Quando o The Intercept desmascarou Moro, o cínico mais que interferiu, usou a PF para perseguir Glenn Greenwald.
Carlos Henrique Machado Freitas, via Antropofagista em 25/6/2020
Para começo de conversa, o principal legado da Lava-Jato, comandada e manipulada por Moro, foi a eleição de Bolsonaro. Tanto isso é verdade que Moro foi ministro da Justiça e Segurança Pública dessa barbárie.
Não dá para descolar nenhum desses personagens bandidos que formam o complexo do clã Bolsonaro, que vai de Adriano da Nóbrega a Queiroz, passando por Jair, Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro sem que Moro não esteja dentro do mesmo balaio.
Todos sabem que o combinado era a cabeça do Lula em troca do super ministério do vigarista de Curitiba.
Então, já começa daí a piada pronta de Moro posar, de forma requentada, de herói do combate à corrupção. Ele, enquanto ministro, deu toda a proteção que o clã precisou. E não foi por acaso que, pouco mais de um mês depois de sua saída do governo, Queiroz foi encontrado.
Sobre a tentativa de interferência de Bolsonaro na Polícia Federal, como acusou Moro, a piada do cínico fica ainda mais gigantesca.
A Vaza-Jato do Intercept já havia desmascarado o sujeito, mostrando que Moro manipulava toda a operação Lava-Jato através da força-tarefa, tendo como mordomo de estimação, Deltan Dallagnol e, como suporte de suas picaretagens, Carlos Fernando dos Santos Lima e Januário Paludo.
Moro determinava como lidar com a mídia para criar factoides e pressionar testemunhas, mesmo que não tivesse prova alguma de crime contra quem ele quisesse indiciar e, como se viu no caso de Fernando Henrique Cardoso, protegia aliados, como fez sem o menor constrangimento.
Não dá para enumerar aqui todas as vigarices jurídicas que Moro praticou na operação que estraçalharam com a economia brasileira, produzindo milhões de desempregados.
O Intercept de um tiro de canhão no cinismo do falso herói que não teve o mínimo pudor de usar a PF para tentar se vingar de todas as formas de Glenn Greenwald, virando a sua vida pelo avesso.
Se isso não é uma interferência criminosa do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, não se sabe o que é.
É lógico que os crimes de Moro não abonam os de Bolsonaro. A tentativa de usar a PF para travar investigações contra o clã, coisa que Moro fez a balde, enquanto esteve no governo, inclusive, pressionando o coitado do porteiro, não tem graça comentar.
O fato é que, se a lei no Brasil realmente fosse para todos, esse picareta já estaria atrás das grades bem antes de Queiroz.
Detalhe: o governo do qual ele acusa o presidente de tentar interferir na PF, é o mesmo que aceitaria permanecer como ministro se Bolsonaro revogasse a exoneração de Maurício Valeixo, como escancarou em mensagens trocadas com a deputada Carla Zambelli (PSL).
O que se vê entre Bolsonaro e Moro é uma guerra de vigaristas que rachou o bando que tomou de assalto o poder. O resto, é conversa mole pra gado dormir.
Qualquer bandido no Brasil é mais inocente que Moro.
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