Posts Tagged ‘Candidatura’

Candidatura de Aécio derrete ao ser abandonada por antigos aliados

12 de dezembro de 2013
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Governadores do PSDB parecem não botar fé na candidatura de Aécio, que sofre com sombra de Serra. Foto de Valter Campanato/Agência Brasil.

Após PPS se aliar a Eduardo Campos, DEM também avalia romper aliança que mantém desde 1994 no plano federal por avaliar que candidatura do senador mineiro pode ser fraca. Serra fica à espreita

Helena Sthephanowitz, via RBA

Até há pouco tempo era inimaginável a dissolução do bloco oposicionista PSDB-DEM-PPS. Pois o PPS, durante congresso do partido realizado no sábado, dia 7, aprovou preferência pela aliança com o PSB do governador Eduardo Campos, em vez da aliança com Aécio Neves (PSDB/MG).

Hoje o PPS tem só sete deputados e 16 segundos de tevê, o que não é uma grande conquista para Campos, mas a guinada tem um simbolismo com forte gosto de derrota para Aécio. Demonstra que o PPS vê tanta perspectiva do tucano vencer as eleições quanto de Honduras conquistar a Copa do Mundo em 2014. E, pior, o tucano não é visto nem como candidato capaz de fazer bonito para puxar votos na eleição de bancadas de deputados.

Aécio contava com os oito governadores tucanos para pressionar os diretórios do PPS nestes estados a apoiar a candidatura presidencial tucana. Porém os governadores do PSDB cuidaram de garantir o apoio apenas para si, deixando a candidatura federal fora do pacote, largada à própria sorte.

O caso de São Paulo é emblemático, onde os pepessistas manifestaram apoio à candidatura do governador Geraldo Alckmin (PSDB) à reeleição, mas no âmbito federal apoiaram em peso a aliança com Eduardo Campos. O fato demonstra que Alckmin está cuidando de salvar a própria pele, sem apostar suas fichas na candidatura presidencial de seu próprio partido.

O DEM também já cogita lançar uma candidatura própria à presidência, avaliando se seria melhor marcar posição do que ver sua bancada no Congresso ter dificuldade em se reeleger, caso fique vinculada a uma candidatura presidencial do PSDB que considera frágil.

Assim, Aécio corre o risco de ficar isolado, sem conquistar aliança nenhuma, em um momento em que patina nas pesquisas de intenção de votos. A falta de expectativa de poder costuma ser cruel com candidatos, esvaziando apoios políticos e de doadores de campanha.

É esse processo de derretimento que a candidatura de Aécio Neves corre o risco de sofrer. Como complicador, o outro presidenciável tucano, José Serra, parece assistir de camarote às dificuldades do rival à espera da candidatura tucana cair em seu colo.

Zé Dirceu: A candidatura de Aécio capotou de vez

6 de novembro de 2013

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Zé Dirceu em seu blog

Vários deputados falam nos jornais de terça-feira, dia 5, aos jornais em antecipar o lançamento da candidatura do presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (PSDB/MG), ao Palácio do Planalto. Seria uma semi-oficialização da candidatura – o lançamento já foi feito pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso há quase um ano e a oficialização tem de ser em convenção nacional até o fim do 1º semestre do ano que vem.

Eles sugerem convenção extraordinária a se realizar no final deste mês, em dezembro ou em janeiro para alijar a candidatura presidencial do ex-governador tucano de São Paulo, José Serra. Apesar de não concordarem em coisa nenhuma, Serra e Aécio têm um acordo para só tratarem dessa candidatura a partir de março do ano que vem. Serra acredita nisso e alardeia para os quatro cantos do mundo que a definição só ocorrerá.

Mas, na verdade, o apelo dos deputados aecistas para antecipação da decisão é o reconhecimento de que o senador está imobilizado em sua candidatura presidencial pela ação de José Serra, pré-candidato declarado e que voltou à disputa interna tucana com uma movimentação e uma pré-campanha maiores que as do mineiro.

