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Cidade chamada Cuba vira símbolo do poder dos comunistas em Portugal

18 de novembro de 2013
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Cidade de Cuba, em Portugal, voltou a ser comandada pelo Partido Comunista. Na foto, o “Café Cubense”

Partido voltou ao poder no município após resultado expressivo nas eleições, nas quais se tornou terceira força política do país.

Via Opera Mundi e fotos de Belarmino Fragoso

“Na Europa, poucos partidos comunistas sobreviveram. Somos um deles”, afirma com orgulho João Português, de 41 anos, prefeito eleito pelo Partido Comunista Português (PCP), atual terceira força política do país – atrás apenas do socialista PS (centro-esquerda) e do social-democrata PSD (direita). Desde meados de outubro, ele governa uma cidade lusitana cujo nome não podia ser mais sugestivo – Cuba, a 200 quilômetros a sudeste de Lisboa. O pequeno município com quase 5 mil habitantes, localizado no coração do Alentejo, uma das regiões historicamente mais pobres de Portugal, hoje é símbolo da chamada “reconquista vermelha”.

Vila com vestígios da época romana, alguns associam seu nome à presença de cubas, grandes vasilhas de barro para armazenar vinho, um dos produtos mais tradicionais da região. Há quem diga, contudo, que Cristóvão Colombo nasceu ali, e por isso batizou a ilha caribenha em homenagem à terra natal. Fato é que as relações com a ilha ultrapassam o nome. Desde 1976, com as primeiras eleições livres após a Revolução dos Cravos, é o “partidão” quem ganha em grande parte dos concelhos (outro nome para município, em Portugal) do Alentejo, contrariando o bipartidismo do PS e PSD.

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João ainda fala com o entusiasmo de quem foi responsável por devolver ao PCP o poder de Cuba, há quatro legislaturas nas mãos dos socialistas – hiato que se repetiu em outros municípios da região. Formado em Serviço Social e microempresário, é admirador de Lula e Fidel Castro – apesar das “reservas” em relação a algumas políticas do regime cubano. Critica as grandes empresas – “quem gera emprego são as pequenas” – e se coloca ao lado do partido quando o assunto é a moeda única: “Não estávamos preparados para entrar no euro”.

Em alguns setores, pode-se perceber claramente a marca comunista da administração local. A gestão da água, por exemplo, é totalmente pública. “Nossa ideologia nos impede de privatizar esse bem, mesmo que seja custoso ao Estado”, afirma. O custo de defender um Estado forte é alto: mais de 80% das receitas do município vão para folha de pagamento. A dívida municipal é de €3,5 milhões – ou 60% das receitas próprias. Uma medida ainda a ser implementada é o orçamento participativo – que, diga-se, já funciona em cidades como Lisboa, governada por socialistas.

“Contato próximo com as pessoas”

A popularidade dos comunistas, segundo o recém-empossado prefeito que exerceu o cargo de vereador por duas vezes, tem a ver com o modo de gestão do poder local, “em contato próximo com as pessoas”. Isso, em outras palavras, se reflete ao andar pelas ruas estreitas da cidade – ladeadas de casas pintadas de branco para atenuar o calor que vai a 40ºC no verão – e conversar com estudantes, empresários, agricultores.

Mas, o que explica os melhores resultados nacionais do partido em 15 anos vai muito além do tête-à-tête, que, aliás, é um traço comum em pequenas cidades. A saturação da política atual é vista como uma das chaves para entender como o PCP foi o preferido de 11% dos eleitores e o único partido a crescer em número de votos nas últimas eleições.

Segundo a cientista política Isabella Razzuoli, da Universidade de Lisboa, ele tem sido a voz mais organizada contra as medidas de austeridade do governo de centro-direita encabeçado pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. Segundo ela, a forte presença em sindicatos faz com que a agremiação consiga atrair uma base considerável de eleitores descontentes com a situação laboral no país – desemprego de 16%, cortes em salários, aposentadorias e postos de trabalho.

Dentro da esquerda, os comunistas têm de longe a maior força de mobilização. Os eleitores do PCP já não veem os socialistas como “esquerda autêntica”. Basta lembrar que foi o ex-ministro José Sócrates que em 2011 assinou o empréstimo de €78 bilhões com a troika (FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia). O jovem Bloco de Esquerda, formado por uma miscelânea de partidos pequenos de várias tendências radicais, tem perdido apoio e representantes parlamentares desde seu auge, em 2009.

