FHC PAGOU EX-AMANTE NO EXTERIOR E BANCOU ABORTOS
Via Brasil 247 em 18/2/2016
Após quebrar o silêncio de 30 anos sobre sua relação extraconjugal com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a jornalista Mirian Dutra afirma que o tucano mandava dinheiro para ela e seu filho, Tomás Dutra, no exterior, através da empresa Brasif S.A. Exportação e Importação.
Em entrevista à colunista Mônica Bergamo, ela afirma que a transferência foi feita por meio da assinatura de um contrato fictício de trabalho, celebrado em dezembro de 2002 e com validade até dezembro de 2006.
“Eu não quero morrer amanhã e tudo isso ficar na tumba. Eu quero falar e fechar a página”, afirma.
No contrato com a Eurotrade Ltd., empresa da Brasif com sede nas Ilhas Cayman, a jornalista deveria prestar “serviços de acompanhamento e análise do mercado de vendas a varejo a viajantes”, fazendo pesquisas “tanto em lojas convencionais como em duty free shops e tax free shops” em países da Europa.
“Eu trabalhava na TV Globo e tive um corte de 40% no salário em 2002. Me pagavam US$3 mil. Eu estava super-endividada, vivia de cartões de crédito e fazendo empréstimo no banco. Me arrumaram esse contrato para pagar o restante”, afirma Mirian, que disse que “jamais pisou” em uma loja convencional ou em um duty free para trabalhar.
O acordo foi mediado pelo lobista Fernando Lemos, morto em 2012, que era casado com Margrit Dutra Schmidt, irmã de Mirian.
“Ele [FHC] me contou que depositou US$100 mil na conta da Brasif no exterior, para a empresa fazer o contrato e ir me pagando por mês, como um contrato normal. O dinheiro não saiu dos cofres da Brasif e sim do bolso do FHC”, diz. “Por que ninguém nunca investigou isso? Por que ninguém nunca investigou as contas que o Fernando Henrique tem aqui fora?”, questionada Mirian.
O empresário Jonas Barcellos, dono da Brasif, não nega o acerto. Mas diz não se lembrar de detalhes.
Em nota, FHC negou que tenha utilizado a empresa Brasif S.A. Exportação e Importação para enviar recursos para ajudar a jornalista. Ele admite, no entanto, manter contas no exterior, ter mandado dinheiro para Tomás e ter lhe presenteado recentemente com um apartamento de €200 mil em Barcelona, na Espanha.
Em trechos de outra entrevista concedida à colunista Natuza Nery, Mirian relata detalhes de seu sofrimento na época: “Quando disse que estava grávida, ele disse ‘você pode ter este filho de quem você quiser, menos meu’. Eu falei: ‘Não acredito que estou escutando isso de uma pessoa que está há seis anos comigo’”. Ela revela ter feito outros abortos a pedido de FHC.
Mirian diz ainda que foi ajudada pelo ex-senador Jorge Bornhausen e que ACM agiu pedindo para a Globo para ela não voltar ao Brasil. Leia a íntegra a seguir.
FHC USOU EMPRESA PARA ME MANDAR DINHEIRO NO EXTERIOR, DIZ EX-AMANTE
Mônica Bergamo em 18/2/2016
A Brasif S.A. Exportação e Importação ajudou Fernando Henrique Cardoso (PSDB/SP) a enviar ao exterior recursos para a jornalista Mirian Dutra, com quem o ex-presidente manteve um relacionamento extraconjugal nos anos 1980 e 1990, e para o filho dela, Tomás Dutra.
A transferência foi feita, segundo ela, por meio da assinatura de um contrato fictício de trabalho, celebrado em dezembro de 2002 e com validade até dezembro de 2006.
Em entrevista à Folha (ler abaixo), a jornalista afirmou que FHC usou uma empresa para bancá-la no exterior.
No documento, aparece como contratante a Eurotrade Ltd., empresa da Brasif com sede nas Ilhas Cayman.
O contrato estabelece que a jornalista deveria prestar “serviços de acompanhamento e análise do mercado de vendas a varejo a viajantes”, fazendo pesquisas “tanto em lojas convencionais como em duty free shops e tax free shops” em países da Europa.
