas para o crime de corrupção.

Há um grande movimento para que Lula assuma o comando da campanha plebiscitária. Ele está totalmente disposto a isso, cumprindo a promessa que fez, ao deixar o Governo, de que iria “lutar como um leão” para a aprovação da reforma política.

Ódio da mídia conservadora aumenta após encontro entre Dilma e Franklin Martins

31 de janeiro de 2013
Dilma_Franklin_Martins

A presidenta se reuniu com Franklin Martins, que defende medidas reguladoras para o setor.

Via Correio do Brasil

O tom desesperado dos editoriais da mídia conservadora, que embasa a representação entregue na véspera pelo PSDB à Procuradoria Geral da República contra a presidenta Dilma Rousseff, não encontrará eco na Corte Suprema. A previsão é do ministro Luis Inácio Adams, da Advocacia-Geral da União. Em conversa com jornalistas, na manhã de quarta-feira, dia 30, ele afirmou que a tendência é a do procurador-geral arquivar a medida.

“Não tem nenhum fundamento, nenhuma substância jurídica”, disse Adams.

O que os tucanos pedem é uma investigação sobre o pronunciamento da presidenta, transmitido em cadeia nacional de rádio e televisão na quarta-feira, dia 23, que teria sido uma peça de propaganda política, na visão dos conservadores de direita, expressa no ódio com que a mídia conservadora se refere ao governo da presidenta Dilma. Segundo afirma o documento, o anúncio de que a conta de luz ficará menor tratou-se de uma “cristalina promoção da presidente da República”, uma antecipação da campanha pela sua reeleição.

“Não estamos em período eleitoral, o pronunciamento não faz referência a partidos, entidades, nada”, afirma.

Em seu discurso, Dilma criticou, sim, mas os “pessimistas” ao anunciar a redução na tarifa de energia. Para o senador tucano Aécio Neves (MG), ela falou como um partido, e não como presidenta. Em defesa de Dilma, o advogado-geral da União afirma que ainda não analisou a representação e que Dilma não está “nem um pouco” preocupada com ela. Ainda não foi definido se a AGU irá se antecipar a um eventual pedido do Ministério Público em defesa da presidente. Ele afirmou que é permitido por lei que o presidente da República faça pronunciamentos quando há fatos relevantes a serem anunciados.

Visita de Franklin Martins

A má vontade dos diários conservadores paulistas e cariocas, que servem como únicos pilares à representação conta Dilma, cristaliza-se de forma a evidenciar, segundo analistas políticos ouvidos pelo Correio do Brasil, a existência de um cartel formado com o objetivo de atuar como um partido político não convencional. Para tratar da questão da mídia, Dilma chamou nesta manhã, ao Palácio do Planalto, o ex-ministro da secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins, que defende a edição de marcos reguladores para o setor.

Em recente pronunciamento, o PT apontou a intenção de a mídia conservadora promover, no País, um ambiente de conflagração, a exemplo daquele havido na época dos estadistas Getulio Vargas e João Goulart. Segundo o partido, ambos foram vítimas de uma “insidiosa campanha de forças políticas” para desestabilizar seus governos e que o país, atualmente, vive processo semelhante, desde 2003, para desmoralizar o ex-presidente petista e o seu legado.

“A partir de 2003, de forma intermitente, tratou-se de anular os notórios êxitos do governo, com campanhas que procuravam ou desconstruir as realizações do governo Lula ou tachá-lo de ‘incapaz’ e ‘corrupto’ […]. Sabe-se que denúncias de corrupção sempre foram utilizadas pelos conservadores no Brasil para desestabilizar governos populares, como os já citados casos de Vargas e Goulart”, afirma o documento.

Franklin editou um projeto de lei que determina parâmetros para que a concentração de poder neste segmento, no País, não seja alvo de novos escândalos, como aquele noticiado pela organização não governamental Repórteres Sem Fronteiras, com sede em Paris, que aponta a existência, no Brasil, de 30 berlusconis, referindo-se ao capo da mídia italiana.

Segundo o relatório da RSF, divulgado na semana passada, o Brasil é “o país dos 30 Berlusconis”, numa crítica à concentração dos veículos de comunicação do País em poucas mãos. “O Brasil apresenta um nível de concentração de mídia que contrasta totalmente com o potencial de seu território e a extrema diversidade de sua sociedade civil”, analisa a ONG de defesa da liberdade de imprensa. “O colosso parece ter permanecido impávido no que diz respeito ao pluralismo, um quarto de século depois da volta da democracia”, destaca a RSF.

O relatório foi composto após visitas de membros da ONG a Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Segundo o RSF, “a topografia midiática do País que vai receber a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 pouco mudou nas três décadas que sucederam a ditadura militar de 1964-1985”. O documento destaca que as dez maiores companhias de mídia do País estão baseadas em São Paulo ou Rio de Janeiro, o que “enfraquece a mídia regional”.