Almoço pode dar indigestão

Desde que comunicou, uma semana antes do 5 de outubro (data em que expirou o prazo para troca de partido para quem vai concorrer no ano que vem), que ficava no PSDB, José Serra já visitou o Rio Grande do Sul, a Bahia, Brasília– além de falar com frequência em são Paulo –, onde proferiu palestras, foi a emissoras de rádio e tevê, deu entrevistas a todo mundo e a tudo quanto é jornal.

Os deputados aecistas se queixam velada ou abertamente hoje que não andam nem as alianças do PSDB com o DEM – improvável –, o Solidariedade, o PV e o PPS (este deve apoiar o candidato que sair da dupla parceira Eduardo Campos-Marina Silva), já que ninguém sabe quem será o candidato tucano a presidente da República para enfrentar a presidenta candidata à reeleição, Dilma Rousseff.

Aécio Neves teve na segunda-feira, dia 4, no Palácio dos Bandeirantes, um almoço de três horas com o governador tucano Geraldo Alckmin e o ex-presidente FHC. Prato principal do menu: exatamente o destino da candidatura presidencial de José Serra e que fim dar a ela ao mesmo tempo em que precisam dar um futuro ao cordial inimigo Serra. O almoço, no Bandeirantes, encerra o risco de provocar indigestão, tal o ódio dos comensais contra Serra.

***

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Aí vem novidades: Aécio, FHC e Alckmin almoçam Serra juntos

Aí vem novidades: Aécio, FH e Alckmin almoçam Serra juntos

6 de novembro de 2013

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Fernando Brito, via Tijolaço

Da coluna de Sonia Racy, no Estadão, de segunda-feira, dia 4:

Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves estão almoçando, agora, no Palácio dos Bandeirantes com Geraldo Alckmin. Na pauta, o destino de José Serra nas eleições de 2014.

Embora eu duvide muito que Geraldo Alckmin, apesar de não ter nenhum apreço por Serra, vá entrar nessa, o fato é que começou a operação “Duro de Matar-2014″.

É provável que não possam ir além de oferecer uma senatória por São Paulo. E improvável que Serra aceite logo.

Vai fustigar mais ainda antes de recuar e ninguém acredita que vá aceitar a humilhação sem troco.

Serra está mais forte hoje do que há um mês e pouco atrás, quando FH o declarou politicamente morto. E Aécio vai mal das pernas.

A candidatura do PSDB volta à estaca zero

5 de setembro de 2013

Aecio_Serra02Em torno da construção da candidatura de Aécio, FHC reassumiu o comando do PSDB, inclusive sobre o programa para 2014. Mas Serra ainda é o espectro que ronda o partido a cada campanha e segue como um de seus problemas. Enquanto patinam, Dilma tem dianteira de quase o triplo das intenções de voto sobre os tucanos.

Antonio Lassance, via Carta Maior

Tarde demais para voltar atrás

O muro, que tantas vezes serviu de metáfora para os tucanos, funciona como nunca enquanto representação de um partido emparedado.

Seu candidato preferencial, Aécio Neves, não deslancha nas pesquisas. Ao contrário, recuou. Sua primeira estratégia naufragou e ele corre contra o tempo para aprumar-se. Com a mística mineira de que come quieto, pelas beiradas, e de que devagar se vai mais longe, Aécio tratou de sua candidatura como se tivesse todo o tempo do mundo. Foi engolido pelos acontecimentos.

Em 2012, articulou dentro do PSDB para que recebesse apoios firmes e tivesse seu nome aventado como a bola da vez. Em seguida, em fevereiro de 2013, fez um discurso de candidato ao qual a velha mídia só não deu mais destaque porque o conteúdo era fraco, e sua oratória, sofrível. Em maio, foi eleito presidente do Partido, forma de insuflar sua evidência nacional e estreitar os laços com os diretórios regionais. Finalmente, em agosto, recebeu o apoio dos presidentes dos 27 diretórios estaduais. Cada evento dessa natureza foi organizado para consolidar Aécio como a opção incontestável do PSDB para 2014. No entanto, quanto mais reafirmam o senador como “o” candidato, menos seguros os tucanos estão de que fizeram a escolha acertada. A única certeza é a de que é tarde para voltar atrás.