Os dados coletados seriam enviados à Brasif, que na época explorava os free shops (lojas com isenção de impostos) de aeroportos brasileiros.
Fernando Henrique admitiu manter contas no exterior e ter mandado dinheiro para Tomás, mas nega ter usado a empresa para bancar a jornalista.
Dívida
Mirian, que como jornalista trabalhou na TV Globo, afirmou à Folha que “jamais pisou” em uma loja convencional ou em um duty free para trabalhar.
E que o contrato, de US$3 mil mensais, foi feito para “suplementar” a renda dela e de Tomás.
“Eu trabalhava na TV Globo e tive um corte de 40% no salário em 2002. Me pagavam US$4.000. Eu estava super-endividada, vivia de cartões de crédito e fazendo empréstimo no banco. Me arrumaram esse contrato para pagar o restante”, afirma Mirian.
O acordo foi mediado pelo jornalista e lobista Fernando Lemos, que era casado com Margrit Dutra Schmidt, irmã de Mirian.
“Ele [Lemos] disse que tinha de arrumar um jeito de melhorar a minha vida financeira, já que eu tinha uma hipoteca [de um apartamento que comprou em Barcelona, na Espanha] e a Globo tinha cortado meu salário.”
Lemos, morto em 2012, e Margrit faziam a ponte entre a jornalista e Fernando Henrique, então presidente, que não tinha como manter contato frequente com Mirian.
Pesquisa
A jornalista diz que, numa conversa, dois anos depois da vigência do contrato, Fernando Henrique revelou que o dinheiro enviado pela Brasif era, na verdade, dele, e não da empresa.
“Ele me contou que depositou US$100 mil na conta da Brasif no exterior, para a empresa fazer o contrato e ir me pagando por mês, como um contrato normal. O dinheiro não saiu dos cofres da Brasif e sim do bolso do FHC”, diz.
O empresário Jonas Barcellos, dono da Brasif, não nega o acerto. Mas diz não se lembrar de detalhes.
“Tem alguma coisa, mesmo, sim”, afirmou ele, quando questionado pela Folha sobre ter assinado um contrato com Mirian para ajudar FHC a enviar recursos a ela. “Eu só não sei se era contrato”, declarou.
Barcellos disse que estava em Aspen, nos EUA, e que voltará ao Brasil na próxima semana. “Vou fazer um levantamento na empresa para esclarecer tudo”.
Questionado sobre ter tratado do tema com FHC, respondeu: “Faz muito tempo, eu preciso pesquisar e me lembrar para responder.”
Mirian e Fernando Henrique mantiveram um relacionamento extraconjugal por seis anos. No período, ficou grávida. Depois do nascimento de Tomás, pediu à emissora que a transferisse para Portugal.
FHC não registrou Tomás. Mas nunca questionou a paternidade e sempre o tratou como filho, responsabilizando-se por parte do sustento do jovem no exterior.
Em 2009, a Folha revelou que o ex-presidente havia decidido reconhecer o filho na Espanha, onde Tomás vivia com a mãe.
“Eu sempre cuidei dele”, afirmou na época ao jornal. Dois anos depois, o ex-presidente fez dois exames de DNA com Tomás. Os resultados deram negativo, o que provaria que o jovem não é seu filho biológico. FHC afirmou publicamente que o exame em nada alterava a situação e que ele seguiria reconhecendo Tomás como seu filho.
Mirian questiona a validade do exame.
Conglomerado
Fundado em 1965, o grupo Brasif atua em diversos setores, como venda e aluguel de máquinas pesadas, biotecnologia animal e varejo de vestuário. A operação dos free shops foi vendida em 2006 para o grupo suíço Dufry, por US$500 milhões.
***
NÃO QUERO MORRER E ISSO FICAR NA TUMBA, DIZ JORNALISTA SOBRE FHC
Natuza Nery, via Folha online em 18/2/2016
A jornalista Mirian Dutra Schmidt, 55, com quem Fernando Henrique Cardoso manteve um relacionamento amoroso, sustenta que o ex-presidente da República bancou despesas de seu filho Tomás no exterior por meio de uma empresa.
Em entrevista à Folha, ela afirma que esses pagamentos coincidiram com o período em que FHC comandava o país (1994-2002), mas não quis revelar a identidade da companhia.
