Posts Tagged ‘Aumento’

Ah, meu Rio $urreal

31 de janeiro de 2014

Rio_Surreal01

Salvador Dalí reina na moeda que circula na cidade.

Edgard Catoira, via CartaCapital

Tudo no Rio, a meu ver, sempre foi surreal, no ótimo sentido do estilo: o cenário deslumbrante da cidade, o caminhar das garotas na praia, a alegria dos botequins, e por aí vai.

Do ponto de vista negativo, os tempos trouxeram o tráfico invariavelmente truculento, balas perdidas, violência em qualquer lugar, além de políticos corruptos que fazem obras monumentais de acordo com as verbas que têm para gastar e encher os bolsos – deles e das empreiteiras amigas – deputados, e vereadores que também levam algum aprovando o que o Executivo propõe. E o povo que se ferre também com os conchavos entre poder público e privado, como o setor do transporte público. Um caos!

Neste momento, a fase é de grandes lucros para a classe política, graças aos grandes eventos internacionais que o Rio vem abrigando. Só que com o exemplo emanado pelos dirigentes da cidade, o comércio e os serviços também resolveram levar uma grana extra. Um maço de cigarros, tabelado em 6,25 reais, num quiosque do calçadão da Avenida Atlântica, custa 10 reais. O coco já está custando a bagatela de 6 reais. Bares e restaurantes, e não estou me referindo aos tradicionalmente caros e luxuosos, mas daqueles que sempre frequentamos, estão com cardápios proibitivos.

O carioca, claro, criou nome para essa nova moeda local – $urreal.

De acordo com minha pesquisa pessoal, só as lojas de roupas não estão usando a nova moeda. Aliás, para refazer o caixa, estão em liquidação em pleno verão.

Mas não podemos esquecer que os turistas estão chegando e têm que desembolsar seus $urreais em acomodações: as diárias dos hotéis estão com preço na estratosfera. Apartamentos ou quartos, para os menos exigentes, estão em aluguéis, incluindo aqui os imóveis de favelas. O $urreal não está explorando o turismo, está explorando o turista.

Claro que quem frequenta habitualmente as praias está levando suas garrafinhas de água, latinhas de cerveja e cangas para se acomodarem na areia, já que até as cadeiras oferecidas pelas barracas de praia estão também com preços proibitivos.

Todos estão mais espertos, tentando pagar ainda com o Real.

No Facebook, a página criada pelas jornalistas Daniela Name e Andréa Cals, com layout do designer Flávio Soares, a “Rio $urreal – não pague” está fazendo grande sucesso! “Se Vira no Rio”, “Não pago preço absurdo” e “Boicote Rio” são postagens que chamam a atenção de como está a revolta geral contra os preços. Também fazem sucesso nas redes sociais as notas do $urreal, criadas pela designer Patrícia Kalil. Elas são semelhantes às do Real onde, no lugar das garças e garoupas da moeda oficial, fica a imagem do pintor surrealista Salvador Dalí.

As dicas postadas na rede social Rio $urreal, em forma de piada ou de bronca, estão repercutindo muito bem e já fazem os fornecedores reverem seus preços. Um exemplo é o coco, que já pode ser pago em Real, apesar de ainda caros R$5,00.

Quando contei ao jornalista – e crítico amigo – Murilo Rocha que eu não paguei 10 $urreais num quiosque por um maço de cigarros, mas o tabelado do outro lado da Avenida Atlântica, ele, divertido, me mandou seu divertido conselho:

“Antes de reclamar dos preços nos órgãos de defesa do consumidor, lembre-se do mais importante: você mesmo. Não dá tanto trabalho, basta, ao entrar na, digamos, casa de pasto, ao consultar o cardápio, faça-o da direita para a esquerda. Ou seja, veja primeiro a coluna que interessa, que é a dos preços. Então, basta ligar o nome à pessoa, e, em caso de decepção, levantar-se e cair fora, sem constrangimentos. Se o garçom fizer a gentileza de perguntar o porquê da saída extemporânea, não perca a oportunidade: Sofro de vertigens e me senti mal quando olhei os preços”.

