Partidos lançam Rede da Legalidade contra impeachment de Dilma

Ciro_Gomes06_Flavio_Dino_Carlos_LupiProposta do PCdoB e do PDT é uma nova versão da iniciativa capitaneada por Brizola em 1961, que buscou organizar uma resistência à primeira tentativa de golpe contra João Goulart.

Via RBA em 6/12/2015

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT) e o presidente do PDT, Carlos Lupi, lançaram no domingo, dia 6/12, a Rede da Legalidade, contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O anúncio foi feito durante uma coletiva de imprensa, na sede do governo do Maranhão. A proposta é uma nova versão da iniciativa capitaneada por Leonel Brizola em 1961, que buscou organizar uma resistência à primeira tentativa de golpe contra João Goulart.

Enquanto na década de 1960 a Rede da Legalidade teve o rádio como principal canal de difusão, a versão moderna da iniciativa vai buscar apoio na internet. Uma das estratégias é mobilizar o público por meio das redes sociais.

Pensando nisso, Dino anunciou o lançamento da página “Golpe nunca mais”, na rede social Facebook. O nome é uma alusão ao projeto “Brasil nunca mais”, que denunciou os crimes cometidos durante o período da ditadura militar. Segundo Dino, o objetivo é “mostrar o que acontece quando a Constituição é desrespeitada.”

Os políticos argumentaram que o pedido de impeachment de Dilma não encontra respaldo na Constituição Federal, pois a presidenta não estaria diretamente envolvida em crimes de responsabilidade. “Não há nenhum ato da presidenta da República que atente contra a probidade dela. Mesmo os adversários mais firmes da presidenta não imputam a ela nenhum ato de corrupção”, disse Flávio Dino.

O governador do Maranhão afirmou que as chamadas [pela oposição] “pedaladas fiscais” praticadas pelo governo Dilma em 2014 não justificam a interrupção do atual mandato da presidente. Dino também rebateu outro argumento utilizado por aqueles que são favoráveis ao impeachment: a abertura de créditos suplementares pelo governo em 2015 sem observar o superávit da meta fiscal do ano.

Para o governador, no momento em que o Congresso Nacional aprovou a proposta de revisão da meta fiscal (PLN 5/2015), as supostas irregularidades foram suprimidas. “Ao aprovar o PLN 5 o Congresso deu uma prova de que não deseja o impeachment”, avaliou Dino.

Golpe
Para Dino, Ciro Gomes e Lupi, o impeachment de Dilma é uma tentativa de golpe, e disseram que estão dispostos a promover mobilizações para reforçar a manutenção do atual governo. “Nós não podemos nos calar, aceitar passivamente uma virada de mesa antidemocrática, não podemos aceitar que se rasgue a Constituição, isto está acima de qualquer governo”, disse Dino, que aproveitou para deixar um recado: “quero dizer que as críticas todas são legítimas, o direito à oposição é legítimo, mas ele não está acima do país. No presidencialismo não existe impeachment por gosto”, completou.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ) foi alvo de duras críticas dos políticos. “Não vejo legitimidade do presidente daquela Casa em fazer o impeachment de ninguém. Ele é um homem sob suspeição”, disse Carlos Lupi, fazendo referência às acusações que pesam sobre Cunha, que responde a um processo no Conselho de Ética da Câmara por suposta quebra de decoro parlamentar.

Além disso, o peemedebista é um dos principais personagens da Operação Lava-Jato no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF), suspeito de ter recebido propinas milionárias do esquema de corrupção descoberto pela Polícia Federal na Petrobras.” Não pode ser que esse homem seja transformado no guardião da Constituição e da lei. É uma inversão absurda”, completou Lupi.

O presidente do PDT aproveitou a ocasião para anunciar o pré-lançamento da candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República em 2018. Recém-filiado ao partido, Ciro Gomes ainda terá de enfrentar o senador Cristovam Buarque (DF) na disputa pela indicação da legenda na próxima corrida presidencial.

