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A ideologia dos brasileiros, segundo a Folha

22 de outubro de 2013

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Miguel do Rosário, via Tijolaço

“No Brasil, há uma quantidade bem maior de eleitores identificados com valores de direita do que de esquerda. O primeiro grupo reúne 49% da população, enquanto os esquerdistas são 30%.”

Assim tem início reportagem da Folha publicada há alguns dias, comentado o resultado de uma pesquisa do Datafolha (clique aqui) sobre o perfil ideológico dos brasileiros. Purowishful thinking, o que em bom português significa auto-enganação ou tomar seus próprios desejos por realidade.

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É evidente que os resultados são polêmicos e urge que as universidades intervenham nesse debate, oferecendo parâmetros mais consistentes do que os usados pelo Datafolha. O instituto admite que está usando o paradigma norte-americano, do Instituto Pew, o que é, obviamente, questionável.

No caso do Brasil, os números do Datafolha apresentam inúmeras contradições. Os eleitores de esquerda, em sua maioria (56%), são eleitores de Dilma, segundo o instituto. O mesmo Datafolha, em outra pesquisa divulgada semana passada, informa que é na esquerda que Dilma obtém os melhores índices de aprovação (47% de ótimo/bom).

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Ainda segundo o mesmo Datafolha, o PT é o partido, de longe, preferido pelos brasileiros que admitem alguma preferência partidária: 18% dos entrevistados preferem o PT, contra 6% PSDB, e 0% DEM.

Me parece claro que os parâmetros usados para definir o “direitismo” dos brasileiros são um tanto artificiais. O artificialismo ganha ares de farsa quando aplicados indistintamente a diferentes classes sociais e a pessoas com níveis de instrução muito distintos.

As questões oferecidas na pesquisa foram as seguintes:

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A distorção é gritante, para dar só um exemplo, na pergunta: “Acreditar em Deus torna as pessoas melhores”. Segundo o parâmetro do Datafolha, quem responde sim é de direita, quem responde não, é de esquerda. Isso não tem sentido. Eu mesmo, que me considero de esquerda, poderia responder sim a esta pergunta, após uma tarde relendo Espinoza, para quem Deus é um princípio filosófico fundamental, ligado à própria vontade humana.

Revendo os detalhes da pesquisa, na verdade, eu chegaria a conclusão oposta: a grande maioria dos brasileiros é de esquerda. Veja essa pergunta:

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68% dos entrevistados apoiam a vinda de trabalhadores pobres de outros países e Estados, contra apenas 25% que acham isso um problema. Isso é uma posição de esquerda.

Além disso, o questionário oferece respostas binárias que, além de não alcançar a complexidade dos temas, sequer estabelecem uma polarização coerente. Por exemplo, a pergunta sobre sindicatos:

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47% de apoio aos sindicatos é um índice fenomenal. Quanto aos 48% que acham que sindicatos “servem mais para fazer política”, temos uma confusão semântica na própria pergunta. Por acaso, “fazer política” é negativo? Considerando que o sindicato é o único meio pelo qual um trabalhador tem chances de conquistar uma posição política, não tem sentido considerar “fazer política” uma coisa negativa.

Para mim, o melhor critério para se identificar a preferência do eleitor é o voto. Primeiro porque é universal. Não são 2.000 pessoas entrevistadas, mas 150 milhões de eleitores. Segundo porque não implica em abstrações filosóficas ou morais altamente complexas. Nesse sentido, a polarização nas últimas eleições tem sido saudável e cristalina como água: a maioria dos brasileiros votou na esquerda.

Roberto Azevêdo vai comandar a OMC. Para desespero de alguns “brasileiros”

7 de maio de 2013

OMC_Roberto_Azevedo01Apesar da torcida contra dos grandes meios de comunicação – estes que recebem milhões e milhões em publicidade da Secom do governo federal – representante brasileiro foi eleito para comandar a Organização Mundial do Comércio.

Via De Brasília

Antes de mais nada, a eleição de Roberto Azevêdo (foto) é o reconhecimento mundial do acerto que o Brasil fez na condução de sua política externa desde a chegada de Lula e do PT ao Governo em janeiro de 2003. Em lugar da postura de subserviência e repugnante submissão, emergiu um País ativo nos fóruns internacionais, com forte presença em todos os momentos – jamais se omitindo a dizer qual a sua posição.

