Renato Rovai, via Revista Fórum em 16/7/2015
A delação de Júlio Camargo, da Toyo Setal, de que Eduardo Cunha teria sido responsável pela cobrança de US$10 milhões de propinas referentes a dois contratos de US$1,2 bilhão de navios-sonda, assinados pela Petrobras entre 2006 e 2007, é a tampa do caixão político do presidente da Câmara Federal que já vinha perdendo força no Congresso, apesar de todo seu comportamento de dono da Casa. Quem tiver dúvidas do que estou dizendo deve procurar o que Jarbas Vasconcelos (PMDB/PE) andou dizendo dele.
Cunha vem escapando de escândalos aqui e acolá há algum tempo. E vem conseguindo ampliar seu raio de atuação agindo como lobista de vários setores. Na disputa do Marco Civil da Internet, por exemplo, operou fortemente para derrotar a nova legislação a favor das teles. Certamente apenas por ideologia…
A força de Cunha no Congresso tem muito a ver com isso. Ele não é um líder natural, que conquista seguidores pelas ideias que representa. Ele é aquele que sabe se movimentar nos bastidores e influir a partir de operações um tanto heterodoxas.
Diversos deputados falam à boca pequena que Cunha ganhou as eleições para a presidência na Câmara ainda na campanha eleitoral. E que sua força teria relação com o financiamento da campanha de vários dos eleitos.
Se é verdade ou não, as investigações que serão abertas a partir do depoimento de Júlio Camargo poderão mostrar. Mas em política, as coisas são mais complicadas do que parecem. E hoje Cunha acabou.
E por que ele acabou?
Porque mesmo os deputados que podem ter sido agraciados com seus favores agora já devem estar apagando todas as chamadas e torpedos que receberam dele nos últimos meses. Sabem que neste momento se relacionar com o presidente da Câmara passa a ser uma ameaça.
Aos poucos, alguns começarão a não só a se afastar dele como vão lhe sugerir que é hora de baixar as armas e sair do foco. Ou seja, tentar fazer uma presidência menos barulhenta ou mesmo se afastar dela enquanto as investigações acontecem. E para que com a sua presença de investigado não atrapalhe a ação de todos os seus colegas.
Certamente Cunha vai ter a generosidade de parte da mídia na cobertura do seu caso. Principalmente da Globo, cujas relações que mantém não vem de hoje.
Antes de ser parlamentar, Cunha foi convidado por Paulo César Farias (lembram?) para presidir a Telerj na gestão de Fernando Collor, o senador da Lamborghini de R$2,5 milhões.
Na época, ele encaminhou a privatização da empresa e envolveu-se em um escândalo de superfaturamento. Ele assinou um aditivo de US$92 milhões da Telerj com a fornecedora de equipamentos telefônicos NEC Brasil que era controlada pela família Marinho (vejam que coincidência).
Mas mesmo com a benevolência quase certa da Globo, Cunha não vai dar conta do que vai acontecer com ele a partir de agora.
Manifestações contra o deputado passarão a ser uma constante depois disso. Principalmente porque ele tem se mostrado uma ameaça aos direitos da infância, dos LGBTs e de tudo que guarda relação com direitos humanos e ampliação de conquistas progressistas.
Ou seja, esses grupos terão ainda mais um motivo para combatê-lo.
Como previsto por este blogueiro, Cunha não estava indo com tanta sede ao pote à toa. Ele queria mostrar força para tentar escapar das denúncias que sabia apareceriam na Operação Lava Jato. E que poderiam levá-lo a ter o fim de Severino Cavalcanti.
Cunha jogou seu jogo duro e ainda vai tentar outras caneladas, como aprovar o processo de impeachment de Dilma. Mas a partir de hoje ele é mais do que um pato manco. É um congressista carimbado por uma acusação gravíssima de corrupção, porque dez milhões não são dez tostões.
E aí, meus caros, com essa ameaça lhe infernizando a vida, Cunha não terá alternativa. Vai ter de trabalhar para se defender. E ficará sem condições de liderar o que quer que seja. E terá de voltar para a tumba da sua inexpressividade. De onde nunca deveria ter saído. Ou seja, o caixão político de Cunha está sendo lacrado antes do seu primeiro pronunciamento à Nação.
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19 de julho de 2015 às 6:44
Está na hora do Povo começar a manifestar-se da forma mais eficaz: GREVE GERAL! Quando começarem a ter que cozinhar para comer ou lavar as cuecas sujas, logo os donos do dinheiro passarão a dar mais valor a quem trabalha. Hoje só dão valor a quem rouba como eles!
18 de julho de 2015 às 16:55
Agora vamos saber se o Judiciário tem “culhão roxo”, ou se vai ser mais uma pizza para saborear juntamente com o “Congresso do Cunha”, e os falsos pastores evangélicos…
17 de julho de 2015 às 21:56
Os maiores responsáveis pela eleição de Eduardo Cunha são as empresas que o usaram como aliciador dos deputados que votaram a favor dos projetos de lei muito polêmicos que colocou em votação. Cunha tumultuou a vida política e administrativa do Estado da Nação. Feriu profundamente a classe trabalhadora. Insultou e troçou de muita gente por sentir-se escorado nos milhões de Reais de quem lhe escorava os golpes. Um verdadeiro traidor dos interesses do Povo e muito falso, pois sempre vinha com a cantilena da religiosidade evangélica que todos nós já conhecemos o método de embromar incautos cidadãos.
Prisão para este Eduardo Cunha é muito pouco, antes deveria ser chicoteado em praça pública pelos pobres trabalhadores que são muito roubados pelas empresas terceirizadas, depois condenado a prisão perpétua com trabalhos forçados.
Não tem lei que assim o condene? Façam-na!