Quando parecia que tinha tudo para se aproximar dos 20% de preferência dos eleitores, vieram as manifestações de junho. Entre julho e agosto, suas intenções de voto caíram perigosamente para próximo da linha dos 10%.

O partido que tanto esperou por outras candidaturas para favorecer as chances de um segundo turno corre o risco de, se houver, não ser convidado para a festa. A torcida para que Marina e Eduardo Campos entrassem no páreo agora vem misturada com o frio na barriga de que a Rede e o PSB lhe roubem a maior parte dos votos que não irão para o PT.

Para piorar, José Serra, seu arquirrival, apareceu melhor pontuado nas últimas pesquisas. Eterno candidato, Serra mostrou que tem bom recall (é bem lembrado), embora também seja dono da maior de todas as rejeições (é extremamente mal lembrado).

Serra apresenta suas armas

Misto de zumbi e kamikaze, a candidatura Serra é um espectro que ronda o PSDB a cada quatro anos e permanece como um de seus grandes problemas.

A guerra travada nos bastidores contra Aécio Neves é bem maior que a troca de farpas que circula pela imprensa. Enquanto muitos dos analistas se debruçam mais sobre os golpes abaixo da linha de cintura, as verdadeiras batalhas tiveram como cenário não só as hostes tucanas. As disputas mais encarniçadas e ferozes se deram pelo apoio de outros partidos, como o PSD, o PPS, o PMN e o DEM.

Serra estava recolhido, desde o início do ano, diante não apenas da costura partidária pavimentada por Aécio. Havia uma restrição importante à sua candidatura por parte dos grandes financiadores de campanha, mais exatamente, dos bancos. Sondados desde o final de 2012, eles responderam que o mais importante critério para o apoio concentrado de oposição a Dilma era o de arranjar um nome realmente competitivo. A rejeição no eleitorado e o histórico de derrotas pesaram contra o velho postulante de sempre. Hoje, a ascensão de Marina e o fato de ela ter se cercado de interlocutores da cozinha do sistema financeiro privado criaram um compasso de espera entre os grandes financiadores. Enquanto Serra foi imediatamente preterido, o ímpeto pela campanha de Aécio também sofreu um refluxo.

A prioridade de Aécio vinha sendo a de desbastar arestas internas e dar coesão ao PSDB nos estados. Serra, por sua vez, saiu a campo com a estratégia de mostrar-se mais competitivo por sua capacidade de atrair apoio de outros partidos. Aécio partia apenas da fidelidade canina do DEM em quase todas as campanhas presidenciais do PSDB (à exceção da de 2002) e da sinalização de apoio de Paulinho da Força, com seu partido em gestação, o Solidariedade, que, pelo andar da carruagem, deve nascer nanico, bem abaixo do peso declarado por seu progenitor.

Serra foi para cima do PSD, do PPS e do PMN. Rapidamente conseguiu uma simulação de neutralidade do PSD em relação ao governo Dilma. Depois, ganhou de presente de Gilberto Kassab uma declaração de compromisso, segundo a qual, fosse Serra candidato, Kassab se sentiria na obrigação de apoiá-lo. O presidente do PSD pôde retribuir e agradar aquele que foi responsável por tê-lo guindado à prefeitura sem ter que apoiá-lo ao final. Julgava remota, como de fato é, a chance de ver Serra candidato.

Em seguida, Serra acionou Roberto Freire (PPS/SP) para dar andamento à ideia de fusão do PPS com o PMN, que levaria à criação do MD (Mobilização Democrática). Freire em momento algum escondeu que o movimento estava sendo feito patrocinado por Serra.