As viúvas de FHC – e que são sempre entrevistadas pelos meios de comunicação no Brasil – jamais aceitaram que em lugar de alguém se prostrando de quatro – numa cena venal e vexatória que passou pela retirada dos sapatos para entrar na América do Norte – estivesse um país que impôs a si próprio a condição de interlocutor e de protagonista.

Foi interessante observar nos últimos dias a indisfarçável alegria com que os jornaleções, que hoje espalham sua imundície em portais da internet, davam conta de deserções na contabilidade brasileira. Chegaram ao ponto de considerar “perda” a negativa do Paraguai em apoiar o candidato brasileiro – numa clara demonstração de “secação”.

Quando ontem [6/5] a União Europeia divulgou que votaria em bloco no candidato mexicano, mais dócil aos interesses dos ianques (eu me nego a chamar os moradores de lá de riba de “americanos”, porque eu também sou americano), o portal UOL praticamente decretou a derrotado do brasileiro – e fez isso com incontida alegria.

Algumas repercussões interessantes:

● A eleição do embaixador brasileiro Roberto de Carvalho de Azevêdo, de 55 anos, para diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), representa a confiança da comunidade internacional no Brasil, diz a especialista em comércio exterior Marília Castañon Pena Valle, ex-coordenadora-geral do Departamento de Defesa Comercial, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). [Agência Brasil]

● A eleição do embaixador brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo, de 55 anos, para o cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) representa que há uma “ordem internacional em transformação”, segundo o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota. Para ele, significa que os países em desenvolvimento e pobres avançam em suas conquistas. O chanceler disse hoje [7/5] que a vitória de Azevêdo se deve a uma campanha intensa, que mobilizou o governo e ganhou apoio em todos os continentes. [Agência Brasil]

● A presidenta Dilma Rousseff parabenizou hoje [7/5] o embaixador Roberto Carvalho de Azevêdo pela eleição para diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). O brasileiro disputou com o mexicano Hermínio Blanco, e assume o cargo no dia 31 de agosto, substituindo o francês Pascal Lamy.

Dilma telefonou para Azevêdo por volta das 15h, segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, e manifestou a satisfação pela escolha do brasileiro para liderar a OMC em um momento no qual o mundo se recupera da crise financeira de 2008.

“Ainda sofrendo os efeitos da crise mundial iniciada em 2008, caberá à OMC nos próximos anos dar um novo, equilibrado e vigoroso impulso ao comércio mundial, fundamental para que a economia global entre em um novo período de crescimento e justiça social”, diz a nota assinada pela presidenta. [Agência Brasil]

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Segundo estudo internacional, PIB chega a aumentar 50% em certas regiões brasileiras

28 de dezembro de 2012

Grafico_Subindo02Via Correio do Brasil

Apesar dos altos investimentos em publicidade e comunicação com a imprensa, São Paulo perdeu o protagonismo por “falta de visão e iniciativa política”

A economia brasileira é um exemplo de descentralização para os demais países do mundo, nos últimos anos, segundo constata uma pesquisa da Brookings Institution, com sede em Washington. Segundo o estudo “o Produto Interno Bruto (PIB) per capita cresceu pelo menos 33% em todas as 13 regiões metropolitanas, mas em quatro – Grande Vitória, Recife, Curitiba e Baixada Santista – a expansão superou os 50%”. De acordo com o pesquisador sênior da instituição, Jill Wilson, os dados comparam a situação do Brasil entre 1990 e 2012. Wilson acrescenta que, apesar das mudanças dos últimos anos, a economia brasileira ainda é altamente concentrada no litoral.

“Apenas duas regiões [Manaus e Brasília] não estão na costa”, observa. Segundo o pesquisador, o Brasil alcançou, definitivamente, o status de potência econômica mundial. “Ao longo das últimas três décadas, uma série de líderes políticos adotou medidas para estabilizar o país e fundar as bases para uma economia nova e dinâmica”, disse.

