Ivana Ebel, via Fala, Alemôa em 18/6/2015
Eu já falei por aqui que nem tudo na Alemanha são flores. Não me entenda mal: eu adoro viver aqui e se a balança não pendesse para o lado alemão, pode ter certeza que eu já teria me mudado. Não tenho vocação para masoquista e nem sou uma árvore. Mas esta semana esbarrei com um daqueles perrengues que me deixam louca da vida: a saúde.
Para começar, um aviso. Não existe saúde gratuita na Alemanha. Não há nada parecido com o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro. Não há assistência gratuita – a não ser em projetos de caridade – para quem não esteja no sistema. Isso vale também para turistas: quem não tem um seguro pode ser barrado na fronteira. Aqui se paga caro por saúde, bem caro e ter plano é obrigatório.
Bom, eu não cheguei aos 40 ainda e pago, por mês, mais de R$800,00 de plano. Ok que é para mim e para meu marido, que foi aceito como meu dependente e isso não altera o valor, mas convenhamos que a conta é bem salgada. Ainda mais que não tenho a opção de não pagar e, mesmo pagando, não tenho acesso aos serviços que deveria ter.
O esquema todo aqui é o seguinte. Existem uma série de planos de saúde públicos (incluindo o meu). Ou seja, mesmo com os mais de 30% de impostos descontados em média dos salários, o Estado me obriga a pagar, todos os meses, por um plano de saúde. Posso escolher ainda um plano privado, mas caso minha conta comece a subir muito ou determinados serviços que eu possa precisar não estejam cobertos pela apólice, a coisa complica. Existem raras situações que permitem um usuário retornar do seguro privado para o público. Nesse caso, a opção é: ser refém do governo ou de uma empresa.
Não quero dizer aqui que o SUS é perfeito: não é. Mas existe. Tem filas, faltam médicos, sobram queixas: mas muita gente é atendida, recebe remédios e exames de qualidade sem pagar um centavo por isso. Na Alemanha não. E o tempo que se leva para marcar um médico por aqui, com o plano bem pago, é de deixar qualquer um a beira da morte. Hoje, depois de ligar para todos os endocrinologistas da cidade, consegui uma consulta! Uhuuu… Para o final de novembro.
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19 de outubro de 2018 às 13:26
Minha dúvida seria, no caso de uma atendimento a uma pessoa ( turista ) que não tem nenhum seguro ou até mesmo o seguro não cobrir e não ter condições financeiras como o governo alemão agi nestas questões ???
2 de julho de 2015 às 12:13
E o SUS poderia ser igual ao Sistema de Saúde Inglês (que também já foi melhor, antes do “furacão Tatcher”), se não fosse nossa sonegação campeã e a oposição de poderosos interesses privados. Como diz o Dr. Gastão W. Campos: o SUS é melhor que o Brasil”. Por enquanto…
30 de junho de 2015 às 9:37
mais se um país nao dar a saúde publica para seu povo e nao dá condiçoes para que esse povo possa pagar um plano de saúde esse governo é facista como o dos EUA e outras naçoes que nao dao assistencia ao seu povo. Qualquer governo so tem 2 opçoes uma é dá bons salarios a todos para que possa pagar pela saúde educaçao alimentaçao e moradia, a outra é dá tudo isso gratuitamente ao seu povo. se nao for assim esse governo é facista neonazista capitalista e criminoso pois submete seu povo as mazelas do estado.
Observamos que uim país que deixa a saúde nas maos de privados submete seu povo aos ditames privados e esse privado faz o que bem quer com o povo como preços altos, demora demais no atendimento, porque geralmente a procura é maior do que a oferta. Ja aqui tem uma parcela da sociedade que paga seus planos de saúde e uma grande parcela da populaçao que nao paga. e isso diminui o numero porque a primeira parcela quase que nao usa os serviços publicos. ou pelo menos nao deveria usar.
29 de junho de 2015 às 0:19
“primeiro mundo” é que foram primeiros que o Brasil (velho mundo)
aqui tem muito que se fazer e demos os primeiros passos com Lula e Dilma, né?
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
28 de junho de 2015 às 12:41
Aqui no Brasil tem-se sempre a concepção de que tudo no “primeiro mundo” é melhor.
Ao que parece, não é bem assim.
Mas, ao contrário da Alemanha, na Inglaterra, por ex., qualquer pessoa que chegar a um hospital público, e quase todos os hospitais são públicos, é atendida.
E, se alguém for a um hospital privado e lá for atendido, o hospital público paga todas as despesas àquele hospital, que prestou atendimento.
Outro grande exemplo de excelência de serviço público de saúde é o de Cuba. É serviço universal e independente de nacionalidade.
28 de junho de 2015 às 9:44
Pois é. Aqui em nossas bandas do Brasil a elite vive a criticar o serviço público de saúde. Atualmente, um conhecido meu, jovem de cinquenta e poucos anos, padecendo de câncer, é medicado gratuitamente, pago pelo povo brasileiro no serviço chamado SUS, ao custo de R$75 mil cada dose do medicamento. Ele é, ironicamente, da elite que vivia a criticar o tal SUS. A vida dá mesmo voltas.