Via UOL em 31/8/2020
Uma reportagem do programa “RJ2”, da TV Globo, expôs hoje [31/8] um esquema da prefeitura do Rio de Janeiro para evitar que a população denuncie problemas na área da Saúde.
Um grupo no WhatsApp chamado “guardiões do Crivella”, composto por funcionários da prefeitura, faz plantões na porta dos hospitais municipais para impedir a comunicação entre imprensa e pacientes. Um dos participantes informou à TV Globo que o próprio prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) está no grupo e parabeniza a ação dos funcionários.
De acordo com a reportagem, o grupo tem uma escala rígida de horários – chegam às unidades de madrugada e mandam selfies para registrar onde estão. Na quinta-feira [27/8], o grupo responsável por “guardar” o Hospital Rocha Faria, na Zona Oeste, se atrasou, e o repórter Ben-Hur Correia conversou com os pacientes do local sobre a demora no atendimento, que no dia chegou a até cinco horas. No grupo, houve repreensão:
“Quem está no Rocha? Gente, muito triste, não derrubamos a matéria (…) Não pode haver falta, nem atraso. Falhamos no Rocha Faria. Inaceitável”, escreveu um membro do grupo identificado como ML.
Hoje pela manhã, no Hospital Salgado Filho, no Méier, o repórter Paulo Renato Soares entrevistava uma pessoa quando um dos participantes do grupo interveio: “Fala isso não, meu querido”.
O entrevistado questionou: “Como, perdi um dedo, não posso falar?”
Questionado pelo repórter, o funcionário público afirmou: “O hospital está tudo certinho, meu querido. O prefeito está trabalhando correto e bem”.
À TV Globo, a prefeitura diz que “reforçou o atendimento em unidades de saúde municipais no sentido de melhor informar à população e evitar riscos à saúde pública, como, por exemplo, quando uma parte da imprensa veiculou que um hospital (no caso, o Albert Schweitzer) estava fechado, mas a unidade estava aberta para atendimento a quem precisava. A Prefeitura destaca que uma falsa informação pode levar pessoas necessitadas a não buscarem o tratamento onde ele é oferecido, causando riscos à saúde”.
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“GUARDIÕES DO CRIVELLA” SAEM EM DEBANDADA DO WHATSAPP APÓS SEREM EXPOSTOS
Lido no DCM em 1º/9/2020
Um dos grupos dos “Guardiões do Crivella” sofreu uma debandada nas últimas horas. Na segunda-feira [3/8], o RJ2, o Jornal Nacional e o Jornal da Globo mostraram um esquema com funcionários comissionados da Prefeitura do Rio – com salários de até R$10 mil – para atrapalhar o trabalho da imprensa.
Os assessores cumpriam escala na porta de hospitais municipais e, tão logo percebiam que equipes de reportagem entravam ao vivo com algum tema que os contrariassem, interrompiam a reportagem – às vezes aos gritos. Ao longo da noite de segunda e da madrugada de terça [1º/9], vários desses comissionados saíram do grupo do WhatsApp onde eram estabelecidas as escalas de trabalho e onde eram postadas comprovações das intervenções.
Marcos Paulo de Oliveira Luciano, o ML – que aparece nas conversas dando ordens – ainda alertou os participantes do grupo. “Gente, não é para sair do grupo, nunca houve nada errado aqui”, disse ML. A organização tem escalas diárias, horários rígidos e ameaças de demissão.
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