Mas nem tudo está resolvido, acrescenta o pesquisador. Ele percebe que o País ainda precisa avançar, sobretudo, quanto ao PIB per capita. “A maioria das regiões metropolitanas brasileiras tem uma renda per capita inferior à das regiões metropolitanas de países desenvolvidos, com exceção de Brasília”, assinala.

Para o especialista, os dados comparativos precisam de uma análise mais cuidadosa. “O PIB per capita da região metropolitana de São Paulo, por exemplo, é próximo ao de Portugal e supera o da região metropolitana do Porto. No entanto, equivale a apenas três quartos do PIB per capita de Lisboa”, compara.

Com base no estudo, Wilson aponta dois pontos importantes. O primeiro é que a pesquisa confirma a perda de espaço da indústria de manufatura na economia brasileira.

“A participação desse segmento no PIB nacional caiu de 20% em 1990 para 16% em 2012”, afirma, após observar que segmentos como agricultura, mineração, hotéis, serviços financeiros e serviços de informação ganharam mais espaço.

Outro ponto, segundo o pesquisador, refere-se aos movimentos migratórios e imigratórios. Como indicativo, ele cita a Baixada Santista, onde a fatia da População Economicamente Ativa (PEA) que nasceu fora do Estado de São Paulo passou de 14% em 1990 para 25% em 2012. A região é uma das mais promissoras do ponto de vista econômico devido às descobertas do pré-sal. Já a região metropolitana de Belo Horizonte reduziu, no mesmo período, a participação dos não nascidos em Minas Gerais na PEA: de 14% para 5,8%.

Wilson também observa que na Grande Vitória houve o registro da maior taxa de emigração no censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): ao todo, 5,7 em cada mil habitantes deixaram a localidade. Ele lembra, ainda, que 30% desses emigrantes foram para Portugal, outros 30% para os Estados Unidos e 13% se mudaram para a Itália.

De acordo com o estudo, o Brasil concentra 13 das 300 principais regiões metropolitanas do mundo, segundo a Brookings Institution, uma entidade sem fins lucrativos com sede em Washington cuja missão é a realização de pesquisas independentes. O estudo, apoiado pelo banco norte-americano JP Morgan Chase, foi produzido para os investidores, que precisam tomar suas decisões ao abrir ou ampliar negócios no País.

Povo confia mais em Dilma do que no STF, na mídia e no Congresso

28 de dezembro de 2012
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Dilma, com aprovação de 73%, tem 19 pontos a mais que o STF, que ganhou holofotes graças ao “mensalão”. (Foto: Roberto Stuckert Filho)

Pesquisa Ibope mostra que quase metade dos brasileiros não confia nos ministros do Supremo, e que 65% não depositam confiança no trabalho do Legislativo.

Via Rede Brasil Atual

Pesquisa do Ibope divulgada na segunda-feira, dia 24, mostra que praticamente a metade dos brasileiros não confia no Supremo Tribunal Federal (STF) e 65% não depositam confiança no trabalho do Congresso. Os dois poderes envolvidos em um bate-boca político neste fim de ano mostram-se menos confiáveis aos olhos da população que a presidenta Dilma Rousseff, que em pesquisa divulgada no começo de dezembro obteve taxa de 73%.

Segundo dados publicados pelo jornal O Estado de S.Paulo, o índice de 54% obtido pelo STF fica bem abaixo da instituição mais confiável, o Corpo de Bombeiros, com 83%; e está nove pontos atrás da Presidência da República como um todo, que recebe voto de confiança de 63% dos entrevistados.

Esta foi a primeira vez que a sondagem mediu o índice de confiança no Supremo, que ocupou toda sua agenda do segundo semestre com o julgamento da Ação Penal 470, o chamado “mensalão”. Nas últimas semanas, os magistrados acirraram o clima com o Legislativo ao definir pela cassação de mandato dos deputados condenados pelo caso – segundo a Constituição, apenas os próprios parlamentares podem definir este tipo de questão. Entre junho e dezembro, o respaldo ao trabalho do Judiciário como um todo foi de 53% para 47%.

