Governo Bolsonaro promove “uma economia que mata”, diz carta de bispos católicos

Via Brasil 247 em 26/7/2020

Uma carta dura com críticas ao governo de Jair Bolsonaro foi assinada por 152 bispos, arcebispos e bispos eméritos do Brasil, informa a jornalista Mônica Bergamo.

Intitulado “Carta ao povo de Deus”, o documento afirma que o Brasil atravessa um dos momentos mais difíceis de sua história, vivendo uma “tempestade perfeita”, que combinaria uma crise sem precedentes na saúde e um “avassalador colapso na economia” com a tensão sofre “fundamentos da República, provocada em grande medida pelo presidente da República [Jair Bolsonaro] e outros setores da sociedade, resultando numa profunda crise política e de governança”.

“Analisando o cenário político, sem paixões, percebemos claramente a incapacidade e inabilidade do Governo Federal em enfrentar essas crises”, diz ainda o documento.

O texto também faz críticas diretas ao sistema neoliberal e às reformas praticadas pela equipe econômica de Paulo Guedes. De acordo com os líderes da Igreja Católica, os resultados das reformas feitas pelo governo “pioraram a vida dos pobres, desprotegeram vulneráveis, liberaram o uso de agrotóxicos antes proibidos, afrouxaram o controle de desmatamentos e, por isso, não favoreceram o bem comum e a paz social”.

“É insustentável uma economia que insiste no neoliberalismo, que privilegia o monopólio de pequenos grupos poderosos em detrimento da grande maioria da população”, defendem.

Para eles, o “sistema do atual governo” não coloca no centro a pessoa humana e o bem de todos, “mas a defesa intransigente dos interesses de uma economia que mata, centrada no mercado e no lucro a qualquer preço”.

A carta seria tornada pública na quarta-feira [22/7], mas teve sua divulgação suspensa para ser analisada pelo conselho da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil). Há um receio entre os signatários de que o setor conservador do órgão impeça a divulgação.

Abaixo a íntegra da carta da Comissão Arns.

Carta ao povo de Deus
A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns torna público seu veemente repúdio pela existência de uma ação secreta por parte de agentes do Estado contra funcionários públicos e acadêmicos que se manifestam como antifascistas e em defesa da Constituição. Essa lista de pessoas monitoradas lembra em tudo, e por tudo, inclusive em número, a lista de pessoas “indesejáveis” divulgada dias após a eleição de 2018 por eleitores do candidato vitorioso, em nítido tom de ameaça, pelo fato de proclamarem em pronunciamentos e subscrição de manifestos suas convicções democráticas.

O que não se poderia imaginar, nem admitir, se confirmadas as notícias hoje divulgadas, era que o próprio ministro da Justiça, sem nenhum pudor, patrocinasse ação de vigilância e de intimidação, com dossiês, fotografias e tudo mais, com dinheiro público, contra servidores do Estado e professores como Paulo Sérgio Pinheiro, Luiz Eduardo Soares e Ricardo Balestreri, a pretexto de serem antifascistas.

O professor Paulo Sérgio Pinheiro é, para nosso orgulho, membro fundador e primeiro presidente da Comissão Arns, primeiro presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP, ex-secretário Nacional de Direitos Humanos, ex-coordenador da Comissão Nacional da Verdade, ex-comissionado da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Relator da ONU para a situação de Direitos Humanos na Síria, entre outras credenciais nacionais e internacionais que o colocam entre os grandes nomes da história dos direitos humanos.

Exigimos que o ministro da Justiça venha a público explicar-se sobre a notícia, desmentindo-a se falsa, estando vedada a utilização do argumento do “sigilo”, mecanismo legal para proteção da democracia e da sociedade, não podendo acobertar ações insidiosas contra o Estado de Direito e os que o defendem.

Comissão Arns

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