FHC assume o comando

A certa altura, Serra não apenas rivalizava com as intenções espontâneas de Aécio como se mostrava mais apto a conquistar, com outros partidos, mais tempo de tevê e rádio para os tucanos. Teria assim uma candidatura mais robusta que a de Aécio. O laço final do embrulho foi a ameaça de abandonar o partido e fazer carreira solo, o que o trouxe definitivamente de volta ao jogo. A ofensiva assustou Aécio e forçou sua reação. Conseguiu, do DEM e do PPS, a garantia de que, se conseguisse unir o PSDB e demover Serra da tentativa de ser candidato, contaria com o apoio desses dois partidos.

Mais importante, convenceu FHC a agir de modo mais ostensivo a seu favor. Usou, para isso, dois argumentos que soavam como música aos ouvidos do ex-presidente. Primeiro, o de que FHC era a única pessoa capaz de unir o PSDB em torno de um só candidato. Aécio se apresentava com a proposta de ser, antes de uma candidatura do PSDB, uma candidatura de FHC. Estava ali o ex-presidente diante de alguém que lhe rogava ser transformado em sua criatura. Em troca, Aécio se comprometia a resgatar a imagem desgastada da presidência FHC, defendendo-a sem constrangimentos. Era tudo o que FHC gostaria de ouvir e de ver acontecer em uma nova campanha do PSDB, sepultando de vez as experiências de 2002, 2006 e 2010, quando seus oito anos de governo foram renegados por Serra e Alckmin.

Ao invés de uma candidatura com vergonha de defendê-lo, finalmente aparecia um candidato sem vergonha de ser privatista, contracionista, pró-globalização, desregulamentador, gerencialista, enfim, alguém para fazer uma campanha com a cara e o legado de FHC. O discurso ainda viria a calhar na estratégia de recuperar o entusiasmo dos bancos no patrocínio à candidatura.

A operação desmonte da candidatura Serra

Sobre Alckmin, a pressão veio no sentido de disseminar incertezas sobre sua reeleição em 2014. Afinal, o que garantiria que as articulações de Serra, embora a princípio mirassem a campanha presidencial, não fossem ao fim direcionadas para uma candidatura a governador contra o próprio Alckmin? A cizânia surtiu efeito rapidamente. Em março, Alckmin sacramentou seu apoio à eleição de Aécio como presidente do Partido. A única condição imposta foi: una o partido – ou seja, resolva o problema chamado José Serra.

A jogada seguinte de Aécio foi desmontar a operação de fusão do PPS com o PMN. O alvo central foi o PMN. Contra a negociação nacional para a fusão que criaria o Mobilização Democrática (MD), capitaneada por Freire, agiram dois pesos pesados. O próprio Aécio entrou em cena diretamente sobre o PMN mineiro, enquanto Alckmin atuou sobre o PMN paulista. Em ambos os casos, o PMN é inquilino do condomínio peessedebista dos governos de cada um desses estados. Entre trocar o certo pelo duvidoso, o PMN preferiu agir pragmaticamente. Calculou que valia mais a pena ser leal aos governos do que a uma pré-candidatura instável (Serra). Desfez seus acertos com o PPS alegando questões programáticas sobre reforma política e prioridade às bases municipais. Traduzindo: os governos aliados a Aécio cobriram a oferta de Serra e Freire e a ideia da MD se dissipou feito fumaça.

A sucessão de estocadas irritou Serra, mas também o enfraqueceu. A ameaça de sair do partido acabou posta sobre a prateleira, trocada pela insistência em realizar prévias. Alckmin foi o primeiro a manifestar-se favoravelmente à ideia. Não apenas para contemporizar com Serra, cuja presença no PSDB paulista é considerada intimidatória sobre o grupo alckmista. Depois que Serra dissera que certamente seria candidato “a alguma coisa” em 2014, Alckmin passou a ver as prévias como uma maneira de amarrá-lo ao PSDB, enterrando por completo qualquer ameaça à sua candidatura à reeleição do Governo do Estado. Aécio chegou a cogitar que as prévias ocorressem depois de 5 de outubro, tirando a chance de Serra, se derrotado, mudar de partido. A proposta carimbaria a desconfiança contra Serra dentro do próprio PSDB.