Os que mais confiam no trabalho dos ministros do STF são os mais ricos (60%), os moradores das regiões Norte e Centro-oeste (60%) e os que têm mais de 50 anos de idade (56%).

Em meio a pequenas variações no geral, a pesquisa do Ibope mostra que os brasileiros têm confiado cada vez menos nos meios de comunicação. Em quatro anos, o índice de aprovação do trabalho da imprensa em geral recuou de 71% para 60% – abaixo, portanto, do Planalto.

O Congresso, que despertava a confiança de 36% dos entrevistados em junho, foi agora a 35%, próximo do índice obtido pelos partidos políticos. Ambos figuram atrás da polícia, com 40%, e do sistema eleitoral, com 54%.

Serra está fora da briga pelo Oscar

21 de dezembro de 2012

Serra_Palhaco01O filme O Palhaço está fora da disputa. Amour e Intocáveis seguem favoritos na categoria de melhor estrangeiro.

Marcelo Hessel, via Omelete

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas reduziu para nove longas-metragens aquela primeira lista de 71 pré-candidatos ao Oscar 2013 de Melhor Filme Estrangeiro. E o brasileiro O Palhaço ficou de fora, assim como o italiano César Deve Morrer, vencedor do Festival de Berlim, e o sul-coreano Pietá, Leão de Ouro em Veneza.

Sobraram no páreo:

ÁustriaAmour, de Michael Haneke

CanadáRebelle, de Kim Nguyen

ChileNo, de Pablo Larraín

DinamarcaEn kongelig affære, de Nikolaj Arcel

FrançaIntocáveis, de Olivier Nakache e Eric Toledano

IslândiaDjúpið, de Baltasar Kormákur

NoruegaKon-Tiki, de Joachim Rønning e Espen Sandberg

RomêniaDupa dealuri, de Cristian Mungiu

SuíçaL’enfant d’en haut, de Ursula Meier

Desses nove, agora sobrarão apenas cinco. Os indicados serão anunciados em 10 de janeiro. A premiação, diferente dos últimos anos, quando era entregue um mês após a abertura da votação, agora acontecerá em 24 de fevereiro.

Seth MacFarlane, o criador de Uma Família da Pesada e American Dad, será o apresentador da cerimônia.

Crescimento da renda coloca brasileiros entre os mais satisfeitos do mundo

19 de dezembro de 2012

JN_Logo_NaoO País está em 16º lugar entre os 147 países pesquisados.

Via Portal R7

As famílias brasileiras se declaram altamente satisfeitas com a queda na desigualdade e no aumento de renda deste ano.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em outubro, em uma escala de 0 a 10, os brasileiros dão, em média, nota 7,1 para suas vidas.

Esse nível colocaria o país em 16º lugar entre 147 países pesquisados no Gallup World Poll, que apontava uma felicidade média de 6,8 no Brasil em 2010.

O bem-estar percebido em 2012 pode encontrar razões na PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que registra desemprego nos menores níveis da série iniciada em 2002 e rendas crescendo bem mais que o PIB per capita.

A renda individual média da população de 15 a 60 anos de idade sobe 4,89% de 2011 para 2012, contra taxa média de 4,35% ao ano entre 2003 e 2012.

Já a desigualdade de renda domiciliar per capita cai em 2012, segundo a PME, a uma velocidade 40,5% maior que a observada de 2003 a 2011 na PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), também do IBGE.

As rendas que mais crescem são as dos mais pobres e as de grupos tradicionalmente excluídos, como mulheres, negros e analfabetos.

Mais dinheiro no bolso talvez traga alguma felicidade. A nota média de satisfação com a vida de quem recebe mais de 10 salários mínimos é 8,4, contra 6,5 de quem vive apenas com o mínimo e 3,7 dos sem renda.

Por outro lado, nem tudo é dinheiro. Embora pobre, a região mais feliz do país é o Nordeste, com nota média de 7,38. Se fosse um país, o Nordeste estaria em 9º lugar no ranking global, entre a Finlândia e a Bélgica.

As médias das demais regiões são 7,37 no Centro-Oeste, 7,2 no Sul, 7,13 no Norte e 6,68 no Sudeste.


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