“A independência editorial da mídia impressa e transmitida e minada pela pesada dependência de propaganda do governo e suas agências”, analisa o relatório, que destaca que, em 2012, houve 11 jornalistas mortos no País. Segundo a ONG, um dos problemas endêmicos do setor da informação no Brasil é a figura do magnata da imprensa, que “está na origem da grande dependência da mídia em relação aos centros de poder”. “Dez principais grupos econômicos, de origem familiar, continuam repartindo o mercado da comunicação de massas”, lamenta a RSF.

Soluções

Segundo a ONG, outro problema no Brasil é a censura na internet, com denúncias que levaram ao fechamento de blogs durante as eleições municipais de 2012. O documento cita o caso do diretor do Google Brasil, Fábio José Silva Coelho, que ficou preso brevemente por não retirar do YouTube um vídeo que teoricamente atacava um candidato a prefeito. Coelho foi preso pela Polícia Federal em setembro passado a pedido do candidato a prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal.

Para reequilibrar o cenário da mídia brasileira, a Repórteres Sem Fronteiras recomenda reformar a legislação sobre a propriedade de grandes grupos e seu financiamento com publicidade oficial. Além disso, a ONG sugere a melhoria da atribuição de frequências audiovisuais, para favorecer os meios de comunicação, e um novo sistema de sanções que não inclua o fechamento de mídias ou páginas, entre outras medidas.

Clique aqui para ler a íntegra do relatório da ONG Repórteres Sem Fronteira.

Integração da América do Sul passa por “choque de inclusão”, diz Lula

22 de janeiro de 2013
Foto de Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Foto de Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Via Instituto Lula

O ex-presidente Lula disse na segunda-feira, dia 21, que a integração da América do Sul passa por um choque de inclusão, e apontou a burocracia e a falta de conhecimento sobre o tema como dois dos principais entraves. Lula se encontrou com 36 intelectuais da América do Sul para discutir caminhos progressistas para o desenvolvimento e integração do subcontinente. Participaram do encontro personagens com destaque não só no campo acadêmico, mas que também já passaram por experiências políticas em governos progressistas da América do Sul. Estiveram presentes ministros, senadores e deputados.

Luiz Dulci, ex-ministro e coordenador da Iniciativa América Latina dentro do Instituto Lula, mostrou-se animado para continuar esse debate, seguindo uma sugestão do ex-presidente, levando-o a um circuito de universidades em diversos países. Este foi o segundo de uma série de encontros que o Instituto Lula promove sobre o tema. Em agosto do ano passado, houve uma reunião com representantes de organizações sociais. O próximo acontece com empresários da região.

Diversas intervenções dos intelectuais coincidiram ao apontar a necessidade de uma ênfase na inovação, na técnica e na indústria com maior valor agregado. “Brasil e Argentina vendem juntos dois terços das proteínas do mundo, mas não agregam valor a esses bens”, disse o economista argentino Bernardo Kosacoff, ex-diretor da Cepal, lembrando que é necessário aproveitar o enorme mercado interno da região e “levantar nossa autoestima”. O senador uruguaio Alberto Curiel, também enfatizou a necessidade de infraestrutura produtiva integrada e mais valor agregado aos produtos da região. “Temos vários desafios que eu não sei como resolver. É preciso falar com empresários, o Lula está fazendo isso, é preciso falar com trabalhadores, o Lula está fazendo isso, é preciso falar com movimentos sociais, e o Lula já fez isso…”

As questões da integração da estrutura produtiva e da necessidade de inovação e do investimento em indústria de maior valor agregado também foram levantadas por vários participantes do encontro. A professora Ingrid Sarti, presidente do Fórum Universitário do Mercosul (FoMerco) comemorou a contribuição que o Instituto Lula vem dar ao tema. “Como professora, faço parte desse trabalho árduo de pesquisa, que muitas vezes acaba engavetado. É muito importante que o Instituto Lula possa ser um motor dessa articulação e dar algum auxílio à formação de políticas públicas”.

O desejo de ver essa discussão virando prática não foi só da professora Ingrid. Márcio Pochmmann, presidente da Fundação Perseu Abramo disse que na América do Sul existem duas velocidades de integração, a das multinacionais e a dos governos. E apontou que os governos não seguem a mesma velocidade das multinacionais, que tem sido muito maior. Pablo Gentilli, secretário-executivo do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso), pediu uma integração na educação, especialmente na pós-graduação e destacou a necessidade do compartilhamento em uma rede aberta de ensino, na internet, de todo conhecimento produzido sobre integração no continente.

As propostas dos participantes serão reunidas em um plano de trabalho conjunto que será compartilhado pelo Instituto Lula com os participantes.

Sobre a foto de Dilma e Joaquim Barbosa no velório de Niemeyer

7 de dezembro de 2012

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Uma coisa é certa: a foto não vai para o álbum de nenhum dos dois.

Paulo Nogueira em seu Diário do Centro do Mundo

De uma coisa não se pode acusar Dilma: de hipocrisia. É flagrante, é torrencial, é irreprimível o mal-estar que a figura de Joaquim Barbosa provoca nela, como mostra a foto que o fotógrafo Gustavo Miranda, da Agência Globo, captou no velório de Oscar Niemeyer.

