Mais um militar: Novo ministro da Educação vem da Marinha

Bolsonaro com o novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli. Divulgação.

Bernardo Mello Franco em 25/6/2020

O novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, vai engordar a cota de militares no primeiro escalão do governo.

Decotelli é oficial da reserva da Marinha, segundo currículo que ele apresentou no ano passado ao assumir o Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação.

O novo ministro foi professor da Escola de Guerra Naval. Mais tarde, ajudou a criar um MBA de Finanças no Ibmec com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Ao anunciar a escolha, o presidente Jair Bolsonaro só citou seus títulos civis: mestre pela Fundação Getulio Vargas, doutor pela Universidade de Rosário e pós-doutor pela Universidade de Wuppertal.

Decotelli será o 11º militar entre os ministros do governo, e o segundo representante da Marinha. Soma-se ao almirante Bento Albuquerque, titular de Minas e Energia.

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BOLSONARO ANUNCIA CARLOS DECOTELLI, EX-PRESIDENTE DO FNDE, PARA EDUCAÇÃO
Seu nome foi divulgado na quinta [25/6] nas redes sociais do presidente.
Via Folha em 25/6/2020

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou o ex-presidente do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) Carlos Decotelli, 67, para ser ministro da Educação.

Decotelli, oficial da reserva da Marinha, vai suceder Abraham Weintraub, que foi demitido da pasta na semana passada após uma série de desgastes com o STF (Supremo Tribunal Federal).

É o primeiro ministro negro do governo Bolsonaro e o terceiro ministro da Educação.

Ao anunciar sua escolha, Bolsonaro disse que o novo ministro é “bacharel em Ciências Econômicas pela UERJ, mestre pela FGV, doutor pela Universidade de Rosário, Argentina e pós-doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha”.

“Eu estava dando aula ontem, tive aula, e fiz hoje a reunião. Fui pego de surpresa”, disse Decotelli em entrevista à CNN Brasil, após a confirmação de seu nome.

“O que ele [Bolsonaro] pontuou foi, primeiro: fazer uma gestão voltada para a educação da sociedade brasileira, conforme o marco regulatório da educação. Em segundo lugar, fazer o melhor diálogo com as entidades representativas da educação – as universidades federais, os centros técnicos. Melhor diálogo também com entidades de classe. Todos aqueles que querem fazer o melhor pela educação brasileira”, completou.

O nome de Decotelli foi indicado pela cúpula militar, em uma sugestão dos almirantes do governo. Ele também contou com o apoio do ministro da Economia, Paulo Guedes, com quem atuou no passado no IBMEC (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais).

O almirante Flávio Rocha (Secretário de Assuntos Estratégicos) teve papel essencial na aproximação do novo ministro com o presidente.

Bolsonaro conversou nesta quinta com Decotelli e o convidou para o ministério. Foi escolhido em um contraponto à defesa do grupo ideológico por um nome olavista para a função que tivesse afinidade com Weintraub.

A expectativa do Planalto é de que ele distensione as relações do MEC com o Congresso e o Judiciário. Entre suas missões estão a realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e a aprovação da proposta sobre o Fundeb permanente.

Outra tarefa será conduzir o papel do MEC na reabertura das escolas fechadas com a pandemia do coronavírus. O tema tem sido uma prioridade de Bolsonaro.

O novo auxiliar atuou na equipe do presidente durante a transição de governo. Com a nomeação, ele será o 11º ministro militar do atual governo.

Decotelli é considerado de perfil conciliador e moderado por pessoas próximas. Ele comandou o FNDE de fevereiro de 2019 até agosto do ano passado.

A nomeação, nas palavras de auxiliares presidenciais, foi um aceno do presidente a um discurso de pacificação com os demais Poderes.

Desde a semana passada, após perder apoio nas redes sociais, Bolsonaro moderou o tom e começou a fazer gestos de aproximação ao Legislativo e ao Judiciário.

A pouca experiência política do novo ministro, contudo, é vista com ressalvas por deputados bolsonaristas. Segundo eles, Decotteli tem pouca interlocução, por exemplo, com a frente parlamentar da educação.

No meio educacional, é relativamente bem visto por não ser olavista, mas também criticado por não ter jogo de cintura no universo político, o que pode trazer dificuldades para além da burocracia do ministério.

Mais cedo, Bolsonaro comunicou Renato Feder, secretário de Educação do Paraná, de que ele estava fora do páreo na quinta-feira [25/6]. O secretário se reuniu ao menos duas vezes com o presidente.

Um dos motivos que levaram o secretário a desidratar na bolsa de apostas foi o fato de ele ter sido um dos doadores da campanha de João Dória (PSDB/SP) ao governo de São Paulo em 2018.

Além de Feder, outros nomes foram cogitados por Bolsonaro, que, no fim, optou por seguir a sugestão da ala militar.

Em sua live semanal, Bolsonaro afirmou que recebeu o nome de quatro “voluntários” para ocupar o cargo, mas que, entre Feder e Decotelli, optou pelo segundo por uma questão de idade e currículo.

“A opção acabou sendo pelo Carlos Alberto Decotelli, pela idade, tem um currículo mais extenso, mas também tantas virtudes quanto tem também, por outro lado, o garoto, o Renato, entre outros dois que se apresentaram também como candidatos a ser ministro da Educação. Foi uma escolha muito difícil porque todos os quatro tinham um currículo excepcional”, disse Bolsonaro.

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