E Murilo Rocha continua, lembrando que virou moda falar do Custo Brasil, o peso que a absurda carga tributária e os encargos em geral colocam sobre os preços. Verdade, mas há, também, o Custo Ganância, instrumento que o comerciante utiliza frequentemente, com base na filosofia dele mesmo, de que talvez não haja amanhã neste mundo. Afinal, nunca tivemos terremotos devastadores nem tsunamis de arrasar tudo, mas… nunca se sabe, não é? E o Brasil, como país exótico que é, onde as leis de economia já nascem caducas, sempre teve por regra contrariar o princípio do comércio que manda ganhar pouco sobre muito. Nossos comerciantes querem mesmo é ganhar muito sobre pouco. Como se não houvesse amanhã…

Mudando os hábitos, quando ouvir: “Meu bem, onde nós NÃO vamos comer hoje?”. Saiba que essa é para quem curte o luxo e o requinte de comer em corredor de shopping.

Faço minhas as palavras de Murilo Rocha. E lanço meu grito de ordem: “Abaixo o $urreal.”

Haddad não pode, mas Alckmin cria 17 novas taxas e aumenta outras em até 233%

7 de janeiro de 2014
Alckmin_Caneta01

O governador e sua caneta nervosa.

Via Plantão Brasil

A bancada do Partido dos Trabalhadores declarou seu voto contrário ao PL 916/13, de iniciativa do governador, que dispõe sobre o tratamento tributário relativo às taxas no âmbito do Poder Executivo Estadual.

O projeto, enviado no final de 2013 à Assembleia Legislativa e aprovado às pressas com apoio da base governista, cria dez novos serviços na Secretaria de Segurança Pública que serão cobrados. Entre eles estão a licença para queima de fogos ou espetáculo pirotécnico e emissão de certificado de registro de carro de passeio blindado. Isso significará aumento de 195% nas taxas da Segurança Pública no Orçamento de 2014.

No Detran também serão criados 17 novos serviços que incidirão taxas. Outros serviços já taxados do órgão terão aumento muito acima da inflação, como é o caso da estada de automóveis no pátio de recolhimento com aumento previsto de 29,09% e o reboque com elevação de 30,82%. No caso de veículos pesados, o aumento das taxas chega a ser abusivo: para recolhimento aumento de 233,64% e reboque, 213,82%.

Os serviços de emplacamento têm taxas que podem chegar a 133% de elevação. Somente com as novas taxas de emplacamento que o governador Alckmin pretende criar, o Estado arrecadaria R$336 milhões a mais por ano.

O aumento das taxas no caso da estada dos pátios de recolhimento está diretamente ligado a Parceria Pública Privada (PPP) do Pátio Veicular Integral, onde o governo do Estado dá como garantia ao concessionário a utilização dos recursos provenientes das taxas de estada e de remoção.

Em seu voto contrário, a bancada do PT enfatiza que a receita de taxas cresceu 29% de 2010 até 2013, alcançando o valor de R$4,3 bilhões.

Para o líder da bancada do PT, deputado Luiz Cláudio Marcolino, o governo paulista vem aumentando a carga tributária frente ao PIB paulista. Em 2005, a carga tributária representava 7,85% do PIB paulista e, em 2012, chegou a 8,3%. O PIB paulista alcança mais de R$1,3 trilhão e esta elevação representa em valores quase R$6 bilhões. Os investimentos estranhamente caem nos últimos anos, ficando abaixo de 1%. Boa parte desta elevação se deve à substituição tributária e a elevação das taxas fará com que a carga tributária paulista cresça ainda mais.

“Esta elevação de pelo menos R$354 milhões por ano penaliza o cidadão paulista e se mostra abusiva, visto que as taxas já são atualizadas anualmente pelo IPC da Fipe e tiveram crescimento expressivos, chegando em alguns casos a 133%. Deste modo, a bancada do PT se coloca frontalmente contra o mérito do referido projeto”, declarou Marcolino.

Ministros do STF começam ano com aumento de salário, que agora é de R$29.462,25

7 de janeiro de 2014

STF05_Plenario

André Richter, via Agência Brasil

De acordo com uma portaria publicada na sexta-feira, dia 3, no Diário da Justiça, desde o dia 1º de janeiro, o salário dos 11 ministros do STF passou de R$28.059,29 para R$29.462,25, um reajuste de cerca de 4,9%.

