Foto indica que Queiroz passou o Réveillon em Atibaia

Ao lado da mulher e filho, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro aparece em uma varanda, semelhante à das imagens feitas pela Polícia Civil de São Paulo na casa do advogado Frederick Wassef

Alice Maciel (texto) e Bruno Fonseca (infográficos), via Agência Pública em 18/6/2020

O ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), Fabrício Queiroz, teria passado o ano novo com os filhos na casa do advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, conforme revela foto enviada por uma fonte – que pediu anonimato – à Agência Pública. A imagem reforça as suspeitas da Polícia Civil de que ele estava há cerca de um ano na residência, localizada em Atibaia, no interior de São Paulo, conforme revelou um dos caseiros em depoimento aos policiais.

Na foto, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro aparece abraçado ao filho caçula, que está ao lado da mãe, Márcia Oliveira de Aguiar. Eles estão em uma varanda, semelhante a das imagens feitas pela Polícia Civil de São Paulo que mostraram os detalhes da prisão de Queiroz, localizada à frente na casa de Atibaia. O coqueiro, o piso do chão e a pilastra de madeira revelados na foto indicam que pode ser o mesmo local de sua prisão.

Em entrevista à CNN Brasil, no entanto, o mesmo caseiro negou que Queiroz estivesse morando no local há muito tempo. “Tem poucos dias que está aí, quatro dias que veio ver um negócio de saúde. O rapaz aqui [Queiroz] estava em tratamento de saúde, estava ficando aqui para se tratar de saúde, estava com câncer, essas coisas, câncer de próstata”, afirmou.

Mas, Márcia Aguiar, mulher de Queiroz, postou no dia primeiro de janeiro deste ano uma foto em uma casa que seria a de Atibaia, segundo revelou a fonte à reportagem, contrariando a versão do caseiro de que o policial militar aposentado estava há apenas quatro dias no local. A reportagem confirmou que o perfil de Marcia existe no Instagram, mas é privado. Ela também teve prisão decretada pela Justiça. O mandado de prisão foi expedido para o mesmo endereço onde Queiroz estava, mas ela não se encontrava no local e é considerada foragida.

O advogado Frederick Wassef, dono do imóvel, é responsável pelas defesas de Flávio Bolsonaro e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e é uma figura constante em eventos no Palácio do Planalto e na residência oficial da presidência.

A operação que prendeu Queiroz foi batizada de Anjo e é coordenada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que indicou o paradeiro de Fabrício Queiroz aos policiais de São Paulo. Ainda não houve denúncia, e a suspeita é de interferência dele nas investigações, por isso a prisão preventiva. Queiroz é investigado por participação em suposto esquema de “rachadinha” – quando funcionários são coagidos a devolver parte de seus salários – na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.

Irmão de Queiroz: “Se a pessoa deve, ela tem de pagar o erro dela”
Em entrevista exclusiva à Agência Pública, o irmão de Fabrício Queiroz, Olivier Queiroz, contou que seu último contato com o irmão foi em janeiro de 2019, após a cirurgia que o ex-assessor de Flávio Bolsonaro fez para retirar um tumor. “Mas depois ele sumiu do WhatsApp”, lembrou. “Eu não tenho notícias dele há muito tempo, se eu tivesse, eu te falava porque se a pessoa deve, ela tem que pagar o erro dela, que minha mãe nos ensinou foi isso: andar direito para não ter problema”.

Apenas familiares de confiança do ex-policial sabiam seu endereço, guardado a sete chaves. Essa é a história que corre na rua onde Fabrício Queiroz nasceu e viveu até seus dezoito anos e onde ainda moram muitos de seus familiares, no bairro São Bernardo, Região Norte de Belo Horizonte.

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