No capítulo mais recente da novela, FHC deixou de fazer o papel de bombeiro e preferiu incinerar de vez as pretensões serristas. Em entrevista ao jornal Valor Econômico (26/8/2013), foi duro com Serra e fez uma defesa enfática da candidatura de Aécio. Disse que era muito difícil que ocorressem prévias e afirmou que “a imensa maioria do PSDB quer Aécio”. Foi além ao dizer que Serra era um “ser racional”, que deveria ser realista e que seu palpite era de que ele fica no PSDB. Para bom entendedor, FHC acusou Serra de estar blefando.

O recado, dado em alto e bom som, era o de que aquela pré-candidatura estava isolada e esvaziada dentro e fora do PSDB. Se saísse do partido, sairia sozinho, abandonado inclusive por seus aliados mais próximos, como o senador Aloysio Nunes Ferreira.

Em torno da construção da candidatura de Aécio, FHC reassumiu o comando estratégico do PSDB, inclusive sobre o programa para 2014. Foi ele um dos primeiros a arquitetar a candidatura de Aécio e, agora, era o responsável por jogar a pá de cal sobre Serra.

Xeque! Cabe a Serra a próxima jogada

Enquanto isso, a pouco mais de um ano das eleições, Dilma tem uma dianteira de quase o triplo das intenções de voto em relação aos tucanos, que patinam na tentativa de sair da estaca zero.

Antonio Lassance é cientista político e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente opiniões do instituto.

Marina perdeu antes de o jogo começar?

12 de agosto de 2013

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Miguel do Rosário, via Tijolaço

A nota publicada no sábado, dia 10, na coluna de Ilimar Franco parece dar como favas contadas o fracasso do esforço de Marina Silva para criar seu partido. Segundo a nota, ela não conseguiu certificar nem a metade das assinaturas necessárias e o prazo limite para fazê-lo se encerra semana que vem.

Marina Silva foi derrotada pelas regras da democracia, que exige do candidato pertencer a um partido. A ex-ministra tentou criar um partido às pressas para contornar a exigência. Pelo jeito, não conseguiu.

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FHC já admite que Aécio não tem condições de ser candidato

4 de junho de 2013
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A candidatura de Aécio está sendo fritada pelo tucanato paulista.

Segundo o jornalista Carlos Chagas, FHC comentou com importante prócer do PT que Aécio não vai fixar-se porque não tem estatura, continua pequeno.

Via Novojornal

Há 15 dias, o Novojornal noticiou “PSDB S/A. De partido político a empresa de sociedade anônima“, informando a maneira pouco ortodoxa que o senador Aécio Neves pretendia administrar o partido, descrevendo ainda à cilada que representava assumir a presidência nacional do PSDB, a interferência do denominado “Grupo Mineiro” e seu total despreparo para pleitear sua candidatura à Presidência da República em 2014.

Talvez porque Minas Gerais seja hoje um Estado com sua imprensa sitiada, a mídia nacional pouco ou quase nada soubesse sobre Aécio Neves e o denominado “Grupo Mineiro”. Porém, não foi necessário muito tempo para que o conhecimento ocorresse.

Enquanto em Minas Gerais a imprensa regional continua nada escrevendo a este respeito, no restante do País a denominada grande imprensa já admite abertamente a falta de condições da candidatura do senador e presidente nacional do PSDB Aécio Neves à Presidência da República.

Neste sentido, o jornalista Carlos Chagas escreveu na Tribuna da Imprensa de domingo, dia 2:

Deve cuidar-se o senador Aécio Neves. Quem assistiu esta semana o programa de propaganda partidária gratuita do PSDB e pertence ao bloco dos ingênuos terá desligado sua televisão impressionado com a unidade e a euforia dos tucanos.

O novo presidente do partido, ainda que sem ter sua candidatura presidencial alardeada pelos colegas paulistas, surgiu como o aglutinador do partido, o D’Artagnan dos mosqueteiros José Serra, Geraldo Alckmin e Fernando Henrique.

