Vânia Rodrigues, via PT na Câmara em 24/6/2020
O deputado Rogério Correia (PT/MG) criticou em sessão virtual, na quarta-feira [24/6], a “fuga” do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub. “Ele fugiu do Brasil, eu estou com uma pulga atrás da orelha. Fiquei encabulado com o fato de o Weintraub ter saído tão rápido e acobertado pelo próprio presidente da República. “Mas hoje começo a ter as respostas: o MEC liberou recursos para o Wassef, o ‘anjo’, o advogado do Bolsonaro”, afirmou o deputado. Ele se refere à matéria publicada pela Folha de S.Paulo que informa que o MEC, na gestão de Weintraub, liberou pagamentos do governo federal feitos à empresa ligada a Cristina Boner, sócia e ex-mulher de Frederick Wassef.
Segundo a reportagem, desde o ano passado, o MEC assinou novos contratos que somam R$16,1 milhões até fevereiro de 2021 com a Globalweb Outsourcing, empresa fundada por Cristina Boner e administrada por uma filha dela. A conta chega a R$24 milhões, quando são incluídos os contratos do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas) e do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). A Globalweb obteve R$239 milhões em contratos da gestão Bolsonaro.
O deputado informou ainda que existe uma outra denúncia que ele fazia questão de divulgar em Plenário. “Está em andamento um outro edital do MEC para compra de livros para educação infantil. Essa é uma denúncia feita pela ABAlf – Associação Brasileira de Alfabetização. São em torno de 12 milhões de crianças, o que envolve uma expectativa de recursos para este edital de R$458 milhões. A denúncia é de que esse edital possa estar arrumado. Há indícios graves disso. Os critérios técnicos não foram respeitados”, explicou Rogério Correia.
Ele acrescentou que essa denúncia vem de 118 entidades, feitas ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Ministério Público Federal. “As regras contrariam a legislação em vigor com iminente risco ao patrimônio público”, criticou.
Rogério Correia anunciou que está apresentando um requerimento ao TCU para cancelar e investigar o edital posto pelo Weintraub. Ele se refere ao edital do Programa Nacional do Livro e do Material Didático – PNLD 2022, de 21 de maio de 2020. “Por isso eu digo que ‘debaixo deste angu tem queijo’. Este Weintraub saiu fugido e corrido, mas deixou uma expectativa de centenas de milhões a serem feitos no edital, que tem toda cara de ser um edital fraudulento. Portanto, peço que a Presidência da Câmara dê guarida a este requerimento que estou apresentando”, pediu.
O deputado conclui afirmando que foi por isso que o presidente Bolsonaro acobertou a fuga deste Weintraub. “Mas ele vai ter que voltar ao Brasil e pagar por tudo isso”, observou.
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WEINTRAUB FECHOU CONTRATOS DE R$12,6 MILHÕES COM EX/ESPOSA DE WASSEF NO MEC
Ao todo, a empresa de informática Globalweb Outsourcing recebeu R$41,6 milhões durante o governo de Jair Bolsonaro.
Luisa Fragão, via Revista Fórum em 24/6/2020
O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub fechou dois contratos de R$8,7 milhões e R$3,9 milhões cada com uma empresa ligada à ex-mulher e sócia de Frederick Wassef, advogado que abrigou Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos/RJ), em sua chácara em Atibaia (SP).
O contrato mais recente, de R$8,7 milhões, foi assinado em fevereiro deste ano com a Globalweb Outsourcing, empresa fundada por Cristina Boner Leo e hoje administrada por Bruna Boner, filha de Cristina.
De acordo com o documento, a empresa foi contratada para prestar serviços especializados de “gerenciamento técnico, operação e sustentação de infraestrutura de Tecnologia da Informação e Comunicação” ao MEC. Ao todo, foram 13 itens contratados pela pasta, o que totaliza R$8.716.155,16.
O segundo contrato, desta vez de R$3,9 milhões, foi assinado em 31 de dezembro de 2019 e destinado à Fundação Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Segundo levantamento feito pelo UOL, a empresa ligada à ex-esposa de Wassef recebeu, ao todo, R$41,6 milhões no governo Bolsonaro. O valor se refere a pagamentos efetuados entre janeiro de 2019 e junho deste ano.
Questionado sobre os contratos, Wassef afirmou que os negócios da empresa não têm relação com ele. No entanto, até o ano passado, ainda de acordo com o UOL, o advogado era representante legal de Cristina em processos judiciais.
Leia também: Ex-esposa de Wassef foi proibida pela Justiça de “contratar com o Poder Público”
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