Bandidagem: Um terço da comissão especial pró-impeachment responde por crime no STF

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Réu por corrupção, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Farsa Sindical, responde a outros três inquéritos no Supremo. Um dos titulares eleitos da comissão do impeachment. A seu lado, Eduardo Cunha, que dispensa apresentações.

Levantamento do Congresso em Foco revela que ao menos 20 dos titulares e suplentes já confirmados no colegiado são alvo de inquérito ou ação penal no Supremo. Saiba quem são eles.

Via Congresso em Foco em 8/12/2015

Pelo menos um terço dos integrantes já definidos da comissão especial que vai analisar o processo de impeachment é alvo de acusações criminais no Supremo Tribunal Federal (STF). Dos 61 deputados escolhidos em votação tensa no plenário da Câmara, na terça-feira, dia 8/12, ao menos 20 respondem a inquéritos (investigações preliminares) ou ações penais (processos que podem resultar em condenação) no Supremo. Os dados são de levantamento exclusivo do Congresso em Foco (veja a lista abaixo).

Crimes de responsabilidade – como os atribuídos à presidente Dilma, no pedido de impeachment a ser analisado –, corrupção, lavagem de dinheiro, crimes eleitorais e contra a Lei de Licitações são algumas das suspeitas que se repetem contra esses parlamentares. Entre os investigados, 14 serão titulares e seis ocuparão a suplência da comissão. A relação é encabeçada pelo PSDB, com seis nomes, seguido pelo PP, com quatro. Na sequência, aparecem o PMDB, o PSD e o SD, com dois cada. PSC, PTB, PPS e PSB têm um nome cada.

Entre os indicados, há três deputados do PP investigados na Operação Lava-Jato. Jerônimo Goergen (RS) e Luiz Carlos Heinze (RS), que serão titulares, e Roberto Balestra (GO), que atuará como suplente, são suspeitos de ter recebido dinheiro desviado da Petrobras. Todos eles negam envolvimento com o petrolão.

Alguns dos investigados já são réus. É o caso, por exemplo, do deputado Paulo Pereira da Silva (SD/SP), que responde a ação penal por corrupção no Supremo. Presidente licenciado da Força Sindical e criador do Solidariedade, um dos principais partidos de oposição a Dilma, Paulinho é acusado de desviar recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O deputado ainda é investigado em outros três inquéritos por peculato e corrupção passiva.

A chapa, formada basicamente por parlamentares pró-impeachment, foi eleita pela maioria do plenário, derrotando as indicações apoiadas pelo governo. O colegido será formado por 65 titulares e 65 suplentes. O restante de seus integrantes seria definido nesta quarta, mas o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu, em caráter liminar, o andamento de qualquer procedimento relacionado ao impeachment até que a corte se posicione sobre o assunto, de maneira definitiva, no próximo dia 16. Fachin atendeu a pedido do PCdoB, que questionou o processo que levou à eleição da chapa oposicionista. O ministro, no entanto, não anulou o resultado da votação.

Veja abaixo a relação dos integrantes da comissão do impeachment que respondem a inquérito ou ação penal no STF, as suspeitas que recaem sobre eles e os seus esclarecimentos:

PSDB
Titulares
Nilson Leitão (PSDB/MT)
Rossoni (PSDB/PR)
Shéridan (PSDB/RR)
Suplentes
Izalci (PSDB/DF)
Rocha (PSDB/AC)
Rogério Marinho (PSDB/RN)

SOLIDARIEDADE
Titular
Paulinho da Força (SD/SP)
Suplente
Genecias Noronha (SD/CE)

PPS
Titular
Alex Manente (PPS/SP)

PSC
Titular
Pastor Marco Feliciano (PSC-SP)

PMDB
Titular
Flaviano Melo (PMDB/AC)
Suplente
Geraldo Resende (PMDB/MS)

PTB
Titular
Benito Gama (PTB/BA)

PSD
Titular
Delegado Éder Mauro (PSD/PA)
Suplente
Silas Câmara (PSD/AM)

PP
Titulares

Jair Bolsonaro (PP/RJ)
Jerônimo Goergen (PP/RS)
Luiz Carlos Heinze (PP/RS)
Suplente
Roberto Balestra (PP/GO)

PSB
Titular
Danilo Forte (PSB/CE)

***

A FICHA SUJA DOS DEFENSORES DO IMPEACHMENT DE DILMA

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Os defensores do impeachment na Operação “Puxando a Capivara”
Líderes de oposição receberam agitadores de protestos antigoverno para condenar a corrupção. Mas a ficha dos que esbravejam contra a ilegalidade e a falta de ética na política é intrigante.

