Nossa fraternidade é seletiva. Só temos fraternité com quem é cliente personnalité.
Gregorio Duvivier em 17/8/2015
Amor, Ordem e Progresso. O binômio positivista na verdade era uma tríade – assim como a Liberdade–Igualdade–Fraternidade dos franceses, só que sem rimar. Nosso trinômio era ainda mais chique, em verso livre. “O amor vem por princípio, a ordem por base / O progresso é que deve vir por fim / Desprezastes esta lei de Augusto Comte / E fostes ser feliz longe de mim”, cantava Noel.
O amor estava no princípio, antes do verbo. Ou talvez o amor fosse um verbo – da quarta conjugação, daqueles verbos terminados em “or”: por, depor, transpor, amor.
Imagina que lindo ter amor na bandeira – mas os inventores do país tiraram o elemento fundamental da tríade positivista. Amputaram a fraternidade da nossa tríade, e assim nasceu nossa república: amorfóbica.
Não sou o primeiro a levantar essa bandeira de uma outra bandeira. Jards Macalé fez campanha pela volta do amor na flâmula. Chico Alencar fez um projeto de lei. Suplicy (saudades) tentou emplacar o projeto. Nada. Ao contrário da bíblia, do boi e da bala, o amor não tem bancada. O amor não faz lobby e ficou do lado de fora da festa da democracia. Talvez aí tenham começado os nossos problemas: no recalque da fraternidade.
Lembro que uma vez reclamei para um francês que eles eram pouco afetivos, enquanto nós brasileiros vivíamos numa cultura mais amorosa. E o professor, roxo de raiva, perguntava, aos berros, onde estava, na história do Brasil, o amor pelos negros, pelos gays, pelos índios, pelas crianças de rua. O carinho que temos pelos nossos semelhantes é proporcional ao ódio que temos pela diferença. Nossa fraternidade é seletiva. Só temos fraternité com quem é cliente personnalité.
Nossa cultura é muito erótica – e muito pouco amorosa. O amor líquido aqui já tá gasoso. Ou como dizia o Poeta: “Não era amor, era cilada. Cilada. Cilada.”
Não quero engrossar o coro dos que acreditam que protesto é coisa de gente mal-amada. Acho que pode haver muito amor no protesto.
Mas não encontrei nesse. Houvesse mais amor, não estariam protestando contra o fato do DOI-Codi não ter enforcado a Dilma quando teve oportunidade. Não teria gente dizendo que “tinham que ter matado todos os comunistas em 64”.
Houvesse mais amor, estariam pedindo o fim do programa nuclear brasileiro. Houvesse mais amor, estariam pedindo o fim do incentivo à indústria bélica. Houvesse mais amor, estariam protestando contra a polícia que acaba de cometer uma chacina – não estariam tirando selfie com ela.
Toda revolução é uma obra de amor – caso contrário, é golpe.
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20 de agosto de 2015 às 10:05
Pelo que pude observar nas palavras e frases cheias de ódio e, até obscenas, ficou-me clara a manipulação daquela gente, pobre gente.
Mas a despeito disto, a vida seguirá o seu curso.
E, mais a frente, quando estes tristes fatos entrarem para a nossa história tudo ficará claro. Então, os personagens se revelarão e os seus objetivos e o mal e o bem que fizeram…
Quem viver verá e corarão de vergonha….
19 de agosto de 2015 às 11:50
Eu até que gostaria de ver, essa turma gritar “Fora…” naqueles anos de chumbo… Esses covardes só sabem gritar a quem não os ataca…
19 de agosto de 2015 às 7:29
Belíssimo, profundo, esclarecedor, poético-trágico. Será impossível um coxinha degustar e digerir seu conteúdo, ele poderá causar-lhe uma indigestão!