Via Brasil 247 em 15/7/2020
A força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba vem demonstrando preocupação com a possibilidade de que a retomada da negociação em torno de uma delação premiada do advogado Rodrigo Tacla Duran resulte em uma operação de “busca e apreensão desmoralizante” contra o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro. Uma ação desta natureza colocaria por terra o discurso de imparcialidade adotado pela operação, além de representar o fim das pretensões políticas de Moro em disputar as eleições presidenciais de 2022.
Segundo reportagem do jornal Valor Econômico, a avaliação dos procuradores é que a retomada das negociações por novos depoimentos de Tacla Duran seja utilizada politicamente pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, para minar a credibilidade da operação e turbinar o capital político de Jair Bolsonaro, que visa a reeleição.
As tratativas entre a PGR e Tacla Duran para um acordo de delação premiada foram retomadas em junho. Ele acusa o também advogado Carlos Zucolotto, padrinho de casamento de Sérgio Moro, de agir como intermediário de negociações paralelas, envolvendo supostos pagamentos de propinas entre delatores e investigadores da Operação Lava-Jato.
A proposta de delação de Tacla Duran, que era operador financeiro da empreiteira Odebrecht no exterior, foi rejeitada pela Lava-Jato em 2016.
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COM MEDO, LAVA-JATO EM CURITIBA JÁ VÊ “OUTRO INTERCEPT” NO AVANÇO DA PGR
Um dos procuradores falou em off que espera que a imagem da operação fique comprometida com as três frentes de ação da PGR.
Via Jornal GGN em 15/7/2020
Ficou impresso no Valor de quarta-feira [15/7] o receio da Lava-Jato em Curitiba com o que poderá acontecer, sobretudo com a reputação da força-tarefa e de Sérgio Moro, a partir da atuação da Procuradoria Geral da República sob Augusto Aras, que garantiu na Justiça o acesso aos dados usados nas investigações.
Para a equipe da Lava-Jato em Curitiba, Aras abriu três frentes com potencial de minar a imagem de Moro e dos procuradores. Por isso, eles já acusam “interesse político” na investigação da PGR.
Segundo o Valor, “[…] a força-tarefa teme que Aras possa usar os dados que serão repassados – mais de 100 terabytes de informações – contra os procuradores, para questionar as investigações realizadas e colocar em xeque o legado da Lava-Jato.”
A delação de Rodrigo Tacla Duran – que acusou o amigo de Moro, Carlos Zucolotto, de cobrar propina para ajudar na Lava-Jato – “pode ter como objetivo a realização de uma busca e apreensão desmoralizante’ contra Moro, para manchar a sua imagem de símbolo ao combate à corrupção”, disse um dos procuradores ao Valor, em caráter reservado.
“Por fim, a força-tarefa também vê com ressalvas a ideia de Aras de criar uma Unidade Nacional de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Unac), para substituir a Lava-Jato.”
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