Luis Nassif, via Jornal GGN em 16/2/2016
Nos últimos dias, o juiz Sérgio Moro explicitou de vez seu ativismo político.
1) Manteve um fluxo interminável de vazamentos contra Lula, em relação ao tal tríplex de Guarujá e o sítio de Atibaia.
2) Quebrou “inadvertidamente” o sigilo que a própria Polícia Federal solicitava para a ampliação das investigações sobre o sítio, a fim de não interromper o fluxo de vazamentos.
3) Mandou deter funcionários da Murray, empresa controlada pela Mossack Fonseca, lavanderia panamenha, em nome da qual estavam vários imóveis do edifício Solaris de Guarujá. Quando se soube que a Murray detinha o controle também da mansão dos Marinho, das Organizações Globo, em Paraty, foram soltos imediatamente e o assunto morreu.
Essas preliminares são importantes para se analisar os antecedentes de sua decisão de “oferecer” ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) três delatores visando incriminar o caixa 1 da campanha de Dilma Rousseff.
Esse jogo estava desenhado desde novembro de 2014, logo após o encerramento das eleições.
No dia 18 de novembro de 2014, alertado por fonte altamente informada, publiquei o post “Armado por Toffoli e Gilmar já está em curso o golpe sem impeachment” (clique aqui). Lá, explicava que o processo de impeachment exigiria 2/3 do Congresso a favor. Já a rejeição das contas impediria a diplomação A estratégia de Toffoli e Gilmar consistiria em trabalhar o conceito de irregularidade no caixa 1. “Gilmar alegará que algum financiamento oficial de campanha, isto é caixa 1, tem alguma relação com os recursos denunciados pela Operação Lava-Jato. Aproveitará o enorme alarido em torno da Operação para consumar o golpe”.
No dia 21 de novembro, Gilmar montou uma operação de guerra para analisar as contas de Dilma, inclusive digitalizando todos os recibos e colocando na Internet, confirmando o que antecipara.
No dia 22 de novembro, sob o título “Juiz Moro monta a segunda garra da pinça do impeachment” (clique aqui) relatava o segundo passo da operação, a decisão de Moro de estender a quebra de sigilo das empresas de Alberto Youssef até 2014.
Nos dias seguintes, Moro e a Lava-Jato trataram de abastecer a imprensa de notícias insistentes sobre o Caixa 1 visando preparar o clima para a votação final no TSE.
No dia 25 de novembro, por exemplo, o pessoal de Moro vazou para o Estadão uma tal Operação Apocalipse, um executivo da Galvão Engenharia teria feito em junho desembolso a emissário da Petrobras. Informava que, segundo Paulo Roberto Costa, o dinheiro ia para Renato Duque que repassaria parte para o PT.
Por aqueles dias, advogados de empreiteiros acusaram Moro de estar ocultando o nome de políticos mencionados nas delações, visando manter o controle sobre aspectos políticos da operação.
No dia 26 de novembro Moro veio a público defender-se da acusação. Admitiu que crimes de agentes políticos eram da alçada do STF e sustentou que se limitava a apurar “crimes licitatórios, de lavagem e, quanto à corrupção, apenas de agentes da Petrobras”.
Por pouco Gilmar não logrou emplacar a tese do caixa 1.
Já tinha assegurado 3 votos a favor quando Luiz Fux, o esperado quarto voto, refugou. Sem ter maioria, Gilmar acabou votando pela aprovação das contas com ressalvas.
Gilmar não desistiu. No dia 30 de agosto de 2015, o procurador-geral da República Rodrigo Janot arquivou pedido de Gilmar para investigar duas prestadoras de serviços da campanha de Dilma.
Janot alegou “a inconveniência” da Justiça Eleitoral e Ministério Público Eleitoral se tornarem “protagonistas exagerados do espetáculo da democracia, para os quais a Constituição trouxe, como atores principais, os candidatos e os eleitores”, demonstrando ainda preocupação de haver judicialização exagerada capaz de atrapalhar as condições de governabilidade do país.
Agora, Moro joga a última grande cartada, com essa proposta de transformar o TSE em um tribunal criminal, para ouvir depoimentos de presos da Lava-Jato. Comprova que a Lava-Jato virou o fio e se despiu das preocupações de aparentar uma postura neutra.
Por já ter virado o fio, provavelmente será a última tentativa de Gilmar Mendes e Moro de atuar politicamente através da Justiça.
Superado mais esse movimento, espera-se que volte uma relativa normalidade política para que o governo comece a governar e a oposição a fazer a crítica política – como ocorre nas democracias maduras, e não nas republiquetas de Terceiro Mundo.
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23 de fevereiro de 2016 às 0:10
Oposição é para fazer oposição política: acompanhar o governo e avaliar seu desempenho, não para fazer a presidente sangrar, como declarado após a eleição; isto é politicalha. O item 3 do procedimento de Sua Excia. é de envergonhar a justiça e fazer corar de vergonha um cidadão, qualquer que seja sua filiação partidária.. Como a história julgará esses atores?
22 de fevereiro de 2016 às 14:57
Moro e Gilmar, não atrapalhem a volta da normalidade política para que o governo comece a governar e a oposição a fazer a crítica política – larguem os métodos das republiquetas de Terceiro Mundo!