Garantiu ter provas para atestar o que diz.
Segundo a Folha apurou, a Brasif S.A. Exportação e Importação ajudou FHC a enviar ao exterior recursos para Mirian.
De Madri, onde mora, Mirian falou longamente com a reportagem por telefone. “Eu não quero morrer amanhã e tudo isso ficar na tumba. Eu quero falar e fechar a página”, afirma.
Fernando Henrique admitiu manter contas no exterior e ter mandado dinheiro para Tomás, mas nega ter usado empresa para bancar a jornalista (leia abaixo).
Folha – Por que decidiu falar, depois de 30 anos?
Mirian Dutra – Para mim foi muito difícil. É muito complicado porque a minha vida inteira sempre foi trabalho e, de repente, essa história pessoal cruzou a minha vida.
Como foi a história de vocês?
Eu o conheci em janeiro de 1985, quando Tancredo [Neves] estava no hospital. Eu estava jantando no restaurante Piantella [em Brasília] com vários amigos jornalistas e ele entrou sozinho. Um amigo jornalista o convidou para a nossa mesa. Logo que a gente se conheceu, um mês depois, ele disse para mim, era o governo Sarney: “Vai ter espaço para mim. Eu tenho de ser presidente. Só eu tenho capacidade para levar este país”. Dei a entrevista à revista BrazilcomZ para desmentir tudo o que escreveram a meu respeito. Eu quero que meu nome não fique numa rede social como uma rameira. Eu fui uma pessoa apaixonada por um homem. Quando tentei sair…
Estava grávida…
Eu estava grávida de quase três meses. Eu não estava aguentando mais essa história toda de ser amante, de ser a outra. Aí eu fiquei quieta, esperei ele voltar [de viagem] e, quando voltou, foi jantar em minha casa. Quando disse que estava grávida, ele disse “você pode ter este filho de quem você quiser, menos meu”. Eu falei: “Não acredito que estou escutando isso de uma pessoa que está há seis anos comigo”.
Ele pediu para você abortar?
Pediu. Óbvio. “Eu te pago o aborto agora”, disse. Aliás, vou te contar uma coisa mais séria ainda. Durante os seis anos com ele, fiquei grávida outras duas vezes, e eu abortei.
Ele soube?
Ele pagou. Pagou por dois abortos. Eu não queria ter outro filho, eu tinha minha filha estava muito feliz. Nunca pude tomar pílula, colocar DIU [método intrauterino], porque tenho um problema de rejeição absoluta a hormônio que venha de fora. Ele sabia disso.
O que houve a partir daí?
Aí que, pela primeira vez, em seis anos, ele deixa de falar comigo. Porque sentiu que a decisão era firme. Aí eu disse que não tinha de contar para ninguém quem era o pai, que era livre e desimpedida.
Ficaram sem se falar até o nascimento de seu filho?
Ele foi umas duas ou três vezes em minha casa. Quinze dias depois do nascimento, ele foi me visitar. Minha mãe estava lá [em casa] quando ele foi conhecer o filho. Só que eu tinha decidido que eu iria embora [do Brasil]. Aí antecipei todos meus planos e meio que fugi mesmo. Lembro que, quando do impeachment do Collor, vi esse homem [FHC] lambendo as botas do Itamar [Franco], que ele criticava a vida inteira. Fui buscar trabalho em Portugal. Recebi ajuda do [ex-senador] Jorge Bornhausen, que era meu amigo de Santa Catarina.
Mas ele reconheceu o filho…
Nunca fez.
Por que você não o desmentiu à época?
Em 2009, ele foi para os Estados Unidos e simplesmente colocou na cabeça do Tomás que o Tomás não poderia contar para mim, mas que iriam fazer um DNA. Ele visitava o Tomás nos EUA depois da Presidência. Mas nunca foi criado com pai nenhum. Nunca me casei, nunca tive namorado, esse departamento [namoro] se encerrou em minha vida.
Ele bancou seu filho fora do Brasil?
Quando Tomás fez três anos de idade, isso foi mais ou menos em 1994, aceitei que ele pagasse o colégio do Tomás, pois queria que ele estudasse num bom colégio. A partir daí, ele pagou. Quando vim para Barcelona, que é quando eu digo que fui exilada, porque eu queria voltar para o Brasil e não permitiram que eu voltasse…
Quem não permitiu?
