
Lula e Mujica ressaltam a importância das instituições políticas para o desenvolvimento social de um país.
Gilberto de Souza, via Correio do Brasil em 29/8/2015
Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, líder do Partido dos Trabalhadores (PT) e José Mujica, senador no Uruguai, saíram em defesa das instituições políticas como alicerces das conquistas sociais observadas no Brasil, na última década, e na condução de soluções avançadas para o combate ao narcotráfico, como no país vizinho. Lula e Mujica participaram, neste sábado, de uma mesa no Seminário Internacional Participação Cidadã, Gestão Democrática e as Cidades no Século 21, realizado pela Prefeitura de São Bernardo, na Grande São Paulo.
Mujica, no discurso, defendeu a importância dos partidos políticos para a manutenção das conquistas sociais dos cidadãos.
“A democracia requer partidos. Não há democracia sem partidos. Eles são a vontade coletiva de grupos humanos. Os grandes meios nunca vão estar do lado do povo. São empresas, que atendem a outra forma de entender o mundo”, afirmou.
Para o ex-presidente uruguaio, “não há homens imprescindíveis, há causas imprescindíveis”. Ao fim de sua fala, José Mujica foi aplaudido em pé pelo público presente no auditório do Centro de Formação dos Profissionais de Educação (Cenforp).
Povo humilde
Lula, por sua vez, relembrou as experiências de participação popular criadas pelo PT ao longo de seus 35 anos, dentre elas, o orçamento participativo, implementado em Diadema em 1982:
“Pela primeira vez o povo humilde era chamado a discutir cada prioridade do seu bairro. E votavam, participavam e cobravam.”
O antecessor da presidenta Dilma Rousseff também afirmou que a própria criação do partido nasceu da necessidade do trabalhador exercer sua cidadania política.
“Não era possível eu todo ano fazer greve e, ao chegar na eleição, eleger meu patrão pra vereador, deputado, prefeito”, disse.
Durante dois mandatos, Lula afirmou que seu mandato caminhou na direção do governo aos movimentos sociais.
“Se perguntarem qual foi o maior legado que deixei, foi a relação que o governo estabeleceu com a sociedade e com os movimentos sociais. Se juntar todos os presidentes do país, antes de mim, eles não fizeram 10% das reuniões que fizemos. Foram 74 conferências nacionais, que começavam nos municípios”, lembrou.
Ódio ao PT
O ex-presidente comentou, ainda, a situação política atual, especialmente a grande polarização na qual se encontra o Brasil.
“De onde vem esse ódio? Será que uma parte desse ódio demonstrado contra o PT é porque as empregadas domésticas conquistaram mais direitos? Nós fomos para a rua para conquistar melhoras para as pessoas. Acho que essas pessoas estão querendo desfazer essas melhoras”, desconfia.
Nos próximos meses, Lula reafirmou que pretende viajar e voltar a dar entrevistas para “ver se dão um pouco de sossego para a companheira Dilma e se incomodam comigo de novo. As pessoas não me deixam em paz. Todo santo dia falam no meu nome”.
Falando com José Mujica, completou: “Você só consegue matar um pássaro se ele ficar parado no galho. Se ele voar, fica difícil. Eu voltei a voar outra vez”.
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31 de agosto de 2015 às 21:20
Governar junto com o Povo é o segredo duma boa administração, mas não se podem fazer alianças com quem esta habituado a abocanhar o dinheiro público.
Para o PT continuar vivo, é necessário politizar toda a população1