Ciro Gomes fez críticas à política econômica adotada pela equipe de Dilma, e pediu para que a população se organize em duas frentes de luta: “De um lado, proteger a democracia. Não tolerar que um grupo de mafiosos utilizando protocolos formais derrube a democracia no Brasil. E, por outro lado exigir, pedir, suplicar para que a presidente Dilma se reconcilie com os valores e os grupos sociais que lhe deram a vitória.”

Em seu pronunciamento, Ciro Gomes também acusou o vice-presidente, Michel Temer, de ser o “capitão do golpe” contra o mandato de Dilma Rousseff.

“Se a Dilma cair é o Michel Temer que assume. Perguntem qual é a opinião dele sobre seu ‘parceiro íntimo’ ter conta na Suíça. O beneficiário dessa situação é o Michel Temer, o capitão do golpe”. Não é a primeira vez que Gomes dá essa declaração. Ele já havia falado a mesma coisa em um programa de televisão na sexta-feira, dia 4/12 (leia abaixo), além de reproduzir a mesma frase em sua página em uma rede social.

De acordo com sua assessoria, o vice-presidente da República passou o domingo em São Paulo com a família e não vai se manifestar sobre as declarações do ex-ministro. Já Dilma disse no sábado, dia 5/12, após evento no Recife, que espera “integral confiança” de Temer.

O pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, protocolado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Junior e Janaína Paschoal, foi aceito pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), na noite de quarta-feira, dia 2/12. A presidenta da República foi notificada oficialmente no dia seguinte.

Na segunda-feira, dia 7/12, será instalada no Congresso Nacional a comissão especial que vai analisar o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Ao todo, a comissão terá 65 membros.

***

Ciro_Gomes07_Mariana_Godoy

CIRO CHAMA CUNHA DE LADRÃO E DIZ QUE TEMER ASSINOU DECRETOS DE “PEDALADAS”
Fernando Brito, via Tijolaço em 5/12/2015

Em entrevista dada ontem a Mariana Godoy, na Rede TV, o ex-ministro Ciro Gomes, de maneira direta, além de dizer com todas as letras que Eduardo Cunha é “ladrão”, acusa o vice-presidente Michel Temer de estar conspirando pelo golpe de Estado contra Dilma Rousseff.

Ciro, que acusa Temer de ser “sócio em tudo” de Eduardo Cunha, diz que o vice-presidente está sendo hipócrita em coonestar o discurso das “pedaladas fiscais” porque, além de não serem crimes de responsabilidade, são uma prática comum e diz que já tem separados decretos assinados por Michel Temer, nos seus períodos de interinidade, onde ele também praticaria “pedaladas” orçamentárias.

Assista o trecho que separei. Se desejar ver a íntegra, clique aqui.

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2 Respostas to “Partidos lançam Rede da Legalidade contra impeachment de Dilma”

  1. Jésus Araújo Says:

    Como a tese das pedaladas fiscais está sendo desmoralizada, começa a crescer a tese de que a Presidenta deve sofrer impeachment pelas suas “mentiras”. Querem transformar o impeachment em recall. Vamos à Rede da Legalidade!

  2. daysens Says:

    Ainda bem que no Brasil existem muitos, a maioria creio eu, de homens e mulheres de envergadura moral elevada, os quais, de fato, amam e lutam pelos reais interesses deste nosso País e de seu Povo, a exemplo de Flávio Dino, Ciro Gomes, Carlos Lupi, etc.
    Parabéns pela criação da REDE DA LEGALIDADE!
    É preciso garantir a legalidade, a democracia, enfim, a vontade livre e soberana do Povo Brasileiro, expressa na última eleição presidencial, garantindo mais um mandato à nossa Presidenta.
    O voto livre e soberano dos cidadãos deste País não pode ser, jamais, objeto de manobras de aventureiros.
    Parabéns a esses três grandes políticos brasileiros!!!!!!
    Á REDE DA LEGALIDADE!!!!!!!!
    Á SOBERANIA DO POVO BRASILEIRO!!!!!!

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