Bolsonaro, de macho-man à síndrome do coitadinho

Enquanto isso, a pandemia se alastra e o general que comanda o Ministério da Saúde continua seguindo ordens cegamente, sem mapear o covid, sem estimular o isolamento. E a recuperação da economia vai se tornando cada vez mais distante.

Luis Nassif em 23/7/2020

Ontem [22/7], Jair Bolsonaro retomou o ritual de conversar com seus fanáticos, um grupo pequeno amontoada na porta, com algumas senhoras gritando “lindo”.

Na conversa, declarou que seu governo alcançou o que o PT jamais conseguira anteriormente: a aprovação do Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica). Obviamente não ocorreu a ninguém questioná-lo, lembrar que o Fundeb foi criado no governo do PT, que na sua gestão o ex-Ministro Abraham Weintraub jamais se preocupou com o tema e, agora, o ministro da Economia Paulo Guedes tentou desviar recursos para outros fins. Até o momento em que percebeu que perderia a votação, sua bancada votava contra e, na votação final, respondeu por todos os votos contrários à sua aprovação.

A anomia do governo é tamanha que o general Luiz Ramos seguiu a máxima da Primeira Guerra: se tiver que fugir da raia, afaste-se de costas para passar a impressão de que continua de frente. Deixou o barco da negação do Fundeb tão rapidamente que sua bancada não foi avisada a tempo.

Ninguém perguntou, mas Bolsonaro se antecipou. Disse que não estava filiado a nenhum partido, logo não poderiam dizer que os votos contrários fossem de seu partido. E jogou a pobre deputada Bia Kicis ao mar.

A bazófia da “gripezinha” foi substituída por cuidados estritos com a saúde, médicos que tiram sua pressão duas vezes por dia, ministram hdroxicocloroquina, medem sua pressão. Se teve ou não coronavírus, vai-se saber. Quem mente sobre algo público – a criação do Fundeb – não mentiria sobre fato restrito (os resultados dos seus exames)? A imagem do justiceiro, do macho-man está sendo substituída pela do homem perseguido, uma transmutação destinada a inspirar pena.

Enquanto isto, a pandemia se alastra, e o general que comanda o Ministério da Saúde continua seguindo ordens cegamente, sem mapear o covid, sem estimular o isolamento. E a recuperação da economia vai se tornando cada vez mais distante.

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