Líder de grupo feminista diz que Sara Winter foi expulsa após “sumir com dinheiro”

“Grupo é um sintoma do ímpeto antidemocrático do próprio presidente Bolsonaro” avalia historiador.

Para Inna Schevchenko, hoje Sara Winter tem uma “ideologia perigosa” e seu “engajamento político recente é uma vergonha”

Via Jornal GGN em 15/6/2020

Inna Schevchenko, líder do Femen na Ucrância, afirmou em entrevista ao G1, por e-mail, que Sara Winter foi expulsa do movimento depois de ter recebido dinheiro para fazer um protesto que nunca aconteceu e, logo em seguida, iniciar uma campanha difamatória contra as feministas.

Ex-integrante do Femen no Brasil, após ter passado por treinamento na Ucrânia, Sara Winter foi presa na segunda [15/6] por liderar atos antidemocráticos em Brasília. Ela também é investigada no inquérito das fake news, do Supremo Tribunal Federal. A hoje bolsonarista defende a organização profissional da militância da extrema-direita, para “ocupar as ruas” e “por medo” em quem contraria ideais “conservadores”.

Segundo Schevchenko, o processo de afastamento de Sara há quase uma década, depois que o Femen soube pela imprensa que “Sara não era seu verdadeiro nome e que anteriormente ela estava envolvida em alguma organização estudantil de direita. Nossa surpresa e indignação foram enormes.”

Confrontada, Sara Winter “chorou e pediu para não ser expulsa do movimento, uma vez que o ativismo feminista era sério para ela e ela também queria corrigir seu erro anterior. Como feministas, que têm que apoiar outras mulheres, nós decidimos confiar na Sara.”

Em 2012, o Femen afirma enviou dinheiro para Sara viajar de São Paulo ao Rio para realizar um protesto que jamais ocorreu. “No dia da ação ela simplesmente desapareceu”, diz a ucraniana, que decidiu expulsá-la.

Após a expulsão, restou à Sara começar a “campanha de desinformação vergonhosa contra o movimento feminista e contra a minha pessoa. Nós, entretanto, decidimos não abaixar ao nível dela e simplesmente ignoramos suas acusações ridículas, lamentando por ela.”

Para Schevchenko, hoje Sara Winter tem uma “ideologia perigosa” e seu “engajamento político recente e as desinformações que ela espalhou sobre o movimento feminista nos últimos anos são uma vergonha.”

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PARA BOLSONARO, SARA WINTER É “ENCRENQUEIRA MALUCA”, MAS ÚTIL
Thais Oyama em 15/6/2020

A opinião de Jair Bolsonaro sobre Sara Winter não é original: para o presidente e seus assessores mais próximos, a ex-feminista, ex-anticristãos e ex-crítica do Big Brother Brasil transmutada em antifeminista, cristã de carteirinha e candidata a uma vaga no Big Brother Brasil é uma maluca encrenqueira.

A bolsonarista Sara Winter acaba de ser presa de maneira provisória por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes, e o comentário que mais se ouvia nesta manhã no Palácio do Planalto é de que ela finalmente havia conseguido o que queria.

Enviados especiais do presidente Bolsonaro visitaram há algumas semanas o acampamento na praça dos Três Poderes instalado pelo movimento “300 do Brasil”, de que Sara se diz uma das líderes. Saíram de lá chamando os seus integrantes de “300 candidatos do Brasil”.

O relatório feito ao presidente é de que estavam no local pessoas com convicções de direita e simpatia pelo governo, mas interessadas sobretudo em alavancar-se para as próximas eleições.

Sara Winter tentou uma vaga de deputada federal em 2018 pelo DEM. Teve 17.246 votos, não se elegeu e no início da semana foi expulsa do partido por “desrespeitar a democracia e flertar com tendências inaceitáveis”, segundo afirmou ACM Neto, presidente da sigla.

Sara “Winter”, nascida Giromini, é uma franco-atiradora com um vasto currículo de confusões. Mas não se ouvirá do governo nenhuma palavra dura contra ela.

A ativista, segundo um aliado do presidente, “fala com a galera da direita” – o núcleo duro do bolsonarismo, para o qual o governo pode deixar sair Sérgio Moro e pode deixar entrar o Centrão – e só não pode abrir a porta para a esquerda e nem, como dizia a música de Tim Maia, deixar “dançar homem com homem e nem mulher com mulher”.

Na guerra de costumes do bolsonarismo, Sara Winter é uma das lanceiras, e Bolsonaro – em crise de popularidade, com apoio instável no Congresso e acuado por processos na Justiça – não pode se dar ao luxo de dispensar nem os seus malucos.

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