Cíntia Alves, Luiz de Queiroz e Patricia Faermann, via Jornal GGN em 18/6/2015

Lideranças de partidos de oposição ao governo receberam, na quarta-feira, dia 15/5, alguns dos agitadores dos protestos dos dias 15 de março e 12 de abril – entre eles Rogério Chequer, do Vem Pra Rua. Durante o encontro, figurões como Agripino Maia (DEM), Ronaldo Caiado (DEM), Mendonça Filho (DEM), Paulinho da Força (SD), Aécio Neves (PSDB) e Roberto Freire (PPS) tiveram a oportunidade de esbravejar contra os casos de corrupção que desgastam o PT e a gestão Dilma Rousseff.

Chama atenção, entretanto, a ficha dos defensores da ética e do combate indiscriminado à corrupção. Associação com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, prisão por fraudes e desvios em grandes obras, contas em paraísos fiscais em nome de familiares, recebimento de propina, recursos de campanha questionados na Justiça e até falsificação de documentos para criação de partido fazem parte do histórico de acusações e dos relacionamentos intrigantes que envolvem as estrelas políticas do encontro em tela.

O GGN fez uma breve seleção:

1) Aécio Neves (PSDB)
O neto de Tancredo Neves que construiu um aeroporto de R$14 milhões no terreno do tio-avô já foi questionado na Justiça sobre o paradeiro de mais de R$4 bilhões que deveriam ter sido injetados na saúde de Minas Gerais. O caso Copasa contra o ex-governador foi engavetado, por manobras jurídicas. Destino semelhante tiveram as menções a Aécio na Lava-Jato. O tucano foi citado por Alberto Youssef como beneficiário de propina paga com recursos de Furnas. Para o procurador-geral da República, isso não sustenta um inquérito. Rodrigo Janot também cuida de outro escândalo que leva a Aécio, sob a palavra-chave Liechtenstein (um principado ao lado da Suíça). Investigando caso de lavagem de dinheiro, procuradores do Rio de Janeiro chegaram a uma holding que estava em nome da mãe, irmã, ex-mulher e filha do tucano. Esse inquérito está parado desde 2010 – época em que Roberto Gurgel era o PGR.

2) Agripino Maia (DEM)
Presidente do DEM, Agripino Maia foi dono das expressões mais sugestivas de defesa da luta contra a corrupção. “Chegou a hora de colocar o impeachment [de Dilma Rousseff]”, disse no encontro com os manifestantes antigoverno. O senador tem em seu currículo a acusação de receber R$1 milhão em propina, em um esquema que envolvia a inspeção de veículos no Rio Grande do Norte, entre 2008 e 2011. Coordenador da campanha presidencial de Aécio, o democrata, em 2014, teve seu caso arquivado no MPF pelo ex-procurador-geral da República Roberto Gurgel. Mas foi reaberto há sete meses por Janot, e agora está sendo investigado no Supremo Tribunal Federal (STF).

3) Ronaldo Caiado (DEM)
O senador Ronaldo Caiado (DEM) é associado ao bicheiro Carlinhos Cachoeira por supostamente ter recebido verba ilícita nas campanhas de 2002, 2006 e 2010. Cachoeira foi denunciado por tráfico de influência e negociava propinas para arrecadar fundos para disputas eleitorais. O bicheiro foi preso em 2012 por operação da Polícia Federal que desbaratou esquema de adulteração de máquinas caça-níquel. Caiado foi citado nesse contexto, recentemente, por Demóstenes Torres. Ele teria participado de negociação entre Cachoeira e um delegado aposentado que queria ampliar esquemas de jogo ilegal. Até familiar do democrata já foi alvo de denúncia. O pecuarista Antônio Ramos Caiado, tio de Caiado, está na lista suja do trabalho escravo.

4) Roberto Freire (PPS)
Uma das principais acusações que pesam contra o presidente nacional popular-socialista é de envolvimento com o mensalão do DEM. A diretora comercial da empresa Uni Repro Serviços Tecnológicos, Nerci Soares Bussamra, relatou que o partido praticava chantagem e pedia propina para manter um contrato de R$19 milhões com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, comandada pelo deputado Augusto Carvalho. Freire teria sido beneficiado no esquema.

5) Paulinho da Força (SD)
O presidente do Solidariedade, segundo autoridades policiais, participou de esquema de desvio de recursos do BNDES. Um inquérito foi aberto no STF para investigar o caso. Em 2014, a Polícia Federal também indiciou a sogra e outras duas pessoas ligadas ao deputado federal sob suspeita de falsificarem assinaturas para a criação do Solidariedade. Gilmar Mendes conduzirá, ainda, a apuração em torno da suposta comercialização de cartas sindicais (uma espécie de autorizações do Ministério do Trabalho para a criação de sindicatos) por Paulinho, dirigente da Força Sindical. Consta nos registros que cada carta era vendida por R$150 mil.

