Em meio a investigações de corrupção, dirigentes do futebol ficam longe da Copa América, devido ao tratado de extradição assinado em 1902 entre Chile e EUA.
Marcus Vinicius Pinto, via Portal Terra em 25/6/2015
A desculpa é que há muito trabalho a ser feito. Por isso nem Juan Angel Napout, presidente da Conmebol, nem Marco Polo del Nero, presidente da CBF, nem qualquer outro dirigente sul-americano deram as caras no Chile para a Copa América 2015. Estranho, não? Ainda mais quando há um hotel oficial reservado, só à espera dos visitantes.
Mas por trás da justificativa oficial existe um tratado assinado entre Chile e Estados Unidos de 1902 que tira o sono dos dirigentes e pode ser o motivo principal da distância para o país vizinho. “O tratado vale apenas para acusados ou condenados por homicídio, incêndio, roubo, fraude”, diz o advogado Jorge Baraona, do escritório Larrain e Associados, de Santiago, uma das maiores autoridades em direito internacional do país.
Embora não tenha nada claro sobre lavagem de dinheiro, o item fraude pode incluir os dirigentes da Conmebol que ainda são investigados pelo FBI. “Já os chilenos não podem ser extraditados aos Estados Unidos, nem os estrangeiros cujos delitos estejam prescritos”, explica Baraona, dizendo que delitos com mais de dez anos entram nesse caso. “Também não entra no tratado delitos políticos”, adiciona.
O advogado não quis entrar no mérito, mas pelo que acompanhou pela imprensa do caso Fifa, não existem delitos investigados que tenham mais de dez anos. Portanto, um possível medo dos dirigentes sul-americanos de viajar ao Chile está explicado. Em caso de serem presos no Chile, eles ficariam em prisão especial até que a extradição fosse efetivada. “De maneira alguma ficariam junto a presos comuns”, disse.
Baraona comenta que, caso o FBI desencadeasse uma operação como a de Zurique, teria de ser em conjunto com PDI, a Polícia Federal chilena e a autorização de um juiz. Os detidos ficariam em média um ano presos até que se completassem os trâmites legais de envio aos Estados Unidos. “Tivemos um caso parecido, que foi o do ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori. Ele ficou detido no Chile por dois anos até ser enviado ao seu país”, lembra.
Não existe nenhuma acusação formal a outros dirigentes da Conmebol. Porém, a investigação do FBI continua em curso e o relatório divulgado identifica outros envolvidos por codinomes. O advogado explica que podem faltar provas robustas que impliquem pedido de prisão e que o FBI pode estar ganhando tempo até que possa deflagrar uma nova etapa de prisões.
Por enquanto Napout, Del Nero e nenhum outro presidente de federação nacional ou alto dirigente da Conmebol deram as caras por aqui. Nos jogos do Chile, a presidente Michelle Bachelet ficou sozinha na tribuna de honra. Questionada sobre a ausência de Napout, a Conmebol ainda não respondeu. Já Del Nero se diz indeciso sobre a viagem por outros motivos. Efetivamente sobre o tratado Chile e Estados Unidos, nunca houve nenhum tipo de ação que se pudesse colocar o tratado em prática. Mas para tudo há uma primeira vez.
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