Via Folha online em 15/01/2016
Numa antecipação da briga interna pelo direito de concorrer à Presidência em 2018, o comando do PSDB se nega a pagar a dívida de R$17,1 milhões da campanha de José Serra à Prefeitura de São Paulo, em 2012. A queda de braço entre Serra, Aécio Neves (MG) e Geraldo Alckmin (SP) – potenciais candidatos ao Palácio do Planalto – já chegou à Justiça.
Patrocinado por Alckmin, o presidente do PSDB de São Paulo, deputado Pedro Tobias, não reconhece o passivo como do diretório estadual. Sob comando de Aécio, o PSDB nacional, por sua vez, se recusa a assumir o rombo. Desde 2012, quando foi derrotado pelo prefeito Fernando Haddad (PT), Serra pede ajuda a Alckmin. Sua última conversa com o governador aconteceu semana passada, no Palácio dos Bandeirantes.
Tobias alega que o braço paulista do partido não pode ajudar Serra porque está com seu fundo partidário bloqueado pela Justiça Eleitoral desde junho de 2014.
A empresa Campanhas Comunicação – do jornalista Luiz González – tenta derrubar esse argumento na Justiça. Responsável pela comunicação da campanha de Serra em 2012, a agência levará ao Tribunal de Justiça o balanço patrimonial do PSDB de 2014 como prova de que, em dezembro daquele ano, havia dinheiro em caixa para quitar sua dívida, cujo valor original era de R$8 milhões.
Segundo a prestação apresentada ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o PSDB de São Paulo encerrou 2014 com R$9,8 milhões em aplicações financeiras. O PSDB estadual remeteu esse dinheiro para o diretório nacional e hoje diz que não poderia dispor de recursos para bancar a dívida.
“É impagável”, diz Tobias, que sempre foi contra a assumir a despesa.
Em dezembro de 2012, depois da derrota de Serra, a Executiva estadual aceitou assumir a dívida, apesar da oposição de Tobias e de César Gontijo, à época secretário-geral do diretório paulista. “A principal característica do PSDB é a responsabilidade fiscal. Ela não se aplica só à gestão pública, mas também às finanças do partido. Por isso fomos e somos contra até hoje”, diz Gontijo.
Assim que assumiu o partido, em julho de 2014, Tobias suspendeu o acordo para pagamento da dívida, sem juros, em 25 parcelas. A última prestação foi paga em agosto daquele ano. Desde outubro de 2015, os dirigentes tucanos – à exceção de Serra – não atendem aos telefonemas de González. O jornalista foi responsável pela campanha de Gilberto Kassab, que derrotou Alckmin na disputa pela prefeitura em 2008.
Anderson Pomini, advogado do PSDB, prepara a contestação da dívida. Além do valor, ele também questionará a competência do diretório estadual para pagar o débito.
A Folha apurou que os tucanos preferem manter o dinheiro aplicado com vistas a futuras campanhas.
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16 de janeiro de 2016 às 17:21
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