Carlos Fernandes em 29/5/2020
Existe nesse momento uma relação simbiótica entre dois julgamentos que transitam no STF e no TSE.
A deflagração da operação autorizada pelo ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, contra a rede de fake news em operação no Brasil traz a prova cabal de um vasto esquema de ameaças, mentiras e investidas contra instituições nacionais e à própria democracia.
O que se apurou até o momento envolve crimes como uso ilegal de verbas públicas, injúria, financiamento ilegal de campanha, formação de quadrilha e atividades de grupos paramilitares.
Isso para ficarmos apenas no básico do que essa gente é capaz.
Mas o fato é que com inúmeros empresários, influenciadores digitais e ativistas políticos denunciados sob uma farta gama de provas documentais, o processo em andamento no STF fornece material mais do que suficiente para embasar outro inquérito em curso na corte superior eleitoral.
Para muito além de convicções, o que já se tem em poder da justiça comprova definitivamente as irregularidades e crimes eleitorais praticados pela chapa presidencial de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão.
Sim, aguarda pacientemente nos arquivos do TSE o processo que pede a cassação do presidente da República e seu vice pelas fraudes e crimes que cometeram durante a campanha de 2018.
Que Bolsonaro utilizou-se de práticas como caixa-dois e disparos ilegais em massa de fake news que influenciaram diretamente no resultado da eleição, já não é segredo sequer para o reino mineral.
Faltava, no entanto, uma investigação séria que comprovasse tudo aquilo que já era do conhecimento de todos sobre as táticas de fomento à desinformação e contrainformação importadas diretamente do maior agente de desestabilização política do mundo: os Estados Unidos da América.
Dificuldade essa superada justamente pela Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal sob os holofotes do mundo.
Dessa forma, desbaratada a quadrilha de milicianos digitais e seus financiadores, já não existem razões que justifiquem o TSE continuar acobertando um governo forjado à base do ódio e do embuste.
E ainda que eu não espere nada de muito alvissareiro vindo do ministro Luís Roberto Barroso, presidente recém-empossado do TSE, não custa lembrar que colocar esse inquérito na pauta do tribunal se apresenta como uma oportunidade única de tentar consertar minimamente a tragédia que o seu punitivismo inquisitorial ajudou a instalar nesse país.
Além do que, apesar do rosário de contradições que vive a justiça brasileira, seria descer um degrau a mais na escada da canalhice, reconhecer de um lado que existiu uma quadrilha que financiou e ajudou a eleger Bolsonaro e, de outro, não reconhecer que esse país vive sob a égide de um presidente completamente ilegítimo.
Com a palavra, Barroso.
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