[O então senador] Antônio Carlos Magalhães pediu para que eu não voltasse para o Brasil, o Luís Eduardo Magalhães [filho de ACM]. Diziam para ficar longe. Diziam “deixa a gente resolver essas coisas aqui”. Aí eu pensei e achei que, para meus filhos, era melhor eu ficar [no exterior], pois eles seriam muito perseguidos no Brasil. Eu tinha de ter metido a boca no trombone no começo. Eles não aceitaram porque estavam em plena história da reeleição. Isso foi quando Fernando Henrique estava tentando mudar a Constituição. É uma coisa estranha porque eu lembro que quando [José] Sarney quis ficar cinco anos, ele estava em minha casa jantando e deu um baile: “Como este homem pode ficar cinco anos? O poder tem de ser quatro anos, e renovável”. E aí tem uma história muito cabeluda nisso tudo, que ele, por meio de uma empresa, mandava um dinheiro para mim.
Que empresa?
Não sei se eu posso falar. Não quero falar. Foi por meio de uma empresa que ele bancou.
Você não quer nominar, mas tem como provar? Algum recibo?
Tenho. Tenho contrato. Tudo guardado aqui. É muito sério. Por que ninguém nunca investigou isso? Por que ninguém nunca investigou as contas que o Fernando Henrique tem aqui fora?
Contas?
Claro que ele tem contas. Como ele deu, em 2015, um apartamento de €200 mil para o filho que ele agora diz que não é dele? Ele deu um apartamento para o Tomás.
O exame de DNA diz que o Tomás não é filho dele…
É dele [e gargalha]. É óbvio que é dele.
Você afirma então que ele forjou o exame de DNA?
Não estou afirmando nada, mas tudo me parece muito estranho, porque eu nunca me neguei a fazer o exame de DNA. Não vou afirmar porque isso seria uma irresponsabilidade da minha parte. Além do mais, uma mulher sabe quem é o pai. A não ser que provem que Deus é o pai do meu filho.
Você teve alguma outra relação no período?
Claro que não.
Gostaria de voltar à empresa. Como foi esse acerto para você receber esse dinheiro?
O ex-marido da minha irmã, o Fernando Lemos [morto em 2012], era o maior lobista de Brasília e era ele quem conseguia tudo. Eu sempre fui muito ingênua nessas coisas. Eu não devia nada a ninguém, por que eu ficaria cheia de pecados e pruridos? Eles fizeram contrato comigo como se eu fosse funcionária deles [da empresa], só que eles nunca me permitiram trabalhar e aí eu ganhava.
Isso acabou quando?
Dois anos depois que ele saiu do governo.
Por que você nunca expôs essa história? Você, como jornalista, não sabia que era irregular uma empresa pagar em nome do presidente?
Eu acho que eu tinha de ter feito um escândalo quando eu fiquei grávida. Depois, as coisas foram acontecendo, entendeu? Meus filhos ficaram maiores e eu já não podia ficar fazendo tanta confusão.
E por que você decidiu falar agora?
Porque eu estou cansada de ver pessoas escrevendo coisas erradas, essa história do DNA. Estou cansada de tudo isso. Eu não quero morrer amanhã e tudo isso ficar na tumba. Eu quero falar e fechar a página. E quero tentar ser feliz, porque eu não consegui até hoje.
Alguém está por trás de sua quebra de silêncio?
Ninguém. Eu vivo absolutamente sozinha na Espanha, nunca vivi tão sozinha como agora. Vivo com um cachorrinho chamado Xico, com X, não tenho vida social, não tenho nada, até pela minha fibromialgia e pela polipose adenomatosa. Eu não estou falando isso para tirar proveito de absolutamente nada. Estou lavando a minha alma. É muito difícil você ser xingada por milhões de pessoas e não vou deixar isso acontecer mais. Não podia entrar na justiça contra porque eu trabalhava na TV Globo.
E agora que não trabalha mais lá você optou por falar…
Exatamente. Eu agora não devo mais nada a ninguém.
[…]
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18 de fevereiro de 2016 às 21:25
Mas o homem e seu partido não são santos? O que têm a dizer as carolas da Opus Dei?