Gilmar Mendes acha aumento de R$7,00 no Bolsa Família “eleitoreiro”. O dele, de mais de R$5 mil, é “dignidade do cargo”.
Fernando Brito, via Tijolaço em 27/11/2015
Lê-se no Estadão que o ministro Gilmar Mendes, do STF e do TSE, falando hoje sobre compra de votos (juridicamente, “captação de sufrágio”) disse que “dispõe-se da possibilidade de fazer políticas públicas para aquela finalidade. Aumentar Bolsa Família em ano eleitoral, aumentar o número de pescadores que recebem a Bolsa Defeso”.
Ou, traduzindo, eleitoralismo com programas públicos. O ministro Gilmar Mendes considera, talvez, o aumento de R$70,00 para R$77,00 do benefício-base do Bolsa Família, o estrondoso aumento de R$7,00, em maio de 2014.
Em agosto, o ministro Gilmar Mendes foi beneficiado por um reajuste em seus vencimentos de R$33,76 mil, aproximadamente, para R$39,2 mil, ou mais de R$5.300,00, valendo a partir de janeiro de 2016.
O equivalente a quase 800 vezes os R$7,00 a mais que cada miserável deste país recebeu para dar de comer aos filhos, porque fazia tempo que não se reajustava o benefício.
O mesmo não ocorria com os senhores ministros, que em janeiro deste ano tiveram aumento, um pouco mais “modesto”: de R$29,4 mil para R$33,7 mil.
Ah, mas não era ano eleitoral…
Pois não, em 2014, ano eleitoral, em janeiro, suas excelências abocanharam um pequenino aumento, coisa de R$1.400,00 ou 200 “boquinhas de pobre”, passando R$28 mil para R$29,4 mil.
Se contarmos o período em que o benefício do Bolsa Família teve apenas R$7 de reajuste no seu benefício-base, os senhores ministros acumularam um reajuste de mais de R$10 mil.
Sem contar, claro, os penduricalhos a que têm direito os magistrados da Corte Suprema e que dariam para sustentar um batalhão de miseráveis.
A sensibilidade social do senhor Gilmar Mendes é prodigiosa. Maria Antonieta era uma Madre Theresa de Calcutá perto dele.
PS.: Quanto ao atropelo à isenção que Mendes deveria ter e não tem como ministro de uma corte eleitoral que tem nas mãos o destino de quem foi eleita pelo voto, nem vou gastar tempo comentando. É deprimente demais.
Leia também:
● Coletânea de textos: Gilmar Mendes, o defensor-geral do retrocesso
7 de dezembro de 2015 às 10:23
Uma coisa não nada a ver com a outra. Um erro não justifica o outro. Erro um: eternidade do bolsa família. Erro dois: aumento do judiciário desproporcional aos demais trabalhadores.
6 de dezembro de 2015 às 5:25
Mas, na CADEIA {[(“<
>”)]}!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!6 de dezembro de 2015 às 0:39
É uma inversão de valores, tão grande, que o pobre que elege não vale nada. É preciso avisá-los que a parte mais importante dessa história é o povo. Também que, numa democracia, quem elege e quem depõe presidente é o povo, que um congresso vota interesse do povo, não de empresas ou pessoais de uns e outros, e de quem paga mais. “O poder emana do povo e ao povo deve voltar” e quem banca esses poderes todos é o “POVO”. Vamos parar com essa inversão!