FACHIN DE NOVO
Moisés Mendes em 4/8/2020
A homologação e a divulgação da delação de Antônio Palocci contra Lula, sem provas, a poucos dias da eleição de 2018, configuraram algumas das atitudes mais criminosas de Sérgio Moro na Lava-Jato.
A 2ª turma do Supremo decidiu hoje [3/8] que a delação contra Lula não tem valor algum no processo que apura se foi propina a doação da Odebrecht do terreno para a construção do Instituto Lula (a doação da sede do instituto de Fernando Henrique pelas empreiteiras nunca esteve sob suspeita).
A delação agora anulada foi divulgada seis dias antes do 1º turno da eleição de 2018, quando Moro já estava com a vida encaminhada como futuro ministro de Bolsonaro.
Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski disseram que Moro tentou criar um fato político e por isso a delação não vale nada.
Mendes observou que Palocci fez o acordo e Moro esperou três meses para só então homologar a delação e depois divulgá-la para os amigos da imprensa perto da eleição.
Impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa, Lula foi substituído por Haddad.
E quem discordou dos outros dois ministros na votação? Sim, ele mesmo, Edson Fachin. Cármen Lúcia e Celso de Mello não participaram da votação.
E o que vai acontecer com Sérgio Moro? Está a caminho do fim como justiceiro no desfecho, até setembro, do processo de suspeição, que terá o voto decisivo do ministro Celso de Mello.
Aguardemos.
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JORNAL NACIONAL ESCONDE CRÍTICAS MAIS DURAS DO STF A SÉRGIO MORO E LÊ NOTA DO EX-JUIZ
Lewandoski disse que Moro influenciou eleição de 2018 e “violou sistema acusatório”, enquanto Mendes apontou prática de “irreparável ilicitude”; os dois trechos não apareceram no telejornal.
Via Revista Fórum em 4/8/2020
O Jornal Nacional, da TV Globo, de terça-feira [4/8], minimizou às críticas feita pelos ministros da 2ª turma do Supremo Tribunal Federal ao reconhecer quebra de imparcialidade por parte do ex-juiz federal Sérgio Moro em processo contra o ex-presidente Lula.
“A 2ª turma do Supremo Tribunal Federal atendeu a um pedido da defesa do ex-presidente Lula e retirou a delação do ex-ministro Antônio Palocci de uma ação contra ele na Lava-Jato”, disse o apresentador William Bonner na abertura da matéria.
Na reportagem, conduzida por Marcos Losekann, o telejornal deu mais destaque à posição do relator Edson Fachin, que foi derrotado na 2ª turma, e às acusações contra Lula do que às considerações dos ministros Ricardo Lewandoski e Gilmar Mendes, que acataram o habeas corpus da defesa e criticaram Moro. O termo habeas corpus, inclusive, não foi mencionado.
Os trechos mais fortes das falas dos ministros também foram omitidos. O telejornal destacou as declarações de que houve “inequívoca quebra de imparcialidade” e que Moro tentou criar “fato político”.
Além dos trechos exibidos pelo JN, Lewandoski apontou que Moro influenciou resultado das eleições de 2018 e “violou o sistema acusatório”. Mendes ainda afirmou que “não deixam dúvidas de que o ato judicial encontra-se acoimado de grave e irreparável ilicitude”.
O telejornal ainda leu uma nota de Moro ao fim da reportagem. A defesa de Lula, vitoriosa na ação, não teve o mesmo direito.
Confira aqui o voto de Lewandoski na íntegra, obtido pela ConJur.
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