A criminalização da diplomacia comercial brasileira

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Lula mediou parcerias entre empreiteiras nacionais com outros países, Sérgio Cabral é suspeito de participação em corrupção de contratos. As duas atuações são equiparadas pela imprensa à Lava-Jato.

Patricia Faermann, via Jornal GGN em 22/6/2015

Na tentativa da imprensa de criminalizar relações diplomáticas brasileiras, Época, O Globo, Folha de S.Paulo e outros veículos enfatizaram a relação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com empreiteiras, setor da economia que mais se internacionalizou. “Papéis mostram proximidade de Lula com empreiteiros”, publica o jornal paulista, abafando o que seria a notícia da segunda-feira, dia 22/6: “Preso liga ex-governador a obra suspeita”, imprimiu, ao lado.

O “ex-governador” não nomeado no título é Sérgio Cabral (PMDB/RJ), que foi identificado em participação para incluir a Odebrecht – mesma companhia relacionada à Lula – em consórcio que conquistou no Complexo Petroquímico do Rio (Comperj).

A citação ao ex-governador foi encontrada em e-mail, de 4 de outubro de 2007, pela equipe da Polícia Federal que investiga a Operação Lava-Jato. O diretor da Odebrecht Rogério Araújo escreveu a outros executivos: “Petrobras/PR [que seria o então diretor da estatal Paulo Roberto Costa] vai conversar com o governador sobre este novo arranjo para a participação da CNO [Construtora Noberto Odebrecht]. É importante Sérgio Cabral ratificar! E também definir o seu interlocutor neste assunto que atualmente junto a Petrobras e Mitigue é o Eduardo Eugenio Gouvea [presidente da Federação das Indústrias do Rio]”.

O documento integra a última fase da Operação Lava-Jato, que levou à prisão executivos da empreiteira e da Andrade Gutierrez. O contrato do consórcio que reunia Toyo, UTC e Odebrecht foi o maior do Comperj, para a construção do ciclo de água e utilidades, recebendo US$3,8 bilhões (R$11,59 bilhões).

Até hoje paralisada, o custo que já chega a US$47 bilhões, por aditivos e novas estimativas, foi questionado pelo TCU, e dois executivos em delação premiada – Júlio Camargo e Augusto Mendonça, da Toyo – afirmaram que houve o pagamento de propina no contrato. Documentos mostram a transferência de R$18 milhões para uma empresa de Júlio Camargo, que seria usado para pagar propina a dirigentes da Petrobras.

“O ex-governador Sérgio Cabral jamais interferiu em quaisquer obras da Petrobras, inclusive as da Comperj”, afirmou a assessoria do peemedebista ao jornal Folha de S.Paulo.

Os indícios de envolvimento de Cabral no esquema de corrupção da Petrobras dão espaço, entretanto, para o destaque das notícias republicadas sobre Lula, que criminalizam o papel do ex-presidente em relações exteriores das empresas brasileiras: “documentos obtidos na Operação Lava-Jato trouxeram à tona a relação do ex-presidente com executivos das maiores empreiteiras do país”, inicia a Folha.

O jornal conta que em seminário, em 2013, Lula dirigiu-se ao presidente do Peru, Ollanta Humala, sugerindo aliança com as empresas OAS, Camargo Corrêa, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Embraer e Eletrobras, além de viajarem também à Colômbia e ao Equador, papel normal na atuação de presidentes da República dos Estados Unidos, por exemplo.

Em outro momento, em uma conversa por mensagem de texto vazada pela PF, o então presidente da OAS, Léo Pinheiro, afirma a executivo da empreiteira Cesar Uzeda: “a agenda nem de longe produz os efeitos das anteriores do governo do Brahma [como se referiam a Lula], no entanto acho que ajuda a lubrificar as relações. (A senhora [Dilma] não leva jeito, discurso fraco, confuso e desarticulado, falta carisma)”.

Não foram apontadas, contudo, suspeitas de ilegalidade ou propina na articulação de Lula para as empresas brasileiras expandirem seus negócios no exterior.

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Uma resposta to “A criminalização da diplomacia comercial brasileira”

  1. pintobasto Says:

    Tratar Lula como lobista das grandes empreiteiras junto de governos estrangeiros, é muita falta de honestidade moral e, sobretudo, de nacionalismo. Atuando Lula junto de governos para contratarem nossas grandes empreiteiras, está fazendo algo que merece elogios, não críticas maldosas e partindo de meios jurídicos, pressupondo algum dolo nessas relações, chegam ao ridículo e são duma ingenuidade que parece ser muito velhaca. Lula agiu muito corretamente em favor das empreiteiras nacionais. Se houver algum juiz que tenha o desplante de incluir Lula em processo de averiguações, terá que apresentar fortes indícios de comportamento doloso porque vai ter contra ele todos os brasileiros honestos que prezam sua Pátria.

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