Nas telinhas, tudo pareceu encaminhar-se para a sagração posterior de Aécio como candidato. Ledo engano. Athos, Portus e Aramis rejeitam o ex-governador mineiro. José Serra é candidatíssimo. Geraldo Alckmin trabalha com a hipótese de disputar o Palácio do Planalto, oferecendo a Serra a candidatura a governador de São Paulo. E Fernando Henrique, tido como incentivador de Aécio, ainda há dias comentava com importante prócer do PT que o senador não vai mesmo fixar-se porque não tem estatura, continua pequeno…

A força dos paulistas é grande no ninho. A estratégia deles parece deixar que Aécio Neves apareça como candidato por conta própria e sabotá-lo mais ou menos como quem come mingau: pelas bordas.

Deixar que ele percorra o País, como já prometeu mais de uma vez, mas sem respaldá-lo, até que no começo do ano que vem possam constrangidamente concluir que ele não emplacou e melhor seria concorrer ao governo de Minas, aguardando tempos presidenciais mais promissores.

É claro que de ingênuo o senador não tem nada. Conhece em detalhes a artimanha de seus companheiros e, mais ainda, a personalidade de cada um deles, que começou a acompanhar desde os tempos do avô, Tancredo Neves, que abominava Fernando Henrique, não confiava em Serra e desconhecia Alckmin.

O importante para Aécio é evitar a impressão de uma guerra entre paulistas e mineiros, até porque, de seu lado da fronteira, conta apenas com os índios, sem nenhum cacique de peso.

Conseguiu eleger-se presidente do PSDB, ainda que hoje já desconfie de haver caído numa armadilha. Sabe da importância de tornar-se conhecido, mais do que já é, bem como da necessidade de cautela em seu confronto com os três mosqueteiros.

O ideal seria dividi-los. Imprescindível também se torna buscar alianças, como com o governador Eduardo Campos, o candidato ideal para seu companheiro de chapa. Sem esquecer Sérgio Cabral.

Em suma, a escalada é íngreme e a montanha, escarpada, para Aécio Neves. Vitoriosa, porém, sua fixação como candidato deixaria clara a impossibilidade de os tucanos paulistas voarem alto.

O jornalista Janio de Freitas da Folha de S.Paulo também no domingo, dia 2, escreveu:

Haja paciência

Até a eleição presidencial, faltam 16 meses. Mas, forçada pelos jornais e por dois aspirantes à disputa, a intensidade do assunto faz parecer que estamos no ano que vem. Não é novidade. É, talvez, apenas exagero da precipitação habitual, entre outras deformações que se tornam exageradas demais no jornalismo de uma política muito medíocre.

Aguentar mais 16 meses desse funk é uma ideia aterradora, se já agora fica difícil suportar as caras diárias de Aécio Neves e Eduardo Campos nos jornais. Ainda bem que, no Brasil, a justiça tarda, mas não chega. O que chega, até sob a forma de sentença, é a vingança. O nosso tédio será vingado.

Eduardo Campos já adotou o sistema senta/levanta. Faz uma aparição e some um período. Não está forçado a isso por discordâncias levantadas contra sua candidatura no seu PSB, as quais não se aplacarão só porque o governador de Pernambuco fique um tanto mais no governo onde deve estar.

A investida da exposição pessoal de Eduardo Campos em grande parte do País, com ênfase no Sudeste e no Sul, não lhe rendeu politicamente nada. Além disso, o périplo acentuou a evidência de sua contradição, ao mesmo tempo integrante da “base governista” e pré-candidato de oposição a Dilma. E para isso Eduardo Campos não teve resposta aceitável, frustrada a expectativa de explorar um divórcio que Dilma não quis efetivar.

A pausa para meditação, com aparições que apenas marquem presença, tanto indica que Eduardo Campos deu a partida com antecipação e modo errados, como aponta para a necessidade de trabalho agora redobrado. Inclusive, para tentar a correção do problema que criou no seu partido, com o excesso de personalismo.

