Indústria inicia 2014 com crescimento nos principais indicadores, diz CNI
Daniel Lima, via Agência Brasil
A utilização da capacidade instalada da indústria (UCI) registrou o melhor resultado em nove meses, em janeiro, com 82,7%. Esses e outros índices foram divulgados hoje (11) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e estão na pesquisa Indicadores Industriais. O número é importante porque significa que a indústria está ampliando o uso do seu parque fabril. Em janeiro do ano passado, o indicador registrou 83,5%, mas não foi mais repetido nos meses seguintes.
“No ano de 2013 foi muito comum a ocorrência de resultados diversos. Uns [indicadores] com crescimento e outros com queda. O conjunto não foi muito definido, mas janeiro [2014] foi muito positivo. Embora, na comparação com 2013, vemos um resultado negativo no indicador de horas trabalhadas”, disse Flávio Castelo Branco, gerente executivo da CNI.
O faturamento real da indústria, em dados dessazonalizados, também cresceu, alcançando 1,6%, em comparação a dezembro passado e 2,4% ante o mesmo período de 2013, indicou a pesquisa. As horas trabalhadas, na mesma comparação, cresceram 1,4%, em dezembro, mas caíram 0,9% ante a janeiro do ano passado, sendo que o emprego subiu 0,3%, em janeiro, em comparação também a dezembro, e 1,5%, em comparação ao mesmo período do ano anterior.
“O emprego já vinha mostrando resultados positivos. E isso se reflete no resultado da massa salarial, como é possível ver nos números”, disse Castelo Branco. No caso da massa salarial, o crescimento chegou a 0,9%, ante dezembro, e 6,7%, em comparação a janeiro de 2013. O rendimento médio real ficou em 1,1% e 5,1%, respectivamente.
“Quando nós olhamos para o resultado, há uma heterogeneidade nos dados. Ainda não caracteriza um revigoramento. Permanece em nível abaixo do que trabalhamos nos últimos dois, três anos”, avalia o economista.
Ele acredita que os dados de fevereiro devem ser novamente positivos, pois o carnaval neste ano ocorreu em março. Castelo Branco disse ainda que eventuais problemas com a economia da argentina serão compensados com o crescimento da economia mundial, especialmente a Europa e os Estados Unidos.
“Eu creio que a gente tenha que olhar por tipo de produto. Mas, no caso dos manufaturados, isso se reflete na indústria. No caso de commodities, isso vai depender da demanda da China. Mas acho que ela vai crescer acima de 7%, e os preços devem se manter de certa forma estabilizados”, destacou.
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Vendas no varejo avançam em janeiro muito além das expectativas
As vendas no comércio varejista brasileiro avançaram 0,4% em janeiro na comparação com o mês anterior, resultado melhor do que o esperado e suficiente para reverter a contração vista em dezembro e que havia interrompido nove meses seguidos de expansão. Sobre um ano antes, as vendas subiram 6,20% em janeiro, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na quinta-feira, dia 13. Em dezembro, as vendas haviam recuado 0,2% na comparação mensal.
Ambos os resultados ficaram acima das expectativas em pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters junto a economistas, cujas medianas indicavam queda de 0,30% na comparação mensal e alta de 4,60% ante janeiro de 2013. Segundo o IBGE, seis das oito atividades pesquisadas no varejo restrito subiram na comparação mensal, sendo os principais destaques Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (6%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (4,2%).
A receita nominal do varejo, por sua vez, registrou alta de 0,90% em janeiro sobre dezembro e avanço de 12,5% sobre um ano antes. Já o volume de vendas no varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, apresentou alta de 2,1% na comparação mensal, com destaque para o avanço de 1,9% nas vendas de Veículos e motos, partes e peças.
Apesar da recuperação vista no início do ano, o comércio brasileiro tem convivido com cenário pouco alentador, em meio à inflação e juros elevados, o que tem afetado a confiança dos consumidores. Em janeiro e em fevereiro, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), a confiança recuou, fechando o mês passado no menor nível desde 2009.
Embora o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado tenha ficado melhor do que o esperado, ao expandir 2,3%, agentes econômicos ainda não acreditam que a economia brasileira vai mostrar recuperação melhor em 2014. Pesquisa Focus do Banco Central aponta expectativa de crescimento de 1,68%.
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