Cristiano Zanin: Lula foi prisioneiro dos Estados Unidos em solo brasileiro

Via Brasil 247 em 2/7/2020

Cristiano Zanin, advogado de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou em participação no programa Bom Dia 247 de quinta-feira [2/7] que as provas apresentadas na defesa do ex-presidente, somadas às novas revelações da Vaza-Jato de interferência estadunidense na operação Lava-Jato evidenciam “uma responsabilidade direta dos EUA pelo fato de Lula ter sido condenado injustamente, ilegalmente e ter sido colocado por 580 dias na prisão”. Ele “foi vítima de uma perseguição”, afirmou.

Zanin disse que chegou a pedir ao ministério da Justiça informações a respeito dos diálogos entre os EUA e a Lava-Jato, mas até o momento, “todas as informações foram negadas”.

Cooperação que abalou a soberania brasileira
A Agência Pública e o The Intercept Brasil publicaram na quarta-feira [1º/7] novos diálogos vazados que mostram a intimidade entre a Polícia Federal e o FBI durante as investigações da operação conduzida formalmente por Deltan Dallagnol, então coordenador da operação. A reportagem também divulgou na quinta [2/7] os nomes de 13 agentes do FBI que atuaram na operação que abalou a soberania nacional. Confira os nomes aqui.

Zanin explicou como se deram as relações escusas envolvendo Polícia Federal e os agentes da justiça estadunidense. Segundo ele, a atuação sigilosa ocorreu através do “Foreign Corrupt Practices Act (FCPA) [Lei de Práticas de Corrupção no Exterior], uma lei antissuborno criada em 1977, nos EUA”.

“Em princípio era uma lei destinada a punir empresas norte-americanas que praticassem suborno no exterior. No entanto, esta lei se tornou uma poderosa arma para os EUA ampliarem sua jurisdição para outros países”, elucidou Zanin.

“Hoje, o FCPA é usado, por exemplo, para punir empresas brasileiras, mesmo aquelas que não tenham relação direta com os EUA. Basta um e-mail com um servidor norte-americano, ou uma reunião em solo norte-americano para se criar essa conexão, para se expandir a jurisdição norte-americana para o território estrangeiro”, acrescentou.

O advogado explicou que “tal tática foi largamente utilizada pela Lava-Jato” e que a “operação indicava empresas aos EUA que poderiam ser alcançadas pelo FCPA”. “Houve uma cooperação intensa com as autoridades norte-americanas. Essa cooperação foi informal, à margem da lei, fora dos canais oficiais”, alertou.

Ao longo da operação Lava-Jato, grandes empresas brasileiras, como Odebrecht e JBS, foram alvos e tiveram perdas de R$6,2 bilhões e R$3,5 bilhões, respectivamente.

“Hoje nós sabemos que, seja pelas provas que nós apresentamos, seja pelas revelações da Vaza-Jato, nunca existiu teoria da conspiração”, concluiu Zanin, referindo-se ao argumento utilizado várias vezes pelo ex-juiz da operação, Sérgio Moro, quando questionado sobre a interferência dos EUA nos rumos da operação.

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