Margrit Dutra Schmidt trabalha para Serra: pelo Senado, ela teria de cumprir o horário de nove horas diárias. Contudo, o próprio gabinete do tucano confirmou que ela não registrava presença no local.
Via Exame em 19/2/2016
A irmã da jornalista Mirian Dutra, Margrit Dutra Schmidt, trabalha de forma irregular no gabinete do senador José Serra (PSDB/SP). Pelas regras do Senado, ela teria de cumprir o horário de nove horas diárias na Casa.
Contudo, o próprio gabinete do tucano confirmou que ela não registra presença no local. “Ela trabalha para o senador como consultora. Ele solicita trabalhos e ela produz”, disse o chefe de Gabinete de Serra, Marcos Köhler.
Margrit ocupa o cargo em comissão de assistente parlamentar júnior, com remuneração básica de R$9.456,13 e salário líquido de R$7.353,14 em dezembro de 2015, segundo consta no Portal de Transparência do Senado.
Köhler, porém, não explicou por que não foi formalizada a dispensa de ponto de Margrit, procedimento estabelecido no Senado em 2009. Serra não se manifestou até a conclusão desta edição.
***
A ENTRADA DE SERRA NO CASO FHC-MIRIAN
Paulo Nogueira, via DCM em 18/2/2016
E eis que Serra entra no escândalo Mirian-FHC.
Não que, a rigor, seja novidade. Os conhecedores da história sabem que Serra foi um dos articuladores da operação “Cala Mirian”, nos anos 1990. Mas agora a história rompeu a Conspiração do Silêncio contra Mirian, feita para proteger a candidatura presidencial de um mau marido, mau amante e mau pai.
E Serra entra a seu modo: usando dinheiro público. A irmã de Mirian, Margrit Dutra, é funcionária fantasma do gabinete de Serra.
É um velho hábito dele. Virtualmente toda a família de Soninha foi empregada no governo de São Paulo quando Serra ocupava o Palácio dos Bandeirantes. Nada melhor do que ser generoso com o dinheiro do outro, Serra sabe. Você recebe a gratidão sem ter que mexer na carteira.
Aécio, com os múltiplos amigos, parentes e agregados que empregou em Minas, conhece também bem essa cartilha.
A importância do episódio está em desmascarar a pregação cínica de Serra (e Aécio) a respeito de meritocracia. Eles falam em meritocracia – o ato de montar uma equipe com base em talento e mérito, em vez de compadrio e interesse pessoal – tanto quanto a desrespeitam.
Isso se chama demagogia. Isso é uma atitude corrupta. Serra tenta defender o indefensável dizendo que a irmã de Mirian trabalha em casa.
Para repetir a grande frase de Wellington, quem acredita nisso acredita em tudo.
Quem mexer no Senado vai encontrar, certamente, vários casos além do de Serra.
A filha do protagonista do presente escândalo, FHC, estava lotada no gabinete do ex-senador Heráclito Fortes sem pisar lá. Como o PSDB é amigo da mídia, nada é noticiado.
Não fosse o surgimento do jornalismo digital, tudo isso continuaria a não ser noticiado, e demagogos como FHC, Serra e Aécio poderiam fazer seus discursos cínicos de falsos catões.
Considere o caso Mirian. Ele só se tornou amplamente conhecido por causa da internet. Não fosse a modesta revista digital BrazilcomZ, que deu voz à namorada rejeitada de FHC, e ficaria escondida entre poucos privilegiados a lama que veio à tona para milhões de brasileiros.
A imprensa – que sempre soube de tudo – corre agora para falar de um assunto em que ela teve um papel vital. Até o Globo, que manteve Mirian na folha de pagamentos por anos em troca de seu silêncio, está correndo atrás da história depois que ela viralizou nas redes sociais.
E a Folha, que sempre alegou que era um caso de interesse privado para não noticiar o caso, agora faz sucessivas entrevistas que desmentem a tese indecente sob a qual o jornal acobertou FHC.
Não será surpresa se a Folha reivindicar que o grande furo foi seu, ao dar a empresa que ajudou FHC a pagar um mensalão para Mirian.
Bastava o mínimo de empenho para descobrir todos os horrores que demonstram cabalmente que se trata de um fato de enorme interesse público.
A internet livrou a sociedade da manipulação da mídia. Essa é a principal conclusão duma história de amor que se transformou numa trama de terror.
Leia também
● FHC usou empresa para me mandar dinheiro no exterior e bancou abortos, diz ex-amante
● Mirian Dutra detona seu ex-amante FHC, Globo e Mário Sérgio Conti
● Como a Globo deu o golpe da barriga em FHC e enviou Mirian para Portugal
● Recordar é viver: Ex-amante de FHC atua como propagandista anti-Dilma na Espanha
● Coletânea de textos: FHC, o vendilhão da Pátria
Os comentários sem assinatura não serão publicados.