O aumento provocou efeito cascata nos subsídios dos demais membros da magistratura, como juízes e desembargadores dos tribunais federais e estaduais. O salário dos ministros do STF é o teto constitucional, valor máximo pago aos servidores públicos, e serve de parâmetro para o cálculo dos vencimentos dos demais magistrados do país.

A elevação está previsto na Lei nº 12.771, de 28 de dezembro de 2012, que definiu o valor dos vencimentos dos ministros até 2015, quando os membros do STF terão um novo reajuste. A partir de 1º de janeiro do ano que vem, o salário será R$30.935,36. Conforme a norma, a partir de 2016, os salários serão fixados pelo próprio STF, por meio de projeto de lei, com base na previsão orçamentária, e em comparação com os ganhos dos demais servidores públicos.

De acordo com a folha de pagamento disponibilizada pelo STF, o salário líquido de um ministro da Corte, com descontos de imposto de renda e outras deduções legais, varia entre R$18 mil e R$20 mil.

Em dezembro, com o pagamento de férias aos ministros, o valor líquido ficou entre R$23 mil e R$28 mil. No mês passado, por exemplo, o presidente da Corte, Joaquim Barbosa, recebeu R$40.498,91 de salário bruto, mas ficou com R$26.298,24. O ministro Celso de Mello, membro mais antigo da Corte, recebeu R$40.498,91, mas, com os descontos, recebeu R$23.363,75. Luís Roberto Barroso, ministro mais novo na Corte, recebeu R$37.412,39 de salário bruto e R$26.130,33, com descontos.

Joaquim Barbosa teria coragem de barrar o aumento de imposto do prefeito de Nova Iorque?

3 de janeiro de 2014
EUA_Nova_Iorque_Bill_de_Blasio03

O prefeito nova-iorquino Blasio com sua família.

Nova Iorque vai cobrar o cafezinho sabotado em São Paulo

Novo prefeito de Nova Iorque, Bill de Blasio, prometeu taxar os endinheirados à razão de um cafezinho com leite no Starbucks por dia (US$3,00) para melhorar a vida dos pobres.

Saul Leblon, via Carta Maior

Endinheirados nativos adoram elogiar os ares cosmopolitas de Nova Iorque – embora se sintam espiritualmente melhor em Miami.

A mídia irradia preferências semelhantes.

O democrata Bill de Blasio, recém-empossado prefeito de Nova Iorque, ganha espaços e confetes por aqui pela ecumênica trajetória pessoal. Blasio, um progressista à esquerda de Obama e cuja eleição teve o apoio do Partido da Família Trabalhadora, que se autodefine como uma espécie de PT dos EUA, é casado com uma poetiza negra.

Chirlane não escondeu na campanha a adesão ao lesbianismo nos anos 70.

A cerimônia de casamento entre ela e Blasio foi oficiada por pastores gays.

Filhos afrodescendentes, Dante e Chiara, fizeram do candidato, que apoiou a causa sandinista na juventude e escolheu a América Latina como objeto de estudo acadêmico, um símbolo de afirmação dos valores multirraciais.

A cabeleira black power exuberante de Dante tornou-se uma espécie de certificado de garantia dos compromissos progressistas do pai.

O conjunto galvanizou a Nova Iorque. Formada por 26% de latinos e 25% de negros, a metrópole de 8,7 milhões de habitantes está cindida em duas cidades pela linha da desigualdade.

Blasio prometeu acabar com o conto dickensiano de um povo repartido em dois pelo dinheiro e o urbanismo excludente.

Artistas de seriados famosos trabalharam com afinco para arrastar votos de um pedaço da classe média branca e dar a esse projeto o apoio esmagador de 73% do eleitorado.

Não é pouca coisa.

Desde 1993, a população de Nova Iorque não entregava a prefeitura a um democrata.

Temas como o mergulho de Blasio no alcoolismo – após o suicídio do pai –, ademais de vídeos da filha discutindo abertamente a questão das drogas, reforçaram o apelo contemporâneo da candidatura.

Mas não só.

Tido como bom administrador, seu antecessor, o bilionário Bloomberg, provou que é possível ser eficiente na gestão sem alterar o apartheid de uma metrópole.