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O novo prefeito de Cuba, João Português.

Mais eleitores, menos militantes

Se os eleitores do PCP crescem, os militantes diminuem. Hoje somam pouco mais de 60 mil, menos da metade dos anos 1980. Francisco Galinha, de 34 anos, está nos quadros da militância. Ele tem uma história curiosa: é parente distante de um ex-prefeito que governou Cuba na época da ditadura. Francisco, porém, desde os 16 anos é ligado aos comunistas. “Me identifico com os valores de igualdade e partilha”, afirma.

Ao longo dos anos, esse partido – o único a sobreviver, clandestino, durante o regime salazarista –, passou por mudanças. O fim da Guerra Fria e a adesão de Portugal à União Europeia (UE) tiveram no começo um impacto negativo, explica a cientista política. “As perdas de votos e a redução da representação parlamentar refletiam em parte a dificuldade de adaptação do partido às transformações da sociedade portuguesa”, diz.

Retirou-se do estatuto a meta de “uma revolução democrática e nacional”, mas, nem por isso, se abandonou o marxismo-leninismo. Esse caminho mais soft do chamado eurocomunismo foi a opção escolhida pela maioria dos homólogos europeus após a queda do Muro de Berlim.

Em Portugal, o “partidão” segue firme no sul, mas enfrenta resistências no norte. O campesinato pobre do Alentejo, região dominada pelo latifúndio, e o operariado da Grande Lisboa e arredores foram os terrenos mais férteis para a penetração da ideologia marxista. “A pequena-burguesia rural do norte era (e continua a ser) tradicionalmente mais conservadora”, diz Isabella, que lembra também a influência da Igreja Católica como fator determinante ainda hoje para bloquear o avanço dos vermelhos.

Os desafios em época de crise não são fáceis – em Cuba e no resto do país. O alto endividamento público e o corte nos repasses de verbas do governo central aos municípios podem comprometer as promessas de campanha dos comunistas, especialmente preocupados com a área social e em como estimular o sistema produtivo do país para gerar empregos. “Não se pode medir tudo em termos de lucro e prejuízo”, defende o prefeito cubense – que ainda tem pela frente a tarefa de compor o cada vez mais minguado orçamento da cidade.

Os vereadores eleitos na cidade de São Paulo

8 de outubro de 2012

Índice de renovação foi de 40%, com 33 reeleitos e 22 novos. PT elege a maior bancada, com 11 dos 55 vereadores.

Via Portal G1

A Câmara Municipal de São Paulo teve índice de renovação de 40%, com 33 vereadores reeleitos e 22 eleitos. Na eleição passada, a mudança havia sido de 29%. Tripoli (PV) foi o candidato a vereador que obteve mais votos, 132.313.

O PT foi o partido que mais elegeu vereadores para a Câmara Municipal de São Paulo, somando 11 representantes – na cidade, José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) disputarão o 2º turno. Em seguida, aparece o PSDB com 9, e o recém-criado PSD do prefeito Gilberto Kassab, com 7 vereadores. Em 2008, o PSDB era o partido com o maior número de cadeiras.

PMDB, PTB e PV elegeram 4 vereadores cada. Na sequência, estão PR e PSB, com 3 vereadores. A legenda que mais perdeu força foi o DEM, com 2 eleitos. PPS e PRB também estão com 2 vereadores cada. PHS, PSOL, PC do B e PP têm 1 vereador eleito.

Os novos parlamentares assumem dia 1º de janeiro.

