Tudo tem limite: Lula diz que Ciro escolheu o voto de quem odeia o PT: “Que vá com Deus”.

A HORA DE SEPARAR O JOIO DO TRIGO
Carlos Fernandes em 22/5/2020

Aconteceu o que provavelmente será um dos fatos políticos mais determinantes para as eleições presidenciais de 2022.

Provocado, agredido e insultado sob todas as formas e maneiras, o ex-presidente Lula finalmente deu um basta na série interminável de rancor e ódio de um homem a quem já fez ministro de Estado.

Fadado ao fracasso desde as primeiras horas após o resultado do 1º turno das eleições de 2018, a construção de uma unidade que unisse PDT e PT foi sendo sistematicamente abalada pelos ataques grosseiros de um único sujeito que pôs a reboque de seu ressentimento todo o partido de Leonel Brizola.

Agora, após suportado todos os limites humanos de tolerância e complacência, o que solução não tinha, solucionado está.

Para um político que fez de sua vida um instrumento para a conciliação política, não deve ter sido fácil a decisão de cravar com tanta antecedência que os dois partidos, incluindo-se a Rede da insondável Marina Silva, estarão em campos particulares da sucessão presidencial.

Se a esse ponto chegou, é porque – e isso já estava claro para muita gente – já não havia absolutamente nenhuma possibilidade de diálogo e convergência com alguém que fez do melindre o seu discurso de proa.

Quem entende de política, aliás, sabe que melindre é o caminho mais curto para o fracasso. Marina Silva, com seus 1% de votos na campanha passada, que o diga.

Tudo posto em seus devidos lugares, não se pode ignorar que as consequências desse movimento, apesar de inevitáveis, impõem uma busca de soluções novas e ousadas para os desafios que irão se apresentar.

Lula sabiamente não descarta um bloco unido de várias forças contra a catástrofe do governo Bolsonaro. Mas, e quanto às eleições presidenciais propriamente ditas?

Se nenhuma mudança de proporções continentais acontecer até lá, nada leva a crer que o resultado do 1º turno seja diferente do que aconteceu em 2018.

Considerando-se que Bolsonaro consiga terminar o seu mandato (coisa cada vez mais improvável) ou que alguém da direita o substitua e consiga capturar a sua base, o que teremos é uma nova disputa entre a direita e o PT, este agora turbinado com o maior cabo eleitoral do país pronto, livre e disposto para percorrer o Brasil defendendo o seu candidato.

E quando placas tectônicas se movem com essa violência, é normal que pequenos morros busquem se acomodar onde melhor se aprouverem.

E é aqui onde muitos partidos já devem estar fazendo seus cálculos.

A julgar pela conjuntura que se forma e pelo que aconteceu justamente hoje em Brasília por ocasião da entrega na Câmara dos Deputados do primeiro pedido de impeachment conjunto contra Jair Bolsonaro, não é absurdo supor numa coligação ampla de partidos de esquerda como PT, PSOL e PCdoB, além de partidos sem representação parlamentar como PCB, PSTU e PCO.

A esquerda que todos queriam unidas, por definição, já está.

PDT e Rede, sabemos todos, estarão juntos defendendo o seu projeto político neo-amoediano de sapatênis.

PSB, que besta não é, hoje marca território junto ao PDT, mas nada impede que dê um novo “pedala Robinho” em Ciro e junte-se a quem tem inegavelmente mais chances de vitória.

O que sobra é a escumalha.

E é nessa escumalha que Ciro irá chafurdar na disputa por espaço junto ao “Centrão” e setores da direita “clássica”, como DEM e PSDB.

Assim, posto às claras, discursos malfadados de união de substâncias como água e óleo já não fazem mais sentido.

A luta não será fácil, como aliás nunca foi. Mas uma coisa se fazia urgente. Já não era sem tempo de finalmente separarmos o joio do trigo.

***

LULA DIZ QUE CIRO ESCOLHEU O VOTO DE QUEM ODEIA O PT: “QUE VÁ COM DEUS”.
Via Metrópoles em 22/5/2020

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu, por meio de sua conta nas redes sociais às iniciativas do ex-candidato Ciro Gomes (PDT/CE) e de Marina Silva (Rede/AC) de formar uma frente de esquerda, mas sem a presença do PT. A Marina, Lula disse: “Que Deus a abençoe”. A Ciro Gomes, Lula fez questão de ressaltar o que chamou de escolha do cearense de buscar o voto de quem odeia o PT. “Que vá com Deus”, arrematou.

O petista até se colocou à disposição para um projeto com o objetivo de “reconquistar a democracia” e tirar Bolsonaro do poder, mas descartou alianças. “Na eleição, cada um vai tocar seu projeto”, disse Lula, em postagem no Twitter.

Essa é a primeira vez que Lula aponta um caminho político diferente de Ciro e admite também publicamente que o PT é excluído de uma chapa de centro-esquerda articulada por Marina Silva e Ciro, que também conta com a participação do PSB e de parte do PCdoB. Embora seja alvo de Ciro semanalmente, o petista tem feito vistas grossas aos ataques, na intenção de não queimar pontes com o PDT.

Leia também: Zé Dirceu: Lula abre mão da candidatura em 2022 pela unidade progressista e por lideranças novas

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