É o olhar de alguém que está oscilando entre o desprezo e o ódio, e que provavelmente se tenha visto na contingência de calar o que sente.

Que detalhes conhecerá Dilma das andanças de Barbosa por apoio político para ser nomeado para o STF? Ou será que ela não perdoa o que julga ser deslealdade e ingratidão de JB perante o homem a quem ambos devem o cargo, Lula?

Interessante examinar o rosto de JB no encontro. Ali está um sorriso de quem espera aprovação, compreensão, atenção – ou pelo menos um sorriso de volta, ainda que protocolar e falso.

Mas não.

O que ele recebe de volta é um olhar glacial, uma mensagem clara da baixa opinião de Dilma sobre ele. Parece estar acima das forças de Dilma fingir que não sente o que sente, ainda que por frações de segundo. A fotografia não vai para o álbum de lembranças de nenhum dos dois.

A franqueza por vezes desconcertante é uma característica de quem, como ela, não fez carreira na política. Fosse uma política, esta foto não existiria, não pelo menos deste jeito singular, e seria uma pena porque esta é uma das imagens que decerto marcarão a República sob Dilma, de um lado, e Barbosa, de outro.

Eric Hobsbawm: “Lula ajudou a mudar o equilíbrio do mundo.”

1 de outubro de 2012

Na segunda-feira, dia 1º, o mundo ficou mais pobre de ideias. O historiador britânico Eric Hobsbawm morreu em um hospital em Londres. Ele tinha 95 anos e estava internado por conta de uma pneumonia. Considerado um dos maiores historiadores do século 20, Hobsbawm é autor da trilogia que marcaram a historiografia sobre o “longo século 19”, os livros A era das revoluções, A era do capital e A era dos impérios, sobre o período entre 1879 e 1914, datas da Revolução Francesa e do início da Primeira Guerra Mundial, respectivamente.

A seguir, um texto sobre o encontro que Hobsbawm teve com o presidente Lula, em Londres, em 13/4/2011.

Hobsbawm se encontrou com Lula em Londres.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “ajudou a mudar o equilíbrio do mundo ao trazer os países em desenvolvimento para o centro das coisas”, opinou o historiador britânico Eric Hobsbawm, 94 anos. Ícone da historiografia marxista, ele se reuniu nesta quarta-feira (13) com Lula na residência do embaixador brasileiro em Londres, Roberto Jaguaribe. O convite foi feito pela equipe de Lula.

Autor do clássico Era dos extremos, Hobsbawm é considerado um dos maiores intelectuais vivos. Na saída da embaixada, ele deu uma rápida entrevista quando já estava sentado no banco de trás do carro, ao lado da mulher. Falando com dificuldade, o historiador teceu elogios ao governo Lula e disse que espera revê-lo mais vezes. O encontro durou cerca de uma hora e meia.

“Lula fez um trabalho maravilhoso não somente para o Brasil, mas também para a América do Sul.” Em relação a seu papel após o fim do seu mandato, Hobsbawm afirmou que, “claramente Lula está ciente de que entregou o cargo para um outro presidente e não pode parecer que está no caminho desse novo presidente”.

“Acho que Lula deve se concentrar em diplomacia e em outras atividades ao redor mundo. Mas acho que ele espera retornar no futuro. Tem grandes esperanças para [tocar] projetos de desenvolvimento na África, [especialmente] entre a África e o Brasil. E certamente ele não será esquecido como presidente”, disse.

Sobre o encontro, disse que foi uma “experiência maravilhosa”, especialmente porque conhece Lula há bastante tempo. “Eu o conheci primeiro em 1992, muito tempo antes de ser presidente. Desde então, eu o admiro. E, quando ele virou presidente, minha admiração ficou quase ilimitada. Fiquei muito feliz em poder vê-lo de novo.”

A respeito da presidente Dilma Rousseff, Hobsbawm afirmou que só a conhece pelo que lê nos jornais e pelo que lhe contam, mas ressalta a importância de o país ter a primeira mulher presidente.

“É extremamente importante que o Brasil tenha o primeiro presidente que nunca foi para a universidade e venha da classe trabalhadora e também seja seguido pela primeira presidente mulher. Essas duas coisas são boas. Acredito, pelo que ouço, que a presidente Dilma tem sido extremamente eficiente até agora, mas até o momento não tenho como dizer muito mais”, falou.

Viagem de Lula

Lula chegou na Inglaterra na noite de terça-feira (12). Além de Hobsbawm, ele teve nesta quarta um encontro com a presidente da ONG inglesa Oxfam, Barbara Stocking, que se dedica à busca de soluções para a pobreza no mundo. O tema da conversa foi sobre projetos na África.

Nesta quinta-feira (14), Lula dará uma palestra a empresários em um seminário promovido pela Telefonica em Londres. Ele pretende falar sobre as perspectivas de investimento no Brasil e sobre o fortalecimento da democracia na América do Sul, sem focar em um país específico.


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