
Ligações seguras: Alquéres exalta ainda a cooperação entre a Alstom e autoridades paulistas. Cita o governador Geraldo Alckmin e o então prefeito eleito José Serra.
Investigações mostram que o lobista acusado de intermediar propinas da Siemens no escândalo do Metrô também operou para a Alstom
Alan Rodrigues, Pedro Marcondes de Moura e Sérgio Pardellas, via IstoÉ
A cada passo que damos nas investigações sobre o cartel, nos deparamos com o mesmo personagem: Arthur Teixeira.” A frase dita por um integrante do Ministério Público encontra eco entre colegas da Procuradoria da República e da Polícia Federal envolvidos na apuração dos crimes cometidos pela máfia formada por empresas de transporte sobre trilhos para vencer e superfaturar licitações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e do Metrô paulista. Os investigadores do caso estão convencidos de que o lobista Arthur Teixeira é uma das peças-chaves neste esquema criminoso que se perpetuou durante sucessivos governos do PSDB em São Paulo. Ele une duas qualidades que, segundo as apurações, tornam seus préstimos concorridos e recomendados. Teixeira circula com desenvoltura no tucanato paulista e em gabinetes das estatais e ainda é dono de uma sofisticada engrenagem financeira de intermediação de propinas. Em momentos distintos, tanto a Siemens como a Alstom – as duas principais empresas do cartel – recorreram aos seus serviços para vencerem certames com o governo paulista.

O “consultor” Arthur Teixeira também é investigado por pagar propinas para outras empresas do cartel.
Documentos enviados há duas semanas pelo MP suíço para autoridades brasileiras deixam clara a importância de Teixeira na obtenção dos contratos superfaturados. Entre eles, há um e-mail revelador com o título “Uma estratégia vencedora para oportunidades de curto prazo para o Setor de Transporte do Estado de São Paulo”. A mensagem foi enviada em novembro de 2004 pelo então presidente da Alstom no Brasil, José Luiz Alquéres, a executivos da matriz na França. “Assim como em muitas outras negociações, nós temos sido auxiliados pelo consultor Arthur Teixeira, da Procint”, escreveu Alquéres. Ele destacou, entre aspas, que a eficiência de Teixeira revelou-se “tanto em bom quanto em mau tempo”. O então dirigente da Alstom também expõe o cenário da operação da empresa em contratos na área de transporte com o governo. “Sofremos duas grandes derrotas nas licitações públicas, as primeiras em muitos anos”, comenta. Ele, no entanto, salienta a “longa história de cooperação” da Alstom com as autoridades do Estado de São Paulo. “O novo prefeito recém-eleito (José Serra) participa das negociações que nos permitem reabrir a Mafersa como a Alstom Lapa, assim como o atual governador (Geraldo Alckmin)”, narra Alquéres. Na mensagem, o executivo diz acreditar no sucesso em quatro licitações da CPTM e do Metrô que ocorreriam, em breve, e que representariam “um total de 250 MEUR (milhões de euros)”. Para obter êxito nelas, recomenda a “utilização da expertise” do lobista Arthur Teixeira nesses projetos. Na semana passada, Alquéres alegou que os serviços contratados foram lícitos e que se alguém fez pagamentos de propina que “arque com as consequências perante a Justiça”.
Como ISTOÉ mostrou em julho, Arthur Teixeira também operou para outras companhias do cartel dos trilhos. Ele é citado por um ex-dirigente da Siemens em uma carta enviada ao ombudsman da empresa em 2008. Nela, o executivo revela que para viabilizar o contrato da CPTM Linha G, que passou a ser a linha 5 do Metrô paulista, “cada empresa tinha sua própria forma de pagar a propina ao pessoal do PSDB e à diretoria da CPTM”. A Alstom e a Siemens se utilizaram das empresas de consultoria, relata, de Arthur Teixeira e do seu irmão Sérgio Teixeira, morto em 2011.
O esquema usado por Arthur Teixeira para intermediar os acordos envolve diversos países. As companhias do cartel contratam a offshore uruguaia Gantown Consulting S/A ou a brasileira Procint – de sua propriedade – para serviços oferecendo porcentagens em contratos da CPTM e do Metrô paulista a serem licitados. Os valores são creditados, mas o trabalho realizado na prática é outro. Por meio de suas contas bancárias, como a 524374 Rockhouse, no banco Credit Suisse em Genebra, Arthur Teixeira realiza o pagamento de suborno a autoridades do governo paulista. Foi por essa engrenagem, por exemplo, que ele efetuou um depósito de US$103,5 mil na conta Milmar em 27 de abril de 2000. O beneficiário foi João Roberto Zaniboni, diretor de operações da CPTM entre 1999 e 2003 (gestões dos tucanos Mário Covas e Geraldo Alckmin).
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