Há cinco anos ele se alarga em Nova Iorque e em toda a sociedade norte-americana mergulhada na pior crise do capitalismo desde 1929.

A relação da Forbes de 2013, que atualiza o ranking dos 400 norte-americanos mais ricos do país, ilustra a expansão do fosso. A riqueza total dos “400” aumentou quase 20% sobre 2012.

Passou de US$1,7 trilhão para US$2,02 trilhões em dezembro último. Equivale ao valor do PIB da Rússia.

Estamos falando de apenas 400 cidadãos e uma fortuna equiparável à oitava economia do globo, ou 15% do PIB dos EUA. Mas a coisa é pior que isso.

Em 2012, pela primeira vez desde 1917, os 10% mais ricos passaram a abocanhar mais da metade de toda a renda norte-americana (50,4%, segundo pesquisa feita pela Universidade de Berkeley).

Só há dois precedentes históricos no gênero: antes da Depressão de 1929; e antes da falência do Lehman Brothers, em 2007, gatilho da presente crise mundial.

A política de injeção de liquidez de Obama – lapidada pelos interditos do Tea Party – paradoxalmente ajudou a consumar esse feito. A renda média nos EUA cresceu 6% no triênio finalizado em 2012.

Dentro dessa média, os ganhos do 1% mais rico aumentaram mais de 31% no período (recuperando assim quase completamente as perdas decorrentes da crise, da ordem de 35%). Os demais 99% tiveram um ganho de apenas 0,4% em três anos. Estão hoje 12% abaixo da soleira em que se encontravam antes do colapso neoliberal.

O Ocuppy Wall Street tinha razão.

Não surpreende que muitos de seus integrantes tenham se engajado na vitória a Blasio, que emerge assim como uma segunda aposta, mais à esquerda, depois do fiasco de Obama.

O cabelo black power de Dante deu confiabilidade a quem batia forte na tirania do 1% sobre os 99%. Mas Blasio não foi eleito apenas pela fiança familiar.

Para investir em escolas e serviços destinados aos subúrbios – que empobreceram adicionalmente desde 2007, ele a prometeu elevar o imposto sobre os ricos que lucraram com a crise.

Quem ganha entre US$500 mil e US$1 milhão pagará um adicional em taxas municipais de US$973,00 por ano em sua gestão. Significa menos que US$3,00 por dia – “um cafezinho com leite no Starbucks”, alfinetou o novo prefeito.

Não há como não enxergar nessa aritmética um espelho do que se passa na São Paulo dirigida pelo prefeito Fernando Haddad. Financiar a tarifa congelada dos ônibus na capital, modernizar o transporte coletivo com 150 quilômetros de corredores exclusivos (as faixas já passam de 290 quilômetros) e investir em educação e saúde exigiriam um aumento do IPTU com atualização de valores venais defasados pela supervalorizados nos últimos anos.

Aqui como lá, os ricos arcariam com a maior fatia do adicional arrecadado: 1/3 dos moradores mais pobres não pagariam nada, conforme a proposta original de Haddad. Os demais, em média, contribuiriam com um adicional de R$15,00 ao mês: R$0,50 ao dia.

Para somar o preço de um café com leite no Starbucks em São Paulo (R$3,90 no Shopping Eldorado, na capital), seriam necessários quase o equivalente a oito dias de IPTU.

O prefeito Haddad foi ao STF solicitar apoio a uma contribuição 12 vezes inferior a de Nova Iorque, vetada aqui pelo matrimônio de interesses que uniu a Fiesp, a mídia, endinheirados, senhorios e o PSDB.

Ao contrário da cumplicidade selada entre afrodescendentes e Blasio, Haddad encontrou na Suprema Corte alguém que age e pensa aqui como aqueles que, em passado sombrio, destinaram a seus semelhantes a senzala e a chibata. E depois delas, as periferias conflagradas das grandes metrópoles.

Cerca de R$100 milhões arrecadados com o novo IPTU iriam financiar a construção de creches nos bairros mais pobres de São Paulo, onde 150 mil crianças aguardam na fila.

Continuarão a aguardar enquanto os endinheirados, seus ventríloquos e serviçais tomam seu cafezinho no Starbucks.

