Michel Temer terá de decidir como pretende entrar para a história

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Luis Nassif, via Jornal GGN em 6/12/2015

Por um desses caprichos do destino, na sessão em que Eduardo Cunha acatou um dos pedidos de impeachment de Dilma, houve o episódio que desequilibrou o jogo em favor da presidente: o destravamento da pauta fiscal.

O maior fator estimulador do impeachment era o travamento da economia, a sensação alimentada por seus defensores de que nada seria pior do que a continuidade do governo Dilma. Para tanto, contribuiu em muito a irresponsabilidade institucional da oposição e da mídia, fazendo o jogo do quanto pior, melhor.

O destravamento da pauta mudou o jogo. Mostrou que o governo conseguiu sensibilizar o bom senso dos parlamentares e reduzir o espaço dos incendiários. Pode começar a governar. O que poderia levar a um novo travamento seria justamente a tese do impeachment.

Ou seja, a perspectiva de caos saiu do colo de Dilma para o colo dos impichadores. Quem se oferece para recolher a bomba e pagar a conta?

É aí que entra o fator Michel Temer.

O papel de Temer
Temer não é um jovem irresponsável. Tem idade, senioridade, envergadura intelectual para disputar um lugar na história. É isso que o move, não a ambição de uma carreira política inviável pela própria idade.

Mesmo tendo papel relevante na Constituição de 1988, sua carreira política não foi marcante. Pelo contrário, enquanto secretário de governo em São Paulo e deputado, pavimentou-a com o pragmatismo comum ao meio. Como vice-presidente, pouco lhe foi dado fazer.

Nesses momentos de neblina e cerração, cresce a relevância das figuras referenciais. Temer pretende ser uma delas, aglutinando a nação em torno dele. Seu sonho seria uma nação unida a favor do impeachment recorrendo a ele. Com sua senioridade, pairando acima das paixões, ele receberia o fardo do poder, destravaria a economia, montaria uma nova frente hegemônica e em 2018 entregaria a Presidência de um país pacificado ao novo eleito. E correria para o abraço da história.

Lamento informar o douto constitucionalista, mas a cena acima é inviável por vários motivos.

Com o destravamento da pauta fiscal, o jogo inverteu: a aposta na ingovernabilidade pulou para as mãos dos defensores do impeachment. A alternativa agora é entre três anos de um governo medíocre, ou um salto no escuro, com todos os componentes de uma radicalização política.

Em vários setores da opinião pública já se firmou a convicção de que o impeachment é golpe. As manifestações dos últimos dias, da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), sindicatos, movimentos sociais e juristas da turma de Temer mostram que haverá reação pesada se o impeachment se firmar.

Haja Força Nacional
Além disso, o projeto econômico brandido pela frente de apoio a Temer prevê o desmonte da rede social criada pela Constituição que Temer ajudou a construir.

Haja Força Nacional e polícias militares para conterem a reação geral. A piora na economia se dará em um quadro de profunda conturbação social.

Temer terá estrutura emocional para atropelar sua biografia e tornar-se um Arthur Bernardes do século 21, com três anos de estado de sítio e sem a legitimidade do voto popular, ainda que da República Velha? Será alvo de ódio de metade do país, sem se tornar ídolo da outra. Os primeiros tiros contra ele, disparados por Ciro Gomes, são um pequeno ensaio do que o espera se prosseguir avalizando o golpismo.

Não apenas isso.

A frente que pretende sustentar Temer é formada por dois partidos – PMDB e PSDB – divididos em várias ilhas de poder, sem um comando unificado e com uma enorme quantidade de candidatos a fichas sujas.

Na fase mais crítica da sua impopularidade, Dilma tem a blindagem de uma vida pessoal impoluta. Temer terá a seu lado Paulinho da Força, Aécio Neves, os despojos de Eduardo Cunha e os fantasmas da Lava-Jato.

Se prosperar a tese do impeachment, o que se terá serão três anos de estado de sítio virtual, seguido da eleição de um anti-Temer.

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6 Respostas to “Michel Temer terá de decidir como pretende entrar para a história”

  1. pintobasto Says:

    Esse Michel Temer tem os dias contados por seu coração muito debilitado pelo uso exagerado do Viagra e mais dia, menos dia, dará o peido mestre que podemos entender como enfarte do miocárdio agudo. Não demora para isto acontecer porque o safado já é bem velho.

  2. daysens Says:

    Lamentável o vice flagrado nesse papelão feio, medíocre.
    As máscaras não duram para sempre. Até pelo contrário, caem facilmente.
    Manter a lógica do que é falso é absolutamente impossível.
    Aí estão: engodos velados revelados.
    Parafraseado o nosso grande Machado:Aos traidores os ovos podres!

  3. pintobasto Says:

    Michel Temer já entrou para a história do Brasil como o vice-presidente traidor mais descarado da república e não é de agora que seu comportamento sempre foi cheio de mistérios. Tem fortuna pessoal muito grande em nome de laranjas que por si só mostra que não foi adquirida por meios lícitos Investiguem-no e saberão quem é esse Miguelão.

  4. Wilson Eduardo Canova Teixeira Says:

    Acho que agora é a hora de testar o poder de Dilma, para resolver de vez essa situação de angústia que ela está vivendo; se passar por essa, irá calar de vez a boca dos que querem a desgraça desse país para tomar o poder em um ato golpista e se não passar, o país não ficará melhor do que está, mas ninguém garante também que melhorará, porque a crise não surgiu a partir dos problemas internos, mas sim, principalmente dos problemas externos que diminuíram as negociações comerciais por estarem em recessão lá fora e aí, eu não gostaria de estar na pele do Temmer diante da decepção que causará aos empresários e a população.

  5. Francelino Says:

    Será mesmo? Há tanta coisa a se pensar:
    1 – A midiazona fica martelando as reuniões secretas de Temer com a oposição ao Brasil. Será que essas reuniões de fato acontecem ou são mero blefe?

    2 – Ciro atira pela frente e dá tapinha nas costas por trás. Não esqueçamos que Ciro conhece a tucanagem e ele já é pré-candidato a 2018. Se coloca como ‘alternativa’, como terceira via, mas duvido que ele seja muito diferente de Aécio, Serra e cia. tucana.

    3 – Há setores que parecem que ainda não entenderam que sem o PMDB não se governa. O PSOL, do alto de seus eternos 1% de intenções de voto, insiste em pensar o contrário. Parte da ‘esquerda’ foi fisgada nessa conversa fiada e trataram de implodir a aliança do PMDB-RJ com o PT, no achincalhe a Cabral (lembram dos ‘black blocks’ de 2013? Por que nos BBs não foram a São Paulo contra a PM repressora do Alckimin, mas foram ‘leões’ com Cabral? E atualmente, quem se posicionou publicamente contra o impeachment foi… o PMDB-RJ.

    4 – Política não é jogo de bozó (mera sorte ou dados viciados) é jogo de xadrez (estratégia, inteligência e paciência).

    5 – E antes de ir… Repararam que a comissão a ser montada para análise do pedido de impeachment está seguindo o Regimento Interno da Câmara e não os trechos da Lei que trata dos motivos e ritos do impeachment?

    Só isso já invalidaria seu seguimento.Temer já escreveu até livro de Direito Constitucional. Será que nem ele reparou nessa composição seguindo os ‘blocões’ da Câmara e não a Lei?

    A mídia não notou. Nem o PiG, nem os que posam de isento.

  6. Eliane Barroso Says:

    Ele já escolheu, como parasita, como oportunista, como uma covarde que não se submete a um pleito!

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