Bolsonaro diz que jornalistas têm mais chances de morrer de covid: “Bundão”

Bolsonaro entre os dois bundões Alexandre Garcia e Heraldo Pereira.

Via UOL em 24/8/2020

Um dia depois de dizer a um repórter que desejava “encher a boca” dele de “porrada”, Jair Bolsonaro (sem partido) voltou hoje a fazer um ataque à imprensa e afirmou que, se contaminados pela covid-19, jornalistas têm menos chances de sobreviver do que ele, o presidente da República.

O governante fez a comparação depois de lembrar que, em março, discursou em rede nacional minimizando a gravidade da pandemia do coronavírus. À época, ele afirmou que não corria riscos devido ao seu “histórico de atleta” e chamou a doença de “gripezinha”.

Ontem [23/8], o Brasil chegou a 114.772 mortos por covid-19, de acordo com o levantamento feito pelo consórcio de veículos de comunicação do qual o UOL faz parte.

“Sempre fui atleta das Forças Armadas. Aquela história de atleta, né, que pessoal da imprensa vai para o deboche”, reclamou hoje o presidente. “Mas quando pega num bundão de vocês (da imprensa) a chance de sobreviver é bem menor. Só sabe fazer maldade, usar a caneta com maldade, em grande parte. Tem exceções, né, como aqui o (jornalista) Alexandre Garcia”, completou, referindo-se ao comentarista da CNN Brasil, que esteve presente na solenidade.

Bolsonaro também voltou a justificar o uso do termo “gripezinha” no discurso e alegou, assim como já o fez em outras oportunidades, que sua intenção era ironizar a fala de um vídeo antigo do médico e escritor Drauzio Varella. “Depois eu fui atrás”, disse.

O evento realizado hoje por Bolsonaro foi batizado “Brasil vencendo a covid” e contou com médicos que discursaram em favor da hidroxicloroquina e da cloroquina, substâncias da quais o presidente é entusiasta, ainda que não haja comprovação científica de eficácia no combate à covid-19.

Ataque a jornalista
O ataque de Bolsonaro a um repórter do jornal O Globo ocorreu ontem durante visita à Catedral de Brasília. A ira do governante se deu porque ele foi questionado sobre os depósitos feitos pelo policial militar Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos/RJ), na conta bancária da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

“Presidente, por que a sua esposa recebeu R$89 mil do Fabrício Queiroz?”, perguntou o jornalista.

Bolsonaro então reagiu: “Minha vontade é encher tua boca com uma porrada, tá”. Sem responder à pergunta, emendou: “Seu safado”.

O jornal O Globo repudiou a atitude do presidente e afirmou que “tal intimidação mostra que Jair Bolsonaro desconsidera o dever de qualquer servidor público, não importa o cargo, de prestar contas à população”. Entidades jornalísticas e políticos da oposição também criticaram a postura do presidente da República. A imprensa internacional também destacou o episódio.

Em outras ocasiões, ao falar com jornalistas, o presidente já havia apelado para comentários homofóbicos, xingamentos, gestos obscenos, mandou repórteres mulheres “calarem a boca” e encerrou com rispidez entrevistas coletivas. Apenas nos primeiros seis meses do ano, foram 53 agressões verbais contra jornalistas, segundo a ONG RSF (Repórteres sem Fronteiras).

Na semana passada, o Ministério da Justiça intimou o colunista da Folha de S.Paulo Hélio Schwartsman a depor em inquérito da Polícia Federal aberto para investigá-lo.

O inquérito foi aberto com base na Lei de Segurança Nacional, para investigar o texto de opinião “Por que torço para que Bolsonaro morra”, assinado por Schwartsman e publicado em julho, depois que o presidente anunciou que havia contraído o novo coronavírus. Em nota, à época, a Folha afirmou que “o colunista emitiu uma opinião; pode-se criticá-la, mas não investigá-la”.

REDES SOCIAIS

Os comentários sem assinatura não serão publicados.

Faça o login usando um destes métodos para comentar:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s


%d blogueiros gostam disto: