Há uma escalada perigosa e potencialmente explosiva do ódio e da intolerância. E a responsabilidade é daqueles que instigam práticas fascistas.
Jeferson Miola, via Carta Maior em 9/8/2015
Um comportamento antidemocrático, banalmente repercutido, se naturaliza no noticiário como uma característica original da sociedade brasileira. São cada vez mais comuns atitudes intolerantes e odiosas que soterram a convivência democrática baseada na pluralidade e no respeito.
O terrível, nisso tudo, é que essas disfunções totalitárias, que atentam contra a democracia e a Constituição, não são combatidas pela mídia e pelas instituições que deveriam zelar pela proteção da ordem política e jurídica e do regime democrático: o MP, a PF, o Congresso, o Judiciário.
Na Esplanada dos Ministérios, a menos de 500m distante do STF e do Congresso, e a não mais que 1.000 metros da sede do MP e da PF, bem à vista de tais instituições e autoridades, há meses estão instalados outdoors e painéis pedindo intervenção militar.
A noção de estar acima da lei – ou “fora da lei” – é uma crença que encontra guarida, por exemplo, na seletividade com que a corrupção é investigada e noticiada: escândalos de corrupção dos tucanos não são tratados com fervor ético e republicano pelos juízes, procuradores e delegados que partidarizam as instituições e selecionam somente a corrupção que interessa combater. Os tucanos corruptos, envolvidos em múltiplos escândalos, estão soltos, não são investigados e nem por milagre serão julgados.
A anomalia comportamental segue sem freios, e assim vai impregnando o sistema jurídico e político com lógicas discriminatórias e totalitárias. O cotidiano do país está ameaçado por essas práticas sinistras. Virou moda, por exemplo, insultar e constranger petistas e autoridades do governo em restaurantes, locais públicos, aviões, e, pasme-se, também em hospitais!
Nas escolas, as crianças são adestradas a praticar bullying com colegas cujos pais são “diferentes”. Nas Universidades, pobres e cotistas são discriminados porque, afinal, deveriam repetir a sina dos seus familiares ascendentes, e passar a vida sem diploma universitário.
No jornal O Globo, Merval Pereira responsabiliza o PT por crimes que, se cometidos, autorizariam o banimento legal do Partido. O ventríloquo do FHC se sente acima da lei e dispensado de apresentar provas que embasem as agressões escritas: se escora na imunidade do jornalismo para praticar a delinquência.
Durante a veiculação dos programas do PT na tevê, os conservadores descontentes agora promovem sempre panelaços, apitaços e foguetórios, numa prova de intolerância e de indisposição à escuta e ao diálogo.
Os deputados e senadores do PSDB, liderados por Aécio Neves – que tem no golpista venezuelano Leopoldo López seu líder inspirador – defendem a proposta sabidamente golpista de convocação de novas eleições. Em outras frentes, a direita convoca atos pelo impeachment da Dilma. Não existem bases legais que amparem estas propostas, mas unicamente o desejo de “acabar” com o governo do PT – pela simples razão de, até hoje, não se conformarem e não aceitarem a derrota na eleição de outubro de 2014.
Esses são momentos sombrios, da ofensiva conservadora obcecada em destruir o PT e a esquerda, mesmo que o efeito colateral disso seja a destruição da democracia e da institucionalidade brasileira.
Há uma escalada perigosa e potencialmente explosiva do preconceito, do ódio e da intolerância. A responsabilidade por essa escalada é daqueles setores que promovem e instigam práticas fascistas, assim como das instituições que silenciam e se acovardam diante delas.
Com o atentado perpetrado contra a sede do Instituto Lula, o ódio e a intolerância subiram na escala do terrorismo fascista. O episódio recebeu, porém, uma cobertura pífia no noticiário, apesar de ser um atentado terrorista não só contra um ex-presidente da República, mas contra a democracia brasileira e suas instituições.
A violência mudou de patamar: os vândalos da direita não se contentam com xingamentos e escaramuças; inconformados, esses agressores decidiram empregar bombas e promover atentados terroristas.
A escalada do ódio e da intolerância resultou nas vivências mais trágicas da humanidade, o nazismo e o fascismo. O mundo só se apercebeu da monstruosidade dessas vertentes ideológicas da direita quando conheceu Auschwitz e os outros macabros campos de concentração. Era tarde: naquele momento, milhões de seres humanos pagaram o preço da escalada do totalitarismo com as próprias vidas.
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11 de agosto de 2015 às 5:22
Rogério Guimarães, disse tudo quando se referiu aos vandalos da razão alheia! Quantas vezes você ou mesmo eu, procuramos tratar dum assunto com bom senso e somos questionados ironicamente ou mesmo destratados? E na vida diária, as pessoas mais informadas e inteletualizadas evitam abordar assuntos que envolvem casos políticos atuais com receio de criar atritos com pessoas de suas relações que se manifestam como retransmissores das opiniões de comentaristas que venderam a razão.
10 de agosto de 2015 às 22:34
O que se percebe nitidamente é que as pessoas ponderadas e de maior capacidade intelectual e cultural, de diferentes inclinações políticas e ideológicas, gente que é referência em seus grupos e que poderia contribuir para qualificar e desbastar o debate político da sociedade, estão se afastando cada vez mais dos foruns políticos em seus grupos sociais, profissionais e familiares. A dialética política entre os diferentes grupos sociais está cada vez mais rala e restrita às redes sociais, sendo protagonizada por pessoas e setores políticos mais radicais. Há aqueles que atuam cada vez mais como “vândalos da razão alheia”. Setores de ultra-direita estão hoje atuando, cada vez mais, como verdadeiras células terroristas, materializando as posturas e as linguagens que são forjadas nas redes sociais que pregam o culto ao ódio e à intolerância, em oposição à racionalidade de qualquer argumento que lhes seja contrário. O diálogo político está se estreitando e sendo, aos poucos, substituído por uma estética de violência política, algo que subentende uma forma de impaciência para a análise de atitudes ou argumentos racionais, por isso não os tolerando. A bomba lançada contra a sede do Instituto Lula, neste contexto, não foi mais sintomática deste grave fenômeno do que o silêncio sobre a própria bomba já detonada, que se viu depois, de parte de quem deveria condenar e apurar as responsabilidades. Afinal, este ato, em essência, foi um nítido atentado político terrorista cometido em solo brasileiro em tempos de democracia, o primeiro cometido desde o fim da ditadura. A Polícia Federal deveria estar investigando os autores deste grave crime contra nossa Democracia. Tal silêncio institucional e da própria mídia sobre o grave e preocupante acontecimento ainda mais grave do que a própria bomba lançada, pois vem legitimar esta nova forma primária de exercício da política pela manipulação coletiva do medo. De fato, percorre-se hoje um caminho que lembra as ocorrências sociais da época do surgimento do nazismo e do fascismo na Europa.