PT – 11 eleitos

Donato – 47.039 votos

Juliana Cardoso – 46.757

Senival Moura – 46.524

Nabil Bonduki – 42.411

Alfredinho – 36.634

José Américo – 34.291

Arselino Tatto – 32.135

Jair Tatto – 31.685

Vavá dos Transportes – 29.242

Reis – 28.627

Paulo Fiorilo – 27.805

PSDB – 9 eleitos

Andrea Matarazzo – 117.617 votos

Coronel Telhada – 89.053

Mario Covas Neto – 60.697

Floriano Pesaro – 37.780

Claudinho – 37.441

Patricia Bezerra – 34.511

Gilson Barreto – 31.995

Aurélio Nomura – 29.236

Eduardo Tuma – 28.756

PSD – 7 eleitos

Goulart – 104.301 votos

Marco Aurelio Cunha – 40.130

Souza Santos – 39.658

Edir Sales – 34.476

Marta Costa – 32.914

David Soares – 32.081

Police Neto – 28.278

PV – 4 eleitos

Tripoli – 132.313 votos

Dalton Silvano – 39.304

Ricardo Teixeira – 30.698

Gilberto Natalini – 26.806

PTB – 4 eleitos

Celso Jatene – 52.099 votos

Adilson Amadeu – 40.100

Conte Lopes – 31.947

Paulo Frange – 30.891

PMDB – 4 eleitos

Ricardo Nunes – 30.747 votos

George Hato – 24.611

Dr. Calvo – 24.282

Nelo Rodolfo – 18.219

PR – 3 eleitos

Antonio Carlos Rodrigues – 67.161 votos

Toninho Paiva – 48.613

Aurelio Miguel – 32.520

PSB – 3 eleitos

Ota – 62.693 votos

Eliseu Gabriel – 53.634

Noemi Nonato – 35.601

PPS – 2 eleitos

Ricardo Young – 42.098 votos

Ari Friedenbach – 22.597

DEM – 2 eleitos

Milton Leite – 101.664 votos

Sandra Tadeu – 45.770

PRB – 2 eleitos

Jean Madeira – 35.036 votos

Atilio Francisco – 32.513

PHS

Laércio Benko – 17.918 votos

PSOL

Toninho Vespoli – 8.722 votos

PCdoB

Netinho de Paula – 50.698 votos

PP

Pastor Edemilson Chaves – 45.858 votos

Governo de São Paulo recomenda: “Não ande de bicicleta na rua.”

13 de julho de 2012

Diário Oficial do Estado de São Paulo diz para ciclistas saírem das ruas.

Piero Locatelli, lido no Envolverde

O Diário Oficial do Estado de São Paulo de quarta-feira, dia 11, traz a manchete “Mais ciclistas, mais acidentes”. Dentro da reportagem, um especialista sugere: “Para não colocar a vida de quem pedala em risco, recomendo não usar a bike no trânsito de São Paulo. É uma opção segura de lazer em cidades menores, parques públicos e em ciclovias instaladas na capital, aos domingos.”

A reportagem, assinada pela assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde, deixa claro o tratamento dispensado à bicicleta em São Paulo. O governo do Estado não a trata como um meio de transporte, mas como uma brincadeira de fim de semana. Em vez de estimular o uso das duas rodas, o governo cria medo justamente em quem não é responsável pelos acidentes.

Um quadro de recomendações feito pela Companhia de Engenharia do Tráfego (CET) endossa a reportagem, jogando a responsabilidade dos acidentes nos ciclistas. “O aumento da velocidade implica maior risco, portanto não é uma boa prática no trânsito”, recomenda o órgão responsável pela segurança no trânsito.

O discurso do governo de São Paulo em dias normais contrasta com o do Diário Oficial de quarta-feira, dia 11. O governador Geraldo Alckmin propagandeia que integrou a bicicleta ao Metrô, com a possibilidade de carregá-la dentro dos trens. Mas só é possível fazer isso em horários restritos do fim de semana. Ou seja, a bicicleta continua sendo tratada como diversão de crianças que vão ao parque no final de semana e não um jeito de chegar ao trabalho.

No município de São Paulo, as atitudes também são fracas. O prefeito Gilberto Kassab prometeu construir 100 quilômetros de ciclovias na cidade em sua gestão. Há seis meses do fim de seu mandato, só entregou 18 quilômetros.

Seria ingênuo acreditar que a bicicleta sozinha solucionaria os problemas do trânsito paulistano e tornaria a cidade um lugar melhor. A cidade concentra os empregos em regiões distantes e milhões de pessoas a atravessam todos os dias. Não é possível pedir que alguém saia de bairros dormitórios na Zona Leste para trabalhar no centro de bicicleta, percorrendo mais de 30 quilômetros.

De qualquer forma, o Estado deveria estimular o uso de um transporte que traz benefícios à cidade. Em vez de criar uma cultura do medo e mandar o ciclista ficar em casa, deveria tornar a vida deles mais fácil.


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