6) Mendonça Filho (DEM)
Em fevereiro de 2014, Mendonça se envolveu em uma polêmica por querer indicar deputado acusado de duplo homicídio pelo Supremo Tribunal Federal para presidir a Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. Júlio Campos (DEM), ex-governador do Mato Grosso, afirmou que Mendonça teria dito que a indicação era uma “homenagem”. O deputado federal de Pernambuco já foi preso pela Justiça Eleitoral sob acusação de fazer carreata no dia de votação, mas o STF decidiu que não houve crime eleitoral. Um documento da Operação Castelo de Areia citava contribuição suspeita de R$100 mil da Camargo Corrêa a Mendonça, para sua tentativa de ser prefeito do Recife. Ele admitiu que recebeu R$300 mil da empresa, mas alega que foram doações dentro das conformidades.

7) Carlos Sampaio (PSDB)
O deputado mais votado da região de Campinas (SP) recebeu R$250 mil de uma empreiteira envolvida no esquema de corrupção da Petrobras investigado na Operação Lava-Jato. Sua última campanha arrecadou, oficialmente, R$3 milhões. Não há comprovação sobre a lisura da doação. Sampaio, coordenador jurídico do PSDB e autor do pedido para que Aécio fosse empossado no lugar de Dilma Rousseff, teve reprovada a sua prestação de contas referente às eleições para a Assembleia de São Paulo, em 1998, e às eleições municipais de Campinas, em 2008.

8) Luiz Penna (PV)
O presidente do PV também aparece um tanto escondido na fotografia. Irregularidades já remetidas à prestações de contas do partido incluem seu nome. Em 2006, por exemplo, boa parte dos R$37,8 mil gastos em passagens aéreas e R$76,8 mil com diárias de campanhas eleitorais foram atribuídos a José Luís Penna. Na época, servidores do TSE apontaram ausência de documentos que comprovassem os gastos e uso de notas frias, indicando empresas fantasmas que teriam prestado os serviços. O corpo técnico do Tribunal sugeriu a rejeição das contas do partido de 2004, 2005 e 2006. O deputado federal respondeu a dois processos judiciais, um pelo TRE/SP, rejeitando a sua prestação de contas à eleição de 2006, e outra pelo TSE reprovando as contas do PV de 2004.

9) Flexa Ribeiro (PSDB)
O hoje senador já foi preso pela Polícia Federal em 2004, na Operação Pororoca, por fraude em licitações de grandes obras realizadas no Amapá. Foi acusado de corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, tráfico de influência, peculato, prevaricação, usurpação de função pública e inserção de dados falsos em sistema de informações.

10) Antonio Imbassahy (PSDB)
O deputado federal tucano era prefeito de Salvador em 1999, quando contratos suspeitos foram assinados com as empresas Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Siemens, que formavam o consórcio responsável pelo metrô da capital baiana. O Ministério Público Federal investiga o superfaturamento nas obras, que gira em torno de R$166 milhões. Até agora, dois gestores indicados por Imbassahy à época e duas empresas foram indiciadas. O tucano é o vice-presidente da CPI da Petrobras, que investiga desvios de verbas da estatal, onde diretores da Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa também aparecem como réus. Imbassahy foi acusado pelo PT de se aproveitar do posto na CPI para pedir documentos à Petrobras e vazar para a imprensa.

11) Beto Albuquerque (PSB)
Ex-colaborador do governo Tarso Genro (PT) no Rio Grande do Sul, Beto Albuquerque (PSB) foi envolvido na intriga que rendeu a queda do então diretor-geral do Departamento de Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) José Francisco Thormann. Thormann se antecipou a uma demissão após a imprensa local ter revelado que ele viajou à Suíça à custa de uma empresa privada subcontratada para fazer obras no Estado. Em nota de defesa, Thormann afastou suspeitas sobre o fato, e revelou que Beto Albuquerque, quando secretário de Infraestrutura do Estado, também fez viagens ao exterior bancadas por empresas que detinham contratos com o poder público. Quando a notícia surgiu, Beto já não era secretário – tinha deixado a gestão petista para reforçar a bancada do PSB na Câmara Federal.

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2 Respostas to “Bandidagem: Um terço da comissão especial pró-impeachment responde por crime no STF”

  1. Filomena Rocha Says:

    Poder legislativo contaminado. Esses sao os que se sabem, os que os crimes nao vieram a tona devem ser em maior numero. E’ por isso que bandidos como o cunha ainda esta’ solto. So Deus para mudar o destino do Brasil.

  2. Jésus Araújo Says:

    Ante a composição do grupo parlamentar que decidirá pela cassação da Presidenta, a “qualidade” de membros da mesa da Câmara e outras informações, vê-se que o Brasil precisa mesmo de uma limpeza tipo lava-a-jato. Mas o pior é que o jato está virado para a direção errada,

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