PROCURADORES DE CURITIBA NEGAM FRAUDES E GRAMPOS ILEGAIS
Márcio Chaer, via Consultor Jurídico em 29/6/2020
Explorar a fome de justiça e a ignorância sempre foi a grande arte dos demagogos e dos oportunistas.
Foi o que fez um grupo de procuradores da República em Curitiba.
Para dar ares de grandiosidade e nobreza a um trabalho que deveria ser sério e discreto, eles se auto apelidaram “força-tarefa da Lava-Jato”.
Integram-na juízes, procuradores, policiais federais, auditores fiscais e jornalistas – mas só os procuradores lhe emprestam rosto.
Na onda da enganação, inventou-se que processos não deveriam ser identificados com números, mas com nomes.
Inquéritos, dentro dessa empulhação, foram rebatizados como “operações”.
Esse conjunto de engodos foi cultivado para envolver o grande público numa espécie de novela.
O truque da luta do bem contra o mal. Pura fantasia.
Em um press release apócrifo, divulgado no site da Procuradoria da República no Paraná, a auto apelidada “força-tarefa da Lava-Jato”, com sua arrogância e prepotência características, afirmou que notícia publicada nesta revista eletrônica é “fake news”.
Essa expressão em inglês ganhou força quando o Supremo Tribunal Federal abriu inquérito para investigar a origem das falsas notícias fabricadas pela “força-tarefa da Lava-Jato” com o objetivo de emparedar ministros do STF.
O sistema era simples, mas eficiente. Donos do monopólio das grandes notícias, os novos poderosos faziam barganhas com quem quisesse ganhar a manchete do dia.
O preço, módico, seria publicar falsas imputações contra ministros do Supremo e seus familiares.
Essa trapaça envolveu não só a difusão de suposições desonestas. Agentes públicos lotados na Polícia Federal e na Receita Federal fabricaram “documentos” supostamente comprometedores para intimidar os ministros que ousavam “desobedecer” às franquias da Lava-Jato. De fake news, logo se vê, entendem bastante.
Ao saber que estavam sendo investigados pela Procuradoria-Geral da República, o grupo resolveu sair do seu recente ostracismo. Atirando, naturalmente.
As pessoas que se construíram dizendo que ninguém está acima da lei, que tudo deve ser investigado e divulgado, repentinamente, mudaram de opinião.
Difamadores contumazes e linchadores, acusaram pessoas decentes sem provas.
Tanto nos autos quanto pelo Instagram e com ajuda de colaboracionistas que, por fim, elegeram a nova classe política brasileira.
Eles que enfrentem investigações e acusações com a humildade que exigiram das pessoas a quem acusaram.
Quem for investigar as ações desse grupo, poderá se espantar com ousadias como a de pedir quebra de sigilo de altas autoridades da República pelas partes menos conhecidas de seus nomes, mas com o CPF certeiro do alvo.
Talvez pessoas chamadas Rodrigo Felinto ou Davi Samuel Tobelem.
No release divulgado na segunda-feira [29/6], pessoa ou pessoas que se assinam como “força-tarefa” negam que tenham adquirido equipamentos de interceptação e organização de gravações telefônicas (Guardião), conforme este site publicou, com base em fontes fidedignas.
Negam também que tenham fraudado distribuição de processos em Curitiba.
O site mantém cada palavra do que publicou.
As investigações da Procuradoria-Geral da República, da Corregedoria do MPF e os processos em curso no Conselho Nacional do Ministério Público esclarecerão os fatos. No que pese a resistência de Curitiba, que se negou a compartilhar com a PGR os dados que, tão gentilmente, compartilhou com o governo dos Estados Unidos.
Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pela Lava-Jato:
“Diante da fake news divulgada no site ConJur em 26/6/2020, a força-tarefa de procuradores do Ministério Público Federal (MPF) no caso Lava-Jato informa que jamais adquiriu o equipamento/sistema Guardião ou qualquer outro equipamento de interceptação telefônica. Todas as interceptações telefônicas realizadas no caso Lava-Jato foram autorizadas por decisão judicial e efetivadas exclusivamente pela Polícia Federal.
Também são mentirosas uma série de afirmações feitas na matéria publicada, como a de que houve “distribuição de processos fraudadas”. Todas as distribuições dos processos da Lava-Jato em Curitiba são submetidas ao Poder Judiciário e são registradas eletronicamente por meio do sistema E-proc, da Justiça Federal, e do Sistema Único, do MPF.
A força-tarefa repudia a divulgação de informações evidentemente falsas pelo referido veículo.”
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