***

Leia também:

Sete fatos que você precisa saber sobre o novo prefeito de Nova Iorque

Bolsa Família é o modelo para programa que atende 5 mil famílias em Nova Iorque

Paulo Moreira Leite: O lado político da judicialização

Gasolina sobe R$0,05 na refinaria. Vamos ver quanto custará na bomba

1 de dezembro de 2013

Gasolina_Aumento01

Fernando Brito, via Tijolaco

Afinal, o tão especulado reajuste dos preços do combustível saiu. E a Petrobras vai, de novo, levar a culpa por uma aumento de preços que vai para todo mundo, muito mais do que para ela. Porque, de verdade, a Petrobras recebe apenas, em média, 36% do preço pago pelo consumidor que abastece seu carro.

Os governos estaduais levam, sem produzir nem uma gota de nada, 28% de ICMS. O etanol misturado à gasolina fica com 12%; 8% são PIS e Cofins, únicos impostos federais, já que foi zerada a alíquota da Cide, a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico. E os 16% restantes ficam para cobrir custos e margem de lucro de distribuidores e revendedores.

Os 4% de reajuste anunciados na sexta-feira, dia 29, representam R$0,05 por litro. Um oitavo da diferença do preço da gasolina cobrado num posto da Avenida Brasil, no Rio, a R$2,80, para um posto junto à Lagoa Rodrigo de Freitas, onde custa R$3,20.

Mas, na hora de reajustar, vocês vão ver se o preço vai subir R$0,05, ou R$0,07, como deveria ser contando a alíquota de imposto.

Está mais do que na hora da Petrobras fazer uma campanha de esclarecimento para mostrar quem ganha o que no preço da gasolina.

Acho bacana os anúncios das tartarugas que ela salva no Projeto Tamar, mas seria bom investir também no esclarecimento do pessoal que fica achando que ela é a vilã do preço da gasolina. E a nossa imprensa, que fez tanta campanha para que as notas fiscais passem a discriminar o valor do imposto, bem que podia fazer uma tornando obrigatório colocar no postos a discriminação dos preços que compõem o valor final do combustível.

Garanto que vai ter muita gente desejando a volta do tabelamento governamental. Afinal, a transparência deve valer para todos.

Preço da gasolina está perto de empatar com dólar mais baixo. E os “aumentistas” piram

21 de outubro de 2013

Gasolina_Bomba01Fernando Brito, via Tijolaço

Uma reportagem do Valor de quinta-feira, dia 17, mostra como é perigoso, em matéria de petróleo, fazer raciocínios simplórios e imediatistas. A Petrobras, vocês se recordam, ia “quebrar” por conta da defasagem entre os preços internacionais da gasolina e do diesel, na casa dos 30%.

Agora, eles admitem que essa defasagem caiu para 9%. Talvez menos, porque o preço internacional do petróleo teve ligeira queda, em torno de 4%, nos últimos dias.

Não é lúcido tentar negar o óbvio, pois é evidente que o preço da gasolina – ao menos nas refinarias – está contido, embora o “mercado livre” pratique diferenças de preço que chegam a mais de 15% entre os preços nas bombas.

Mas é evidente que as forças políticas que, através da imprensa, clamavam por “reajuste já” visavam o desgaste político não apenas do governo Dilma quanto, sobretudo, a própria Petrobras, justo no momento em que ela será, como nunca antes, a ferramenta do país na apropriação para o Brasil da maior reserva de petróleo do pré-sal.

O reajuste, quando vier, virá na hora e no tamanho certo para ser absorvido, sem danos, política e economicamente, embora os “aumentistas”, aí, preparem uma nova temporada de “o mundo vai acabar”.

Da mesma forma, acreditem, vai seguir o leilão de Libra. A greve dos petroleiros, algo delicado, porque envolve a segurança das operações de extração e refino de petróleo, deve ser vista com serenidade, sem atropelos.

Depois do leilão do Campo de Libra, na segunda-feira, dia 21, os contras, por ingenuidade e desconfiança, vão ver que a mídia vai falar muito em “fracasso” do leilão”. Fracasso, para eles, claro, é a Petrobras ganhar.


%d blogueiros gostam disto: