Luiz Flávio D’Urso diz que nem a polícia nem o Ministério Público conseguiram provas que confirmasse a tese da denúncia contra ex-tesoureiro do PT, até aqui baseada apenas em delações.
Via RBA em 28/8/2015
A denúncia que o Ministério Público Federal formulou contra o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, no âmbito da Operação Lava-Jato, não tem condições de prosperar, afirma o advogado de defesa Luiz Flávio Borges D’Urso. Em entrevista na sexta-feira, dia 28/8, a Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual, D’Urso diz que nem a polícia e nem o Ministério Público Federal conseguiram uma única prova que confirmasse a tese da denúncia, baseada nos depoimentos de Alberto Youssef, Pedro Barusco e Augusto Mendonça.
A denúncia estabelece que os três delatores teriam acusado o ex-tesoureiro de ter recebido dinheiro de origem ilegal diretamente, ou de saber a origem ilegal dos recursos e orientado a realizar depósitos nas contas do PT. Para D’Urso, no entanto, isso não procede. Ele destaca que o processo durante a fase de instrução e coleta de provas, como também durante o depoimento desses três delatores, verificou que nenhuma prova existia. “E delação não é prova, mas um caminho, uma informação, para que o Ministério Público e a polícia produzam prova para o processo, aí sim, a prova ser valorada.”
“Se existe somente a palavra do delator, isso a lei proíbe, não dá base a uma condenação”, afirma. No caso da defesa, quando foram apresentadas as alegações finais, além da falta de provas, ela esmiuçou informações contidas nos depoimentos dos delatores. “No caso do Alberto Youssef, ele declara que jamais esteve pessoalmente com o Vaccari, que nunca teve contato nenhum direto com Vaccari, e que a história do dinheiro que teria sido encaminhado ao Vaccari foi por terceiros, ou por ouvir dizer. Vale dizer que, com isso, ele, delator, cuja palavra não é prova, nem mesmo assim afirmou que deu dinheiro diretamente para o Vaccari ou nem sequer conheceu Vaccari.”
Já o depoimento de Pedro Barusco contrariou tudo o que foi noticiado a respeito de Vaccari, informa o advogado. “Ele diz respondendo a um dos deputados: ‘Quero esclarecer que com relação ao Vaccari, não sei se ele recebeu alguma coisa, ou como recebeu.’ O Pedro Barusco se limitou a dizer que o Vaccari fez alguns jantares, ou alguma reunião com ele e com Renato Duque, mas quanto a dinheiro, quanto a propina, ele não acusa o Vaccari e com isso o depoimento também do Barusco é muito positivo, embora não seja prova. Mas ele não acusa o Vaccari de ter recebido dinheiro de origem ilegal”, afirma o advogado.
No MP, segundo a acusação, o ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque teria pedido a Augusto Mendonça que procurasse Vaccari para que o ex-tesoureiro do PT indicasse onde ele deveria fazer doações para o partido, dinheiro de origem ilegal, segundo a acusação. “O Augusto Mendonça nos seus depoimentos revela esse juízo que, em primeiro lugar, quando foi procurar o Vaccari, ele não revela a origem dos recursos que ele pretendia doar para o PT. E perguntado expressamente tanto pelo promotor quanto pelo juiz: ‘Mas o Vaccari sabia a origem desses recursos?’, Augusto Mendonça diz que não sabia; ‘Mas o Vaccari teve conhecimento de que se tratava de algum contrato?’; e ele diz que ‘Não teve conhecimento’. O Augusto Mendonça é taxativo ao dizer que ele procura o Vaccari simplesmente dizendo que queria fazer doação para o PT, coisa absolutamente legal para qualquer um, e o Vaccari indica as contas do PT para que fossem feitos os depósitos. Ora, aí não há crime algum, e o Vaccari mais uma vez agiu exclusivamente cumprindo suas obrigações enquanto tesoureiro de um partido político.”
Para a defesa, a ausência de imputação de crime nas três delações e a falta de provas contra Vaccari deverá levar o ex-tesoureiro do PT à absolvição. Mas a imprensa tradicional já fez a condenação, lamenta Luiz Flávio D’Urso. “As notícias que circulam são muito distorcidas, trazem elementos que não estão no processo. E muitas vezes também trazem referências a Vaccari feitas por outros, inclusive outros delatores, mas que não estão nesse processo. Portanto, esse processo diz respeito exclusivamente a essas delações, sem nenhuma comprovação. Assim sendo, em que pese que o Vaccari tem outro processo a ser discutido, nesse caso especificamente no qual apresentamos as alegações finais, penso que tecnicamente não há outra solução senão a absolvição dele. Todavia, se tivermos uma decisão que não siga esse aspecto eminentemente jurídico, técnico, que venha a aflorar uma condenação por óbvio que nós dela recorreremos. Se condenação vier, essa condenação estará baseada em palavra de delator, o que é proibido pela lei brasileira.”
9 de setembro de 2015 às 1:45
No final dessa operação Lava Jato vão ter que mudar o nome para Salva Rato porque quem está saindo a ganhar, têm sido os grandes ladrões que cuidavam de destribuir o dinheiro roubado e conseguiram diminuiçao das penas, delatando seus comparsas da roubalheira.
O juiz Sérgio Moro vai enfrentar ações que lhe serão movidas por todos que sofreram com seus abusos de autoridade e de uma ele não escapa, Marcelo Odebretch não vai querer grande indenização!
9 de setembro de 2015 às 0:03
Só que enquanto isso o nome do Vacari está na lama, ele está privado da liberdade. Em se confirmando sua inocência deveria processar esse moro por danos morais!
30 de agosto de 2015 às 23:29
No final desta operação Lava Jato vai ficar esclarecido que os grandes operadores da roubalheira foram presos e condenados, devolvendo parte do dinheiro que roubaram. As quantias que desviaram para políticos evaporaram! Ou simplesmente não aprofundaram as investigações. Temos o caso do Eduardo Cunha que deverá ser ben esclarecido porque existem provas que o dinheiro lhe foi remetido e recebido por gente de sua confiança, mas no caso do Aécio Neves nada foi aprofundado muito embora existam provas de remessas de dinheiro para ele, recebidas pela irmã. Do Collor está confirmado que recebeu grandes quantias em dinheiro. A deleção premiada de alguns empresários ajudou a conseguir algumas provas, mas foram poucos os casos.
Resta saber o que foi alterado na legislação que inibe tais crimes e o mais importante, o financiamento das campanhas eleitorais por empresas privadas ou cidadãos particulares, continua na mesma e já deveriam ter sido proibidas.
A operação Lava Jato está causando graves danos às grandes empreiteiras e aos grandes projetos que elas tocam atualmente. Podemos dizer que a emenda foi pior que o soneto.