Carlos Fernandes em 24/6/2020
Um bolsonarista é antes de tudo um hipócrita.
Simplesmente não existe um único mísero falso-moralismo de ocasião defendido por essa malta que resista à meia hora de provação factual.
Não importa qual seja o campo de estudo, um analista minimamente preparado sempre chegará à surpreendente conclusão que nessa regra universal simplesmente não existe exceção.
Na economia, liberais convictos como o Véio da Havan não resiste à uma boquinha do Estado. Na religião, não existe um “ungido de Deus” como Silas Malafaia que não esteja envolvido em crimes de estelionato e falcatruas financeiras. Na defesa da família, o próprio Jair Bolsonaro não perde um “recall” de esposa onde a mais velha é imediatamente trocada por uma, literalmente, modelo mais nova.
O padrão é absolutamente rigoroso.
E como realmente não existe exceção à regra, o modelo dialético pode ser até simplificado para que tomemos um só caso para tomarmos ciência do todo.
Vejamos o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub.
Revisionista nato do período da ditadura militar, não cansava de exaltar mantras dos tempos de chumbo como o tal “Brasil: ame-o ou deixe-o”.
Implacável caçador de “vagabundos”, se viu de tal forma enrolado na própria trama que não restou outra saída senão deixar o Brasil que, afinal, nem ama tanto assim, utilizando-se de uma “maruagem” digna de fugitivos internacionais.
Persona indesejável nos Estados Unidos para quem Donald Trump já havia determinado que brasileiros – “essa gente” no seu linguajar – não entraria em seu território para ir contaminá-los, utilizou-se de um passaporte diplomático que no fim das contas revelou-se, por uma pedalada retroativa no DOU, sem qualquer valor legal.
Sim, com uma ajudinha malandra do governo brasileiro, Abraham Weintraub, o honesto, burlou o Serviço de Imigração e Controle de Aduana norte-americano para entrar em território estrangeiro com credenciais que sabidamente não o autorizava a nenhuma missão oficial brasileira.
Em outras palavras, a atual estadia do agora ex-ministro nos Estados Unidos, pela forma como se deu, não pode ser descrita de outra forma como irremediavelmente ilegal.
E pensar que pouco tempo atrás Eduardo Bolsonaro, numa dessas romarias em que fez para lamber as botas de Trump, declarava abertamente que os brasileiros que se mantinham nos Estados Unidos de forma irregular representavam “uma vergonha para o Brasil”.
Se alguma coerência existisse nessa gente, seria assim, como uma verdadeira vergonha para o Brasil, que Dudu Bolsonaro definiria a atual condição de Weintraub nos USA.
Mas, como os fatos não deixam de nos mostrar, ser um bolsonarista é ser, antes de tudo, um hipócrita.
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