Para as revistas semanais brasileiras, Eduardo Cunha não existe

Fernando Brito, via Tijolaço em 3/10/2015

Aproprio-me das imagens das capas das três “grandes” revistas semanais, reproduzidas no Facebook de Fernando Morais. Salvo por duas pequenas notas na capa da Istoé e da Época – “nadica de nada” na Veja –, o leitor que tiver passado algum tempo em Marte, olhando os córregos que a Nasa descobriu por lá, haverá de pensar que Eduardo Cunha, que era o todo-poderoso “dono” da Câmara, não existe mais.

A “força súbita”, que a Veja via nele – olhe a capa do final de março – virou “morte súbita”?

Ele não é mais o homem que vai derrubar o governo, colocando o impeachment a ser votado?

Não, ele é um cadáver insepulto no meio da sala da oposição e que não vai sair de imediato dali, como rapidamente o retiraram das capas de suas revistas.

E não há lençol que lhe esconda o fedor.

Embora o Fernando Morais – com toda a razão, aliás – chame a atenção para o fato de que as capas atacando Lula serem “a merecida paga que o PT recebe por ter, durante 12 anos, chocado o ovo dessa serpente com verbas publicitárias do estado”, eu prefiro destacar outra forma de olhar.

As contas de Cunha na Suíça – mais que as delações de sua propinagem, que se arrastariam num processo necessariamente longo no STF , nada parecido com os rallies de Sérgio Moro no Paraná – foram o prego no caixão da tentativa de depor, imediatamente, Dilma Rousseff, por conta da composição com o PMDB, que dá arrepios aos puristas que não se pejavam em aliar-se e bajular o presidente da Câmara, um homem, naturalmente, de trajetória limpíssima e ideias humanistas e modernas como as dos jovens rapazes de sua redação, amém.

O que vejo é que se transferiu a mira dos canhões para mais acima: Lula 2018.

Não que vão abandonar as escaramuças, pelo contrário. Com a ajuda luxuosa de quem não percebe que, na guerra ninguém sai de uniforme impoluto.

E como qualquer curioso sobre táticas de guerra sabe, mais importante que uma grande precisão dos tiros no “fogo de barragem” é o terror e o encolhimento que ele provoca nas forças de defesa.

Que faz ser a hora, antes de tudo, de “tocar reunir”.

Nota do Limpinho: O texto de Fernando Brito não cita a CartaCapital, que também não trouxe em sua chamada principal de capa as falcatruas de Eduardo Campos. A revista de Mino Carta, há muito, deixou de ser progressista para ser apenas mais uma.

This entry was posted on 3 de outubro de 2015 at 16:51 and is filed under Brasil, Política. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. You can leave a response, or trackback from your own site.

3 Respostas to “Para as revistas semanais brasileiras, Eduardo Cunha não existe”

Selma Schiedeck Says:
5 de outubro de 2015 às 12:28
O Lula, sabiamente, puxou os holofotes para si, a fim de aliviar a pressão contra a Dilma. com isso atacam ele, que tem muita habilidade política, até para se defender.
Eliane Barroso Says:
4 de outubro de 2015 às 10:16
Mídia vagabunda, vendida! Idiotas os que ainda insistem em achar que estão se informando lendo esses gibizinhos de 5ª. Prestem mais atenção no seu dinheiro. Se a época é de crise, o primeiro corte, se vc ainda tem um pouco de discernimento, é o custo de entretenimento de péssima qualidade.
pintobasto Says:
3 de outubro de 2015 às 20:40
A “Súbita força de Eduardo Cunha” título de capa de Veja publicada tempos atrás, necessita ser explicada aos seus leitores! Se não o fizer, eles vão ficar sabendo por outros meios que o Eduardo Cunha é um tremendo ladrão de dinheiro público, um achacador de empresas privadas e um descarado pilantra que não respeita que não respeita!
Se a Veja já não tem credibilidade nenhuma, imaginem com esse título.