A meta inicial de Aécio Neves é a mesma de Eduardo Campos: fazer-se conhecido. Ainda não decorreu tempo suficiente para aferir-se o resultado de seu célere tour pelo País. Deu, sim, para uma dúvida e uma constatação. Aécio Neves, tendo iniciado tão cedo sua campanha e com tanta intensidade, será capaz de sustentá-la, com o necessário crescendo, por mais 16 meses? É muito improvável, nem suas características pessoais combinam com tamanha exigência.

A constatação decorre de suas falas. Aécio utiliza-se de referências frequentes a Tancredo Neves, na busca de uma identificação familiar com extensão ao destino político. Tancredo, porém, em todas as circunstâncias de sua vida política, caracterizou-se por só falar quando teve o que dizer. E o pré-candidato Aécio Neves só tem falado o que não precisa dizer, porque vazio de interesse ou banal como crítica.

Eduardo Campos leva sobre Aécio Neves, porém, uma vantagem significativa: pode dar as costas a José Serra sem maior risco.

A respeito da fuga de lideranças do PSDB a imprensa nacional noticia:

“Deixou sequelas entre tucanos o estilo ‘trator’ do senador Aécio Neves (MG), para viabilizar sua candidatura a presidente. Se ele não tratar melhor uma das estrelas do PSDB, senador Álvaro Dias, por exemplo, o paranaense vai acabar aceitando um dos convites de outros partidos.

Preterido por Aécio para permanecer na liderança do PSDB, Dias tem feito falta à oposição quase inexistente no Congresso Nacional. Ele ainda sonha em disputar o governo paranaense contra o tucano Beto Richa, que é também seu desafeto.

O senador Álvaro Dias (PSDB/PR) pode estar deixando o ninho tucano. Ele tem convite de outros partidos, como o PV, e sonha com a disputa do governo do Paraná em 2014, contra Beto Richa, seu desafeto, que é do PSDB. Em sua coluna deste sábado, Cláudio Humberto aborda os dilemas do senador.

O Partido Verde cogitou lançar a candidatura do senador Álvaro Dias (PR) à Presidência da República, quando Fernando Gabeira parecia hesitar sobre esse projeto. Mas o político do PSDB, apesar de honrado com a possibilidade, ainda não vê motivos para deixar seu partido”.

Como se não bastasse todo clima desfavorável, novo desespero tomou conta da campanha de Aécio após pesquisa do Instituto Vox Populi apontando que a população considera o governo FHC pior do que as administrações petistas em todos os aspectos: na gestão da economia e da educação, no combate à corrupção e mesmo na luta contra a inflação; a despeito disso, Aécio está convencido de que não faz mais sentido esconder o ex-presidente do eleitor em 2014.

Eis alguns pontos:

● na geração de empregos, 7% dos entrevistados disseram que FHC atuou melhor, enquanto 75% responderam que Lula e Dilma o superaram;

● na habitação, 3% para FHC e 75% para Lula e Dilma;

● nos programas para erradicar a pobreza, 4% ficaram com FHC e 73% com os petistas;

● na educação, FHC foi defendido por 5% e Lula e Dilma por 63%;

● na política econômica, em geral, FHC foi avaliado como melhor por 8% e os petistas por 71% dos entrevistados;

● no controle da inflação, FHC teve seu melhor resultado: 10% acharam que foi melhor que os sucessores, mas 65% responderam que Lula e Dilma é que agiram ou agem melhor;

● no combate à corrupção, FHC teria atuado melhor que seus sucessores para 8%, enquanto 48% dos entrevistados afirmaram que Lula e Dilma foram-lhe superiores.

Os dados são eloquentes e revelam que o eleitor ainda guarda uma boa memória sobre o governo FHC. Aécio, no entanto, tem ouvido economistas que fizeram parte de seu governo, como Armínio Fraga e Pedro Malan, e tem feito questão de valorizar seu legado, como fez no programa do Ratinho, quando disse que FHC é o verdadeiro pai do Bolsa Família.

Depois de perder duas eleições escondendo FHC, os tucanos mudaram de estratégia. Mas falta ainda convencer o eleitor de que essa é uma boa estratégia.


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